sábado, 21 de março de 2015

Habilidades e técnicas de aumentar as vendas


A revista Visão trazia uma crónica (?) opinião (?) intitulada: Porque acabamos por comprar coisas a mais na IKEA? bastante interessante e decerto fundamentada. Explica-nos que o facto de os produtos estarem distribuídos de determinada forma, de a loja estar montada como um labirinto, e na zona do 'mostruário' só se poder tirar a referência mas não levar o produto provoca um maior desejo de comprar o que se vê.

Certo. Acredito. Sobretudo a técnica do labirinto irrita-me um bocado porque cansa muito, e já aprendi a fintá-la (eheheheh!) mas não acho que seja uma diferença assim tão grande, tirar a referência do produto como eles aconselham, ou metê-lo logo no carrinho.... Vai dar ao mesmo, não é?
Mas estranho que apontem as espingardas com tanta precisão a esta loja, quando afinal TODAS fazem ou o mesmo, ou coisa parecida. O repórter recomenda levar uma lista do que se pretende e não sair dela. Pois é. Na IKEA e nos Minipreços ou Pingos Doces. Acho que até na feira de Carcavelos ou no Mercado do Relógio.

Quando eu era ingénua, quero dizer mais ainda do que sou hoje, aborrecia-me entrar num supermercado que conhecia muito bem, e no corredor do arroz e farinha, encontrar o chá e o café, no dos produtos de limpeza ver que estava o pão, etc. Eram mudanças que eu não entendia até alguém me explicar que se fazia isso por sistema, porque assim faziam «lembrar» ao cliente que podia levar outro produto e não apenas aquele que ia comprar.

Também a pouco e pouco fui confirmando que nas prateleiras ao nível dos olhos estão os produtos que lhes convém vender. Nas mais baixinhas, onde o cliente se tem de pôr de cócoras, estão os mais baratos. Eles estão lá, mas... discretamente.
Outra «moda» é apresentar produtos embalados (carne, peixe, legumes, fruta) com preços, em números garrafais, que são baixos. São baixos se correspondessem ao quilo ou a 500 gramas. Mas quem tiver atenção vê que correspondem a 350 gr, ou a 800 gr, e fazendo rapidamente contas de cabeça, confirma-se que a diferença  muitas vezes até beneficia o vendedor.
E quanto a «comprar coisas a mais» era bom se fosse só no IKEA... De roupa, a comida, a lâmpadas, sapatos, óculos até, agora propõe-se «leve x e pague metade». Mas porque é que hei-de levar mais do que aquilo que necessito, para pagar metade?!  Se podem vender por metade, vendam por metade! Mas para que é que vou atafulhar a cómoda, o frigorífico, com coisas que chegam a apodrecer e a passar de prazo porque não precisava de tanto???

Pois é meus amigos, podem dizer «não-estou-aqui-para-enganar-ninguém» como os banha de cobra, mas até tiram cursos para enganar como deve ser.

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E nós com a sensação amarga de que se tem de estar sempre alerta para ver qual é o truque.

Cansativo, não é?






Cereja


quinta-feira, 19 de março de 2015

Perplexidade

Foi perfeitamente por acaso que deparei com este vídeo. Numa espécie de zapping através das páginas do facebook, abri o vídeo que parecia engraçado.
E é engraçado. Com uma música animada e divertida "prova" que uma máquina (por acaso com um homem lá dentro mas que também poderia ser um robot) pode gerir uma plantação com muita eficiência.
Vejam:



 

Como graça, terá alguma.
Mas pouca. Porque olhando para aquilo como ser humano que sou, mete-me medo. A pouco e pouco a relação humana vai desaparecendo do mundo do trabalho. 

Quando era criança íamos a uma loja fazer compras. Recebia-nos um caixeiro, que ia buscar o que pedíamos, explicava as vantagens de um ou outro produto, embrulhava-o, recebia o nosso dinheiro e dava o troco. Humano, caloroso. Hoje vou a uma loja, meto uma moeda num carrinho de metal, procuro o que preciso nas prateleiras, dirijo-me a um local onde passo num leitor o código de barras daquilo que escolhi, o preço final aparece num ecrã, meto numa ranhura um cartão de plástico e escrevo um código, e saio com as compras. Posso não ter visto um único ser humano! Não era preciso.
Para não falar no que era "ir ao Banco" há 40 anos, onde a relação era bem pessoal e até conhecíamos as pessoas pelo nome, e a substituição desses serviços pelas caixas 'multibanco', utilíssimas sem dúvida, que proliferam por todos os lados e já nem podemos passar sem elas, mas... são máquinas!
E os autocarros! Havia o condutor, e o senhor que nos vendia os bilhetes, um a um, de várias cores. Fazia-lhes um furinho com um alicate, que por vezes servia para ameaçar o menino mais traquina de que lhe fazia o furo na orelha...  Uma relação calorosa.
Bem, voltemos aqui ao vídeo.
A época das vindimas, é época de festa nos campos. Apanham-se os cachos das uvas, um a um, cuidadosamente. Enchem-se os cestos de verga, que depois são despejados em locais para serem lavados e pisados e fermentados, até ao vinho. Um ritual. Vejam agora aquela «vindima» robotizada. Foi rápido, não foi? Dali vai sair qualquer coisa, um sumo, um vinho. Mas não sentem um arrepio?
E a seguir, a colheita dos morangos. Ali até era ainda preciso uma mão humana para escolher os maduros que iriam ser depois vendidos. Mas os que ainda estavam a amadurecer e foram impiedosamente apanhados a eito, o que lhes fazem? Numa apanha manual, o trabalhador sabe colher o que está maduro e deixar amadurecer o que ainda não terminou o processo. É inteligente. A máquina é cega. 
E as couves? Que lindas, todas redondinhas no final, prontas para serem embaladas e vendidas em grandes superfícies. E o que vão fazer às folhas grandes que as envolviam e protegiam? Haverá uma outra máquina que vai aspirar tudo o que ficou e fazer uma grande sopa? Ou deitam fóra?
Pronto, confesso que não gostei nada daquilo. Parecia um sonho mau do que seria (será?) o futuro. Milhões de pessoas desocupadas não porque estejam muito felizes e realizadas numa ocupação de que gostem, mas porque há máquinas que fazem o mesmo (??!) mais depressa e mais barato.
Aquilo era para ter graça.
E, como exagero, até tinha. Mas ficou-me um amargo de boca.

Cereja

quarta-feira, 18 de março de 2015

Tudo errado!


Já tinha lido um pouco em diagonal, mas hoje dei-me ao cuidado de ler com mais atenção o artigo que nos diz : a diplomacia sueca debaixo de fogo.

Logo da primeira vez, da tal vez que li «em diagonal» chocou-me que a Ministra Sueca que tinha sido convidada a discursar na Cimeira da Liga Árabe, não o pudesse ter feito. Então convidam a senhora e depois não a deixam falar?! Mas algo me dizia que era tudo um tanto estranho porque imaginava que uma cimeira da Liga Árabe não integrasse alegremente uma mulher. Isso já era um tanto revolucionário, mas quando a convidaram sabiam o seu sexo... E parecia ser um gesto simpático para com a Suécia por ter sido o primeiro país a reconhecer a Palestina como um Estado.
Depois percebi que numa entrevista à BBC a Ministra tinha feito uma defesa cerrada dos Direitos Humanos, criticando os castigos físicos (brutais) e classificando como medievais alguns julgamentos nos países que aplicam a charia. Não aceitaram essa censura, recearam que o voltasse a dizer e tiraram o pio à oradora.
A Suécia zangou-se e retaliou: "não renovou o acordo de cooperação militar com a Arábia Saudita".
Agora o complicado, é que isto envolve muito dinheiro, imenso dinheiro, os negócios de armas têm que se lhe diga. As implicações são enorme e acontece (ó espanto!) que "três dezenas de grandes empresas suecas (como a Volvo, Saab, Ericsson, H&M, Elecreolux) assinam uma carta aberta em que colocam dúvidas face à decisão do governo" [dúvida minha: o que é que têm a ver com as armas....?]


Portanto um discurso de uma Ministra que fazia uma defesa apaixonada dos direitos humanos, sobretudo os das mulheres, foi a causa de um boicote de venda de armas, e várias empresas em pé de guerra.


Direitos Humanos?

Calminha, calminha...




Cereja





sábado, 14 de março de 2015

Obras de 'santa-engrácia'

Este é um tema, não direi de estimação, mas que volta não volta não me consigo reprimir de voltar a falar no assunto. É claro que não sei nadinha destas coisas e aceito que haja aspectos que para um leigo nem se ponham e para um especialista sejam da maior importância. Posto isto, passo a falar na perspectiva de uma simples cidadã. 
Vivo numa cidade que parece estar em permanente e constante (re)construcção. São passeios esburacados, tapumes que cortam os passeios para arranjarem prédios, zonas isoladas com fitas para não se passar, ruas que passam a sentido único sem aviso, enfim quem não conheça bem a cidade parece que saímos de uma guerra.

Mas tudo isso se aceita alegremente para o bem comum. Faz-se um túnel para o trânsito fluir, levanta-se um tapume num prédio para o restaurar, etc. Não é isso que me incomoda, é o tempo i-na-cre-di-tá-vel que essas obras implicam!
Li ontem que na China, que têm a mania dos records, tinham construído um edifício de 50 andares em menos de 20 dias.
Um exagero. :D
Por isso teve honras de notícia de jornal. Mas eu vivi há uns 20 anos em Macau, e confirmo que a rapidez das obras nos permite acreditar que esta notícia seja verdadeira. Vi frequentemente, uma rua grande fechada ao trânsito uma Quinta-feira, completamente revolvida na Sexta, cabos, tubos, tudo o que uma cidade precisa nas suas entranhas substituído no Sábado, no Domingo espalharem a terra e cimentarem a rua e passeios, Segunda ser para secar e Terça já se circulava por ali....
Vi, deitar-se abaixo e reconstruir-se edifícios não de 50 andares (embora também os houvesse de várias dezenas) em meia dúzia de meses.
Mas quando vejo que é possível levantar-se um edifício em 20 dias, não posso deixar de me sentir engasgada que a Praça do Areeiro (ou Sá Carneiro) esteja em obras intermináveis há 20 anos. É tudo às pinguinhas, uns anos a arranjar um cantinho; depois outros anos a arranjar outro cantinho, e como a praça tem 4 já se imagina a lentidão... e o que estão a pensar em fazer com o centro da Praça??? Parece um campo abandonado, cheio de capim, com o triste Sá Carneiro meio enforcado. Faz dó. E é um local quase obrigatório de passagem para quem entra em Lisboa vindo de avião. Bela propaganda....





Cereja