segunda-feira, 28 de abril de 2014

Uma profissão delicada

 Uma noticiazinha tão palerma que nem merecia dois minutos de leitura, referindo que no XXXV Congresso Português de Cardiologia um tema foi «Os desafio da "e-saúde"» e se falou num código de conduta no facebook. Dizia a repórter, talvez já brincando, imagine que no dia em que acorda para ser operado descobre numa rede social como o Facebook que na noite anterior o seu médico ficou acordado até às duas da manhã e até bebeu uns copos.  
Uma parvoíce, é claro, porque posto daquela maneira parecia que o grave era o tal médico ter confidenciado isso publicamente e não o tê-lo feito. E não é apenas o médico que deveria ter cautela com o que escreve se estiver aberto ao público em geral, toda a gente devia ter esse cuidado e mais ainda, obviamente, as profissões baseadas em relacionamento humano.
Ora a medicina deve ser das profissões mais antigas e mais globais do mundo. Tratar da saúde do seu semelhante, até nas cavernas dos homens primitivos e nas ilhas mais remotas da Polinésia, se encontra ou encontrou quem o faça. É um trabalho importantíssimo e de prestígio social.  É verdade que de vez em quando ouvimos dizer "eu não gosto de médicos!" (o mais comum é "eu não gosto de hospitais!") uma declaração que me faz sorrir porque o que essas pessoas não gostam é de estar doentes. E, claro, também não gostam de se sentir dependentes do saber de outrem, mas duvido imenso que depois de adoecerem não gostem de ser tratadas!!! Era cá um raio de um masoquismo....
Mas, voltando ao facebook, por acaso já me aconteceu ter uma consulta marcada para uma primeira vez e ir espreitar se esse médico tinha facebook. A sério! Via a cara dele, a idade, de onde era, por acréscimo se era casado e tinha filhos, e até talvez o seu clube de futebol... Vantagens? A humanização.
De vez em quando volto ao mesmo, mas para mim é importante. Exactamente porque estamos inquietos com a nossa saúde, sentimos que vamos expor-nos num momento de fragilidade. É importante ter a sensação que à nossa frente está alguém que nos vai entender, um ser humano.
Já me tem acontecido (poucas vezes, graças aos céus!) estar à frente de alguém que faz perguntas mecanicamente e no fim me estende um papel. Como gosto de ficção científica, imagino nessas alturas um self-service de saúde: uma cabine, e folhas de papel, não não! um monitor com perguntas onde ia clicando um sim ou não, e minutos depois um diagnóstico aparecia no ecrã e saia uma palete de comprimidos de uma ranhura. Rápido e asseado.
Como por enquanto a relação ainda faz parte do processo, gosto de saber com quem estou a falar, é bem mais agradável. E, quando estou doente os casos onde tenho recuperações mais espectaculares são sempre quando sinto a empatia do médico.
Portanto, para mim as redes sociais são tal e qual como um medicamento - fazem bem se não abusar, tomar com cautela, e não esquecer os efeitos secundários (privacidade)
Afinal uma simples questão de Bom Senso.



Cereja

quinta-feira, 24 de abril de 2014

"Liberdade a sério"

Hoje acordei bem disposta.
O dia desta vez estava bonito, um pouco fresco mas havia sol, e eu sou estupidamente influenciada por estas flutuações sol/chuva. É véspera do 25 de Abril, e desde há 40 anos o dia que era importante para mim por motivos pessoais, deixou de ser uma data 'caseira' e passou a ser «O» 25 de Abril. E este ano, não por ser um número redondo mas devido à conjuntura, apetecia-me comemorar sobretudo na rua, com a multidão que acredito (acreditava?) sentir o mesmo que eu.
Precisei de ir à farmácia logo de manhã cedo.
Já havia vários clientes, idosos, com ar resignado. Uma senhora de aspecto simpático, refilava com a senha que tinha tirado, que de facto não estava na sequência devida, mistérios das máquinas que às vezes têm caprichos. Trocámos sorrisos. Ela entretanto encontrou uma conhecida e falou-se que amanhã era feriado. E rebentou o dique - que para ela não devia ser feriado, que hoje se devia chamar dia da saudade, que dantes era bem melhor, e ia repetindo "temos liberdade, isso é, mas é só isso" e pouco depois voltava "só ganhamos a liberdade" e em seguida "tirando a liberdade estamos pior em tudo"... etc. E ninguém se lhe opunha.
Depois disso precisei de ir comprar fruta e pão e enquanto esperava na bicha da caixa ouvi o eco da conversa da farmácia. Tal e qual. "Ganhamos a liberdade, mas para que serve?" Duas pessoas primeiro e outras depois, dizendo quase o mesmo - o único lucro da revolução dos cravos era a liberdade, mas isso não se come nem paga a renda da casa.
É verdade, agora já chove de novo, talvez por isso perdi a animação com que acordei.
Mas o que devia ser explicado, e eu por timidez não consegui dizê-lo àquelas pessoas, é o que nos disse o Sérgio há muitos anos - não há Liberdade a sério sem justiça social, sem as condições básicas de vida garantidas.
Por isso há tanto desânimo. Falta tudo quase tudo o que garante a verdadeira liberdade.




Cereja

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Contas

 Já aqui tenho dito várias vezes que os números muito altos me dão vertigens. Não é apenas uma questão de dominar ou não a matemática, é mesmo verdade que a minha imaginação, que é bastante saudável em várias áreas, perante quantidades muuuito grande, bloqueia. E pronto. Muitos milhares é-me difícil de imaginar e então milhões... pfff... 

Ora li, creio que ontem, que  «Numa semana o Estado despendeu quatro milhões (só) em assessorias» Quatro milhões de euros?! Numa semana? Quando se anda a propor que se baixem reformas e salários de 500 €? Comecei a pensar quantas reformas mensais se podiam pagar com o gasto das assessorias de uma semana e já me perdi. Pois é, deve ser defeito meu, tudo isto é falta de perspectiva. Estas assessorias - externas decerto, porque saem fóra dos gastos normais - são bem mais importantes para todos nós do que um pai de família ganhar mais 50 € que lhe permita pagar a electricidade...
Mas logo se seguida (também ontem) dei com um título que me explicou que a GNR precisa de um milhão para alimentar os animais  e sem ironia fácil concluo que não se refere aos próprios guardas e sim aos cavalos e talvez cães. Um milhão de euros? E em 2014 têm uma força a cavalo porquê? É certo que é uma polícia rural mas para caminhos piores há as motos, não é? O cavalo é muito bonito, mas quando se corta tudo, é de estranhar que seja necessários um milhão de euros para esse fim...
E, passando para outra área mas mantendo o foco nos números que me espantam, também li que uma só juíza deixou atrasar 8 mil processos o que também é interessante: se deixou «atrasar» podemos pensar que deu andamento a alguns, ora se tratou aí de metade, uns 4 mil, pode-se calcular que a senhora tinha a seu cargo 12 mil processos!!! Isto faz sentido??? Alguém tenha 12 mil casos atribuídos? Podem ser coisas fáceis, leves, etc, mas decidir sobre algo que teve suficiente importância para ir a tribunal, não pode fazer-se em 10 minutos. E que fosse em 10 minutos, daria 6 numa hora, quantas horas para decidir por 10 mil processos?! E nesse tempo obviamente que iam entrando mais, outros novos, não é?
São estas coisas que me deixam confusa.
Realmente conforme a famosa frase do Jô Soares, o «meu negócio não são números».
Vou ouvir umas músicas, ler uns poemas, ver uns quadros.
Nesse campo já me entendo.


Cereja

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Insensibilidade

A resposta da sociedade às questões de Saúde dos cidadãos é, creio eu, talvez o único ponto que preocupa pode preocupar toda a gente. As questões da Educação sendo fulcrais, podem não interessar directamente quem não tenha filhos, nem esteja ligado a crianças ou jovens. Transportes, é muito importante mas pode-se trabalhar perto de casa, e só haver necessidade de nos deslocarmos muito raramente. Habitação, fonte de preocupação para muitos, pode não o ser para todos, há quem tenha casa herdada por exemplo. Mas a Saúde...! Para nascer, crescer bem, curar eventuais doenças (nós e os nossos amigos) e morrer, a Saúde tem de estar presente. Afecta mesmo a todos!
Daí o ficar-se boquiaberto com as espantosas declarações de quem teria a maior das responsabilidades quando fala de questões de Saúde, porque é - imagine-se! - presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida. Ética! Como pessoa que representa a Ética acha que «Ministério da Saúde “pode e deve racionar” o acesso a tratamentos mais caros para pessoas com cancro, Sida e doenças reumáticas». E considera que «não se pode dizer que haja pior saúde em Portugal porque estamos em crise». Achará que sempre foi mau? Ou considera que não é por falta de dinheiro mas por incompetência? O que queria dizer com a frase? 
Tenho o maior respeito pelos profissionais de saúde que, com algumas excepções como em todas as profissões, se dedicam o mais que podem a ajudar quem sofre. E em condições cada vez mais difíceis. As declarações deste senhor são completamente revoltantes pela enorme insensibilidade ou então ignorância da realidade.
Uma das minhas maiores amigas numa situação económica muitíssimo difícil, sempre utilizou os serviços públicos de saúde com satisfação. Tem há dezenas de anos a mesma médica de família de quem gosta imenso. Há poucas semanas apareceu-lhe um carocinho junto a um olho, e com uma calma grande ( já tinha extraído há tempos um que foi declarado maligno) foi à sua médica. Esta remeteu-a logo com uma carta a uma urgência. Observada lá, consideraram que era urgente mesmo, e marcaram logo consulta para dali a cerca de uma semana às 10 da manhã. Ela chegou uma hora antes, e a senha que recebeu era nº 76! Depois disso foram chegando doentes e mais doentes, disse-me que os corredores pareciam um cais de metro em hora de ponta!!! E sem sítio para sentar... Saiu de lá pelas 4 da tarde. E o processo repetiu-se no dia da operação - mandaram-na ir cedo, esperou em pé sem comer até ser operada pelas 4 horas e saiu às 5. Gabou-me várias vezes os enfermeiros e médicos, muito atenciosos, comportamento impecável, mas a desorganização e o caos era o que acabei de contar.
A Saúde não está pior por causa da crise? Ele deverá então explicar porque é que está assim!





Cereja

domingo, 13 de abril de 2014

Proteger demais


Quando encontro escrito na comunicação social algumas das minhas inquietações sobre educação fico toda satisfeita. Porque, por maior certeza que tenha do acerto daquilo que penso nalgumas áreas, a minha voz é baixinha um artigo numa revista é outra coisa! Por isso chamou-me a atenção quando li "Deixe o rapaz descer o escorrega sozinho" e, tal como o título sugere, encontrei conselhos que são o puro bom senso.
Ainda ontem, estava no meu quintal e ouvi uma avó a gritar assustada a um neto "Tu não corras! Olha que cais!!!" e fui espreitar. É uma rua um pouco íngreme onde quase não passam carros porque não tem saída. O rapaz tinha os seus 8 anos bem medidos, e parecia bem saudável, até ligeiramente anafado. Porque raio é que não havia de correr?! E porque é que se augurava que o miúdo podia cair? E se caísse, também qual seria o drama? 
Circula por aí, há já vários anos, um texto "romântico", que recebi dezenas de vezes por email, talvez demasiado saudosista, porque selecciona através de lentes cor-de-rosa uma época passada. Mas se há uma poalha dourada a salpicar este texto, o que ali se diz não é nenhuma mentira. É um enunciado de imensos medos, e algumas das precauções são sensatas mas levadas ao exagero bloqueiam a autonomia de qualquer criança. O mundo hoje é mais perigoso? Ai isso é. Então mais uma razão para ensinar a uma criança como se defender desses perigos. 
Corre rua abaixo, tropeça e cai. Pode acontecer, claro, em 10% dos casos. Se esfolar o joelho, lava-o bem, desinfecta, e põe um penso rápido. Mainada! "Não pegues na faca que te cortas!!!" (quase sempre seguido de já-aí-vou-cortar-te-o-pão)  quando o educativo seria "põe o pão em cima da tábua e segura assim na faca; faz lá, para eu ver".
É que para uma criança crescer bem tem de conseguir autonomia, e muitas vezes aprende-se por tentativa e erro. Há asneiras que se têm de fazer, para aprender as consequências. E a protecção tem de ser adequada à idade da criança, ou tem o efeito exactamente contrário...




Cereja

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Regresso Viagem ao passado :)

No último post que escrevi aqui, sobre o Portugal do interior e a desertificação que observamos quando aparentemente tudo indica que se pode ali viver com boa qualidade de vida e muito menos stress (basta não haver as horrorosas horas de trânsito até se chegar ao trabalho!) recebeu um comentário de concordância da minha amiga Saltapocinhas, chamando a atenção para que umas das vantagens da vida moderna é a net e o podermos trabalhar em casa e à distância. Bem visto.
Comecei a responder-lhe na caixa de comentários, "além disso também os transportes são bem mais rápidos" e ao relembrar o que era na minha infância uma viagem para a aldeia, decidi "fazer a agulha" e deixar essa recordação aqui, num local mais público. E foi assim que eu contei ao meu filho:
Quando eu era criança ninguém na nossa família tinha automóvel. No dia em que ia de férias (não se fazia uma viagem destas só por um fim-de-semana!) saía com os meus avós, ia quase sempre com eles, ainda muito cedo e íamos apanhar um eléctrico. De casa até à paragem carregando a bagagem - ainda não tinham inventado as rodinhas para as malas - e esperava-se o eléctrico que nos levava ao Terreiro do Paço para apanhar o barco. Claro que se tinha de ir de barco, ponte só havia lá para os lados de Santarém!
Depois da viagem de barco para "a outra margem" íamos até ao comboio. Esse ponto está um pouco enevoado nas minhas recordações, não recordo se a estação era perto ou longe, devia ser no Barreiro creio eu (?)  mas lembro-me bem da chegada lá. A emoção de procurar a carruagem, os adultos a arrumar as malas, eu a querer um lugar à janela, pessoas atrasadas a correrem, despedidas, um homem de boné no cais com um apito a dizer "Vai partiiiiir!" e o comboio a apitar em resposta e a arrancar... Que excitação!
E em seguida uma quantidade infindável de paragens. Eu sei que na 4ª classe tive de decorar todas as estações de caminho de ferro (é verdade, é!) e confesso que hoje nem me lembro de nenhuma. Mas eram muitas. E, como havia calor, em muitas das estações mais importantes apareciam uns vendedores com umas bilhas de barro pequeninas com água, o que eu achava uma maravilha porque depois ficava com a bilhazinha para brincar.
Recordo que, como íamos para o Baixo Alentejo, se fazia transbordo creio que em Casa Branca. Novo comboio, novos lugares, mais excitação. Comíamos qualquer coisa, que a hora do almoço já lá ia... Depois mais paragens, eu já com sono, e finalmente o fim da viagem (de comboio)!!! Não da viagem em si, porque a casa da minha tia-avó, na aldeia para onde íamos não era ali, ali era uma Vila, sítio importante que tinha estação de comboio e tudo. À nossa espera a tia mandava um carro puxado a cavalos (mulas talvez), e eu também adorava isso, achava-o lindo, tinha uma capota verde comprida e chamavam-lhe chorrião, palavra que nunca mais ouvi, mas existe! Levava-se mais uns 20 minutos de caminho que aquilo era para ir devagar, as mulas iam a passo abanando os rabos e eu felicíssima empoleirada ao lado do condutor.
E chegava-se! Quantas horas depois?.... Ainda antes do jantar mas não muito - nesse dia para mim era jantar/cama, estava feliz e extenuada.
................
Pois é, meu filho. nada a ver com ir de Lisboa ao Algarve em pouco mais de 3 horas, pois não? Mas era uma festa e as férias parecia tão compridas e sabiam tão bem.




Cereja

terça-feira, 8 de abril de 2014

... e os rios nascem no mar.



 «São os loucos de Lisboa / Que nos fazem duvidar. / Que a Terra gira ao contrário / E os rios nascem no mar.» Canção da Ala dos Namorados. 
Como fazer para que alguns rios nasçam no mar?

Ontem deixei um apontamento no facebook, mas fiquei a sentir que as poucas linhas que me dá jeito escrever lá, não eram suficientes para o que estava a pensar, pedia o espaço mais amplo do blog. E é isto:
Há um sítio lá no face, chamado «Regressar às Origens» que colecciona uma série de fotos lindíssimas, de vários aspectos de Portugal. Tem muitas de grandes cidades, mas tem sobretudo umas, fabulosas, de aldeias: casas, recantos, praças, janelas, pátios, ruas. Com certeza que alguns daqueles efeitos são produto de photoshop, só pode ser. Mas isso não interessa, a verdade é que encontramos ali, com mais ou menos retoque, sítios onde muitos de nós adoraríamos viver.
Falo por mim. Citadina, nada e criada na capital de que aliás gosto muito, quando visito uma dessas terras do Portugal profundo, ou vejo na net aquelas imagens fantásticas, retocadas ou não, imagino que bom seria viver ali, que "qualidade de vida" se imagina, e até me ocorre *suspiro* "se fosse mais nova..."
Bem, lá no meu facebook, junto de uma foto belíssima deixei a minha opinião: 
«Algumas das fotos no "Regresso às Origens" são de tal modo lindas, que só se pode perguntar, como é possível que o interior esteja a desertificar??? Apetecia ir a correr para lá.  ............ A reflexão amarga é que nem só de beleza vive o homem.»
Porque essa é a dura verdade. Nem-só-de-pão... isso parece que diz a Bíblia, mas lá sem pão é que também não se vive! E, durante muito tempo, estas terras lindíssimas foram sendo esvaziadas, porque tudo o que podia dar conforto estava nos grandes centros e era para lá que todos iam.
Recordo de em criança ir passar férias a uma aldeia, que era quase auto-suficiente! Para o essencial, comer e vestir, havia lá tudo, tinha uma escola até à 4ª classe, e até um excelente médico residente. Era uma terra bem animada, com bandos de crianças com quem eu brincava e adultos de todas as idades. Ouvi dizer há dias que está agora quase deserta.
E a verdade é que essa visão idílica de voltar para esses lindos locais, choca-se com a necessidade que todos sentimos de um apoio técnico porque a nossa vida depende da tecnologia, de escolas, de um apoio de saúde. Porque, por mais linda que seja a paisagem não chega.
Como fazer para inverter o curso dos rios? Como conseguir que corram de novo para o interior?
Eu não sei.







Cereja




segunda-feira, 7 de abril de 2014

Guerra de gangs

É verdade que o facto de existirem agora duas ou três empresas de comunicações tem algumas vantagens por causa da concorrência. Ou seja, se fosse um monopólio - ui, ui! - então ainda era pior!!! (há dias um comentário de uma amiga blogger neste post lembrou-me isso)
Mesmo assim...
Conhecemos bem o que é a insistência dos telefonemas, quer para os nossos telefones fixos quer os telemóveis, a convencer-nos a aderir a este ou àquele pacote de comunicações; ou o baterem-nos à porta a horas de repouso, testemunhas de jeová, perdão,  jovens muito bem treinados a perguntar-nos quanto gastamos mensalmente em tv, telefone, etc e a demonstrar que com a proposta deles vamos poupar um dinheirão. Confesso que me custa sempre muito fechar-lhes a porta (contrariamente às tais 'testemunhas') por saber que trabalham à comissão e muitas vezes aquele é o único trabalho que conseguiram... mas não  posso aceitar, é claro. Não posso ter várias empresas em simultâneo :D
Mas depois vem a outra face da moeda, não apenas a obrigatória fidelização à empresa como o uso de alguns truques. A Deco diz que recebe uma média de 20 queixas por dia quanto a  «ilegalidades "e mentiras" praticadas pelas empresas de telecomunicações para tentarem impedir o cancelamento grátis de serviços de internet, TV cabo e telefone no prazo permitido pela lei». Ou seja, o cliente fica preso numa armadilha mesmo que queira fugir ainda dentro do prazo...
Isto é tanto mais interessante quanto, apesar de parecer que há concorrência etc e tal, o que apresentam e as condições são incrivelmente semelhantes. Sem querer pensar em cartelização, (coff... coff...) notem que as condições são incrivelmente semelhantes, e as letras pequeninas são igualmente pequeninas nas diversas empresas!
Uma das coisas que todas as tais empresas de comunicação fazem é oferecerem-nos chamadas para todas as redes sem pagarmos mais por isso. (Não digo chamadas 'sem pagar,' porque elas são pagas em bloco quando se paga a conta na totalidade; seria como dizer que 'quem tem passe não paga o metro') É uma coisa boa, claro. Mas depois, se por um azar, temos uma avaria e temos de ligar para lá, isso já é pago e bem pago! Faz sentido? Para mim não faz sentido nenhum! Posso falar para qualquer sítio em Portugal e muitos no estrangeiro, com a tarifa já incluída no pacote, mas se a net avaria, ou a tv foge, estou meia hora a receber instruções da empresa responsável, telefonema esse que é  pago ao minuto!
Concorrência benéfica?... Hmmmm... A imagem que me ocorre é de guerra de gangs.


Já sei que me me vão dizer «Mas só aderes se quiseres. Ninguém te obriga!» mas como sabemos isso não é bem assim. Não me obrigam fisicamente, mas por um lado a insistência com que a publicidade me bombardeia, e por outro a ausência de alternativas faz com que assim não seja.

Cereja

domingo, 6 de abril de 2014

O Futebol e as claques

 O futebol é um espectáculo.
Sabemos que nalguns países, e por experiência falo no nosso, é um espectáculo que gera paixões levadas ao extremo. Há para aí estudos sobre isso, dizendo que canaliza o espírito guerreiro que em tempo de paz não pode ser satisfeito, mas isso não sei bem nem me quero pronunciar... Mas que, muita gente, homens e mulheres, vive apaixonadamente o futebol, é um facto. E não vejo nenhum mal.
Depois, há o hábito no espectáculo-desporto de encorajar os jogadores. Muito bem. Grita-se, agitam-se bandeiras, dá um certo colorido.
Por cá desconheço se há, mas lá nos States aparecem umas meninas vestidas de majorettes que no início do jogo fazem umas danças de incitamento e até parece, por aquilo que vejo em filmes, que ser cheerleader é uma coroa que qualquer adolescente deseja. É um tipo de claque 'simpática', relativamente, parece-me...
Entretanto aparece outro fenómeno associado aos jogos muito competitivos que é o hooliganismo.
Uma estupidez, reprovado por todos excepto os próprios hooligans.
Cruzando as duas coisas, temos em Portugal as claques dos clubes de futebol. São grupos organizados, que supostamente servem para apoiar os jogadores do seu clube, mas diversamente das meninas cheerleader têm um gene de hooligan que como o hulk os transforma em monstros em certos momentos. E ficam incontroláveis!!!!
E isto é transversal a todos os clubes! Nenhum escapa no que se refere a claques. E, o impressionante, ou a perversão do sistema, é que estas claques são subsidiadas pelos próprios clubes! Recebem várias benesses e mesmo dinheiro. Depois portam-se mal, fazem asneiras enormes e o clube é penalizado por isso. I-na-cre-di-tá-vel! Cultiva-se maçãs já com o bicho lá dentro. Li hoje que o Presidente do Sporting estava a perder a paciência com o comportamento das claques que estava a custar ao clube um dinheirão em multas.
Cá para mim tem um bom remédio: pagam eles as multas. E mais, se reincidirem, cortem-lhes os subsídios e as benesses. Além disso a entrada das claques nos estádios devia ser controlada minuciosamente, com muito mais atenção do que fazem à assistência normal, nem um alfinete a mais! Tem de se educar disciplinar esses hooligans protegidos ou a coisa vai mesmo mal....
É que já não há paciência.




Cereja

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Publicidade a mais

Muitas vezes há coisas que julgo que só a mim me irritam por ter mau feitio "Sou embirrenta, isto se calhar é normal; eu é sou exigente com coisas talvez vulgares" penso de mim para mim, mas sempre vou refilando com quem tenho à mão para me ouvir.
Um motivo vulgar dos meus refilanços está na publicidade da tv. Aceito - tem de ser - que façam publicidade, mas não exagerem! Os programas têm de ter as suas pausas, é lógico, mas curtinhas, uns minutos, até para não se perder o fio à história que estamos a ver.
Ora bem, os canais que vemos em sinal aberto não os pagamos. Portanto, como "pagamento" ao serviço que nos fornecem faz sentido passarem alguns anúncios, o comércio precisa e o público sempre vai vendo e talvez assim prefira uma marca a outra - não acredito muito que nos dias de hoje * se compre mais , mas talvez compre um produto diferente...
Isto na tv de sinal aberto.
Ora quando comecei a ter tvcabo, já há uns anos, senti que uma das boas diferenças era a quase ausência de anúncios. Uma série durava cerca de 45 minutos, intervalos incluídos. Era agradável. Depois, a pouco e pouco, o tempo de publicidade foi alastrando. Com alguma estranheza vi que faziam propaganda dos seus próprios programas, não entendia bem para quê, se já se estava a ver para que é que o publicitavam?.. Espera! É que assim, estando ali a gastar tempo, em cada 3 programas poupavam 1 - é matemática simples, 3 horas de tv precisam de 4 programas se foram de 45 minutos, mas bastam 3 programas de forem de 1 hora! É lucro. E isto sem se falar nas séries repetidas vezes e vezes sem conta, quer no mesmo canal quer num outro semelhante do mesmo pacote.
Mas é legítimo? Pagamos ( e muito !)  e um quarto do que se vê é publicidade?! Bom, a semana passada li numa amiga de rede social um protesto sobre isto e referia o código de publicidade. Fui verificar e de facto, o tempo destinado a publicidade será de 15%, ou seja, numa hora só pode devia haver 3 intervalos de 3 minutos! Olhem que é interessante dar uma olhadela a esse código, que com certeza os programadores das estações conhecem bem. 
É como comprar uma embalagem grande de um produto que só está cheia ate 2 terços. Mas se na loja eu posso escolher a embalagem mais pequena com a mesma quantidade de produto, como é que se faz isso quando a tv que pagamos nos impinge tanta publicidade como a que temos de ver num canal aberto??!

*«Em Portugal, actualmente, o optimista é aquele que diz:

- Se isto continua assim, acabamos todos na rua a pedir esmola...
E o pessimista é aquele que responde:
- A quem ?»





Cereja

quarta-feira, 2 de abril de 2014

frivolidades

 Olá a todos! Ontem deixei aqui um post a condizer com o tempo - escuro e triste. A minha companheira de blogosfera de há muitos anos, a snowgase deixou-me um comentário animador lembrando coisas que eu tinha escrito num outro blog. Passei por lá para matar saudades, e distraí-me a ler mil e uma coisinhas de ca-rá-ca-ca que faziam o meu dia a dia nessa altura. É curioso que a mecânica é a mesmíssima do facebook: são os escritos mais amalucados que recebem mais comentários. Encontrei este, sobre o magno problema do rolo do papel higiénico que teve na altura cerca de 20 (?!) comentários, ou coisa assim, quando hoje quando tenho 2 ou 3 já fico toda contente.
Pronto, não é só o link, já agora vou fazer um copy/paste e repetir tudinho, para me ficar a rir!

«Toda a gente conhece a história do sujeito que tinha uma barba enorme, e no dia em que lhe perguntaram se dormia com a barba por cima do lençol ou por baixo do lençol ficou tão indeciso que nessa noite nem dormiu porque tanto a punha por cima como a mudava para baixo.
Ora com os rolos do papel higiénico no seu suporte passa-se algo de semelhante e de idêntica magna importância.
Vamos ver, ó pessoal: Preferem que o rolo se desenrole pela frente ou se desenrole por detrás?! Se calhar nunca tinham pensado nisso, mas olhem que há quem pense. Por um lado encontrei em tempos um blog (e agora com algum trabalho voltei a dar com ele) que lançou em debate essa questão. E a verdade é que houve 83 opiniões e mais não houve porque pelos vistos a caixa de comentários era pequena… E depois, como sou interessada e curiosa quando as questões são assim tão sérias e importantes, encontrei a resposta numa FAQ de um site. Cá está.
Questão: Existe uma maneira correcta de colocação do papel higiénico no suporte?
Resposta: Existe sim. O correcto é encaixar-lo no suporte, de maneira que o papel se desenrole na frente do rolo, no sentido de cima para baixo.
E já agora, o que pensam vocês???
Votam no A ou no B?»



Cereja

terça-feira, 1 de abril de 2014

Do desânimo

Hoje começa o mês de Abril.
Nos meus cerca de 10 anos de actividade na blogosfera, sempre festejei especialmente este mês. Lembro-me do entusiasmo quando programava juntamente com a Isabel  o que íamos escrever em  Abril, no tempo do falecido Afixe (para quem nem sequer se pode deixar um link...). E depois já em blog individual, o deixar um cartaz por dia, uma canção, um texto especial.
Foi muito trabalho feito com alegria.
Tive especial gosto em relembrar a vida "no 24 de Abril" para quem não sabia ou estava esquecido.
Ainda agora fui espreitar o Pópulo que ainda está visível na net e tem a categoria Abril com textos e imagens para todos os dias.  E já no Cerejas ainda em 2011 deixei alguns links para posts mais antigos mas escritos com amor. 
Mas este ano nem isso consigo.
A tempestade, o frio, a chuva, o escuro, que torna estes dias tão difíceis de viver parece ter vindo para ficar. Não é apenas uma metáfora (antes fosse) é uma verdade.
E, ou porque estou mais velha ou porque me sinto muuuito mais velha, desanimei.
Não, este ano não tenho energia para pôr bandeirolas aqui no blog, nem canções ou cartazes diários.
Eu sei que é Abril, mas já não é Primavera.
É um Inverno que nunca mais acaba.

Cereja