sábado, 21 de julho de 2012

Agosto e as parcas


Quando penso em Agosto e férias sinto algum receio. Acho que as parcas o olham de lado. Cá para mim, embirram com ele!
Sei bem que «férias grandes» é Agosto. 
É certo, já adivinho vozes a clamar «eu não! Eu não! Eu não!», e não tenho dúvida de que existe uma grande percentagem de trabalhadores (os outros não terão férias, uma vez que isso implica paragem de trabalho, não ausência do dito) que não tem férias nesta altura ou até terá ainda mais trabalho, como a hotelaria por exemplo.  Mas, se pensarmos que as escolas – e os tribunais também... – fecham este mês, quem tenha filhos a estudar para estar com eles tem de escolher esta altura para as suas férias. E, na mesma linha de pensamento, como todos nós começamos por ser estudantes, a recordação mais remota de férias está associada a Agosto.
Mas…
Por mais de uma vez na minha vida tive situações de saúde complicadas que se tornaram ainda mais complicadas, por terem surgido no início de Agosto. Não foi comigo, mas antes fosse que a aflição era grande e, apesar de terem sido resolvidas clinicamente com brevidade por serem urgências, fiquei com o mês todo muito perturbado para a assistência familiar e muito más recordações.
E Agosto está quase a chegar.
E, para manter essa tradição, cá ando com um problema sem solucionar. Claro, felizmente, não tem a gravidade que referi nos outros casos e se calhar o novelo desenrola-se bem nestes dias que faltam, mas…
Ando a fazer figas e a pensar se posso aldrabar o calendário e recuar um mês ou saltar uns 30 dias…

Pé-de-Cereja

terça-feira, 17 de julho de 2012

Três estações de metro


O que é preciso são distracções!
Diziam os romanos que para manter o nível de satisfação do povo devia haver pão e circo. Parece que quando o pão é abundante o circo não faz tanta falta, mas se falta o pão é melhor aumentar os espectáculos de circo. Isso salta aos olhos .
Em Portugal estamos a sufocar. Ontem ouvimos numa entrevista, o bispo Januário Torgal mostrar o seu escândalo perante a atitude do governo. Este escândalo é quase geral e, quando um balão está demasiado cheio antes que um alfinete o fure com muito barulho, é sensato deixar sair algum ar abrandando a pressão. Vai-se então à procura de acontecimentos interessantes, mas distantes do verdadeiro fulcro do problema. Descobriu-se agora o tema da licenciatura à pressão do ministro Miguel Relvas.
Não terá sido muito correcto? Pois não. Revela uma mentalidade oportunista? Revela. Mas tem a importância que lhe querem dar? Claro que não. Quando ontem ouvi o A.A. Jardim dizer uma graçola sobre o tema, achei que já chegava. Hoje li a Ana Sá Lopes no "i" e dei por mim a concordar quase inteiramente. Diz ela que «é mais perigosa para o país a licenciatura pela Universidade Católica de Vítor Gaspar (e o doutoramento pela Nova aplaudido nos corredores de Frankfurt) do que a pobre licenciatura em Ciência Política e Relações Internacionais da Lusófona que, rigorosamente, não serve para nada nem mal nenhum traz ao mundo.»
Pois é.
Esta conversa sobre o curso ou não-curso do ministro, se bem que significativo para definir o carácter do senhor, não interessa. Mas aquilo que se está a cozinhar para Portugal, isso interessa e muito!
Hoje falamos todos contentes no alargamento da rede do metro, que já é mais do que centímetro, mas ainda é pequenitote.
Eu também estou satisfeita. Dá-me jeito, sim senhor. Os habitantes de Moscavide e Encarnação vão ficar melhor servidos e uma cidade que tem um aeroporto dentro dela, tirará vantagem desse inconveniente.
Muito bem, mas...
Talvez seja bom não esquecer que a qualidade do serviço do Metro tem piorado a olhos vistos, quase na proporção do aumento do custo dos bilhetes!!! Menos carruagens, bloqueios e paragens constantes, os elevadores de acessos a pessoas com mobilidade reduzida estão quase sempre avariados, o gps há que tempos não funciona, muitas estações só têm máquinas e ninguém para ajudar quem precise, etc, etc.
Temos muita facilidade em ir atrás do pano vermelho que oculta a farpa que está preparada!

Pé-de-Cereja



quinta-feira, 12 de julho de 2012

A comida

Tenho saudades.
Tenho cá umas saudades de quando era pequenina e nós comíamos, simplesmente, sem complicação, sem pensar nisso. A comida vinha para a mesa e comia-se porque sabia bem e tínhamos apetite.  Havia sopa, um prato que muitas vezes era peixe porque era bom e na altura era mais barato do que a carne, e a carne era de vaca ou porco, menos vezes frango e o peru era só no Natal. Muitos acompanhamentos. A fruta, como sobremesa, era a da época e a existente em Portugal. Comprava-se as bananas no bananeiro, ananás comia-se no Natal como um luxo.
Não me lembro de ouvir falar em alimentos que se "deviam" comer. Pensava quando era criança que "se devia comer" tudo, para isso é que estava ali no prato. Se eles engordassem até era bom que eu era magrinha e estavam sempre a aborrecer-me com isso, mas não me lembro de que as pessoas não quisessem engordar, assim como também não me lembro de ninguém particularmente gordo. Digamos que as pessoas era... normais.
Era ignorante e feliz.
A pouco e pouco começámos a saber muito. A categorizar os alimentos. A pirâmide alimentar é matéria dos primeiros anos de escola, andamos saturados de ouvir informações sobre aquilo que engorda - o que é importante porque surgiu uma nova doença chamada obesidade. E a pouco e pouco andamos inundados de informação sobre alimentos que "fazem mal". Sabemos que o sal faz mal. O açúcar faz mal. As gorduras fazem mal. As carnes vermelhas fazem mal. Olha-se para o prato e não se começa a salivar com o bom cheirinho e a aparência apetitosa do que lá está, não vemos carne, legumes, feijão ou arroz, vemos calorias. A única coisa que acho simpática é recuperação da água (apesar de também parecer agora uma obsessão...) pois quando era pequena as minhas avós evitavam que bebesse água e assustavam-me dizendo que "fazia rãs na barriga". Ui!
Recentemente, por um problema de um familiar, fui ver que alimentos provocam gases - e afinal são exactamente aqueles legumes que se comem para não engordar! Que seca!
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Ando farta. Farta de alimentos que "fazem emagrecer", de produtos lights, com aditivos disto e daquilo,  que "fazem bem" ou que "fazem mal". Queria voltar a comer simplesmente porque comer é um prazer, porque sabe bem. Sem estudos, sem complicações.
Missão impossível ?


Vai um pastelinho de bacalhau? Oooh... é frito e tem batata, dois males!

Pé-de-Cereja

terça-feira, 10 de julho de 2012

Na gordura ou no músculo?


‘Sei’ bem que ‘nada sei’ sobre economia.
Mas, gabo-me de ter senso comum. Não é caso de me gabar uma vez que é 'comum' mas, enfim, considero que sim, que tenho bom senso e isso me ajuda a olhar tolerantemente para muitas coisas. Contudo a tolerância tem limites (ainda bem!). Desde que ouvi pela primeira vez um governante falar em que era necessário cortar "nas gorduras" de certos gastos que fiquei com a pedra no sapato. Não sei porquê mas a imagem que de imediato me surgiu não foi a do cirurgião estético e sim a do Shylock, o mais famoso usurário. Coisas minhas...
Quando se iniciou esse famoso "corte" vi logo que estava cheiinha de razão. Quando o corte - essas despesas que o Estado quer reduzir e as receitas que quer aumentar -  incide sobre os salários e o produto do trabalho, fica claro que não está a cortar na «gordura» e sim de um modo suicida, no «músculo». É certo, comecei por o dizer, não sei nada de economia mas expliquem com palavras simples, como é que se uma população ganha muito menos e até parte dela fica sem trabalho, se podem  aumentar as vendas ou pelo menos não as diminuir...? O estrangeiro, parva! Ah, claro, as exportações, tinha-me esquecido disso (!!!) Estarão a falar a sério?! As vendas das produções das nossas empresas ao estrangeiro pelo facto de se descerem os salários vai ser tão fulgurante que equilibra a enorme baixa do mercado interno???
Esta espiral previsível ( baixa de salários e desemprego / quebra de consumo / produtos que não se vendem / falências e desemprego / maior quebra...) é agora óbvia para todos. As gorduras estão nos subsídios de férias e Natal, e nos salários e pensões acima do smn, e não nas parcerias público-privadas, nos apoios aos bancos, nos contratos a privados para pareceres que deveriam ser efectuados pelos técnicos do Estado, nem na quantidade de assessores e especialistas além quadro que os membros do governo parece precisarem???!  *
Agora aparece uma nova carta neste castelo de cartas tão periclitante: o Tribunal Constitucional declara que não é justo a perda dos subsídios de Natal e férias que o estado enquanto patrão retirou. O Primeiro Ministro pensa «Bom. Então generaliza-se e os trabalhadores do privado também não vão ter!»
Ooooooh! Alguma coisa não bate certa. Um Primeiro Ministro na sua função de Patrão pode (poderá?) decidir o que paga, como paga, quando paga aos seus empregados. Mas como vai decidir o que os outros patrões, dentro dos contratos já assinados, vão pagar? Essa 'economia' beneficiaria quem? A receita do IRS do ano que vem seria ainda menor é claro, e as vendas iriam ainda baixar mais.
Que medida bizarra!
Mas isto penso eu que não sei nada de economia.
Os senhores importantes que falam economicês uns com os outros que digam a sua opinião.


Veja-se quantos são os adjuntos dos assessores dos adjuntos dos adjuntos...

Pé-de-Cereja

domingo, 8 de julho de 2012

Blog e facebook




Tem sido difícil retomar.
mais de quase um mês que não escrevo no Cerejas. Isto seria uma situação inimaginável para mim ainda há poucos anos. Comecei a brincar com blogs há uns 10 anos e foi um amor forte e continuado. Sentia-me a escrever um diário sem a intimidade verdadeira do diário, mas com a mesma necessidade quase obsessiva com que o fiz durante toda a adolescência nuns velhos cadernos de capa castanha.
Como escrevia todos os dias e dois ou três posts cada dia, tinha muitas visitas e comentários o que estimulava que o continuasse a fazer – a tal bola-de-neve. Quando iniciei o Cerejas (o quinto onde escrevo e o terceiro individual) dei-lhe este nome entre outras coisas porque desejava muitas conversas tal como tinha nos anteriores.
Mas foi um flop! Parecia que o destino se ria de mim e,  ao contrário do que desejava, com excepção de 2 ou 3 seguidores cheios de paciência, tive uma vertiginosa quebra de visitas. Mas percebi que a onda agora era outra: as redes sociais, facebook ou twitter. Afinal o blog para mim tinha sido também uma rede social, a blogosfera como se dizia. Portanto experimentei essa coisa do facebook, que é muuuito mais fácil, mesmo muito mais.
É claro que é diferente. Muito diferente e em muitos aspectos, mas…
Mas a verdade é que eu antigamente usava o blog muitas vezes quando escrevia pequenas opiniões de um parágrafo sobre uma notícia que tinha lido, exactamente como faço no facebook. Igualzinho. Eu é que não sabia que havia esta rede, e agora já sei!
Pronto. Claro que uma reflexão mais demorada, mais extensa, também se pode fazer lá mas «fica melhor» no blog. Só que isso tem sido adiado, pelas ‘urgenciazinhas’ do dia-a-dia e uma enorme inércia…
Volto hoje a abrir uma janela e arejar a casa.
Bom Dia amigos!!!

Pé-de-Cereja