(Aviso aos leitores: o que vou escrever é a verdade verdadinha; é necessário dizê-lo porque sei que pode custar a acreditar)
Eu tenho a mania de que tenho um dom.
Ia escrever que «não perco nada» mas não é isso. Lá perder, perco. Tanto como qualquer pessoa. E, evidentemente, que acontece perder definitivamente uma coisa ou outra. Mas isso é raro, direi até raríssimo! Quando não encontro uma coisa, ‘reconstituo o seu percurso’ como toda a gente, creio eu, e… lá está ela. Mas o que me levou hoje a escrever foi o último caso de reencontro de coisas perdidas.
A lista destes casos é grande. Carteiras perdidas e encontradas têm sido várias. Uma vez perdi a carteira e tive de mandar fazer os cartões que lá tinha com bastante arrelia, e meses depois entro numa loja de chinês e lá estava debaixo do vidro do balcão o meu passe social! Pergunto e tiram a carteira de uma gaveta com tudo, até o dinheiro na totalidade!!! Outra vez, batem-me à porta de casa e um polícia sorridente sobe as escadas a perguntar se tinha dado pela falta de algo. Eram as chaves do carro, que eles na ronda tinham achado caídas ao lado da porta… Em Agosto do ano passado, «perdi» e achei o meu carrito, [imagina-se bem o susto] com a diferença de poucas horas.
Na manhã de sexta-feira repetiu-se esta magia que me protege de perder coisas. Ia de abalada de Lisboa um pouco carregada de tralha. Levávamos um saco de viagem com a roupa, e um outro também pesado, com o resto - comida, caixas, livros, e diversos aparelhos necessários para a estadia entre os quais uma máquina de café. Já eram quase 11 horas, e portanto estávamos com pressa, tendo arrancado muito rapidamente. No caminho ainda parámos para fazer mais umas compras de comida e cheguei ao meu destino pela hora do almoço.
Descarrega-se o carro, e ansiosa por tomar café, e peço ao meu filho: "- Traz o outro saco!" Surpresa dele. "- Mas qual saco?" Ora essa, o saco grande com todo o resto. Ná, não está lá nada... Achei que ele estava a não ver bem, (homens!!) e fui lá eu. Um baque. De facto não estava lá, e concluímos que nenhum de nós o tinha arrumado dentro do carro, portanto tinha ficado no meio do passeio.
O que me desesperava era a máquina, a menina dos meus olhos, pois ‘nesta altura do campeonato’ não ia poder comprar outra. Bem, não tinha nada a perder, de modo que tomei algumas medidas: falei para a porteira do prédio e pedi para dar uma volta por ali a ver se alguém tinha visto o saco.
E, voilá, depois de 3 ou 4 horas desaparecido, ele voltou a aparecer. O dono do lugar de hortaliça, tinha reparado que um homem da obra em frente tinha guardado um saco, os porteiros foram perguntar e lá estava, máquina e tudo. Note-se, em Lisboa, dia de semana, um bairro com movimento!
Santo António para encontrar o que se perde??!
Sem ofensa, ó Santantónio, mas a minha estrelinha rivaliza com essa coisa do reponso.
Tenho um íman que faz que o que perco volte à minha mão e prontos!!!
* (Não consegui encontrar o post que escrevi, faz já uns anos, a contar que encontrei no dia seguinte a tê-los perdido, dois anéis de enorme estimação que encontrei no contentor do lixo do meu prédio. Essa foi a jóia da coroa das coisas que «não perdi»)
Pé-de-Cereja