domingo, 6 de maio de 2018

Comércio de Bairro

Já por aqui tenho falado no comércio local do meu bairro o comércio do ponto de vista do utilizador, neste caso de mim e o meu bairro. 😏
E até creio que falei já nesta lojinha .Ela pode podia ver-se como «um lugar de hortaliça», que era mais ou menos o correspondente a este estabelecimento quando eu era pequena. Porque, prioritariamente, vende fruta e hortaliças, mas a assinalar que estamos a viver no século XXI também lá há produtos que seriam de «drogaria» na minha infância, e bastantes enlatados coisa que também não se via nos «lugares», e até vende pão uma vez que já não há «padarias». (A tal «portuguesa» não é obviamente uma «padaria»)

Gosto de lá ir. É perto de casa. E sobretudo tem 2 vantagens enormes 1 - é muito mais barato do que no «outro comércio» e 2 - não há bichas, nos minipreços e pingosdoces temos de esperar e muitas vezes bastante tempo pela nossa vez, ali é super rápido mesmo que esteja lá outra cliente ele vai atendendo as duas ao mesmo tempo. E o raminho de salsa ou coentros não é pago, é só pedir...
A lojinha é de um indiano. Ele e família, muitas vezes está a mulher, e também se vê o filho a fazer os trabalhos de casa. O rádio está sintonizado num posto que fala uma língua exótica (tradução de exótico: que eu não identifico) e por vezes ele suspende o que está a fazer para ouvir o que dizem. É isso que nos mostra que estamos no século XXI, esta imagem não se concebia em meados do século passado!
Mas a clientela é quase toda de senhoras mais ou menos idosas, motivo deste texto. Enquanto ontem eu escolhia a fruta para levar, uma outra cliente apalpava as pêras. «Hmmm... estão muito rijas...» e foi avaliar outra fruta. Há actualmente imensos termos novos o que não faria mal nenhum se não se perdessem os menos novos, até enriquecia a nossa língua. Mas não é o caso. Há imensos que caíram em desuso como o caso do adjectivo «rijo». Neste caso rijo quer dizer duro, podia ser 'forte' também, mas ouve-se já muito raramente essa palavra. É uma palavra de época, como a senhora que a proferiu.
Assim como também 'tem data' o saco que eu tinha levado para trazer as compras. O senhor enquanto pesava duvidou «isso aguenta?» mas depois lembrou-se «ah! havia desses dantes! É antigo, não é?» e no seu português com sotaque aplaudiu «Eram muito bons, sim!»
Assim vai o comércio da minha rua.
A pobre explorada menina do pingodoce não teria tempo para estas saborosas conversas. Mas ali, sim. Viva este comércio de proximidade!!!


Cereja

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