[nota inicial: fiz aqui no blog uma pausa muito grande. Reconheço que funciono um pouco por 'inércias' quando começo a escrever apanho a inércia do movimento, e escrevo todos os dias com muito prazer, depois interrompo por um qualquer motivo, e começa a outra inércia, custando-me a recomeçar mesmo que existam - e de que maneira! - imensas coisas que gostaria de falar aqui. Agora tenho de quebrar a preguiça pausa actual 😔 ]
Pois é. Portugal viveu nos últimos dias uma emoção enorme que o dividiu em dois grandes blocos, o SIM e o NÃO a uma proposta de lei, aliás 4 propostas idênticas, propondo a despenalização de quem ajudasse alguém a morrer, suicídio assistido, a eutanásia como ficou conhecida. (digo desta maneira porque na pura eutanásia não está implícito que se pratica a pedido, o que é o caso) Houve muito quem comparasse com a luta que se travou quando se propôs a despenalização do aborto, porque tem algo de semelhante na sua enorme diferença. São decisões pessoais, individuais, que se tomam também por motivos pessoais, mas que as religiões condenam, e de um modo geral as pessoas com uma formação mais tradicional também não aceitam. E que a lei tal como existe (ou existia no caso da IVG ) castiga.
Faz sempre impressão os exageros que se dizem, e as mentiras impressionantes que se usam como argumentos. No caso da IVG falava-se do embrião como de um bebé, e com base nisso valia tudo! Houve um referendo onde o «não» ganhou mas no seguinte perdeu. Ou seja, certas ideias precisam de tempo e muito esclarecimento para serem bem entendidas.
O que se passou agora com os 4 projectos da despenalização da eutanásia não é surpresa. Os defensores do Não encheram redes sociais e comunicação social com textos manipulados e usando os mais diversos fantasmas e medos. Muito frequentemente ignoravam os textos que combatiam, propunham coisas que eram exactamente ditas nessas propostas. Fizerem manifestações como a do «não matem os velhinhos» que muita gente gozou, mas a verdade é que podiam levar gente a pensar que se iria exterminar velhos e doentes... para-não-gastar-dinheiro-em-remédios?!?!??
Mas quando intitulo Desilusão e Tristeza, estou a pensar no voto do PCP. Sinto tristeza, sim. O Partido foi uma referência, senti sempre muito respeito pelo seu trabalho, pelas suas lutas. E mesmo em desacordo muitas vezes, custava-me criticar. Não se faz. Como cuspir na sopa, ou bater na avó, é feio, falta de educação. E, mesmo desta vez não gostei de o ver apanhar tanta pancada de tanto lado, mas caramba, ele pôs a jeito! Se procurarmos a posição do PC espanhol, um partido irmão, a diferença é profunda.
E a verdade é que a lei foi recusada por cinco votos. Cinco votos! Bastaria o PC ter dado liberdade de voto aos seus deputados, como outros partidos fizeram uma vez que era um assunto tão pessoal, e tenho a certeza de que a lei teria passado.
Bom, se tivesse passado, lá haveria um Presidente da República para a vetar, de certeza. Mas teria passado no Parlamento. É isso que me causa desilusão e tristeza, a incompreensível tomada de posição de um partido que me habituei a respeitar. Mas, tal como na IVG, a lei pode passar à segunda. Ou à terceira. Ou à ...
A marcha da história das sociedades é irreversível, acredito.
Cereja
O que se passou agora com os 4 projectos da despenalização da eutanásia não é surpresa. Os defensores do Não encheram redes sociais e comunicação social com textos manipulados e usando os mais diversos fantasmas e medos. Muito frequentemente ignoravam os textos que combatiam, propunham coisas que eram exactamente ditas nessas propostas. Fizerem manifestações como a do «não matem os velhinhos» que muita gente gozou, mas a verdade é que podiam levar gente a pensar que se iria exterminar velhos e doentes... para-não-gastar-dinheiro-em-remédios?!?!??
Mas quando intitulo Desilusão e Tristeza, estou a pensar no voto do PCP. Sinto tristeza, sim. O Partido foi uma referência, senti sempre muito respeito pelo seu trabalho, pelas suas lutas. E mesmo em desacordo muitas vezes, custava-me criticar. Não se faz. Como cuspir na sopa, ou bater na avó, é feio, falta de educação. E, mesmo desta vez não gostei de o ver apanhar tanta pancada de tanto lado, mas caramba, ele pôs a jeito! Se procurarmos a posição do PC espanhol, um partido irmão, a diferença é profunda.
E a verdade é que a lei foi recusada por cinco votos. Cinco votos! Bastaria o PC ter dado liberdade de voto aos seus deputados, como outros partidos fizeram uma vez que era um assunto tão pessoal, e tenho a certeza de que a lei teria passado.
Bom, se tivesse passado, lá haveria um Presidente da República para a vetar, de certeza. Mas teria passado no Parlamento. É isso que me causa desilusão e tristeza, a incompreensível tomada de posição de um partido que me habituei a respeitar. Mas, tal como na IVG, a lei pode passar à segunda. Ou à terceira. Ou à ...
A marcha da história das sociedades é irreversível, acredito.
Cereja