segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Eu não acredito no fong soi..


...mas que há qualquer coisa, há!
A minha ignorância é grande, e ouvi pela primeira vez falar nessa coisa do fong soi  (ou Feng Shui ou 風水 ou 'água e vento' mais à portuguesa) quando há anos estive em Macau. Hummmmm.... Gabo-me de ter um espírito aberto, mas a coisa cheirava-me tanto a superstição que só me interessou numa perspectiva sócio-cultural. Digamos que se estava na China teria de 'pensar chinês' e não recusar nada por princípio, mas o meu pensamento lógico e racional recusava a ideia quase sem a observar de perto. Porque carga de água a posição fosse do que fosse teria qualquer importância, sem ser a estética?
O tempo passou e raramente me lembro dessas noções que continuo a desconhecer em pormenor. Mas...
E cá vem a história das bruxas.
A minha razão ri-se de eu me sentir bem em certos sítios e mal noutros sem o menor motivo!  Pois é. Não é lógico, não será racional, mas acontece e acho que quanto mais velha estou mais intensa tenho essa impressão que agora me está a acontecer muito. Claro que todos muitos de nós conhecemos a sensação de haver  sítios onde "estamos bem" e sítios onde "estamos mal".  A relutância (ou ao contrário o anseio) de mudar de casa. Há locais lindos que 'não nos dizem nada' e outros, sem nada de especial, mas que nos encantam sem sabermos bem porquê. É, aquilo do fong soi afinal deve existir!
E penso nisso ultimamente várias vezes a propósito de algumas lojas em  franchising ou apingosdoces, lids, minispreços, que se instalam nos nossos bairros.  É estranhíssimporque o modelo onde se baseiam é igual, mesmo que o director de loja ou lá como se chama seja diferente, mas há umas onde me sinto bem e outras, da mesma cadeia, onde evito entrar!  Tenho um minipreço mesmo ao virar da esquina que me devia dar muito jeito. Ná! Impossível, detesto aquilo. Fizerem obras, mudou a chefia, mas deve ser do fong soi. Até posso ir a outro da mesma cadeia, mais longe, mas naquele não entro, aquilo repele-me. 
Haverá outra explicação sem ser esta, oriental?
Aceito críticas mas... lá que que se passa algo, passa-se!



Pé-de-cereja

sábado, 19 de janeiro de 2013

Sabe tão bem poder elogiar!

Eu trabalhei quase toda a minha vida num serviço de grande qualidade. Era um facto. E acontecia de vez em quando ouvirmos um estranho elogio: “isto nem parece em Portugal”. Compreendendo a ideia de quem o dizia, era um pouco ofensivo. O que se desejava era o oposto ser tão bom que se visse logo que era português. 
Mas de um modo geral somos muito críticos com as nossas coisas e infelizmente com razão muitas vezes. Porque afinal é natural ser bom 
Ontem fui ao Centro de Saúde da minha zona. 
Nunca fui muito a Centros de Saúde, sou saudável e quando tinha alguma coisa consultava directamente um especialista. Manias. E na altura em que me inscrevi tinha lá ido umas duas vezes e não tinha gostado. Imensa gente para o espaço que havia, muita confusão, uma espera enorme para ser atendida, pouco asseio aparente, informações confusas, não consegui ter médico de família. E, quando fui atendida, o médico-que-não-era-de-família mal olhou para mim, estava cheio de pressa, despachou-me a alta velocidade com uns pedidos de análises de rotina e pronto. Não gostei nada! E assim passaram uns 10 anos sem lá voltar… 
Voltei ontem e abençoei quem me aconselhou a experimentar. Nada a ver com o passado. Talvez devido à hora, final da manhã, havia pouca gente. A senhora administrativa não podia ser mais simpática! Havia algumas inexactidões nos meus dados que foram corrigidos num instante e com boa disposição. Sorrisos, voz agradável, empatia. Até alguma ‘cumplicidade’ nos suspiros com que comentamos a situação actual… Não senti que era um fardo estar a atender-me e sim que era o seu trabalho. Explicou-me tudo com paciência e boa vontade, e de imediato me arranjou uma médica de família! Fácil, afinal… Subi depois para fazer a vacina que lá me levava e de novo um atendimento excelente. Enfermeira carinhosa e competente, um espaço agradável, bem iluminado e asseado. Conversa correcta nem de mais nem de menos. Bons conselhos. Confessei-lhe que não ia lá há muito tempo e tinha más recordações e teve a simpatia de não me contradizer mas explicar que aquilo tinha sido um período mau mas agora as coisas estavam diferentes. E isso via-se bem. Ainda bem. Que continue. 
Para isto acho bem pagar impostos! 

Pé-de-Cereja

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

O 'consumidor' e o 'pagador'


Sabemos que a concorrência pode ter vantagens para quem pode escolher. Vemos isso todos os dias e, recentemente, tenho prestado particular atenção à área da comunicação – estou a pensar nas empresas que gerem a fala: telefones, telemóveis, televisão e até fornecem internet.
É um facto notório que assim que uma das duas maiores dessa área dá um bom-bom ao consumidor, pouco tempo depois a outra vem oferecer outro bom-bom com um sabor bastante parecido ou melhorado.
Uma delas começou por permitir ao espectador de tv parar o programa que está a ver quando lhe apetece. A outra vem logo a seguir permitir parar e ainda voltar atrás. Mas se esta segunda deixa voltar atrás, então a primeira vai permitir gravar o programa! Ah, é? Então além de gravar, vai poder gravar os que já passaram! E por aí fóra, cada uma a dizer “e eu também! e eu também!”.
Aliás com os telefones fixos é o mesmo. Vivi há 20 anos numa terra onde não se pagavam as chamadas locais. Quando voltei para Portugal e contava isso, era muito invejada. “Mas que sorte!” – diziam-me “isso é que era bom!” Com sabemos, hoje é um pacote que quase todas as operadoras oferecem, banalizou-se. E com os telemóveis a coisa é a mesma. Pacotes especiais, onde se fala as vezes que se quiser se for para a mesma operadora, sms grátis, e agora já se promete um tarifário único onde se paga o mesmo para todas as redes. A oferta é de uma operadora, mas aposto que em pouco tempo as outras vão descobrir algo para cobrir esta parada. Porque a competição manda!
Tudo isto parece excelente. E é, mas vamos olhar para a TV. 
Nós, aqui no rectângulo, temos 4 tvs em canal aberto. E, sem a cabo, a recepção é medíocre para não dizer má. Ou seja, o consumidor é 'obrigado' a assinar um pacote da cabo. Estou a exagerar, sei que ainda há muita gente que a não tem mas o certo é que somos empurrados para isso. E enchem-nos o olho com uns maravilhosos pacotes de dezenas e dezenas de canais! Ena, ena! É só escolher e com um clic no comando temos acesso a uma quantidade fabulosa de canais. E quais são os que se vêem em cada casa? Se for uma dúzia já é muito. Como ter um guarda-fato cheiínho de vestidos de baile, saris, capulanas, quando precisamos e usamos apenas meia dúzia de vestidos práticos para o nosso dia a dia. O resto só enche espaço.
Mas o verdadeiramente irritante, é encontrar nesses tais canais pagos, a repetição ad nauseam de séries ou filmes já vistos. Nos últimos tempos a coisa tem batido todos os records. Vejo o episódio de uma série, que é repetido horas depois, que é repetido na manhã do dia seguinte, e que é ainda repetido depois em horário nobre - a seguir ao jantar. Livra!!! E nos fins-de-semana tem de se gramar uma temporada inteira com 10 episódios seguidos da mesma série? 
Ná! A falta de respeito é tão grande que isto não vai continuar com certeza. Por mim há muitos dias em que nem abro a tv. Era bom que se sentisse na publicidade que é só onde lhes dói



Pé-de-Cereja 

domingo, 13 de janeiro de 2013

A inversão da importância relativa



É conhecido. 
E é normal, tenho de concordar. Os nossos interesses e preocupações distribuem-se por um leque vasto. Não é apenas o que interessa e preocupa algumas pessoas não ter qualquer interesse para outras como, o que acontece muito felizmente, os nossos próprios interesses abrangerem de uma forma geral um arco muito grande - nós interessamo-nos pela crise energética, ou económica, pela fome, guerra, doenças sem cura, mas também pela moda do uso do chapéu, por um programa da tv, por um disparate de uma borboleta social (acho mais graça a este nome do que social-light) E ainda bem. 
Mas às vezes há exageros.
Ultimamente tenho passado muito mais tempo nas redes sociais do que aqui na blogosfera. Já falei aqui nos motivos e não os vou repetir. E, por lá, usa-se e abusa-se dos temas levezinhos. Está bem. É normal. Não se podia suportar bater apenas na tecla da crise, das brutais dificuldades porque estamos a passar, nas perspectivas sombrias, nos erros das escolhas dos governantes. Portanto vamos falando também noutros assuntos, que podem ter algum interesse até para desanuviar.
Mas...
Mas valha-me a nossa-senhora-do-bom-senso! É difícil acreditar os milhares de comentários que aparecem nessas redes sociais, e transbordo dos temas para o ecrã da tv, sobre a entrevista da Pepa e da sua malinha, o cão que mordeu a criança, o retrato de Kate  Middleton, para além do CR7 e do Mourinho, e ainda o que fazem dizem ou pensam, cançonetistas, actores, ou senhores que por algum motivo se acham importantes.
Claro que não tenho nada com isso. Cada um come do que gosta como se costuma dizer, e quanto aos temas muito populares, eu também colaborei e disse aqui ou ali da minha justiça. Mea culpa, portanto. Se eu o fiz e represento, se calhar, a minha classe socio-cultural é de esperar que mais 50.000 pessoas o façam também. O curioso é a proporção do interesse sobre esses temas em contraste com outros mais "sérios" e sobretudo a repercussão que têm nos media! Isto é normal?
Se calhar é.
Mas apetece-me deixar por aqui a minha estranheza.


  Pé-de-cereja  

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

A invenção da pólvora



Bem, assim que a li fiquei entre trocista e irritada. Ainda estive vai-não-vai para fazer uma chamada sobre isto no facebook, mas como o que me apetecia dizer era extenso achei demais para o que se costuma deixar por lá e encolhi os ombros. E, depois pensei que era esquisitice minha, rabujice, se calhar estava implicante com mau feitio, nem teria muita razão. Mas depois vi uma referência a essa história com muitos likes concordar. OK, pronto, n,ão estou sozinha aqui vai de minha justiça:
Agora anda a ser “moda” cada um dar a sua receita sobre a maneira mais interessante  de fazer render mais o dinheiro (que ainda tem). Tudo o que tenho lido não me entusiasma, como já o disse por aqui noutro post mas estão no seu direito - os conselhos são baratos.
Mas esta coisa de viver de trocas é interessante. Acredito que se consiga subsistir com muito pouco e muito trabalho. Quando há muitos anos vi "Uma casa na Pradaria" aquilo sorria-me. Que lindo e romântico. Viver-se do que a terra dá, a água vem do poço, o leite das vacas, os remédios são feitos de plantas, o vestuário é feito em casa e passa de pais para filhos, o transporte é em animais que nascem na quinta... Que saudável, que lindo. Sobretudo visto num ecrã de tv, sentada num fofo sofá. E sei que existem pessoas aqui mesmo em Portugal que procuram uma vida mais ou menos assim, primitiva, por gosto. É uma opção respeitável.
Mas aquilo que a reportagem refere não é nada disso. É uma pessoa com uma boa base económica que se lembrou de usar outro-tipo-de-moeda! Para mim o sistema é bem complicado e não enxergo quais os benefícios a não ser ganhar uma aposta e divertir-se. 

Ora vejam o que ela faz: Vai jantar ao restaurante e paga o jantar lavando pratos,  "troca" o jantar pela lavagem dos pratos. Dá uma boleia a um amigo e ele paga-lhe troca a boleia com um telemóvel. Uma amiga vai viver na sua casa e paga-lhe "troca" a renda do quarto pelo pagamento da electricidade, gás e água. De vez em quando vende "troca" um livro ou um objecto da sua casa por outro em que esteja interessada. Etc. Já trabalhou em diversas áreas, perdão, não é  trabalho deu explicações, esteve em lojas, fez diversas actividades e "em troca" deram-lhe salsichas, gasolina, produtos diversos.
Deve ter sido engraçado. E rentável, uma vez que se prepara para gerir uma empresa de trocas!

A senhora está no seu direito, mas não lhe façam publicidade grátis, s.f.f.!!! 

sem impostos, é claro!
Pé de Cereja