quinta-feira, 8 de setembro de 2016

«Gostas mais do papá ou da mamã?»

Quando há uns dias escrevi aqui  Os modernos Salomões prometi que voltava ao assunto, que me preocupa muito e está muito longe de se ter dito sobre ele o necessário.
Nós hoje casamo-nos menos e divorciamo-nos mais. Mas, devido a uma grande alteração de conceitos - e ainda bem! - uma criança nasce sempre legalmente com pai e mãe sendo os dois igualmente responsáveis por ela, seja a ligação registada oficialmente ou não. Portanto a maior rapidez com que se casa e descasa, ou nos juntamos e separamos, não influencia a ligação legal mas influencia muito, imenso, a ligação psicológica.
Tenho a convicção por aquilo que vou sabendo, que grande parte dos pais tem cuidado quando comunica aos filhos a separação. Quase sempre explicam-lhes que a questão não tem nada a ver com eles e os amam da mesma maneira.
Mas vamos saltar vários patamares do que se passa nestas separações, inevitavelmente dolorosas, e chegar já aos Tribunais de Família que vão decidir a «regulação do poder paternal».  (uma nota, será que a palavra Poder, não é sugestiva?) Bem, essa regulação no papel parece sensata. No caso dos pais já não se darem lá muito bem, a custódia partilhada diz que a criança fica a viver com um deles e decidirão em conjunto as questões de educação, saúde, ou deslocações ao estrangeiro. Sensato. Assim como é sensato que o progenitor com quem a criança reside facilite os contactos com o outro.
Bem, mais um passo, para se chegar ao ponto importante que é um desentendimento entre os pais. É normal, não é? Estão a lutar por um Poder e muito zangados um com o outro. O Tribunal (advogados, assistentes sociais, juízes, procuradores, imensa gente) intervem. Além de ameaçar os pais como referi nos Modernos Salomões, vai ouvir a criança, o que não é má ideia. Mas o que é «ouvir»? Ser conduzida a uma estrutura assustadora que é um tribunal, onde numa salinha alegre (?) alguém, estranho para ela, lhe vai fazer perguntas sobre os seus afectos?
A pergunta idiota que se fazia a brincar «Gostas mais do papá ou da mamã?» foi há muitos anos considerada um modelo do que nunca se devia dizer, brincadeiras à parte. Do ponto de vista da psicologia é uma violência, um mau trato, uma agressão psicológica. Mas que a Justiça (?) faz constantemente. Quando uma criança pequena é interrogada, sabendo que do que disser pode estar a escolher viver com um dos pais, é gravíssimo.
Mas faz-se.
E depois de feito não se pode «apagar», não há borracha que apague uma recordação dessas, é trauma que a acompanhará toda a vida. Mas quem manda é o Tribunal e terá de ser obedecido a bem ou a mal. Isto acontece constantemente.
S.O.S.


Cereja

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Apenas um «trágico acontecimento»?!

Li ontem de manhã, e creio ter sido também apresentado na TV, um trágico acontecimento, a morte de um rapaz de 20 anos. Aconteceu. 
O modo como é apresentado é o de são coisas que acontecem porque sofreu um «golpe de calor».
Não simpatizo, nunca simpatizei, e nunca simpatizarei com instituições militares. Tenho este feitio, e talvez por isso não seja perfeitamente isenta. Mas enquanto o governo fala em 'momento de dor e sofrimento' e fala em apurar responsabilidades, o exército declara que «apesar da morte de um militar e de um outro ter ficado ferido no Domingo os treinos vão continuar embora adaptados ao tempo quente que está previsto para hoje». Porque, pelo que se vê, os treinos não estavam adaptados ao tempo quente que estava previsto para ontem (?!)
Estamos em guerra? Iremos ser atacados por inimigos externos? A independência de Portugal está em perigo? (não, não estou a pensar na ingerência de Bruxelas) A nossa Defesa está em alerta? Deve ser segredo porque não consta nada disso. Sabe-se que há treinos militares, em situações onde a desidratação é possível, dois rapazes são apanhados por essa onda de calor brutal e um acaba por morrer mesmo na enfermaria. Como é que foi assistido na enfermaria? Tantas dúvidas com que se fica!
Mas o chocante é a continuação dos treinos, a frieza da declaração que li. Como se a queixa de calor fosse uma pieguice, e aqueles rapazes devem ser resistentes a tudo portanto vamos lá continuar os treinos sem mariquices nem queixinhas.
Já disse que não gosto da tropa?


Cereja


segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Negócios...


Como seria de esperar, nesta luta guerra das editoras, li agora a resposta da APEL à medida do governo sobre os manuais gratuitos.

Há dias tinha lido no mesmo Público um artigo confirmando o que parecia óbvio sobre o negócio dos manuais escolares e analisando as últimas decisões do governo sobre esta matéria dizia que «o negócio dos materiais escolares está a abanar». Parece que sim. Dizia lá que «isto significa três coisas a) no ano lectivo de 2017/18 vão ser vendidos menos livros b) as editoras têm boas razões para estar preocupadas e c) finalmente há uma medida oficial para tentar mudar as coisas e dar o primeiro passo no sentido da reutilização dos manuais uma coisa boa para a bolsa dos portugueses e para a sustentabilidade do planeta.»

A Saúde e a Educação são duas pedras básicas numa sociedade que se preocupa com os seus cidadãos mais desfavorecidos. E quem luta contra as desigualdades sociais, choca-se sempre ao perceber que duas necessidades desta importância para a sociedade podem ser também uns brutos negócios. Quanto à Saúde tem-se uma ideia do que são as máfias das empresas farmacêuticas, e no campo da Educação, embora com outra dimensão, temos os interesses das editoras. Naturalmente que quer farmacêuticas, quer editoras, tem interesses legítimos. Mas...
[Um parêntesis: embirro com a frase eu não sou ****, mas porque a seguir ao 'mas' aparece o que se considera a excepção ]
Eu não sou saudosista, ponto final. Cada coisa no seu tempo, vivemos o presente, sonhamos o futuro, recordamos o passado. E quando se recorda o passado podemos aprender algo. A minha geração cresceu num regime totalitário, e no ensino usava-se o «livro único», era o ensino censurado. Mau, claro está. Os professores só podiam ensinar aquilo que o governo queria, a vigilância era total. E, claro, o livro era para ler, e os cadernos para escrever. Aliás até havia uns cadernos de papel mais grosseiro chamado papel de sebenta para fazer rascunhos, porque tudo se poupava naquele tempo. E como os-livros-eram-para-ler iam passando de mão em mão para serem utilizados.
Depois de Abril a metodologia do ensino foi também revolucionada. E passou-se de há uns anos para cá a usar uma coisa hibrida entre o livro e o caderno. Trazia os textos que explicavam a matéria e no final uns exercícios para avaliar se tinha sido compreendida. Era apelativo, teve sucesso e até parecia que se poupava um caderno. Mas evidentemente que aquele manual só serve para uma vez. E as editoras, que passavam momentos difíceis durante o resto do ano, tinham ali uma galinha de ovos de ouro inesgotável: ganhavam em Setembro/Outubro de cada ano tanto quanto ganhariam no resto de todo o ano.
O complicado é que isto vai ser uma guerra com muitas batalhas, os professores devem estudar técnicas de ensino para além destas do manual/caderno, as editoras vão ter de repensar as suas estratégias, e os alunos e famílias aceitarem que reutilizar é bom. Quando leio que por lei estes manuais devem durar 6 anos, nos países nórdicos onde são grátis, a duração vai até 10 anos, vê-se que não é possível que sejam livros/cadernos como cá, porque no 2º ano já não servem...
Mas isto é mudança de mentalidades em muitas áreas, e não será fácil. Sobretudo as editoras não vão ceder sem luta, o que quereriam decerto é que tudo ficasse na mesma com o Estado a pagar os manuais... Ah pois!




Cereja

sábado, 3 de setembro de 2016

Os modernos Salomões

Salomão ficou famoso para sempre graças ao seu célebre julgamento: perante duas mães que disputavam uma criança como sendo sua filha, mandou cortá-la ao meio e dar metade a cada uma. Uma delas abdicou da «sua metade» e concluiu-se que era a verdadeira mãe e a história acabou em bem. A sentença ficou famosa, não se imaginava que ele mandasse mesmo dividir a criança.
Passaram-se séculos e séculos, e em 1989 foi criada pelas Nações Unidas A Convenção sobre os Direitos da Criança. É um documento muito importante, com 54 artigos que cobrem todas as áreas importantes para a vida de uma criança. No artigo 9 º diz-se que «a criança não é separada dos seus pais contra a vontade destes [....] salvo se as entidades competentes decidirem [....] que essa separação é necessária no superior interesse da criança». Parece lógico, de bom senso até. Só no caso de uma situação gravíssima e  se  procura uma alternativa que não o pai ou a mãe.
Até há uns 100 anos havia a ideia, socialmente aceite, de que os pais eram donos dos seus filhos. Assim como não se metia a colher entre o marido e a mulher também não a metiam entre os pais e os filhos. Hoje parece-nos medieval, incrível, aberrante, e felizmente ninguém já pensa assim. E existe a Convenção que se deve cumprir.
Mas há um fenómeno novo, nas sociedades modernas. Coincidindo com um aumento enorme de separações de casais, os pais hoje disputam violentamente os seus filhos. Por aquilo que vou vendo à minha volta, são uma minoria os casos onde se resolve amigavelmente a partilha dos filhos.
E então os Tribunais de Família decidem. Decidem com um poder absoluto. Não quero generalizar porque, como em tudo, só conhecemos os casos maus, mas... Mas há muitos, demasiados, casos maus. Vejo constantemente pais e mães aterrorizados com a possível decisão do juiz, que os pode ouvir mas decide sem ter de justificar porque tomou essa decisão. (Isto merece mais reflexão, mas fica para outro post)
Mas passa-se em Portugal algo de muito grave.
A Justiça e Segurança Social têm Lares e Instituições de Acolhimento para crianças. Para se ter uma ideia, vivem em Instituições de Acolhimento 8.600 crianças e jovens. Sim, leram bem, oito mil e seiscentas crianças institucionalizadas. Como se pode ler através do link, «são crianças que trazem percursos de vida extremamente traumatizantes e que precisam de um grande apoio para poderem reencontrar o seu equilíbrio».Ou seja, uma criança é orientada para lá em desespero de causa, quando não se vê nenhuma alternativa.
Mas imagine-se que agora é vulgar (?!) nos tribunais de família, quando os pais não se entendem sobre a guarda dos filhos, os juízes declararem «ai é? não se entendem, e nenhum quer ceder? então decido que a criança vai para uma instituição!» Assim portanto a criança é duplamente vítima, é arrancada dos braços da mãe ou do pai com quem vivia o que já é grave, mas não é para ir para uma avó, tia, madrinha, alguém que lhe seja familiar, não, é condenada à cadeia a entrar numa instituição! Uma violência que brada aos céus.

A primeira vez que ouvi falar duma ameaça destas considerei que era um mal entendido, fiquei até irritada com a pessoa que tinha dito, para mim era im-po-ssí-vel. Hoje já sei que eu é que era ingénua, as ameaças e até mesmo a concretização existe.
São os modernos Salomões, ignoram o sofrimento da criança inocente desde que castiguem bem quem não obedece às suas ordens. Revoltante? Mais. Não encontro um bom adjectivo....


Cereja



sexta-feira, 2 de setembro de 2016

As lâmpadas descontinuadas

Li agora a notícia que já tinha ouvido ontem sobre umas lâmpadas que vão ser descontinuadas.
Depois do arrepio que sinto sempre ao ouvir este inútil neologismo (descontinuar?! mas que parvoíce) fico a meditar sobre a notícia. 
Durante a maior parte da minha vida (uma muitíssimo grande parte, aí uns 8 décimos...) vivi com lâmpadas incandescentes. Sabia como eram, a força da luz que davam - 50 velas, 75 velas, 100 velas. Desde criança que sabia que as que tinham menos 'velas' davam uma luz mais fraquinha e gastavam menos electricidade, e também aprendi em criança só se tinha a luz ligada quando era preciso, ao sair de um quarto devia apagá-la.
Mais tarde começaram a aparecer as lâmpadas fluorescentes. Usavam-se em cozinhas ou casas de banho e davam uma luz muito mais branca e fria. Nunca gostei. Parece que gastavam muito menos energia, acredito, mas aquela luz muito fria era-me desagradável, e nunca as usei em casa.
(Cabe agora aqui uma explicação. Gosto imenso de luz, sempre que possível natural. Aceito e respeito quem goste de ambientes de penumbra, que os sintam mais «cozy», mais íntimos e aconchegantes, mas não para mim! Gosto de luz a entrar por grandes janelas, de dia, ou uma casa iluminada por luzes fortes, de noite. Posso usar um candeeiro com uma luz fraquinha, para-dar-ambiente, mas isso entra como decoração, na minha casa usavam-se lâmpadas de 75 velas ou até de 100 velas.)
E há uns anos o mercado foi conquistado completamente pelas lâmpadas de halogéneo. Ná! Detestei. Era, e foi, uma confusão, quer quanto à cor quer quanto à potência. Por um lado a luz era branquíssima, parecia que estávamos na lua, e embora existissem umas com luz mais quente, o comprador comum não as distinguia, por outro quem estava habituado a falar em «velas» não se percebia como era a equivalência... Horrível Ah, e ainda uma coisa irritante, o tempo infindável que levavam a acender completamente. Se entrássemos numa sala só por uns minutos, entrávamos e saíamos e a luz não tinha acabado de acender...
Mas a guerra das lâmpadas parece não ter fim. A UE quer agora «descontinuar» as lâmpadas de halogéneo porque gastam muita energia, os ambientalistas aplaudem e eu também porque não gosto daquilo.
E agora?...Temos as (ou os, não sei o género daquilo...) «LEDs». Parece que é melhor. Gastam menos potência e duram bastante apesar de serem caríssimas. Pelo que tenho visto o seu tipo de luz é ainda fria para o meu gosto. Mas como a «descontinuação» é até acabarem os stocs ainda vai faltar muito até o halogéneo ir à vida e pode ser que entretanto descubram uma simpática e menos cara. Hmmmm.... Wisful thinking!



Cereja

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

O ridículo de algum do politicamente correcto. Detesto fundamentalismos!

Na essência está certo. O politicamente correcto ajuda a perspectivar atitudes ou discursos que estarão certos ou errados segundo valores importantes. Isto, em princípio. Mas neste momento quando se ouve a expressão ficamos logo desconfiados, e com razão.Os fundamentalistas dessa correcção (?!) tomaram o freio nos dentes e sai parvoíce, dando má fama ao conceito.
Veja-se isto
Sorriram, não sorriram?
Um meu amigo de facebook, que tem sempre, mas sempre, uns posts engraçadíssimos onde joga com trocadilhos de palavras, muito inspirado, deixou este boneco. Eu sorri, e ia deixar-lhe um 'like' com uma palavra de apreço, quando vejo este comentário «Partilhei este meme num grupo de designers, sem me aperceber da infeliz mensagem racista que (também) contem. Apaguei o post quando um colega me alertou para o facto de em português o «bold» se dizer negrito»
Ooooooh!

Poramordedeus!!!
................
Ná! O ridículo não mata, está provado.
Mas o exagero do politicamente correcto faz perder a paciência.


Cereja

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

O mundo tem mudado para melhor



Fez ontem 80 anos que assassinaram Federico Garcia Lorca.
Uma perda irreparável para a cultura, uma perda enorme para Espanha, uma figura riquíssima, poeta, dramaturgo, escritor, pintor, compositor, pianista... Mataram-no quando tinha 38 anos, no auge da vida.
Foi logo no início da guerra civil, e a acusação seria por ser 'rojo' um perigoso esquerdista. Mas todos os relatos sublinham que foi uma vítima do que hoje se chamaria «crime de ódio» crime motivado por preconceito, uma das demonstrações disso foi os seus assassinos se gabarem de não o terem fuzilado de frente como era a regra, mas viraram-no de costas para o pelotão, numa alusão à sua homossexualidade. Arrepia? Pois, eles acharam graça.
Sabemos que este preconceito têm raízes muito espalhadas. O facto de se ser gay é aceite (é?) quase que apenas só nos países do 1º mundo. Numa grande parte do mundo é ainda castigada essa orientação sexual, e muitas vezes mesmo que a lei não permita a homofobia declarada e portanto legalmente se possa castigar quem a pratique, socialmente há práticas de bulling que de um modo ou outro ostracizam quem se enquadre nessa situação.
Mas....
Mas o mundo tem mudado! Até o facto de existir uma palavra para esse conceito, a homofobia, já é algo de notável. E a palavra nasceu em 1971, só há quarenta e tal anos apenas, 'inventada' por um psicólogo judeu/americano. Até então era 'um crime' uma orientação sexual diferente da maioria, punido mesmo com prisão em muitos países.
Faz-nos reflectir no porquê...? Tirando a antiguidade quando na Grécia a homossexualidade era tão normal que ficou conhecido como «amor grego» o amor entre pessoas do mesmo sexo assim como Lesbos famosa ficou, vê-se ainda um horror enorme, creio que com origem religiosa mas vai mais além disso. Porquê? É certo que a raça, ou a religião também provocam reações fortes como se sabe mas a luta anti-gay parece completamente desproporcionada em relação às outras. Que ameaça podem sentir?
Felizmente os Lorcas ou Oscar Wildes, hoje viveriam bem nos seus países, faltando ainda imenso para o que seria justo o mundo está um pouco melhor. 

Um pouco.

Cereja

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Má educação

Quando eu era criança e interrompia quem estava a falar era repreendida com alguma severidade. Não se faz! diziam-me. Claro que as crianças que ainda não aprenderam as normas sociais o costumam fazer com frequência, e por isso mesmo são ensinadas. Mantendo ainda a recordação de infância, o que então se passava é que quando a conversa era entre nós, miúdos, se um interrompia o outro falava mais alto, e o primeiro falava ainda mais alto, até que se chegava a gritar uns com os outros. Então se estava algum adulto por perto vinha logo meter-nos na ordem ralhando.
Mas, na hierarquia familiar (coisa desaparecida hoje em dia, e mal segundo o meu ponto de vista) um pirralho não devia interromper quando um grande falava. Questão de educação.
Talvez por isso, por ter sido educada noutros tempos, me choca assistir muitas vezes na comunicação social não-escrita - na escrita creio ainda isso não ser possível - a debates ou até mesmo simples conversas onde cada um fala por cima do outro, aumentando o tom de voz, naquilo que no meu tempo seria uma grande falta de educação!!!
Mas há uma «moda» (??) em quem pratica jornalismo na actualidade que me irrita. Aliás são duas atitudes qual delas mais irritante: 
a) fazer uma pergunta (ou colocar uma questão como agora se tem de dizer...) com a resposta já implícita. Mas que raio....! Perguntarem «o que pensa de ****? Não é porque **** e mais*** levam a que ****?» faz com que o protagonismo recaia sobre quem faz a pergunta, que se calhar é o que querem... 
b) Interromper o que alguém diz desviando a conversa para fazer uma pergunta.
Ontem assisti a uma dessas cenas tristes na nossa tv. Estava uma pessoa a falar e ouve-se uma voz feminina a interromper para lhe perguntar uma coisa. Era feio, fosse quem fosse. Mas, ainda por cima, voltando à questão do respeito e hierarquia, quem estava a falar era o Primeiro Ministro...! E a badameca de uma jornalista senhora com um microfone sente-se autorizada a interromper para lhe perguntar qualquer coisa. Que, aliás se não tivesse sido malcriada ele iria referir já adiante.
É por estas e por outras que cada vez vejo menos tv. Prefiro ler notícias, por enquanto estas cenas são impossíveis na palavra escrita.




Cereja

sábado, 13 de agosto de 2016

Os livros de auto-ajuda (?!)

Quando era criança estava na moda (?) um livro com um título que eu achava engraçado, chamava-se «Como fazer amigos e influenciar pessoas» escrito nos finais dos anos 30. Eu era muito criança mas achava curioso que se confessasse à cabeça que se desejava 'influenciar pessoas' coisa que a ética daqueles tempos não aprovava. Foi o primeiro livro tipo auto-ajuda de que ouvi falar e dado o sucesso que teve decerto auto-ajudou o Dale Carnegie a ficar rico...
Essa galinha dos ovos de oiro nunca mais deixou de pôr ovos. Sabemos que os escaparates das livrarias estão cheios de livros com bons conselhos. Escritos por uns senhores, peritos em embrulhar o óbvio de um modo atraente, mas que decerto vendem muito ou não os escreviam.
Li agora uma referência a um escrito por uma senhora que é psicóloga, psicoterapeuta e assistente social! Ena! E ensina-nos quais são as  treze coisas que as pessoas com força mental não fazem. Ela, obviamente, tem força mental e não as faz.
Ora são uns bons conselhos, que faziam imensa falta, nunca, jamais, por nós próprios nos teria ocorrido tais surpreendentes coisas: 1- Não perdem tempo a sentir pena de si próprios 2 - Não abdicam do seu poder 3 - Não fogem da mudança 4 - Não focam a atenção no que não podem controlar 5 - Não se preocupam em agradar a todos 6 - Não têm medo de assumir riscos calculados 7 - Não se perdem no passado 8 - Não repetem os mesmos erros 9 - Não ficam ressentidos com o sucesso dos outros 10 - Não desistem após o primeiro fracasso 11 - Não têm medo de estar sozinhos 12 - Não sentem que o mundo lhes deve alguma coisa 13 - Não esperam resultados imediatos.

Estão a perceber? Fácil, fácil... Não se deve perder tempo a sentir pena de si próprio (coisa que se faz voluntariamente, claro) e sim «ver o bom que há no mundo e apreciar aquilo que tem».  E não abdicar do poder - qual poder? E não repetir os mesmos erros, oh não me tinha lembrado disso! Etc.
Mas esta senhora que certamente tem uma «força mental» excelente, escreveu isto tudo, está traduzido em várias línguas, o que a deve auto-ajudar bastante. Mas que bom!




Cerejas


sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Atitudes

Já aqui tenho dito que por feitio e por educação, sou poupada e não gosto de deitar fóra o que ainda tenha préstimo. OK, não sou exactamente uma acumuladora compulsiva, longe disso, de vez em quando faço umas belas arrumações e a casa fica cheia de espaço!!! Mas deitar para o lixo um objecto em bom estado faz-me impressão.
Isso sempre se passou com roupas. Quando era criança 'herdava' vestidos de filhas de amigos dos meus pais que 'passavam a outros' os que deixavam de me servir. Era natural. Com uma «sociedade de (falsa) abundância» isso passou à história, e raramente há uns anos se trocavam roupas. Actualmente, com a brutalidade da situação económica, surgem que nem cogumelos uns recipientes para receber roupa usada que será reencaminhada para quem necessite.
Ora é necessário ter uma certa educação para entender o uso disto. Pelos vistos, nem é só cá que há quem use aquilo como uma espécie de caixote do lixo da sua roupa. Ofensivo e estúpido.

Esta história chegou aos jornais 
Ora neste caso como tem um vídeo engraçado talvez tenha alguma repercussão, mas não acredito muito. Pode 'abanar' quem já sentisse um pouco desconfortável mas não atinge quem deveria atingir, imagino eu. O desfile até tem graça, e eles riem-se. Mas enviar para campos de refugiados a precisar de roupa confortável, vestidos de toillete com lantejoulas, folhos, em organdi ou cetim é de doidos. Ou sapatos de salto alto, muito chics. Ou tops sofisticados. Ou, no caso oposto, roupas velhíssimas, rotas, a cair aos bocados... Este é um caso onde como lá dizem se deve «doar as roupas a pensa na necessidade do receptor» mas imagino que para muita gente nem se imagine bem o que sejam as necessidades de quem está naquela situação.
No caso das doações aqui em Portugal tenho ouvido que algumas coisas (desadequadas) podem ser vendidas em lojas de segunda mão e nesse caso o dinheiro poderá ajudar quem precisa. Será verdade?




 Cereja


quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Fogo e destruição

Deixei ontem de manhã aqui um post com considerações sobre os fogos que grassavam por este país. Escrevi-o num tom calmo e, olhando hoje para ele, um tanto frio e distante. Dei a minha opinião como se falasse de algo que não me dizia respeito.
Não o vou apagar. Escrevi-o, está escrito.
Mas a emoção que sinto hoje é completamente diferente! É de horror, medo, solidariedade, ao ver como «Há quatro anos que Portugal não ardia assim» e sobretudo ao ver imagens da Madeira em chamas sinto o mesmo horror incrédulo de que me recordo quando há quase 30 anos vi arder o Chiado.
Não-é-possível, pensamos. Mas é. Foi possível. Mil desalojados, mortos, desaparecidos, e um centro histórico atingido brutalmente. Uma terra que vive, e com toda a razão, sobretudo do turismos e das suas belezas naturais este é um golpe brutal. 


E terá de se estudar com toda a honestidade como é que foi possível para que nunca, nunca, nunca mais se voltem a ver aquelas imagens.
A culpa não é da natureza.

 Cereja

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Fogos

Incêndios.
Todos os anos por esta altura o cenários se repete.
Todos os anos.
Quando se começa a pensar «este ano a coisa está melhor» recomeça a mesma cena, as mesmas imagens de terror. Fogos extensos, gente desesperada, bombeiros que se multiplicam mas já não conseguem fazer mais nada, perdas imensas e não só materiais porque há coisas que nenhum seguro pode pagar, recordações de vidas inteiras...
Mas que raio de fatalidade é esta? É "o destino"? O fado? Não se pode prevenir este horror?
Tenho uma amiga que nasceu numa aldeia, filha de aldeões. Tem uma opinião firme sobre isto. Diz-me ela que quando era criança, todo o mato seco se aproveitava. Era com esse restolho que se aqueciam as casas no inverno, se cozinhava, se faziam as camas dos animais, e alguma dessa palha até servia para alimentar esses animais. O restolho era um bem. Até se vendia!

Com o progresso isso a pouco e pouco desapareceu. O restolho é um empecilho que não serve para nada e ninguém o quer, portanto limpar os terrenos passou a ser uma coisa que só dá trabalho sem nenhuma vantagem. Além de que com a desertificação do interior vêem-se muitas terras abandonadas. Ora não se pode «voltar atrás» nem isso seria bom, mas se calhar se os milhões que se gastam agora a combater incêndios tivessem sido gastos a limpar terrenos, tínhamos lucrado imenso!
E há ainda outra «prevenção»: mão pesadíssima para os abutres que lucram com estas situações, construtores em certas áreas, e madeireiros noutras. Investigações muito a sério para os fogos postos, crime sem perdão. Ah, e já agora talvez aconselhar as tvs a não trabalharem para o deleite dos incendiários está bem? 

Porque é normal que com um Verão muito quente existam incêndios espontâneos, isso será difícil de evitar por completo, mas não é normal este inferno na terra a que assistimos nestes últimos dias!



Cereja

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Culinária moderna e chic

Li ontem um texto fabuloso de Rui Vieira Nery. 
Como o link é do facebook não sei como resulta aqui, e o texto é grande demais para o copiar aqui na íntegra, vão só uns extractos. É uma pena se não se ler todos porque o quadro da cozinha à antiga da D. Adozinda  é magnífico, e a descrição dos cozinheiros actuais, perdão, dos chefs, ainda é melhor!  Os nomes próprios seguem um abcedário previsivel – Afonso, Bernardo, Caetano, Diogo, Estêvao, Frederico, Gonçalo, … – e os apelidos parecem um anuário do Conselho de Nobreza, com uma profusão ostensiva de arcaismos ortográficos que funcionam como outros tantos marcadores de distinção – Vasconcellos, Athaydes, Souzas, Telles, Athouguias, Sylvas…

As críticas que faz à «nouvelle cuisine» são engraçadíssimas de tão verdadeiras. Realmente encontramos pratos que se podem chamar  "profiterolle de anchova em cama de gomos de tangerina caramelizados, com espuma de champagne”, o “ceviche de vieira com molho quente de chocolate branco e raspa de trufa”, a “ratatouille de pepino e framboesa polvilhada com canela e manjericão”
Já me aconteceu provar uma coisa dessas. Poucas vezes. Pouquíssimas vezes. E oscilei sempre entre a vontade de rir, e o irritante resultado que consiste em pagar uma brutalidade por uma barrigada de fome!
Porque além dos nomes poéticos e da inquestionável beleza da «apresentação» do prato, a merecer uma bela foto e ser colocada na parede, comia-se em dois minutos e ficava-se a morrer de fome.
......
Além da sensação desagradável de que se estava a fazer pouco do cliente. Hmmmm....






Cereja

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Os genéricos e a desconfiança do preço mais baixo

Ao abrir o DN vê-se que o tema de hoje são os genéricos. Com base numa reportagem que avaliou até que ponto a venda de medicamentos genéricos "pegou" para quem precise de remédios-de-farmácia, tiram-se algumas conclusões interessantes que coincidem bastante com aquilo a que assisto com frequência.
Afinal a base da desconfiança é natural. Vulgarmente faz (ou fazia) sentido que entre dois produtos semelhantes o que seja de melhor qualidade custe mais dinheiro porque o material é melhor e a confecção mais cuidada. Era assim no passado. Recordo o meu pai dizer que não era rico para comprar sapatos baratos, quando comprava uns novos tinham de durar! E actualmente conhecemos o caso das 'contrafacções' que são imitações, muitas vezes parecem impecáveis, podem confundir-se com a peça original, e... são bem mais baratas porque não pagam os mesmos direitos nem impostos. E não terão tanta qualidade.
Mas também é verdade que na nossa sociedade de consumo as coisas já não são como dantes. Muitos produtos são igualmente bons, pagamos mais é pela embalagem! A chamada «apresentação» é um valor que se paga à parte, e muitas vezes bem caro. Um exemplo claro são os tais «produtos marca branca» - o que quer dizer «sem marca» - e que são tão bons ou tão maus como os que têm uma linda embalagem. Pagamos a mais a embalagem.
No caso dos medicamentos a «marca branca» chama-se «genérico». A composição é aquela que os médicos desejam que se tome, mas o nome é outro e é mais barato. «O preço é mais baixo porque expirou o prazo de exclusividade da patente», só isso. Contudo há gente desconfiada, se-tem-outro-nome-não-deve-prestar pensam. É uma mentalidade que é difícil de combater.
A mim, que prefiro comprar produtos de marca branca ou até 'a peso' quando se pode, e ainda antes da chegada do genérico já comprava o medicamento que fosse mais barato se tivesse a mesma composição, isto faz muito sentido e considero que as farmacêuticas já são bem ricas sem a minha ajuda.
Por isso me faz confusão haver vários genéricos e com vários preços...?! Cada farmacêutica tem os seus genéricos (!!) e uns podem ser mais caros do que outros. 
O que quer dizer que ficam sempre a ganhar as espertalhonas.



Cerejas


domingo, 31 de julho de 2016

A metade da humanidade


Quem nasceu e vive no Primeiro Mundo tem tendência a sentir como exagerada ou pelo menos relactivizar a luta pela igualdade de género. Reconhecemos que os direitos de oportunidades não são ainda iguais entre homens e mulheres, que os salários nem sempre são iguais, que a sociedade tem exigências diferentes conforme o género, mas como se conhece o caminho percorrido desde as primeiras sufragistas até à actualidade essa luta parece já quase vencida.
Mas há o Primeiro Mundo e ... os outros Mundos! Basta imaginarmos que tínhamos nascido num país onde a Charia é a Lei, para sentirmos um arrepio. Que pesadelo. Aliás ser-se mulher em muitos países do oriente também não é destino fácil.
Mas o horror pior passa-se em África. Desde logo a tortura horrorosa da excisão praticada ainda hoje em África ou na Ásia. Uma tortura inacreditável a meninas indefesas com a finalidade perversa de evitar que ao crescer possam ter prazer sexual... Só isso.
Mas há mais. 
Li ontem uma outra história de arrepiar,  de horror. Há homens que têm um trabalho com que nem o marquês de Sade sonhou: é um violador pago! E parece que vive bem. Pagam-lhe para violar meninas virgens, depois de terem a primeira menstruação. É para ficarem «limpas». A reportagem da BBC refere: «As crianças que passam por este ritual são, muitas vezes levadas pelos pais. [...] o violador recebe entre 3 a 6 euros por cada limpeza» Ele diz que de início fazia de forma voluntária, mas que agora ganha assim a vida, e até escolhe as que quer deixando as outras para outros...
É cultural?! Como é possível encarar-se metade da população de uma tribo, imaginando que isto se passa apenas numa tribo do Malawi, desta forma? Se é mulher é suja e tem de ser «limpa»? E a limpeza é assim?
Daqui até se chegar à igualdade o caminho é tão longo que parece vivermos noutro planeta. 


Cereja


sexta-feira, 29 de julho de 2016

O passarinho e o gnr


Uma história de aldeia:

Quem vive em cidades tem muitas vezes a ideia muito romântica das relações numa aldeia como simples, sadias, muito afectuosas. Como na canção na minha aldeia lembram-se? Bem, claro que quando vemos pelos olhos da Miss Maple a coisa já fica diferente... Bom, mas adiante.
A aldeia onde estou neste momento, é pequena e muito antiga. Realmente os habitantes ´todos são primos e primas' como na canção que deixei ali em cima, e se muitos são amigos também quer dizer que há para aí rancores originados em partilhas que vêm de longe. Mas não é disso que venho falar...
As casas no centro (como se aquilo tivesse centro e periferia...) estão encostadinhas umas às outras, quase encaracoladas umas por cima das outras. O que significa que a intimidade não é grande, claro.
Ora, eu não assisti à cena mas isto foi-me contado por uma senhora muito idosa - e quando digo idosa quero falar em 90 anos - que vive numa casa apertadinha entre as outras:
Certa manhã, estaciona no largo um jipe com dois GNRs. Vão até à porta dela e um deles sobe à casa do seu vizinho e volta a sair trazendo uma gaiola com um passarinho. O outro, um tanto risonho e bem educado, quis saber «A senhora vive aqui, o pássaro incomoda-a?» e ela pasmada «Nããão! Mas que ideia!» e pronto, arranca o cortejo, a 'autoridade' levando a gaiola com o passarinho, o dono do passarinho tropeçando atrás dele muito nervoso e triste, e o último gnr fechando a marcha. Foram-se.
Contou-me a tal senhora velhinha que o passarinho tinha sido recolhido ferido há uns tempos por aquele vizinho, que o tratou e o bicho agradecido (?) cantava muito bem. Mas, lá por coisas, a vizinha do lado embirrou e foi fazer queixa à Guarda de que o passarinho a incomodava porque cantava às 6 da manhã. Antipática! Por um lado, 6 da manhã para uma aldeã não é nada de extraordinário, por outro toda a gente sabe que se taparem a gaiola com um pano, os palermitas julgam que ainda não nasceu o sol, e continuam a dormir. Não havia necessidade, a não ser implicar com o vizinho...
E agora, tárátátá!!!, para rematar a história entram as-novas-tecnologias. No dia seguinte a este drama, a minha velhinha recebe uma chamada no seu telemóvel da autora da queixa que mora encostadinha à casa dela, e a descompõe violentamente por ela ter dito que o pássaro não a incomodava. Da ca-sa-ao-la-do-por-te-le-mó-vel, viram bem?! Oh céus!
Esta aldeia não tem nada a ver com a da cantiga :)))

Cereja

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Sossego.....

De férias há cerca de uma semana, deixei aqui o pobre Cerejinhas de pousio. Completamente. Diria quase que me esqueci dele, mas não digo para não o melindrar. A verdade é que, como escrevi há pouco tempo, há uma luta(zinha) entre o Facebook e o blog, e quando me dá a preguiça escrevo aqui muito menos porque exige um nadinha mais de esforço... Prontos! Agora acabou esse período e volto ao meu primeiro amor.
Estou completamente «posta em sossego» como a linda Inês, o que para mim é a definição de férias. Sempre gostei de verdadeiro descanso nas férias, e por verdadeiro descanso entendo não apenas não ter obrigações, como não ter planos, e não fazer nenhum esforço. Férias agitadas não é comigo. Reboliço não é comigo. Poderei ir a uma festa se insistirem um bocado, mas é tudo! Boas noites de sono no silêncio do campo, boa alimentação, uns passeios sossegados como exercício físico e pronto. Mas até essa do exercício é com conta, peso e medida, está bem?
Férias é estar sossegada.
Umas músicas, uns filmezitos na tv, e sobretudo a leitura é do que preciso para carregar baterias. Assim é que me vejo nas férias:



E para acabar, inspirada na foto (não sou eu, mas bem gostaria!) relembrei  uma 'redacção' que escrevi como trabalho de casa, teria uns 12 / 13 anos, e encontrei há dias entre papeis dos meus pais. O tema proposto era «as minhas férias» e eu dizia que tinha tido umas férias fantásticas, tinha viajado imenso. Tinha estado na China, na Inglaterra, na Índia, no Brasil...! Depois de algum suspense, explicava que tinha lido «Vento do Oriente, vento do Ocidente» de Pearl Buck, «Oliver Twist» de Dickens, «A casa e o mundo» de Rabindranath Tagore, «O Meu Pé de Laranja Lima» de José Mauro de Vasconcelos. Bem, hoje sei que não é a mesma coisa, mas ajuda muito....


Cereja








quinta-feira, 14 de julho de 2016

Senhores políticos, cuidado com as redes sociais


Não é a primeira vez.

De vez em quando rebenta um «escandalozinho» quando um fait-divers qualquer começar a ser divulgado pelas redes sociais.
É que os políticos ainda não se habituaram. 
Muitos dos políticos mais conhecidos rondarão os 50 anos ou mais. Ora o twitter tem 10 anos e o facebook 12. O que quer dizer que eles foram criados a prestar atenção à imprensa, à tv, à rádio. Os seus gabinetes de imprensa podem gerir controlar as informações a divulgar, mas não se controla uma rede social, e creio que muitas vezes há figuras públicas das mais antigas que não sabem lidar com este fenómeno.
Tenho-me rido com a história do cabeleireiro do Hollande! Ele merece mesmo a chacota, vejam só:



É que saber-se isto é uma má propaganda para o dito cabeleireiro, porque o resultado do seu trabalho é «aquilo» ahahahahah!!! Aqueles poucos cabelinhos cuidadosamente alinhados, precisam de cuidados diários de um especialista (mais ahahahaha!!!)

...................
Justifica que exista já a hashtag  #CoiffeurGate que, evidentemente é hilariante. 





Claro que para se parar de rir devemos recordar que o senhor Hollande não paga a este «acessor de imagem» do seu bolso e sim dos cofres públicos. E isto num país que anda a ferro e fogo por causa das leis laborais. Já decorre esta luta há meses e continua, a coisa até está muito feia.

Mas parece haver ainda dinheiro para tapar a careca ao senhor presidente.


Até meteria dó, se...

Cereja

terça-feira, 12 de julho de 2016

Gostava de ter escrito isto...

A minha amiga Isabel, é a pessoa que eu conheço que melhor escreve no estilo coloquial. Sempre admirei a sua escrita. Fomos 'colegas de blog' há muitos anos, muitos. Depois eu continuei a gostar de blogs, mas ela é mais facebook. E eu percebo, porque encaixa muito bem no modo como escreve. Hoje li dela um texto magnífico
Não resisti e venho transcrevê-lo aqui (que estas coisas dos links nem sempre funcionam)
«No outro dia quando deixei aqui o relato da minha viagem de taxi entre a porta de casa e o metro, não contava voltar a ele...a não ser que o meu amigo do FB, taxista que queria ter sido astrónomo, aparecesse e dissesse...olá, sou eu, então tinha ou não tinha razão!!?? Ou, olá, sou eu, desculpe não ter tido razão... 

Mas nada. 
Silêncio total. Mas volto, apesar do silêncio, para dizer duas ou três coisas. 
 Primeiro que você tinha razão. É possivel, sim!  
Depois, que não costumo vibrar com futebol, como você também disse. Não para me armar em gaja que só se preocupa com coisas sérias, revoluções ou assim, ou que se quer armar em diferente, não alienada, e afins. Apenas, que não vibro. Não é virtude nem pecado...é assim. 
Claro que encontro nesta "não vibração" razões que se prendem com a pornografia dos dinheiros e interesses envolvidos, e mais uns quinhentos, mas sei e aceito e conheço tanta gente, tão ou mais interessada em revoluções que eu, que vibra...tão ou mais consciente do que eu dos dinheiros e interesses envolvidos, que salta... 
 Por isso... 
 ...hoje, e depois de ver um video com um menino que consola um adepto francês, menino que nada deve saber ainda de dinheiros e de interesses, mas, apenas, de afectos e de humanidade, depois de ver e rever o golo de um jogador que eu conheci ontem e que nos deu a vitória, por quem nada davam, percebi agora, mas que nos deu a vitória, depois de ver o Ronaldo, afastado do jogo, mas tão dentro da equipa como se lá estivesse, numa entrega e numa partilha empolgantes, depois de ouvir o treinador a acabar a sua entrevista e falar em grego, para a sua antiga seleção e para o mundo, depois de, antes, ter visto Ronaldo falhar um penaliti e levantar-se de cabeça erguida, de ter visto a Comunicação Social da Europa dos ricos, que são ricos no futebol e no resto, gozar-nos, achincalhar-nos, discriminar-nos, como faz quando se discutem sanções... 
 ...só me apraz dizer que no dia em que o povo português for, na sua vida colectiva, o que a equipa mostrou em campo nestes dias, o menino que foi dar força ao adepto francês que chorava a derrota, terá um País para viver. Por isso que vivam eles e que aprendamos com eles...a resistir, a acreditar, a sonhar, sobretudo, a lutar. Cá fora. No dia a dia. 
O menino do video merece que continuemos a ser Povo, amanhã quando o campeonato for história...e o futuro obrigação. 
Um futuro onde o seu filho, meu caro amigo taxista que não sei o nome, possa ser astrónomo se quiser ser astrónomo. Ou o meu, para continuar a ser astrónomo, possivelmente um destes dias, não tenha que pegar na trouxa e zarpar.




Isabel Faria»
 ... e eu, que gostaria de ter escrito isto, :)) :  Cereja

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Auto-estima, amor próprio, e mais umas coisas...


Hoje, dia 11 de Julho de 2016, é difícil para quem é português falar de outra coisa que não seja o resultado da final do «euro 2016»

Exagero?
Claro que sim. E então?....
Há pessoas, ou classes profissionais, ou países, ou raças, que são por feitio fanfarrões. Consideram-se os-melhores-do-mundo e não perdem ocasião de o dizer. Um pouco irritante, mas sabem o que eu quero dizer e facilmente encontram cabeças onde encaixam esta carapuça. Cabeças de um tamanho acima do normal, claro, mas as carapuças costumam alargar com facilidade.
Digamos que tem uma auto-estima desajustada. E naturalmente existe também o inverso... Pessoas que sentem que os olhos dos outros os vêem com poucas qualidades, imaginam comentários trocistas, não sabem afirmar o amor-próprio.
Mas quando se trata de pessoas, casos individuais, é uma pena, pensamos que deveriam procurar apoio psicológico para ultrapassar essa questão, mas paciência; o complicado é quando esse conflito 'interior' (?) se passa num colectivo, porque a luta interna é terrível. Quero eu dizer que, de uma forma geral, entre o que se passa internamente e o reflexo social pode existir um profundo contraste. Um determinado profissional pode saltar que nem um leão se alguém de outra profissão critica um seu colega, mas se estiver no meio de um grupo da mesma profissão é o primeiro a apontar os defeitos e escandalizar-se.
Portugal como nação é um pouco assim. Fica (e muito justamente!!!) zangado quando um estrangeiro qualquer lhe assaca características estereotipadas negativas. Nem vou aqui fazer a lista do que se costuma dizer porque começo já a ficar irritada :) . Contudo, entre-nós-próprios censuramo-nos amargamente apontando montes de defeitos, ou seja também nos «catalogamos» como povo. É irritante. E infelizmente há poucos momentos onde sejamos olhados de fóra de uma forma que permita orgulho. Houve a luminosa revolução de Abril, que se situa num patamar muito alto, mas de um modo mais comezinho passa-se pouco que faça o resto da Europa olhar para nós.
Portanto, não censuremos os excessos da alegria da vitória da selecção portuguesa, façam favor. Uma subidazinha na nossa auto-estima só pode fazer bem. E que isso sirva de balanço para enfrentarmos outros desafios!



Cereja

domingo, 10 de julho de 2016

As mentiras convincentes


De vez em quando volto a este tema porque me revolta imenso, a manipulação descarada encoberta, que pode ser feita por qualquer um, de um vídeo ou uma foto, e é de uma profunda maldade porque joga com a inocência de quem não concebe estes 'jogos', nem consegue imaginar que  o que seja manipulado, e perde a fé em muitos valores que estão correctíssimos.
Claro que actualmente andamos muito mais desconfiados do que os nossos avós ou bisavós. Recordo ainda (há muitos anos, é certo) usar-se como argumento «foi assim foi! olha que até veio no jornal!» o que dito hoje em dia era revelador de uma inocência que absolutamente ninguém tem.
Ou seja, ninguém no seu perfeito juizo acredita seja no que for porque-veio-no-jornal... Mas já aquilo que «vê» na televisão, hmmmm... hmmmm... é diferente. Pois se viu...? Mesmo assim, pode haver desmentidos, esclarecimentos, uma outra estação de tv levantar a discussão. Mas quando uma coisa aparece na net, é divulgada por fws nos emails, nas redes sociais, 'partilhada' por todos os meios, desafia com sucesso o contraditório. Foi visto uma vez e acreditou-se e só por muito acaso se vê mais tarde o desmentido.
Revoltante!


A imagem que foi colocada como se pertencesse a um imigrante actual em Calais, foi tirada há uns 3 anosna Austrália. A teeshirt em causa, pode comprar-se por aí, e é uma gracinha (parva!) de gabarolice machista tipo 'eu-sou-tão-sedutor-que-apanho-todas-as-mulheres'. Descontextualizada a imagem, dá para sugerir que os bandos de imigrantes são uns violadores e gabam-se disso!




E quem viu não vai procurar saber mais nada... Viu, está visto!

Cereja



sexta-feira, 8 de julho de 2016

Obras de Santa Engrácia


É um dos meus temas de rabujice preferidos, até porque esta história já vai em muuuitos anos, e eu resmungo dia sim, dia não. Refiro-me à pobre da Praça do Areeiro...
De uma forma geral, as obras na nossa capital são lentas, lentas, lentas, lentas... Aliás, depois de ter vivido uns anos em Macau e ter confirmado que se pode construir num décimo do tempo que vulgarmente gastamos por cá, ainda menos tolerância sinto para com a pastelice da nossa construção civil. Um enjoo.
Mas, se de uma forma geral qualquer arranjozito leva um tempo fabuloso a ficar pronto, o caso da desgraçada Praça do Areeiro, ou de Sá Carneiro como queiram, bate todos os records do Guiness.
O túnel, o famoso túnel que nos liga ao Campo Pequeno,  foi inaugurado em 1997, recordo-me bem porque foi um alívio acabar a poeirada que a pobre João XXI sofreu durante muitíssimo tempo. Não consegui confirmar quanto tempo levou a construção desse túnel, mas na minha recordação é como se tivesse sido bastantes anos...
Mal se respirou fundo a pensar que aquela zona ficava sossegada e bonita, vem o Metro a destruir tudo e a fazer novos buracos.
......
Cá estamos, 20 anos mais tarde, e a Praça continua a parecer um campo bombardeado. OK, está melhorzinha agora, reconheço. Mas por alma de quem é que se continuam a ver aqueles separadores vermelhos e brancos, a rodearem todas as zonas laterais da praça?! Porquê? Mesmo que mais não fosse bastava esse pormenor para acentuar que as obras estão incompletas...! 


Li agora que as obras para finalizar os arranjos da Praça começam em Agosto e vão durar um mês. Será uma gracinha?! Alguém acredita que depois de dezenas de anos, precisem de mais um mês para acabar a placa central e ajardinar aqueles metrozinhos de terreno que rodeiam o pobre Sá Carneiro ali enforcado? [aquele monumento (?) deve ter sido concebido por alguém que lhe tinha muito pó]
Só mais uma nota. Esta martirizada Praça é o ponto de entrada em Lisboa para quem chega de avião. Como cartão de boas-vindas à nossa capital era difícil fazer-se pior. 
Que saudades eu tenho da Praça do Areeiro da minha infância!!!






Cereja

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Portugal de muitas cores




Nestas misturadas que faço na minha cabeça entre facebook e blog, muitas vezes há coisas que escrevo num dos sítios e me apetece 'partilhar' no outro... Do Cerejas para o fb é fácil, mas a inversa não sei como fazer.
Ora esta manhã deixei lá a minha opinião com esta foto, referindo a minha satisfação.
Satisfação por termos ontem ganho. Foi bom, foi muito bom! Temos dados passinhos pequenos, é certo, mas estamos a chegar longe e na vitória final custa-me acreditar mas o ter chegado a este patamar é formidável!
Mas também satisfação, ou ainda mais satisfação, por ter sido com esta equipa. Portugal plural. Olhem a foto: uma equipa com mulatos, brancos, negros, ciganos (e será que gays?) enche-me de alegria.
Ainda por cima porque são jovens portugueses filhos de pais portugueses ou nascidos em Portugal. Nada de 'naturalizações à pressão' por força do desporto. Isto é mesmo autêntico, somos nós, é a nossa terra, com uma mistura saudável e vitoriosa.
Pronto. O fb costuma perguntar «como te sentes?» e só posso responder «contente».
[claro que se ganhássemos ainda era bem melhor :) contra a Alemanha que tem a mania de que manda em tudo, ou contra a França onde tantos portugueses trabalham e sentiriam tanto orgulho... ]


Cereja

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Quando o amor (?) se transforma em ódio - 1

Violência doméstica.

O conceito de 'violência doméstica' é mais abrangente do que a que se passa entre um casal, porque abarca também gerações - pais agredirem filhos ou filhos agredirem pais idosos - mas, tanto quanto infelizmente se conhece, na sua enorme maioria refere-se a violência no casal e de género.

É social? Pois é. Sempre existiu? Acredito que sim. E isso é alguma justificação?! Nãããõ!!! 
Neste momento é considerado crime público, ou seja a vítima não necessita apresentar queixa, qualquer pessoa o pode (e deve) fazer, acabou o conselho do «não metas a colher», pelo contrário. Mas na nossa terra de uma forma geral não podemos acusar muito a legislação, o mal não está na ausência de leis e sim na dificuldade em as fazer cumprir. E este é um caso onde o preconceito está tão enraizado na opinião pública oculta que a luta é dificílima. E digo opinião pública oculta porque esta mancha só se manifesta em 'conversas de café' ou nos comentários mais ou menos anónimos dos jornais. Mas existe e de que maneira!!! 
Há dias foi notícia uma criança ter sido atingida por um tiro que presumivelmente se destinava à sua mãe. Chocou muita gente, como é de esperar. Mas... leiam um copy/past que fiz (sem alterar nada!) a alguns comentários lidos num jornal:


1 - Neste caso a única coisa que lamento foi o envolvimento da criança. Esta sim, mais uma vítima das guerras dos adultos. 
De falar em guerra: para a sociedade o que conta é o resultado final. Mais uma mulher vítima de violência domestica. O que levou a isso a este ponto, quem foi o provocador, quem foi o impulsionador não conta. O que conte é: mais uma mulher ia ser morta pelo marido. Logo agora que as mulheres estão tão Santas... É crime ser homem hoje em dia, aliás, se um bebé nascer rapaz é um pavor tremendo, então não se vê quando a maioria das pessoas que pensa em ter bebés só pensa em ter meninas e não meninos.
…………………………..

2 - Bem vindo á sociedade dos dias de hoje, feminazista, SJWs, e Anti-Homens...
……………………………..
3 - Em 2016 várias crianças, uns ainda bebes de dias foram mortas às mãos das mães. Perante tão hediondo crime, não faltaram mulheres a procurar desculpabilizar mulheres que por vingança, chantagem (Se eu não fico com o meu filho tu também não ficas, etc etc etc), mataram os seus filhos. Estamos a falar de uma Média de 80% de mães que ficam com a guarda dos filhos. Se elas fazem isso aos filhos, Imagine o que fariam elas aos homens se tivesses a força deles.
Sou terminantemente contra a qualquer acto de violência doméstica! No entanto, nos últimos anos, devido a sua agressividade verbal, algo que, quer para a comunicação social quer alguma sociedade civil, não interessa, algumas mulheres têm sido alvo de violência. No final, o que conta é: mais uma mulher vítima de violência domestica. Depois, hipocritamente, lá vem algumas mulheres, sabe-se lá porquê, dizer: nada justifica a violência doméstica. Logo elas!
Quanta hipocrisia…
…………………..
4 - M. C,: A minha vênia para a senhora. Nunca teve um momento de raiva, um momento de querer matar tudo?
Aqueles momentos onde e quando descobrimos que tudo em que acreditava-mos, afinal, era uma mentira, fomos enganados, fomos roubados, etc etc...
Hoje e acredite, devido ao meu trabalho social, sei do que falo! Muitos dos problemas conjugais, de há una anos a esta parte, devem-se ao facto de haver “2 machos” numa casa. Um por natureza e outro porque quer-se fazer. E os dois querem ter sempre a razão.
Porque ainda é o homem o mais forte fisicamente, ainda é a mulher quem mais leva… Mas, se invertêssemos a força, o Homem leva tarei da mulher todos os dias… Acredite, se é que não sabe…
………………….


Havia mais, como se imagina. Estes estavam entre a primeira meia dúzia, mas dão o tom geral. As sonsas das mulheres provocam, querem competir, são malcriadas, e o que vale aos homens é terem mais força ou a coisa seria terrível. É interessante esse argumento da força física quando aqui se falava numa agressão a tiro, e para puxar um gatilho basta um dedo... Pois.

Eu vejo mais a questão do ponto de vista do respeito.
As agressões, as verbais também, são prova de uma grande falta de respeito, que põe em causa os fundamentos básicos de uma relação. Mas isso não se vê com clareza, como um estudo feito em diversas escolas a respeito da violência no namoro  mostrou. Muitos adolescentes achavam natural (?) a agressão. Ora só pode ser pelo peso social, uma noção ainda generalizada na sociedade.
Eu gosto de perceber sentimentos, mas neste caso sinto-me muito confusa e parece-me urgente uma educação nesta área a partir quase da pré-primária. Repetir-se como uma mantra «amar é respeitar», «ninguém é dono de ninguém».
Porque parece que há muito quem o não saiba.

Cereja

terça-feira, 5 de julho de 2016

O elogio do papel

Não venho mais uma vez comparar os prós e os contras na guerra do virtual contra o papel. Já se disse tudo quase tudo. 

Circulou por aí um vídeo muito engraçado, mostrando um casal onde o marido passava o tempo criticando a mulher por não usar as 'novas tecnologias': ela escrevia uma lista de compras e ele dizia «Emmaaaaa!» mostrando a lista num tablette; ela deixava-lhe um post-it no frigorífico, e ele «Emmaaa!» e provava a vantagem do sms. Não recordo tudo mas a história acabava com ele sentado na sanita a chamá-la por ter acabado o papel higiénico e ela a enviar-lhe a foto do rolo pelo telemóvel...
Mas descobri há dias uma maravilhosa vantagem da palavra escrita em papel. É que ela resiste ao tempo afinal mais do que outras formas de registo!! (parentesis: claro que o material papel é frágil, estraga-se se não houver cuidado, óbvio)
A prova dos noves:
Há muitos, muitos anos, tive de me separar dos meus pais para vir para a Universidade. Viviam longe e o contacto só era por carta, telefonemas eram luxo - fazia-se um no Natal, com hora marcada... Mas escreviamos, por avião, pelo menos 2 cartas por semana. Contudo, como éramos muito modernos :))) e já na altura apreciávamos tecnologias, compramos eu e eles gravadores de fita e enviávamos fitas gravadas em vez de cartas normais. A sério! Quer eu quer os meus pais gostávamos imenso porque aquilo dava para uma hora de conversa e ouvia-se a voz para matar saudades. E assim fizemos durante anos.
Contudo a máquina de vez em quando avariava e, quando isso acontecia, lá voltávamos a escrever. Em «papel de carta de avião» muito fininho, e para render mais escrevíamos à máquina. Sempre longas cartas.
Agora um zapping para o Presente:
Há bastante tempo que não remexia nos meus «baús» e embora soubesse o que havia lá estava um pouco esquecida. E encontrei agora um grosso pacote, com as cartas que escrevi e a minha mãe guardou (sniff, eu não fiz o mesmo às deles) Está lá uma completa reportagem da nossa vida, quase daria um romance de época! E as fitas gravadas?? Pois é. Foram-se... A verdade é que hoje em dia não há esses gravadores-de-fita, mesmo que por milagre as pobres não estivessem completamente estragadas. A tecnologia evolui com uma rapidez estonteante, vieram as cassetes, os cds, eu sei lá o quê, tornando obsoleta a moda de ontem.
Mas o meu amigo papel cá está, a resistir a tudo.
VIVA O PAPEL!!!





hmmmmm....



Valente papel!!!

Cereja