sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Linguagem inclusiva

Sendo uma acérrima defensora da igualdade de género, a tal 'linguagem inclusiva' nunca foi a minha praia. Percebo a motivação, mas não sou lá grande fã. A língua é um reflexo da sociedade, e vai evoluindo à medida que a própria sociedade evolui. E, gramaticalmente, o uso de um plural masculino implica os dois géneros. O oposto é que não, mas parece que a questão é essa. Ao ouvir «vamos todos ao cinema» sabemos que é o grupo todo mas «vamos todas ao cinema» exclui de facto os homens. É verdade que a gramática pode ser injusta porque não avalia a quantidade, e na questão do grupo que ia ao cinema se forem 20 raparigas e 1 rapaz o correcto é dizer-se todos e isso irrita. Entendo. Tenho uma amiga que tinha 4 netas e dizia as minhas netas é claro. Por fim nasceu um neto e ela irritava-se «Nasceu aquele bisnico e agora passo a dizer os meus netos?! Não vou!» Na escrita descobriu-se que @ era um O e um A em simultâneo e está tudo resolvido. A minha amiga teria net@s e o grupo iria tod@s ao cinema. Mas não dá para a fala, portanto nas conversas travadas em língua inclusiva diz-se os dois termos. Aceito embora não pratique, torna as conversas enormes e um pouco irritantes, apesar de sempre se ter dito "senhoras e senhores" nos discursos, mas era apenas no vocativo e pronto.
Mas não se pode inventar paravras. Gramaticalmente há imensas palavras que têm versão masculina e feminina, mas outras não, e para as diferenciar mudamos apenas o artigo. Dizemos o presidente e a presidente, o estudante e a estudante, etc. Inventar terminações femininas é disparate. Além de, na minha opinião, ridicularizar até a tal linguagem inclusiva.
Isto vem a propósito de um incidente engraçado na última Convenção do Bloco de Esquerda. Eu estava a ouvir os discursos, e sorri porque achei graça, quando o Pedro Filipe Soares começou  o discurso dizendo «Camaradas e Camarados!» Ups! Houve uma pequena pausa, ele próprio sorriu, foi obviamente um lapso que nem se voltou a repetir. Engraçado. Claro que o CDS saltou logo aos gritos, mas era coisa que era ou deveria ser indiferente, são os histerismos do CDS quando não tem mais nada para atacar.
Mas com enorme surpresa minha apareceu no Público, num artigo do Pedro Filipe Soares chamado exactamente Camarados a defesa do erro, que inicialmente tinha tido graça. Falava da linguagem inclusiva e da sua importância. Ora o que é demais é demais. Há defesas que se auto prejudicam. Claro que camaradas também são homens! E electricista, e jornalista, e polícia e analista, e contabilista... Para reforçar que existem 2 géneros iguais não faz sentido inventar palavras!!! Cai-se no ridículo e dá-se argumentos aos que combatem a tal inclusão.
Haja bom senso!!!

Cereja

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Um mundo de intrujice

No seguimento da preocupação com as notícias falsas (que são falsas mas não são notícias...) há outra coisa que me admira não ser mais controlado. São uns anúncios incríveis, falsos é claro, mas que parecem verdade. Quero dizer, vê-se que não podem ser verdade tal o absurdo, mas tal como são apresentadas, misturadas e exactamente ao mesmo nível de outras verdadeiras só com atenção - e exactamente pelo seu conteúdo - se confirma que é... um anúncio.
Vejam estas que encontrei de uma só vez:

"Esta família no desemprego ganha 27 mil por mês 
"Duas moças de 19 anos já tem 526 mil euros no banco"
"Médicos estupefactos. Champô produz efeitos melhores do que transplate de cabelo" (OK, esta não vale,é um clássico...)
" Uma antiga técnica chinesa acaba com qualquer dor nas juntas"

"Eu tinha 85 kg. Comecei a perder 4 Kg todos os dias. Todas as manhãs comia uma ***"  [desta vez era uma goji-berry (?) parecia uma passa clarinha]
E, claro, as cem mil receitas para emagrecer num minuto. 
Claro que a banha da cobra já se vendia há mais de cem anos. E, se calhar, para quem ouvia os seus vendedores nas feiras parecia coisa de acreditar. E o truque destes anúncios apresentados como notícias é que aparecem ao lado de notícias verdadeiras embora insignificantes. Não fosse o absurdo do texto e ainda se ficava com dúvidas se havia hipótese de um-casal-no-desemprego ganhasse 27 mil euros por mês...!



Cereja



Amarelo

 Uma cor com história, o amarelo. Pelo que se sabe não colhe o apreço de toda a gente . Há o ditado «se todos os gostos fossem iguais... o que seria do amarelo» sugerindo que já era pouco apreciado, há séculos que pouca gente gostava dele. Eu sou excepção, gosto muito de cores quentes e do amarelo que é a mais suave dessas cores.
Mas tem mesmo má fama. Sobretudo políticamente. E se calhar no futebol, entre centenas de azuis, vermelhos, brancos e pretos, lá aparece uma equipa vestida de amarelo, mas raramente. 
Quando digo que tem má fama políticamente, é porque verifico que há uma coincidência. Afinal «os amarelos» eram os fura-greves, os traidores. Os «verdes» são os defensores da natureza, os «vermelhos» são da esquerda.
Mas, sem querer insistir, o certo é que por coincidência os movimentos de direita atraem a cor amarela... Por cá, as grandes movimentações social, quando vestem de amarelo estão aninhadas à direita. Lembram-se das manifestações contra a Escola Pública? Qual era a cor que vestiam as criancinhas e as mães? Isso. Amarelo!
E no Brasil, os «bolsonaros»? Também vestem de amarelo, pois é. 
E orgulham-se disso, das suas bandeiras amarelas. Também eles são amarelos.
E agora os «coletes amarelos», em França? Bem, o movimento é grande e decerto tem lá gente de vários sectores. Mas não ter o apoio de sindicatos, uma vez que se trata de trabalho...? Hmmm... Aliás ambora não tendo bandeira, e sendo um movimento, tem de haver uma coordenação e ouvindo falar em apoiantes da Le Pen não ouvi citar ninguém de um quadrante oposto.
E cá está, coletes amarelos!
E eu que gosto tanto do amarelo, que é o sol e a luz.
Azares. 😔

Cereja

sábado, 10 de novembro de 2018

Asia Bibi e fanatismo

Sente-se um nó na garganta, ou borboletas no estômago, ou qualquer metáfora que indique mau estar psicológico. Pensamos para nós mas como é possível? e fica-se incrédulo. Primeiro, porque há tantos e tantos anos que se vive a separação da Igreja do Estado que custa entender essa coisa da blasfémia. Blasfémia??? De repente sinto-me transportada à Idade Média.
Asia Bibi. É uma mulher paquistanesa. Quando pesquiso encontro logo um sinal que me impressiona, porque dizem «nascida entre 64 e 71» Como?! Nem se conhece a sua idade?? Não é uma dúvida de 1 ano, é dúvida de 7 anos, para mim um sinal de indiferença pela pessoa. Esta mulher é casada, tem 5 filhos e é cristã. E foi condenada à morte. À morte! Condenada por um tribunal, e confirmada a pena por outro tribunal. Um crime decerto hediondo, para merecer uma reconfirmada pena de morte. Mas o horror que ela cometeu foi... beber um copo de água. Está presa vai para 10 anos, esperando a morte.
Esta sentença não é da Raínha de Copas, da Alice no País das Maravilhas, embora até o pareça pelo absurdo. É real. Um tribunal paquistanês considerou crime uma camponesa que trabalhava no campo e trazia água para os seus companheiros mussulmanos, ter-se atrevido a beber dessa água. Conspurcou a água tornando-a impura porque ela era de outra religião. Pelos vistos a solução seria então converter-se ao islão, mas não quis. Pelo que sei desta história tudo se foi azedando, com Cristo e Maomé, levando assim a questão para altos patamares.
A última notícia é que iria ser libertada porque a acusação não apresentou provas. Contudo, diz-se, estará mais segura na cadeia, onde cozinha para si para não ser envenenada. Se for libertada arrisca-se a ser linchada.
E agora vamos ver o resto do Mundo: 
Ainda é castigada a blasfémia em 39 países do mundo. Estamos no século XXI, não esquecer.
Na Irlanda só há dias se aboliu a blasfémia como crime. E existem mais meia dúzia de países do Primeiro Mundo onde, creio que não se aplica, mas a lei existe! Islândia, Polónia, Alemanha, Dinamarca, Grécia, Itália, Malta, Holanda e até Nova Zelândia. Não se aplica a lei, acredito, mas...

Cereja

Calor humano


A minha amiga Isabel, que de vez em quando cito aqui, é minha amiga há mais de 10 anos, e conhecemo-nos por causa de um blog. Nessa altura não havia facebook, e usávamos o blog como hoje se usa o fb, para comunicar tudo o que nos interessava a nós e acreditávamos que também interessava os outros, aqueles  nos liam e comentavam. Depois de finado o blog e ter surgido o fb ela aderiu quase logo e eu, uns tempos depois, fui atrás dela. E, pronto, hoje frequento as redes sociais, sem obsessão mas passo por lá todos os dias e continuo a gostar de a ler, porque ela escreve extremamente bem num estilo coloquial e íntimo. Há um ou dois dias deixou lá uma história pequenina, escrita como ela sabe.
Eu identifiquei-me logo, talvez porque também tenho «a mania» de conversar com quem me atende nas lojas, e o mais frequente são caixeiras de supermercado. Não custa mesmo nada, e um sorriso pode fazer diferença.
A propósito da menina que começou mal encarada, a responder friamente, mas 'aqueceu' com as respostas da Isabel, aconteceu-me ontem uma cena também interessante: Num parque de estacionamento de uma grande superfície, eu regressava ao carro empurrando um carrinho de compras. De repente levanta-se uma ventania fortíssima, que me leva os papeis de uns propectos em que estava interessada e levava para ler em casa. Largo o carrinho para correr atrás dos papeis, mas para que não comece a andar sozinho, encosto-o com cuidado ao carro que estava mais perto, vendo que não tocava na pintura, e sim na borracha do pneu. Consigo apanhar os papeis e segundos depois quando volto ao carrinho, o dono do carro diz-me extremamente agressivo «Deixa o carro para correr atrás de uns papeis ??!!!» Ainda respondi «Mas sem tocar no seu carro, com viu» e ele «Pois não, mas por causa de uns papeis!?!?» Bom, respirei fundo, fui deixar as compras no meu carro e ao voltar para arrumar o carrinho no sítio, este é-me arrancado bruscamente da mão com uma pancada fortíssima por um carro que tinha entrado no parque muito acelerado. Fiquei assustada, claro, mas ainda nem tinha olhado para o automóvel causador do «acidente» já tinha ao pé de mim o condutor aflitíssimo a perguntar se estava bem. Tranquilizei-o, tinha sido só um susto, mas ele parecia até mais assustado do que eu, e insistia se eu queria alguma coisa e se estava bem. Pronto, o caso ficou arrumado e o carrinho das compras também. Mas, a caminho de casa, estava muito mais afectada pela cena do primeiro condutor do que com a do segundo. O primeiro é que me afectou!
Ou seja, embora no segundo caso houvesse uma falta ela foi esquecida pela cuidadosa atenção que logo me foi prestada. É como uma parábola, ou uma fábula, ou qualquer história com uma moral: o segredo para uma boa convivência está afinal na boa educação. O primeiro homem até poderia ter alguma razão, mas o modo agressivo como falou estragou tudo. O segundo, fez esquecer a sua culpa com a gentileza que mostrou.

Pois é. Não custa nada...😊

Cereja

domingo, 4 de novembro de 2018

Juizes em «greve» (???!!!)

Não sou isenta.
Sou parcial, sim senhor! Apesar de não gostar quando se generaliza a respeito de uma classe, eu cometo esse erro quando se fala de magistratura. Isoladamente há uns que se safam, claro, mas como classe é execrável. E esta ideia espantosa de uma greve, é inacreditável.
 Os juizes não tem direito à greve diz Jorge Miranda. E repete aquilo que eu, ignorante mas não tanto, pensava sabia: «os tribunais são órgãos de soberania, a par do Presidente da República, da Assembleia da República e do Governo». Portanto era uma greve contra quem?...
Dizia a minha amiga Isabel, no facebook, «Alguém sabe se já estão marcadas as greves do Governo, dos Deputados e do Marcelo ou se por enquanto é só a dos Juizes que tem data marcada?», e acrecentou mais abaixo «...é assim como os deputados fazerem greve porque o Marcelo lhes vetou uma lei, ou o Governo uma contra os deputados que lhe chumbaram outra»
Por acaso nem sei bem porque é que estão zangados e nem me interessa lá muito, porque como expliquei, embirro com eles. Profundamente. Como classe, claro. Acredito que haja pessoas excelentes, generosas, sensatas, humanas, equilibradas, que não sei como acabaram como juizes. Mas deve ser contra natura, foi um acidente de certeza, e devem ser pouquíssimos. 
A «greve» é contra a ministra da Justiça por causa de progressão na carreira, e remunerações. Essa coisa da progressão na carreira é chato, que o digam os quase 700 mil funcionários públicos congelados durante anos. Mas pelo que li, o grave mesmo são as remunerações afinal. Dizem que é injusto porque há desigualdade devido à organização dos tribunais, e cita-se que há juízes que aos 30 anos chegam ao topo da remuneração e assim se vão manter durante 40 anos.  
Bom, o 'topo da remuneração' é, líquida o que faz menos vista, cerca de 3 mil euros, mesmo para os tais juizes que podem ter apenas 30 anos. Mas algo não bate certo, eu não consegui juntar aqui uma tabela que encontrei na net onde mostra que com 18 anos de trabalho já ganham quase 5 mil €, desembargador 7.500 €, e por aí fóra. E ainda, direito a casa, equipada e pronta a habitar, ou então um 'subsídio de 'compensação' talvez para ajuda da renda 😌de quase 800 € . E há também verbas para despesas de representação, de serviço urgente, de deslocação, de movimentação (não é o mesmo) que abrange o agregado familiar.
E é esta tabela que querem alterada. 
Por mim sempre achei que quem trabalha deve ganhar como deve ser. E quem tem um trabalho de grande responsabilidade deve ter um ordenado de acordo com isso. Portanto não são estas verbas que me chocam (embora os subsídios extras seja um subterfúgio pouco sério)  mas sim o facto de viverem em Portugal, onde o preço do leite, do pão ou de um bilhete de cinema é igual para todos, e mesmo quando é caro como a gasolina não o é mais para eles, e considerarem que ganham pouco. Desculpem, pouco em relação a quê? Em relação a quem? Pela tabela que não consegui reproduzir, muitos deles ganham tanto como o Presidente da República, que é a referência mais importante.
Não, não pode ser por isso que fazem greve!
Será para irritar o governo? O outro órgão de soberania....?  


Cereja

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

«Parece que a limpeza que Bolsonaro vai fazer na corrupção é de fora pra dentro...pra dentro do seu governo».

Li este twitt que destaquei para título, e parece ser mesmo isto!


Se fosse num romance era interessante. Na realidade é um exagero! Tal como se passou com o Trump, se alguém calculou que o seu discurso antes da eleição se ia moderar um pouco depois, desengane-se... Até piora, neste caso. (no caso do Trump afinal também, já fala em disparar sobre os imigrantes se eles atirarem pedras o que não constava no seu programa)

Quanto a famosa corrupção, a grande bandeira que se agitava, como se o partido adversário fosse todo ele corrupto (!!!) e apenas ele, ou sobretudo ele, portanto o Coiso e seus amigos estavam alvos como a neve, é uma das primeiras mentiras a desmascarar-se. Passaram apenas dois dias e vemos 2 ministros convidados, os 2 corruptos. Não é um modo de falar, são mesmo conhecidos como corruptos, com provas, acusados e um deles até já condenado. A realidade ultrapassa a ficção. Lorenzoni, ministro da Casa Civil (?) foi responsável por dez medidas de combate à corrupção, 😊, ena ena! mas afinal foi declarado como tendo recebido dinheiro e confessou que sim e pagaria por ele . Nada mal para quem combatia a corrupção! Depois há um senhor, Alberto Fraga, também convidado para o governo que foi condenado por corrupção, a 4 anos, 2 meses e 20 dias em regime semi aberto! E o governo ainda não está todo formado, vamos encontrar muitos mais corruptos confirmados.
Além disso é impressionante que a primeira decisão anunciada foi exactamente o que se receava: liberalização de porte de arma, e promessa de não ser acusado se matar alguém em defesa. Claro que no caso de estarem sozinhos ou num grupo, como o morto não pode testemunhar é só a palavra do assassino. Licença para matar, nada de 007, basta ser apoiante do futuro governo, mais nada. Digo assim, porque calculo que se for um dos horrorosos «vermelhos» a disparar a tolerância não é a mesma, esse deve acabar linchado de imediato. Na mesma linha de acção, qual a qual primeira medida do governador do Rio de Janeiro? Snipers!   É. E nada disto é inventado, como se vê deixei o link para as notícias, até estão contentes porque vão «limpar» os bandidos, e se no entusiasmo forem uns inocentes misturados são danos colaterais, paciência.
Claro que é indiscutível que o crime é elevadíssimo no Brasil, que os gangs são quase incontroláveis, que nas grandes cidades se vive num clima quase de guerra. Mas sem se ir ao fundo, à causa dessa situação, à raiz do problema, acredito que se vai entrar numa espiral de violência descontrolada, que nem imagino como possa acabar.
E, entretanto, o bode espiatório do PT e a tal corrupção, cada vez mais é desmascarado como um pretexto pois a grande corrupção está viva e cada vez mais forte. Já entra no governo pela porta grande.


Cereja

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Rescaldo

Não vou escrever mais nada sobre o Brasil. É o último (talvez penúltimo) post a respeito destas estranhas eleições que tanta confusão me fizeram pelo modo como se processaram. Não apenas o receio do que se vai passar no Brasil, que elege um candidato cujas «promessas eleitorais» são assustadoras, que usa uma linguagem desbragada, e que apesar disso (ou por isso?) se pode gabar de ter ganho com uma maioria impressionante. O que me assusta e faz reflectir é o caminho que a política vai seguindo quando a sociedade aceita que se jogue este jogo com armas reconhecidamente desonestas.

Começou com o Trump, cuja eleição se sabe que foi influenciada por estudos feitos à massa eleitoral, por empresas especializadas em analizar o que os eleitores queriam ouvir, e em denegrir a oposição. Fossem russos ou britânicos ou americanos, tanto faz, está provado. E quando Trump tomou os seus desejos por realidade, a realidade foi manipulada para estar de acordo com o que ele dizia. Era uma realidade alternativa (!!!) com notícias alternativas, eram 'fake' mas notícias. E isso resultou. Foi eleito e, contra a esperança de muitos, anda a cumprir as suas incríveis promessas eleitorais.
O Brasil é outra coisa. É outro mundo. Por feitio, os brasileiros são muito mais apaixonados, exagerados nas suas emoções. Ouvi ontem uma repórter brasileira falar em 'clima de claque' nos festejos e de facto assim parecia, parecia a final de um derby de futebol. E, como a experiência trumpena resultou só restava utilizar a mesma fórmula melhorada. Foi o que fizeram. Jogando em força nas redes sociais - Trump usa o twitter, Bolsonaro o whatsapp. Mais maquiavélico, porque twitter é aberto, permite respostas, a outra rede, privada, não. Portanto o truque rasteiro foi a) recusar todos os debates, não responder a nenhuma pergunta, mas b) espalhar as mais incríveis mentiras que ficaram sem desmentido. Mentiras graves, gravíssimas! 
Enquanto em Portugal já nos irritamos por ver uma montagem onde uma líder de um partido de esquerda ostenta um relógio que valeria milhões, ou dizer-se de um presidente de câmara que utilizaria para lucro pessoal uma residência oficial, nunca se imagina afirmar que o adversário quer legalizar a pedofilia, distribuiu nas creches biberons em feitio de pénis, ou escreveu um manual para promover relações sexuais entre pais e filhos... Ou acusá-lo de violação de uma menina de 11 anos! Parece o sonho pesadelo de um louco obsecado por questões sexuais. Mas resultou.
E ficamos de boca aberta ao ver a alegria genuina de tanta gente que entre risos dá a mesma resposta, repetida vezes e vezes e vezes «Vai mudar! Votei na mudança!» Não discutiam se o candidato era bom ou mau, o que os deixava felicíssimos era que iam mudar. Que bom!
O raciocínio é fácil: a vida estava má, tem de mudar. E portanto seja qual for a mudança é óptimo. Ouvi muitos apoiantes por aqui, que se recusavam completamente ouvir fosse o que fosse de crítica ao seu candidato, «é mentira!» era a resposta. E ponto final. Até na tv, Jaime Nogueira Pinto ria-se de algumas afirmações, explicando «são coisas que se dizem no calor de uma discussão, estão fóra do contexto» encerrando a questão.

Quanto tempo irá levar a alguns daqueles risos tão alegres desaparecerem? E a primeira notícia que anunciou ter sido sobre a venda de armas  vai agradar a Trump e parece simbólica... 

Cereja


sábado, 27 de outubro de 2018

O mundo de pernas para o ar!


Custa bastante a levar a sério...
Imagine-se que através de um amigo de facebook, cheguei a esta pérola que veio numa rede social - não percebi em qual mas deve ser facebook, o texto é muito grande para twitter.
Se se levar isto a sério (seria uma fake, de outra fake, com origem desconhecida...?) existe um imigrante brasileiro que pretende criar um grupo para desencadear uma «acção colectiva» como escreve, contra um crime de ódio.
Coisa muito grave, o crime de ódio. É uma classificação relactivamente recente, o crime de ódio é um crime social, selecciona-se uma vítima em função da sua raça, orientação sexual, etnia, religião, género, etc e persegue-se ou agride-se fisica ou psicologicamente. É este o texto:


A imagem pode conter: texto

Ora esta pessoa, que apoia um candidato que percorre quase todas as categorias reconhecidas como «crime de ódio»: despreza as mulheres, quer acabar com os gays, ridiculariza os negros, favorece uma seita religiosa e permite que se ataque outras igrejas, odeia a raça índia, e achava bem esterilizar os pobres para não terem tantos filhos..., tem a enormíssima lata de dizer que os portugueses estimulam o ódio aos brasileiros. Resalva, 'brasileiros que se opõem ao pt'. Nota, é engraçado pensar que se em Portugal estivesse no poder um governo de extrema direita, estes senhores imigrantes seriam recambiados, pois um ponto comum a essa ideologia é varrerem imigrantes porta fóra. 😈 
Mas fiquei a pensar que este grupo de brasileiros ofendidos ia ter uma tarefa gigantesca se queria acusar quem aconselha a não se votar Bolsonaro. Mais fácil seria dar um prémio a quem considera que sim, esses sim, são muito poucos! Ainda hoje o Miguel Sousa Tavares, escreveu no Expresso, que apresenta uma capa muito explícita do que o jornal pensa, Este Brasil, não!  e é alguém que fala de Brasil como grande amigo... Um jornalista, fundador do Observador, diz que o ódio não tem defesa, não se tolera. É uma traição à História  As figuras públicas, quase sem excepção, manifestaram-se contra esse candidato onde não se consegue vislumbrar uma qualidade. Até cobarde ele é, escondendo-se atrás do tal ferimento recebido no estranhíssimo atentado, para fugir a todos os debates com o adversário. Todos! Quando aparece fresco e bem disposto em todas as outras situações. 
E são os apoiantes desta pessoa que se ofendem quando se lhe apontam os defeitos, e esses sim aparecem em histórias verdadeiras e documentadas. 
Aliás não é só em Portugal, em vários quadrantes verifica-se o repúdio a Bolsonaro, li há pouco que a maire de Paris, declarou o seu apoio e admiração por Haddad. Onde isto já vai...

Cereja




sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Dívidas

Não entendo nada de Economia.
Mesmo nada. O que sei sobre a matéria é pela-óptica-da-dona-de-casa como se costuma dizer. E reconheço, sei perfeitamente que como sapateira não vou além da chinela... 😏
Contudo acho curioso tantas pessoas, que pelos vistos sabem tanto como eu, darem palpites sobre tudo, e sobre essas coisas que falam de números astronómicos, como o deficit das nossas contas, as públicas, claro. Pelo que se sabe anda no zero vírgula qualquer coisa, e mais uma décima ou centésima é caso para grandes gritos e preocupações. Oiço frequentemente, em bichas de transportes públicos, cafés, conversas junto de quiosques, que é uma vergonha dever-se dinheiro, que o governo devia preocupar-se era em pagar o que deve, que se (a pessoa que fala) devesse dinheiro já não conseguia dormir de noite, etc. Ora li há momentos num artigo sobre o Trump referências engraçadas sobre dívidas públicas e deficits. Dizia lá que o deficit dos EUA [um trilião em 2020!! ] está cada vez mais profundo e relembra que «o Reino Unido esperou até 1946 para admitir que a dívida do império correspondia a um deficit de 258%» OK, a Inglaterra tinha acabado uma guerra, mas a América mete-se nas guerras que quer, ninguém lhe declarou guerra, não se entende que possa ser comparável.
E a tal dívida externa, que quando se ouve tocam campainhas de alarme à menção da palavra «dívida» explica que afinal o país com maior dívida são... os EUA!  E depois vem a Inglaterra, Alemanha, França, etc. Ou seja, nada a ver com a dívida ao merceeiro, que é muito feio. Os países importantes têm dívida, é chic, o último da escala é o Palau 😞, coitadinho, sabem onde é? Quase nem tem dívida, nem nada. Um pobretanas.
E depois oiço e leio coisas estrambólicas como por exemplo, a China, ( a China!) apenas 2 pontos mais cumpridora de que Portugal, querer comprar a dívida dos EUA! E o Trump, aquele mesmo Trump, o Grande, acabará por vender?? Suspense...
Brinco por aqui porque sei, como comecei por dizer, que o mundo da economia é um mistério para mim. Mas estou pela ponta dos cabelos, de tanta opinião badalada por aí, na rua e/ou nas redes sociais, de quem sabe tudo e usa para atacar o governo naquilo que tem feito bem, de noções de dona de casa que vai às compras.
Na Grécia, Sócrates sabia que não sabia nada. Os nossos críticos de rua e redes sociais precisavam de algumas aulas de filosofia.

Cereja






quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Notícias falsas

Volto a bater na mesma tecla, porque me impressiona imenso.
Usar-se descaradamente histórias inventadas para se receber benefícios com isso, e tal prática ser 'aceite' no mundo actual, quase com normalidade, é algo que não consigo engolir! Eu creio que até se usa um pouco de humor, chamar «fake news» como se tivesse graça, e não se dizer MENTIRAS graves e perigosas. Usar-se isso na luta política, como o fez (faz?) o Trump é de um nojo moral, de uma cobardia, inacreditável! Um acto venenoso e cobarde. Que confunde as pessoas, claro, e com essa confusão obtém-se lucro porque muita gente acaba por não acreditar em nada! Ou seja fica o caminho aberto a todas as manipulações. E, sabido o descrédito merecido (!) da comunicação social, onde pseudo-jornalistas dizem seja o que for, sem confirmação, para chamar a atenção, as pessoas acabam por aceitar aquilo que lêem nas redes sociais, que são hoje bem mais lidas ou ouvidas do que a Comunicação Social tradicional.
O texto excelente é este:.Não há fake news, chamam-se mentiras Tal e qual. É o embranquecimento não de dinheiro mas de mentiras. E, cada vez é mais bem feito. Como ali se diz «O problema das notícias falsas é que parecem ser verdade para melhor mentir»! Nós lemos o Inimigo Público e rimos. Têm piada. Exactamente por ser um exagero. Mas as bem feitas e há especialistas nisso, poderia muito bem ser verdade...
E, enquanto andamos distraídos não reparamos que também cá chegou! Está a funcionar a toda a mecha... A sede é no Canadá, dizem, e por cá mora em Santo Tirso. Claro que vai alastrar, por cada uma que se tenta desmentir, aparecem 10 multiplicando a dificuldade e fica sempre a dúvida... É uma doença altamente contagiosa e perigosíssima. E, agora uma questão ética: posso estar enganada, mas só vejo este veneno usado por gente da direita - foi o Trump, é o Bolsonaro, e o que tenho visto por cá são ataques contra figuras de esquerda, como o absurdo do relógio da Catarina Martins com direito a foto e tudo!
Esta revista «Inépsia» que diz ser «especial fake news» é um pouco como o Inimigo Público, o disparate é tão grande que só faz rir. Embora lá em baixo, a referência a «Idoso algarvio que escreve mais um livro» até nem é mentira nenhuma...

A imagem pode conter: 3 pessoas, texto


Cereja


domingo, 21 de outubro de 2018

Valores

Sinto que vivo num mundo onde não me apetece viver.
Não pela ameaça de guerra como no passado, ainda recordo o fim da última guerra mundial, e desde então nunca deixou de haver guerra em qualquer parte do mundo. Assustador, horrível. Essa é a maior calamidade, todos o reconhecem. A resposta habitual das Miss Mundo à pergunta sobre o que mais desejam: a paz no mundo
Mas, no mundo actual, apareceu uma "arma" inesperada, venenosa, que alastra assustadoramente. Não podia ser usada enquanto a internet não fosse utilizada por quase toda a gente, pelo menos no primeiro mundo. Espalhar boatos sempre existiu, mas era uma técnica de âmbito reduzido, ia de boca a ouvido de um modo individual, poderia haver cartas anónimas que apanhassem mais gente, e evidentemente que uma calúnia dita a 20 pessoas que a passassem a outras 20 e sucessivamente ainda podia fazer estragos, mas sempre numa proporção relactivamente pequena. É certo que a imprensa perdeu muito crédito, no meu tempo ainda se dizia «é verdade! até veio no jornal!» e hoje essa ingenuidade já faz sorrir, mas há novas formas de comunicar.
E aqui entra a internet.
Não apenas as redes sociais onde cada um é livre de dizer o que lhe der na real gana, mas também as caixas de comentários que os órgãos de comunicação social (jornais e tv) mantém abertos ao público, sem controlo.
Esta semana essa capacidade de comunicar com todos sem limite mostrou dois casos. Um, gravíssimo, a confirmação de que um candidato que se tem recusado a debater em público com os seus adversários, pôde enviar mensagens privadas a milhões de eleitores com calúnias gravíssimas e possivelmente ficar impune. É a net! O outro caso, minúsculo mas significativo, está ligado a quase um fait-divers, não chegou assim tanta gente, mas foi muito feio. Num programa de tv, sobre o fenómeno #metoo abordando a respeito pelo corpo do outro, um dos convidados chamando a atenção que esse respeito se ensina desde criança, afirma que nenhuma criança devia ser obrigada a aproximar-se e fazer festas se não quisesse. E acrescentou que mesmo um beijo ao avô, se fosse forçado, era uma violência. Acrescentou mais tarde, que até sabia de ofertas de prémios ou castigos para esse acto. Com serenidade podemos ler aqui a entrevista que depois deu.
Uma opinião da qual se pode discordar ou concordar. Que pode ser debatida. Aliás nesse programa Coimbra de Matos figura respeitável no mundo psi, disse o mesmo. Simplesmente o que transbordou pelas redes sociais onde eu soube disto, foi uma versão já inquinada, reduzida a dar um beijinho ao avôzinho é uma violência. Ui! Houve milhares, muitos milhares, de comentários, de piadas, fotos, um descontrolo de indignação. Já isso é parvoíce porque se critica algo que não foi dito. Mas mais grave, muito, muito mais grave, foi a devassa à vida íntima desse convidado, que pelos vistos é gay e os insultos mais reles de que foi vítima. Cheguei a ler por aí, que se tivesse vergonha na cara se devia suicidar! E estes danos são irreversíveis. Acredito que daqui a muitos anos ele ainda sinta como foi linchado na praça pública.

Cereja

sábado, 20 de outubro de 2018

Brasil

Temos com o Brasil uma relação especial. É certo que a temos também com os países de língua portuguesa, Moçambique, Angola, Cabo Verde, até Timor, mas não é o mesmo. O Brasil é o filho mais velho, há uma outra relação, até porque sendo muito grande e muito rico não sai aos pais, e é costume olhar para lá com admiração, ou preocupação quando as coisas corriam mal. E actualmente andam a correr muito mal! Creio que pior é impossível. Já atravessou épocas sinistras, com regimes ditatoriais muito violentos, mas esses governos eram impostos pelos militares, não eram eleitos pelo voto popular.
Desta vez acontece o inacreditável. A grande maioria dos brasileiros prepara-se para eleger um presidente com um ideário fascista e que não o esconde, pelo contrário faz disso bandeira. E é impressionante o papel importantíssimo que a partir de Trump a manipulação dos recursos informáticos tem no controlo de eleições. Não acreditávamos que Trump ganhasse, e depois não acreditávamos que mantivesse as 'promessas'. Enganámo-nos. Agora, queremos acreditar que os brasileiros não vão eleger alguém como Bolsonaro. Mas vão. A mais recente notícia é que a sua candidatura aceitou ou promoveu utilizar as redes sociais para espalhar mentiras graves. Isso seria caso para impugnar as eleições, como é natural, mas nem sei se o desejo, porque o seguimento era uma guerra civil, de imediato. Não digo que não esteja próxima, mas talvez não para já...
Custa entender como é possível 'hipnotizar' milhões de pessoas. Milhões! Que pura e simplesmente não ouvem - porque não querem ouvir - nenhuma crítica ao seu candidato. Recusam, pura e simplesmente, ouvir. Papagueiam os disparates com que acusam o adversário * [ver exemplos no rodapé], mas tapam os ouvidos quando se faz referência às enormidades que o B. tem dito. Neste último escândalo, onde creio estar provado o tal envolvimento de empresas na campanha de mentiras, responde divertido, que não pode impedir que um empresário «seja simpático com ele». Está resolvido.  As pessoas não querem saber de factos, só convicções 
Ou seja, os seus apoiantes realmente escolhem não saber!!! E vemos isso pelos imigrantes que vivem em Lisboa (que votaram 80% na criatura) e quando tentamos falar com eles não querem ouvir o que dizemos. Todos temos essa experiência inacreditável.
Note-se os comentários no Diário de Notícias, um jornal português: desde o educado «estou chocado como os veículos de comunicação portugueses escolhem notícias que desfavorecem o candidato Bolsonaro» passando a «lamentavelmente PorTugal tem PT no nome, [....] essa coisa que se autodenomina um diário, virou papel de limpar bundas. Bolsonaro já e sempre» «não liguem, este jornal é tendencioso, não reflete a opinião generalizada do povo português» «Estados Unidos, Itália,Turquia, Áustria, Polónia, Brasil, Colômbia....tantos votantes a trair os ideais dos 'verdadeiros esclarecidos deste mundo' » e escolho os que não têm palavrões. A verdade é que perante uma notícia a reacção é esta - é mentira.
A sensação estranha de estarmos a fazer o pino, de estar tudo do avesso. A verdade é a mentira (com o nome chic de 'fake news' ) e os factos não existem.
Assustador.

Cereja
Haddad quer fazer um kit gay para crianças de 6 anos a distribuir nas escolas.
O homem que tentou matar Haddad é do PT
A imagem da mulher agredida pelos adeptos do B. é da actriz Beatriz Segall, já falecida e foi de um acidente há vários anos
Haddad defende o incesto e o comunismo
Haddad vai legalizar a pedofilia


quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Extremismo idiota

Certas 'críticas' a luxos, a modos de vida e frequentemente a ordenados que se recebem, deixam-me aparvalhada. Como se diz «não há noção»!
Que o leque salarial em Portugal é escandaloso, quase tipo 'terceiro mundo', é um facto. O que ganham os quadros superiores de uma empresa comparado com o salário mais baixo é quase sempre chocante, uma vergonha. Nem é preciso falar-se do salário mais baixo, li que em 2014 em média «um director  recebia  204 vezes o salário médio praticado na empresa» Aliás creio que há propostas para se legislar sobre a moralização dessa desproporção.
Vem isto à baila, porque li um artigo sobre as mordomias de, (imagine-se!) um chefe de gabinete.
O descarado, segundo o C.M., mostrou numa fotografia o seu gabinete com vista para o Tejo e na secretária entre pastas, via-se um tabuleiro onde estava o seu almoço: via-se um bife grelhado, uma salada, um sumo de fruta e uma fruta descascada.
Bom, eu creio que ele tirou a foto por brincadeira, e talvez o próprio CM percebesse que era brincadeira. Mas a verdade é que saltou para o Facebook e Twitter, aliás onde o vi, e acreditem que os comentários eram destruidores. Por exemplo (sic): «a isto chama-se "gozar com os pobres". E depois ainda se queixam de populismos» E vários comentários batendo na tecla há-tanta-gente-com-fome-e-este-até-os-insulta.
Tenham senso! Só vos fica mal.


Cereja

sábado, 13 de outubro de 2018

Clientes/trabalhadores

Li ontem esta notícia, que me chocou, especialmente por se tratar de uma loja de que tenho boa impressão, cujos empregados são atenciosos, aceita facilmente devoluções, e até parece levar em conta os interesses dos clientes. Foi em Estrasburgo, um pai e uma filha foram presos por se terem enganado no pagamento de uma conta no... IKEA! A sério!!! Queriam comprar umas caixas de plástico e pagaram por aquele sistema de ser o próprio cliente a fazer a leitura do código de barras, e pagar. O erro, completamente plausível, foi terem passado o código que estava nas tampas julgando corresponder ao conjunto, caixa e tampa. À saída um segurança diz que não pagaram tudo, e eles aceitam pagar a diferença. Parece um incidente natural, não é? Entretanto chega o Chefe de Loja que lhes chama ladrões, e chama a polícia!!!! Acredita-se nisto?! Numa loja com produtos muitissimamente mais caros chama-se a polícia por umas caixas de plástico??? Foram levados para a esquadra e avisados de que ficariam 24 horas em celas separadas. A história acabou 3 horas depois com o aparecimento de um advogado.
Este truque de porem os clientes a registar as próprias contas, poupando o salário de uma empregada de caixa, também se usa muito cá, nas grandes superfícies. Já o tenho praticado por vezes quando estou com muita pressa e nas caixas normais a bicha é muito grande. E, é claro que um engano acontece, e seja dito que pode ser nos dois sentidos, temos de verificar muito bem o talão. Já por mais de uma vez me aconteceu ter pesado o produto, colado a etiqueta, fazer o pagamento de muita coisa e ao chegar a casa ver que tinha, por exemplo, pesado as bananas com o código das cerejas e pago 3 vezes mais...
Ora tudo isto acontece devido à ganância destas empresas que consideram que os ordenados dos seus trabalhadores é um peso supérfluo, não são precisos para nada desde que os clientes não se importem de fazer tudo! Há lojas que funcionam em completo self-service: o cliente entra, procura, escolhe, põe no carrinho, lê o código, paga e sai. Sim, pode haver uma ou duas caixas normais, mas ninguém para dar uma informação, ajudar numa escolha, nada!
Isto sempre me irritou, acho uma vigarice.
Mas o máximo dos máximos é acusar-se um cliente de roubo se ele se engana! E, neste caso, um «roubo» insignificante, de certeza que o que poupam em trabalhadores (em linguagem moderna colaboradores)  dá à vontade para pagarem os tais tupperwares... 😡
Que vergonha, IKEA.
Péssima publicidade que o zeloso chefe de loja arranjou.

Cereja

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Gordura já não é formosura

Falemos de Saúde, que bem precisamos de ter ideias claras e boa informação. Nem sempre acontece, muitas vezes há demasiadas opiniões e pouco fundamentadas, e a confusão é enorme. É a «doença» social do nosso tempo: todos sabem de tudo, e debitam as suas certezas por todo o lado. Conclusão - espalha-se a barafunda. E nas redes sociais generaliza-se a partir de um ou dois casos, e dizem-se terríveis mentiras, ou enfim incorrecções. 😌
Ontem foi dia da Saúde Mental. Doença que não se vê, não se palpa, não pesa, não se cheira, é como se não existisse. E muitas vezes os próprios doentes não procuram tratamento porque consideram que não são doentes, ou têm vergonha de procurar ajuda, «não sou doido» dizem e têm razão, mas a loucura é, felizmente, uma pequena parte da doença mental.

Hoje, ainda Saúde, o dia é da Obesidade.
É uma doença da actualidade. Há cem anos considerava-se que doente-era-magro. A tuberculose, doença mortal, via-se entre magros. Os ricos eram gordos, os pobres magros. A beleza feminina era ter belas curvas, ser cheiínha, ridicularizava-se o «pau de virar tripas». E a gordura tinha eufemismos que ainda perduram, quando não queremos ofender um gordo diz-se que é «forte».
Depois a moda começou a usar manequins magros, cada vez mais magros, e nas passerelles viam-se esqueletos ambulantes, um horror! Deu-se uma volta de 180º, quanto mais magro melhor.
E o pior é que com um sedentarismo crescente e uma alimentação pré-fabricada o peso desatou a aumentar. E parece contagioso, ou genético, ou seja lá o que for: vemos imensas crianças gordas, e mulheres e homens ou cheiínhos ou mesmo obesos. E sofrem com isso, exactamente porque já existe o estigma da obesidade uma rejeição social daquilo que ela mesmo ajudou a criar. Muito complicado, afinal se com a doença mental há muito quem pense (entre quem nunca passou nem por uma crise de ansiedade...) que são manias que basta força de vontade para ultrapassar o problema, quanto à obesidade ainda é pior. Neste artigo, Obesidade e preconceito, é bem claro que afinal a sociedade considera que a culpa do gordo ser gordo é apenas sua! É gordo porque não se esforça, afinal bastava não comer tanto... E, de facto os obesos são descriminados e não é pouco. «Actualmente a taxa de discriminação pelo excesso de peso é comparável às taxas de discriminação pela raça e pela idade, especialmente entre mulheres» 
E para complicar ainda mais como disse mais acima, são uma praga as mil e uma dietas milagrosas que nos chegam de todo o lado. Parece tudo louco. É rara a semana onde não aparece mais uma, como se a obesidade mórbida desaparecesse com dieta 😯
Afinal como em qualquer, ou pelo menos na grande maioria das doenças, o que se deve trabalhar é a prevenção. Comer correctamente desde criança e insistir em que brinquem ao ar livre, e andem a pé. Tão básico como isso. Ñada de complicado, os gostos educam-se, ensine-se a gostar de legumes e fruta, saltar à corda ou jogar à bola e deixar a playstation no armário...
Comece-se a prevenir a obesidade antes de ser grave.


Cereja

terça-feira, 9 de outubro de 2018

Recomeço

Só um aviso, ou antes uma explicação necessária, para o reinício das minhas escritas.
Já começa a ser habitual: após um período onde frequento o meu querido Cerejas com bastante frequência se, por circunstâncias várias, deixo de escrever depois se começo a deixo passar o tempo, quanto mais tempo passa maior a inércia, mais dificuldade tenho. Verifiquei que já lá vão 3 meses!!! 😞
Estive agora a verificar, tenho mais de uma dúzia de posts que deixei «em rascunho»! Mas, que na sua grande maioria, perderam completamente a oportunidade!!!
Pronto. Agora é recomeçar como se fosse de novo. E vou recomeçar talvez por um que tinha alinhavado há poucos dias, ainda antes da questão brasileira que tanto me preocupa mas não vou abordar agora.
Isso fica para quando estiver menos emocionada.

Cereja

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Justiça

Não é só em Portugal que muitas vezes a Justiça (?) parece estar de pernas para o ar! Esta história foi em Espanha: Li há momentos uma notícia de jornal que refere que uma menina foi entregue pelo tribunal ao pai acusado, de violar a criança. Pelo que se lê não parece estar provado que não fosse verdade, muito pelo contrário, lê-se que a mãe «apresentou declarações de psicólogos e uma gravação onde a criança relata os actos do homem».  Nada aqui indica que fossem documentos falsos. A menina de 5 anos era da Etiópia, e tinha sido adoptada pelo casal, a mulher separou-se com queixa de violência psicológica e a menina ficou a viver com o pai (porquê? não é explicado)
Quando escrevi que pelos vistos não-é-só-em-Portugal, é porque tenho conhecimento directo de sentenças inacreditáveis nos tribunais de família. Casos onde está bem longe do que norteia a decisão o tal «superior interesse da criança» e sim o desejo de castigar o progenitor que não cumpriu alguma ordem do tribunal prejudique ou não com essa decisão o desenvolvimento da criança.
História verdadeira:
1) pais separados, com queixa de violência doméstica 2) pai acusado pela mãe e sua família, de maus tratos à menina de 2 anos e até com suspeita de abuso sexual. 3) após idas ao hospital, a criança foi fotografada para provar as lesões 4) essas fotografias foram consideradas violência contra a criança e a mãe e avó condenadas em tribunal com uma pena grave 5) essa violência doméstica - as fotos - somada à queixa de alienação parental em relação ao pai foi decisivo para que a criança com 5 anos fosse retirada à mãe (com aparato de polícia) e entregue à força ao pai, não tendo durante vários meses podido ver a mãe nem ninguém desse lado da família. 6) após esse período de segregação total, o tribunal permitiu visitas de 1 hora semanal da mãe na presença de uma assistente social 7) esta situação manteve-se até aos 7 anos da criança 8) o tribunal permitiu então fins de semana alternados desde que a menina nunca estivesse em contacto com a avó e entretanto um dos bisavós com mais de 90 anos morreu sem voltar a ver a bisneta. 9) mesmo assim o pai e família não cumpre a decisão por variados motivos, sem ser penalizado. Etc, etc...
É uma história inacreditável? Pois é, mas aconteceu e ainda está a acontecer. Por um motivo pessoal, decerto, a juíza deixou que a sua opinião sobre esta mãe e avó fosse o factor decisivo nas sentenças que tem promulgado. Admitindo que embora ela o acreditasse era uma pura calúnia a sugestão da mãe sobre o abuso à menina, era motivo para a criança passar meses sem ver a mãe? E quando a voltou a ver 'tinha medo dela'?! É tudo um mistério...
Assim como esta história passada em Espanha.
Ou está muito mal contada, ou aquele juiz tomou uma decisão favorecendo um dos lados sem qualquer justificação.

Assim vai a Justiça.


Cereja 

domingo, 22 de julho de 2018

A guerra ao plástico

Interessou-me porque vai ao encontro de algumas dúvidas que tenho. Ou seja, acredito, não tenho qualquer dúvida, de que a guerra ao plástico é importante e justa. Uma matéria que não é degradável com facilidade, e que vai sistematicamente acabar no mar, é um perigo para todos nós. Tem de se acabar com isso! E, por aquilo que vou sabendo e observando, na Europa dão-se passos nesse sentido. Ainda bem.
Mas...
Tal como suspeitava, quando me esforço por deitar no contentor amarelo os milhares de embalagens de plástico que as grandes superfícies insistem em me obrigar a trazer para casa, esta posição é uma gota de água. Tem de se começar por algum lado, e ainda bem que se começou, mas a acção tem de ser mundial, e nada indica que o esteja a ser. Diz lá que mais de metade dos plásticos/lixo vêm da China, Indonésia, Filipinas, Tailândia e Vietname! Normal se pensarmos no tamanho da China e população chinesa. Parece que só eles são responsáveis por quase 30% desse lixo que vai para o mar. Pelo que se percebe primeiro vai para os rios e daí para os mares. E isso é que é verdadeiro lixo! A história das palhinhas com que se tem brincado nas redes sociais, porque Bruxelas as quer proibir, é quase insignificante, aí 0,025 dos plásticos - e os cálculos não estão feitos, isso era (ou seria) se cada pessoa usasse duas por dia, ou coisa assim! Neste artigo insistem que uma das porcarias de plástico que mais inunda os mares são... as redes e material de pesca! Nunca me tinha lembrado disso, e é óbvio!
Mas cá pela Europa a coisa está a levar-se a sério, e ainda bem.

Parece que o Lidl, alemão, deixou de vendar 'descartáveis', ainda não confirmei porque não compro essas coisas, mas acredito. ⇪😉
E posso testemunhar que no Ikea passaram a servir a água em copos de vidro! A sério. Parece que aqui na Europa se está a levar isto a sério. Mas somos muito poucos, parece que no país do Trump ainda não acreditam lá muito nessa coisa, e pelos vistos na Ásia está tudo por fazer...



Imagem relacionada
o copo de vidro do Ikea, belo aspecto!


Cereja

sábado, 21 de julho de 2018

O caso da «Suiça»

Falou-se muito nas redes sociais o mês passado, do encerramento da Pastelaria Suíça. Muita conversa sobre o desaparecimento de uma casa muito conhecida, que de facto o era, e falava-se da referência que era pela sua idade. Mas, achei graça não ter lido uma única opinião, uma única, que não censurasse o atendimento. Referia-se que para além dos preços despropocionalmente caros, quem falasse português era atendido de mau modo. E, se calhar, os estrangeiros também... Os testemunhos multiplicavam-se cada qual contando uma experiência naquela pastelaria que era um aviso para não se entrar lá. Até parecia que os empregados tinham uma formação inicial em maus modos, porque nenhum se safava 😊.
Isto fez-me recordar duas coisas que já escrevi, no sentido completamente oposto. Mas foi num blog que «abandonei» há anos, e o texto que mais se ajustava já não o consigo encontrar porque não me recordo que nome lhe dei.. O que ainda consigo linkar é o que chamei  «Tascas de província» e conta uma historieta verdadeira de um simpático atendimento que me tornou freguesa da casa. O tal outro texto, ainda bastante mais antigo, já está perdido no meio das milhares de coisas que lá escrevi (fui verificar, foram 3.869 posts, muita conversa deixei no meu querido Pópulo) mas refiro aí também, o atendimento excelente de uma loja que acompanhei quase desde que nasceu, situada na estrada que leva à aldeia onde passo os meus tempos livres. É uma loja de artesanato, que tem uma gama de produtos para oferta enorme, de grande bom gosto, mas sobretudo o atendimento é de uma gentileza inesquecível. Uma das 'marcas da casa' são os seus embrulhos com uns lacinhos imaginativos e trabalhosos, e embrulham do mesmo modo uma compra de 30 euros e uma de 1 euro. Nem perguntam «é para oferta?» É cliente portanto merece toda a atenção, afinal é prova de respeito por quem entrou na loja.
...............
Pois é. A Suiça tinha muita clientela, é verdade. Situada no Rossio seria inacreditável que a não tivesse. Mas só por isso, e a verdade é que não deixa saudades. As saudades que as pessoas referem são de si mesmas, da sua vida passada, e isso é outra coisa.

Cereja

sexta-feira, 20 de julho de 2018

De volta...

Já é costume. A minha colaboração neste abandonado blog desde há uns tempos passou a ser por soluços... Creio ter já dito numa outra «justificação» destas ausências que é uma questão de inércia, se paro uns tempos custa-me voltar a arrancar, se recomeço a escrever sabe-me bem e isto fica quase um diário (que aliás é: li em tempos que a origem do termo blog era mesmo 'diário de bordo', modelo dos navegadores e já se sabe que pela net se navega... 😉)
A verdade é que tenho aqui guardados vários pequenos textos, que ficaram em rascunho.
Frequentemente surgem coisas que me sugerem deixar aqui a minha opinião, o que começo a fazer. Entretanto dão-se acontecimentos infinitamente mais importantes, que remetem para depois esses textozitos, e ... acabo por não dizer nada nem do que era importante e grave, nem da fofoquice que tinha já rabiscado.
Bem, agora de férias e com tempo, vou por a escrita em dia!
Até já!!!

Cereja

quarta-feira, 27 de junho de 2018

Montras e produtos com preços à vista

Outra rabujice 😏
Há pessoas com feitios diferentes, já o sabe Monsieur de La Palice e a nossa Lili Caneças especialista em dizer o óbvio. E, no referente a compras, os feitios divergem muito, mesmo muito. Desde aquele que gosta de entrar numa loja, observar tudo, perguntar, pedir informações, conversar com empregados (se os há, que a moda do self-service tem alastrado imenso) até experimentar roupa, abrir embalagens para observar melhor, etc, etc, e muitas vezes não chegar a comprar nada, até ao outro extremo, quem só entra na loja se sabe exactamente o que vai comprar, quanto custa, que existe ali, e compra logo. Tem 'vergonha' se não o faz, e no limite até compra se está embaraçado...
Não falo por mim, que considero estar no meio, entro muitas vezes para me informar, avaliar a relação qualidade/preço, comparar, mas explico logo que estou só a avaliar e não exagero até porque não gosto especialmente de fazer compras.
Ora há lojas, muitas até, que se esmeram por nas montras não ter os preços à vista. Devem achar que estraga a elegância do produto exposto, algo tão mesquinho como o preço que custa. Portanto é uma adivinha, obriga a entrar e perguntar, acredito que seja de propósito, o cliente ao entrar fica um pouco na obrigação de comprar alguma coisa.
Há muitos, muitos anos soube através da Deco que os produtos apresentados nas montras eram obrigados a mostrar o seu custo de um modo legível. Excepção as joalherias, imagino que para não dar ideias aos gatunos 😊
E essa lei (?) funcionou uns tempos, mas poucos. Ou seja, como é costume na nossa terra, existe mas não é cumprida.São estas as regras sobre a afixação de preços:  «A indicação dos preços deve ser feita de modo inequívoco, fácil e perfeitamente legível, através da utilização de letreiros, etiquetas ou listas, com vista a garantir que o Consumidor está a ser devidamente informado e opta, de modo livre e consciente, pela aquisição do produto ou serviço» e até «Os bens expostos em montras ou vitrinas, visíveis pelo público do exterior do estabelecimento ou no seu interior, devem conter uma indicação complementar, quando as respectivas etiquetas não sejam perfeitamente visíveis»
Está bem, abelha...
E já que estou com a mão na massa, ou no teclado, o caso dos  preços voluntariamente enganadores até em grandes superfícies, quando num expositor se pode ler em letras garrafais: TUDO A 5 € mas entre o A e o preço, em letras minúsculas, está escrito  «a partir de...  » Espertos, hein? Desde que lá esteja uma única camisola a 5 entre todas as outras a 10 ou 20, não mentiram, e só na caixa se dá pelo engano.

Negócios. Não seria interessante a ASAE estar atenta a estas coisas?


 

Cereja


domingo, 24 de junho de 2018

Ou...ou...? Nem... nem...!

Usa-se muito em discussões. "Ah, não queres (ou gostas, ou votas, ou....) Preto, vais ver o que é o Branco" e segue em frente. Ora na nossa gramática existe uma expressão muito clara e fácil de entender : nem isto nem aquilo.
É certo que por vezes não há escolha e só se vê o isto e o aquilo mas é muito raro, quase sempre encontra-se outra perspectiva fora do quadro.
Vem isto a propósito da crise no Sporting. 
Uma tristeza. Como foi possível?! Como aconteceu um clube centenário, com um percurso brilhante para além do futebol, ser palco de cenas tristíssimas e andar nas bocas do mundo pelos piores motivos? Claro que a explicação imediata tem a ver com a ganância de audiências das TVs que sabem empolar todas as notícias que lhe cheire a escândalo alimentadas pelo descontrolo verbal de um líder populista que adorava conferências de imprensa e redes sociais. Mas não só. A situação foi muito bem analisada AQUI 
Eu tenho seguido o fenómeno pelas redes sociais, sobretudo Twitter. É impressionante por um lado a violência verbal que se utiliza, acredito que cara a cara não se falaria assim, e por outro o recurso sistemático a concluir os que não querem A querem Z. (vê-se mais nos defensores de BdC)
É isto que se tornou irritante. A figura de Jaime Marta Soares é detestável. Os capitalistas que estão contra o BdC são do piorio (mas já agora não esquecer que o apoiaram...). Do pouco que percebo o futuro deste clube está complicado, e não vejo nenhum candidato decente. O Daniel Sampaio não se deve querer meter nisso, nem o Vasco Lourenço. Mas não é prolongando a agonia a que o clube esteve sujeito nas mãos de um alucinado, que em poucos meses estragou o bem que tinha feito, que está a solução.
Ao menos com esta opção pode haver eleições, e quem sabe...?  Dizem que a esperança é verde 😊


Cereja


sexta-feira, 22 de junho de 2018

Placas toponímicas

Decidi inaugurar uma categoria nova, uma pasta para rabujices 😉 porque de vez em quando apetece-me rabujar com mil e uma coisas, que não terão assim muita importância mas nem só de coisas importantes é feito esta espécie de diário.
A primeira rabujice tem a ver com a sinalização das ruas de Lisboa.
Nasci em Lisboa, vivo em Lisboa. Até conheço relativamente bem esta cidade, talvez bem melhor do que pessoas mais novas do que eu, que deixaram de andar a pé - actividade que praticava imenso quando era nova, e ainda um pouco hoje, e é a melhor forma de conhecer uma terra.
Contudo desde há anos que me interrogo, e cada vez mais, como é possível um visitante orientar-se nas nossas ruas... E nem penso em bairros labirínticos como os Olivais! Ná! Sítios normalíssimos, ruas direitas e com cruzamentos claros, até centrais, mas cuja identificação é um mistério.
Começo com um pormenor, que parece insignificante. As placas toponímicas em Lisboa são (quase todas) de pedra e as palavras são escritas em baixo relevo que depois é preenchido com tinta preta. Fica bonito, lê-se bem, parece uma boa opção. Mas... com o sol, com a chuva, com o passar dos  anos, a tinta vai-se. E nessas condições ler o que está escrito apenas em baixo relevo a 3 metros de altura, não é para qualquer um! Que belas são as placas de esmalte com letras brancas sobre azul escuro, de Paris.  Ou, o que raramente se vê em Lisboa mas também é legal, placas de azulejos, bonito e visível.
Mas a crítica sobre a legibilidade é para quando (a placa) existe. Porque imensas vezes, mesmo imensas, não foram colocadas onde deviam estar: em todas as esquinas das ruas. E é isso que não acontece. Tenho-me visto aflita muitas vezes, em zonas que conheço menos bem, perdida durante vários quarteirões até adivinhar onde raio é que estou 😡 Ainda a semana passada, indo de carro e já com pressa, não vi a placa do início da rua e depois disso passei 3 compridos quarteirões sem que nenhum tivesse placa. Uma rua importante! No Campo Pequeno, por exemplo, a placa da esquina que o liga à Av. da República está lá, sim, no primeiro andar num local completamente invisível para quem está no passeio. Etc, etc, a lista se a quisesse escrever nunca mais acabava!!!
Resmunguices.
E parece secundário, não é? Mas não acho. Afinal é uma prova de respeito por quem utiliza as nossas ruas. Teremos de andar todos de GPS??! Vamos perguntar onde estamos a quem passar na rua? É desleixo, e falta de respeito na minha opinião.


Cereja

terça-feira, 19 de junho de 2018

Profissões

De vez em quando sou-chamada-à-realidade se me distraio com a idade que tenho 😏 Como acompanho a actualidade e as mudanças sociais, "esqueço-me" que nasci no século passado e até lá para o meio... Ou seja há coisas que, embora não me surpreendam inteiramente, ainda paro para pensar e descodificar na língua da minha infância.
Desta vez são as profissões actuais, e até outras que já existiam mas foram crismadas para parecerem mais elegantes.
É claro que algumas nasceram há apenas umas dezenas de anos mas tornaram-se mais importantes (falo a sério) do que outras milenárias. Para já a profissão de informático! O mundo não funcionava sem essa classe, sabemos bem, dos transportes à medicina tudo gira porque há informáticos.
E, claro está, há outras que desapareceram e há muitos anos. Já não há a profissão de lavadeira, e os ardinas ou cauteleiros há muito que também só existem nas nossas recordações. Dactilógrafa não há, leiteiro, telefonista, e quem se lembra das apanhadeiras de malhas das meias 😕 ???
Mas, para compensar, há imensas profissões que à primeira vista não se percebe (eu não percebo, é que é) o que esses profissionais fazem. Voltando a referir de novo o concurso Brainstorm, o animador do concurso pergunta que profissão o concorrente tem, creio que para o situar melhor e calcular que tipo de conhecimentos lhe são mais familiares. Fico muitas vezes surpreendida, e felizmente que ele insiste «e faz o quê?» porque não adivinhava. Ainda a semana passada, um concorrente como profissão disse que era conferente (?)  e à pergunta «confere o quê?» entendi que era o que vinha nos navios que chegavam aos cais. E há subdivisões, no meu tempo havia bancários, mas lá no concurso apanhei com operador financeiro, com gestor de contas, e isso do dinheiro tem muitas facetas técnico oficial de contas, e há inspector tributário, etc, etc.. que as finanças é um polvo cheio de tentáculos. E há mediadores imobiliários,  que nascem que nem cogumelos, e uma das coisas que nunca me habituarei, é que se pode ser youtuber como profissão!!! É publicar coisas no youtube e viver disso. Oooooh! E até ficam ricos, já percebi.
Há também, já há muito tempo, a promoção social pela alteração do nome da profissão. Recordo quando as telefonistas passaram a ser operadoras de comunicação ou qualquer coisa assim, e a minha gaffe quando me referi a um sapateiro, que afinal era reparador de calçado, e por aí fóra!!! Todos conhecemos imensos exemplos.
O triste é que a honra do título não corresponde em nada um vencimento também honroso. Nem nada. Pelo contrário o que se vê é o descaramento de se oferecer 600€ a um licenciado, até com licenciatura "à antiga".

Cereja

sábado, 9 de junho de 2018

A informação manipulada

Mais uma vez volto à vaca fria. Mas tem de ser, desabafo aqui, tenho mais espaço do que no fb 👿

Quando a notícia encheu as páginas dos jornais e apareceu com relevo nos telejornais, cheirou-me logo a esturro. Apesar de já não andar perto das questões do ensino, conheço crianças, muitas até, e a coisa não me parecia bem. Diziam, em parangonas que 45% dos alunos não consegue localizar Portugal no mapa da Europa, e o coro de indignação percorreu o país, ou pelo menos as redes sociais. Aliás vi variantes desta «notícia» que iam mais longe, usando outros termos: "não conseguem apontar Portugal no mapa da Europa»!. Que vergonha, para os miúdos e para os seus professores, decerto muito incompetentes.
Olhem amigos, eu cá... fiquei com pedra no sapato. 
A coisa não me fazia sentido. Até por motivos corriqueiros, os campeonatos de futebol tão falados, fartam-se de mostrar diversos países e a sua respectiva localização, como é que podia haver engano com o nosso???!!! Os nossos miúdos não sabiam onde ficava Portugal?!
Finalmente, através de uma professora fui esclarecida:
Ninguém pediu que apontassem Portugal no mapa. Pediram o que adiante se transcreve, e de notar que 55% respondeu correctamente, como explicou a professora «sem se atrapalhar com a orientação no espaço, nem a subtil variação na preposição que antecedia os pontos colaterais» Aqui está


E então? Ninguém, adulto, se atrapalhava com o sudoeste e sudeste, este, oeste, noroeste,nordeste...? Mesmo no stress de uma Prova de Avaliação? Era canja?
Hmmm.... Notem que não é saber bem os pontos cardeais, é situar algo usando esses pontos e relacionando-os com um terceiro elemento. Bem diferente de encontrar um país num mapa!
.........
Só que esta história mal contada, e distorcida, serviu logo para um ataque ao ensino, incidindo as violentas críticas contra o alvo que seria o ensino público.
É triste, não é?
Cereja

quinta-feira, 7 de junho de 2018

Privacidade


Não sou só eu!
Toda a gente com quem falo se queixa está admirada com esta onda (tsunami?!) de mensagens via sms ou email, de centenas de empresas que vêm declarar que os nossos dados nos seus sites estão protegidos mas pedem que confirmemos a nossa relação com eles e que aceitamos os seus serviços. Ando abismada porque não tinha a noção de que fossem tantos!
Nalguns casos percebe-se. Ontem fui chamada ao balcão do meu Banco, porque nesse caso a minha concordância tinha de ser presencial e tinha de assinar lá um documento. Claro que se entende que um Banco mantenha os meus dados confidenciais, nem imagino que assim não seja, mas se uma empresa qualquer precisa do meu nome, idade, telefone, número de contribuinte, ou morada, eu até aqui partia do princípio de que era para seu uso próprio e por isso lhos fornecia. Se ela decidia vender esses dados, para a publicidade ou calcular-se se eu votaria no Trump [ou Marcelo] isso era um abuso de confiança, um crime. Parece-me simples. Mas não, é bastante complicado, elas têm de nos enviar um relambório de várias páginas escritas em letra miudinha, e temos de assinar e devolver. Resumindo, uma chatice!!!
Pelo que entendo a coisa começou no facebook, Mark Zuckerberg, não protegeu as contas e está a prestar contas disso. Mas espalhou-se nas «redes sociais», o que abrange tudo. A rede social é interessante, tem algumas vantagens. Algumas! Por exemplo podemos dar e receber notícias de pessoas que conhecemos mas, por motivos diversos, estão afastadas. Ou vivem longe, ou não têm tempo para visitas nem sequer para telefonar a horas decentes. E pode-se «conversar» com diversas pessoas ao mesmo tempo, sobretudo no twitter. É engraçado, e usado com bom-senso não compromete.
Mas infelizmente Descartes estava completamente iludido e o dito bom-senso não é nada a coisa do mundo melhor partilhada!!! Deseja-se fazer omeletes sem ovos, escarrapachar sentimentos, falar de situações pessoais abundantemente ilustradas com fotos, dizer muitas vezes o que passa pela cabeça sem pensar 2 vezes (ná, não estou a pensar sequer no Bruno de Carvalho!) até se apagar coisas depois de terem estado à vista, e... depois é uma surpresa virem a confirmar que todos ficaram a saber. 😏
Privacidade. É importante. É muito importante! E entrar nas nossas contas é um crime que não apenas os hackers cometem, como imagino que haja muita gente bisbilhoteira que o saiba fazer. Mas, exactamente por isso, porque sabemos que desde que se publique na net é sempre possível ser desvendado que o remédio é... não o escrever!
Para mim há coisas bem mais difíceis do que evitar escrever algo que queira que fique privado.



Cereja

quarta-feira, 6 de junho de 2018

Há uma moda para tudo

Por motivos familiares 😌uma vez que há um só comando de tv, tenho acompanhado com alguma regularidade, o concurso Brainstorm, da RTP. Não vou agora resmungar com a mania dos títulos em inglês, talvez quando compram os direitos da coisa isso não cubra o traduzir-se na língua no país onde será exibido... Mas anda a fazer-me espécie um aspecto curioso: como é que por mais de duzentas vezes, (pode ser que alguma vez a resposta tivesse sido outra mas eu cá não a ouvi) os concorrentes quando respondem à curiosidade do apresentador sobre o que querem fazer com o dinheiro que vão ganhar, dão a mesma e única resposta - uma viagem!
Já espreitei quem patrocina o concurso e não é nenhuma agência de viagens nem sequer uma companhia de aviação, parecem-me serem refrigerantes, ou outras coisas do estilo. Ora como é possível que os desejos de toda a gente, mas das mais variadas espécies, homens ou mulheres, solteiros ou casados, dos dezoito aos setenta e tal anos, todos queiram com o dinheiro ganho ir passear e só isso!!!
Não pode ser.
Até parece que o consumismo de bens materiais desapareceu completamente. Todos vivem satisfeitíssimos com o que já têm e de mais não precisam. Ou eu já tenho falsas recordações ou antigamente falava-se em muitas hipóteses, aliás sensato porque dependeria do dinheiro ganho e do possível vencedor.  Desde desejarem um carro novo, ou trocar aquele que tinham se o prémio fosse alto, até um plasma daqueles xptl que custam muitas centenas de euros, ou aparelhagens do tipo cinema em casa também caríssimas, no caso de o lucro ser menor. Ou até trocar de casa, se ganhassem muito... E é claro que na lista dos desejos entrava também uma bela viagem, o que é um desejo normal. Mas que seja a única escolha de todos os que por ali passam, desculpem mas eu estranho.
Por isso imagino que seja uma moda. Para além de um certo pudor de dizer assim em público que desejavam uma coisa banal, pela lei do menor esforço usam o que todos os outros dizem, a «chapa um» - viagem. Fácil e pronto... Atenção, é um desejo muito legítimo, eu também o tenho, não sou mais do que eles 😏 mas, com franqueza, é o único desejo que aquela gente toda tem...?! É uma moda, só pode ser !!!




 Cereja

terça-feira, 5 de junho de 2018

A questão da solidão

Na sequência de uma uma notícia triste e outra divertida, uma triste sobre solidão, por todo o mundo mas sobretudo em Portugal  e outra que nos faz rir, sobre as conversas dos portugueses com Deus, uma amiga minha escreveu no facebook «com a quantidade de idosos isolados ainda bem que falam com Deus, senão quem o faria...?» recordei uma situação que acompanho de perto e encaixa nesta questão tão séria e grave.
Numa aldeia onde costumo passar grandes períodos de tempo, vivia um casal já idoso com quem mantinha-mos uma excelente relação. Com a família reduzida, tinham casado bastante tarde e não tinham filhos, e ainda havia irmãos mas de quem estavam muito afastados, ou por viverem bastante longe ou por questões de partilhas com o conseguente corte de ralações. Por serem muito afáveis, sobretudo ele que era muito bondoso e prestável, viviam bem com a vizinhança. Mas a idade, fazia-se sentir, e já tinham ultrapassado os 90 anos com diversos problemas de saúde próprios não só dos muitos anos como de uma vida dura de trabalho. Contudo amparavam-se um ao outro, já vendo e ouvindo muito mal, e com dificuldade de mobilidade, mas podia-se dizer que vivia um para o outro, e eu reconheço que os via sempre como casal, separados era quase como uma separação de siameses...
Contudo, aconteceu o que se temia e o marido que se queixava menos foi o que foi primeiro.
Nem é necessário descrever o estado em que ficou a viúva! Perdeu mais de metade de si mesma. O desgosto, a revolta, o medo, a depressão, eram permanentes. Uma sobrinha que vivia muito distante tentou sugerir-lhe um lar, o que foi naturalmente recusado. Toda a sua vida e recordações estava entre aquelas paredes. Mas continuava a chorar e a queixar-se um ano e meio depois.
Uma sua vizinha de conversa comigo, já impaciente, dizia-me "Ela deve perceber que não é só ela! Fala como se fosse a única pessoa que perdeu o marido, e tantos de nós passámos já por isso!» E citou-me outra pessoa que tinha perdido o marido e ficado com 2 filhos, adultos agora e também com filhos. Ora dessa comparação faltava o âmago da questão que era, para mim, a solidão!
O que estava subjacente na queixa da velhinha de 90 e tal anos, era o sentir-se tão sozinha!. O caso da outra vizinha, além de na altura ter 2 filhos que a preocupavam decerto mas eram uma enorme companhia, tinha 2 irmãos carinhosos que viviam perto, tinha pai e mãe, para além de imensos primos, afilhados etc. Exactamente o oposto.
E esta é mesmo uma «doença social» da actualidade. Que tem de ter cura!!! Tem de ter!

Cereja