sábado, 19 de janeiro de 2013

Sabe tão bem poder elogiar!

Eu trabalhei quase toda a minha vida num serviço de grande qualidade. Era um facto. E acontecia de vez em quando ouvirmos um estranho elogio: “isto nem parece em Portugal”. Compreendendo a ideia de quem o dizia, era um pouco ofensivo. O que se desejava era o oposto ser tão bom que se visse logo que era português. 
Mas de um modo geral somos muito críticos com as nossas coisas e infelizmente com razão muitas vezes. Porque afinal é natural ser bom 
Ontem fui ao Centro de Saúde da minha zona. 
Nunca fui muito a Centros de Saúde, sou saudável e quando tinha alguma coisa consultava directamente um especialista. Manias. E na altura em que me inscrevi tinha lá ido umas duas vezes e não tinha gostado. Imensa gente para o espaço que havia, muita confusão, uma espera enorme para ser atendida, pouco asseio aparente, informações confusas, não consegui ter médico de família. E, quando fui atendida, o médico-que-não-era-de-família mal olhou para mim, estava cheio de pressa, despachou-me a alta velocidade com uns pedidos de análises de rotina e pronto. Não gostei nada! E assim passaram uns 10 anos sem lá voltar… 
Voltei ontem e abençoei quem me aconselhou a experimentar. Nada a ver com o passado. Talvez devido à hora, final da manhã, havia pouca gente. A senhora administrativa não podia ser mais simpática! Havia algumas inexactidões nos meus dados que foram corrigidos num instante e com boa disposição. Sorrisos, voz agradável, empatia. Até alguma ‘cumplicidade’ nos suspiros com que comentamos a situação actual… Não senti que era um fardo estar a atender-me e sim que era o seu trabalho. Explicou-me tudo com paciência e boa vontade, e de imediato me arranjou uma médica de família! Fácil, afinal… Subi depois para fazer a vacina que lá me levava e de novo um atendimento excelente. Enfermeira carinhosa e competente, um espaço agradável, bem iluminado e asseado. Conversa correcta nem de mais nem de menos. Bons conselhos. Confessei-lhe que não ia lá há muito tempo e tinha más recordações e teve a simpatia de não me contradizer mas explicar que aquilo tinha sido um período mau mas agora as coisas estavam diferentes. E isso via-se bem. Ainda bem. Que continue. 
Para isto acho bem pagar impostos! 

Pé-de-Cereja

9 comentários:

Johnny disse...

Ainda bem! É sempre muito bom quando as coisas correm bem. :)

cereja disse...

Olha um comentário!!!!! :)))
...........
Aqui a única sombra é que o raio da vacina pegou (o que era sinal de que precisava dela...) e tenho o braço inchado! A simpática enfermeira disse várias vezes que se sentisse alguma coisa pusesse gelo, mas - brrrrrr! - gelo com este frio??
;(

José Palmeiro disse...

Sempre fui pela "saúde pública"!
Lembro-me do excelente trabalho que foi, no pós 25 de Abril, os médicos à periferia. Vi e segui com atenção o seu trabalho no Alentejo, cruzava-me com eles na Biblioteca Itinerante e tinha as opiniões dos utentes, que nunca tinham tido médico. Quando dos serviços necessitei e por razões de ordem bastante elevada, fui sempre excepcionalmente bem tratado, quer do Cancro quer do AVC. Quando deixei o Alentejo e fui para o Algarve, nas minhas funções profissionais, o meu médico era o Dr. João Goulão, que já tinha estado no Alentejo e que rumara a Faro, hoje um pretigiado especialista na luta contra a droga e a toxicodependência. Enfim um extenso rol de situações, todas com uma positividade e acertividade que me levam a ser um eterno defensor deste "SERVIÇO PÚBLICO".

NOTA: Melhoras ao braço, que a gripe já está controlada.

cereja disse...

Obrigada, José Palmeiro. Pelo depoimento e pelos votos de melhoras :D
Também tenho uma boa impressão dos hospitais, se estivesse seriamente doente queria ser tratada era num hospital público! o meu filho nasceu na Alfredo da Costa apesar de estar planeado ser numa clínica porque houve problemas e eu queria o melhor! E o melhor era a MAC sem a menor dúvida! Agora a verdade é que os profissionais têm de ter condições de trabalho como deve ser...

meri disse...

:)))))
É tão bom ler isto! ;)

fj disse...

Olha a minha experiência, não sendo tão boa,também não é má. O pior é que para os arredores não há médicos de família suficientes e eu tinha uma boa fiquei sem ela há anos e nunca foi substituída. Talvez ainda experimente a unidade de saúde familiar, que funciona junto, mas de que tenho algumas duvidas de outro género.

cereja disse...

Olá Méri!
Depois de ter escrito o post lembrei-me de ti!!! Porque como me disse em conversa a enfermeira simpática, muitas vezes há opiniões desagradáveis que são passadas de pessoa a pessoa sem que nunca lá vão. É muito 'português' isto, de alinhar logo com o negativo porque-sim. Mas como tive a experiência oposta apeteceu-me partilha-la. :)

cereja disse...

Tens razão, FJ, não devo generalizar nem tudo é tão bom, mas assim como o meu era mau e melhorou imenso talvez aí isso também melhore agora. Talvez insistir na necessidade de teres médico de família, até por já teres tido e ficado sem ela. Não deve ser só por ser subúrbio, a Ana que também vive nos arredores é das defensoras do sistema. Marca a consulta por telefone e diz que raramente espera... Ela então é uma entusiasta!

Joaninha disse...

Pois. É impossível generalizar. A verdade é que o ser bom devia ser o normal como no artigo de que deixaste o link... mas não é! Infelizmente o normal é até o não ser bom :(
Mas concordo inteiramente com o que te disse a tal enfermeira - muita gente critica e quem diz pior a maioria das vezes nem conhece aquilo de que fala. Ou generaliza uma má experiência que teve.
A minha opinião é que se devia deixar mais depoimentos escritos, há uns papelinhos nos balcões a pedir a opinião, não custa nada porque é quase só de cruzinhas, devíamos habituarmo-nos a preencher aquilo. é importante para a avaliação.
.............
Mas fizeste muito bem em escrever isto!