terça-feira, 16 de junho de 2015

Chuchas

Não, não é uma metáfora, neste caso estou a pensar em chuchas a sério, chupetas de bebé. 
E, desta vez não tem a ver com o que se usava no meu tempo, é uma questão psicológico/educativa por um lado e um costume que vejo muito (demasiado) por outro.
A sucção é o primeiro acto de um bebé. 

Indispensável à vida. E que lhe traz prazer e conforto.

Mesmo as pessoas que não têm contacto com crianças pequeninas sabem isso, não é necessário ver um bebé de boca aberta à procura da sua fonte alimentar para saber que a sucção é básico para a vida. E também uma fonte de prazer por si mesma como se nota, até mesmo bebés recém-nascidos metem o polegar na boca e chucham deliciados.
Com base nisso inventou-se a chucha que, tal como hoje existe, de borracha, tem pouco mais de 100 anos. E que se dava a um bebé para o ajudar a espaçar as refeições, ou o relaxar para dormir. Tanto quanto sei e recordo, dantes a chupeta era para bebés ou crianças pequeninas quando iam para a cama. Normal, fazia parte do seu ritual de adormecimento.
Nos tempos modernos o seu uso explodiu!  São muito mais bonitas, alegres, com formas mais ajustadas à boca, e a criança não a larga até bem mais tarde, já não só para dormir como a usa durante todo o dia.
E é isso que me choca, sobretudo quando esse hábito até é incentivado pelos pais. Possivelmente sentem que é um sossego. A criança desde que tenha a chucha não chora, não incomoda. Não chora... nem fala! Vejo muitas vezes a chucha como uma agradável mordaça, com aquilo a tapar a boca a comunicação desaparece!
O complicado é que a criança gosta. Mesmo que não precise, porque está acordadíssima e muito vivaça, se lha dão ela aprecia.
E torna-se um hábito que impede a socialização.
Queira a criança ou não, muitas vezes são os pais que incentivam. Recordo já há uns anos, mas hoje deve ser igual, à saída de uma creche onde as crianças brincavam alegremente umas com as outras com o seu chilreio habitual, os pais chegarem, vestirem-lhes o casaco, enfiarem o gorro, e a chucha na boca como fazendo parte da toillete. Elas calavam-se logo, é claro! Sossego!
Lembro-me também de outra vez em que vi um rapaz, bem crescido, mas mesmo muito crescido, a chupar energicamente uma chucha o que me fez comentar «qualquer dia, tira a chucha com uma mão e acende o cigarro com a outra».
Desta vez foi esta menina nas Marchas. Àquela hora, uma criança deste tamanho só tem é que estar na cama, mais nada! Mas se o não está é porque está a dançar e cantar... Mas de chucha??! Leio aquilo como "S.O.S. quero ir para a caminha..."



Cereja

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Prepotência

É de ficar de boca aberta. 
Muitas vezes nas discussões sobre os créditos e dívidas de nações, coisa que implica verbas de dimensões que a mente de um cidadão não-economista não consegue 'ver', usam-se imagens que esse tal cidadão pode perceber. Assim tipo: "se compras a crédito ao merceeiro tens de pagar a conta no fim do mês ou não podes comprar mais». Todos percebem isso. Claro que se sabe que essas imagens adaptadas a uma realidade de todos os dias não têm nada a ver com a outra realidade de forças gigantescas e quantias que a imaginação comum nem atinge.
Mas hoje li nos jornais uma história curiosa: que o FMI tinha rejeitado (?!) uma proposta - até já aprovada pela Comissão Europeia - de que a Grécia trocasse os cortes nas pensões mais baixas pelo equivalente ao orçamento na Defesa.

Já pensaram bem?! É o credor que decide como o devedor vai pagar uma dívida !!!
Voltando à conta do merceeiro, imagine-se que o meu vizinho (que fez compras caras porque o merceeiro soube vender muito bem as 'promoções' que lá tinha) entra na loja e lhe diz "Oh, senhor Chico, estou aflitíssimo para lhe pagar a conta deste mês, mas fique descansado, já estive a fazer contas e se deixarmos de andar de carro consigo pagar» e o merceeiro olha-o friamente e responde «O quê??! Nem pense! Vai continuar a comprar gasolina, sim, que isso é bom para as gasolineiras! Acaba mas é com a sobremesa nas refeições que é um gasto inútil!»

Não se imagina, não é?
Pois.
Afinal, noutras proporções, é o que os senhores das macro-finanças fazem. Completamente chocante, moralmente, mas preocupam-se lá com a moral... 



Cereja




domingo, 14 de junho de 2015

O negócio do lixo

Com a nova norma dos sacos de plástico de asas (vulgo sacos-de-supermercado) começamos a pensar melhor nesta coisa do lixo.
É sabido que a esmagadora maioria das pessoas usava até há pouco os sacos de plástico onde trazia as suas compras para forrar o caixote do lixo. Mas já fomos esclarecidos, esses sacos muito fininhos eram prejudiciais para o ambiente, portanto foram proibidos e agora começaram a ser produzidos outros mais resistentes, e pelos vistos menos poluentes, que terão de ser pagos por quem faz as compras - para além dos produtos de que necessita o cliente. Este se não quiser levar as compras na mão tem de comprar um saco porque o lucro das lojas é menor do que 2 cêntimos por cliente e faliam coitaditas.
E agora passemos ao lixo.
Nós já pagamos uma taxa para a recolha do lixo. Mas parece que temos de nos esforçar mais! As diversas empresas que recolhem o lixo para reciclar têm regras comerciais, normal, contudo querem aparecer como uns anjinhos da guarda que generosamente vêm salvar o ambiente por pura generosidade, quando de facto são empresas como quaisquer outras, que visam a obtenção de lucro. Ponto final. E obtêm-no, já li acusações de umas às outras por andarem a roubar recolher  lixo que não é delas, aquilo é um bem de que são proprietárias sem o comprar... 
Lembro-me de uma publicidade onde aparecia um macaco, creio eu, a mostrar que qualquer animal irracional sabia colocar o lixo bem separado no recipiente certo. Ora não é nada assim. Não será preciso uma formação, mas as regras não são óbvias como querem fazer crer. Por exemplo, no 'vidrão' não se deitam vidros como podia parecer, deitam-se garrafas, frascos, alguns copos e é melhor ficar por aí porque o resto pode ser ou não, pode parecer vidro, ter aspecto de vidro, partir-se como o vidro, mas... deve ir para o lixo comum, por exemplo se for vidro plano, ou frasco de perfume. No 'papelão' não se deita qualquer papel, deitam-se caixas de cartão, jornais e revistas (nem sei se todas, há a questão das fotos mal explicada) mas cuidado com o papel auto-colante, ou caderno com capa plastificada, ou papel de embrulho... E no 'embalão' o que raio se põe? Embalagens óbvias e limpinhas e as tipo tetrapark que devem ir convenientemente espalmadas,  no resto há dúvidas: as de iogurte não, embalagens de margarina, banha ou manteiga, não, copos de plástico não. 
É interessante notar aliás que algumas empresas são mais exigentes do que outras. Já li uns conselhos onde, por exemplo, insistiam «enxague as embalagens usadas». O quê?! Vou gastar um recurso que me ensinam a poupar, como é a água, para as embalagens irem já limpinhas?
Li há pouco tempo uma queixa de um empresário do lixo reciclado, zangadíssimo porque algo foi mal colocado por engano, e isso pode avariar uma máquina caríssima. Claro que é aborrecido, mas um engano pode sempre acontecer. Seria sensato precaver-se, e uma vez que o "trabalho da separação" não é pago por ele que apenas aproveita o trabalho que nós, cidadãos responsáveis, fazemos, talvez fosse de arranjar uma filtragem inicial, antes de deitar o produto a reciclar nessas máquinas caríssimas.
E já agora um pedido: por favor organizem a recolha de acordo com o que se produz, porque é pedir demais à nossa paciência que voltemos sistematicamente para casa com o que se ia despejar por o ecoponto estar cheio!

Apesar de tudo é uma empresa que dá lucro, não é?
Um negócio.

Até um grande negócio, pelo que entendi.




Cereja





sábado, 13 de junho de 2015

Ainda e sempre a educação


Este é um tema de reflexão que nunca me deixa, porque infelizmente estou sempre a notar escolhas educativas erradas. Todos os dias. E não quero dizer de modo algum que "nos meus tempos" se educava bem. Claro que não, que se cometiam diversos erros, mas os de antigamente têm sido corrigidos e agora encontramos frequentemente o seu oposto.
É do mais elementar bom-senso que uma criança para crescer em sociedade, precisa de conhecer as regras sociais em uso na sua terra (mesmo que depois  não as cumpra e até se lhes oponha) e tem de experimentar situações de algum risco, até para aprender a evitá-las.


Actualmente estes dois pontos estão muito diluídos nas relações adulto/criança, sem nenhum benefício. Obviamente sem benefício para a criança porque não aprende a ser autónoma, e também sem benefícios para os seus educadores porque não lhes diminui o trabalho, mesmo que o pareça quando se é muito permissivo...
Estava eu esta quinta-feira esperando por uma pessoa, sentada num banco de jardim, quando vejo um casal de meia idade com uma menina que aparentava uns 6 anos. Todos eles simpáticos, os avós (imaginei) carinhosos e a menina sorridente e bem disposta. 
O primeiro ponto que chamou a minha atenção foi um saco que o avô trazia de onde saía a cabeleira loira de uma boneca. Hmmm... - pensei eu - porque não é a menina que traz os seus brinquedos?... mas era um pormenor. Contudo um pormenor significativo, uma criança daquela idade deveria saber planear as suas brincadeiras e responsabilizar-se por isso, ou seja levar o que precisava, cuidar deles, e trazê-los de volta. Aprender a ser responsável, nas coisas à sua medida.
O segundo ponto, é que ela trazia um papel na mão, meio amarrotado. De onde eu estava não se percebia o que era, mas era um papel de um tamanho razoável. Deixou-o cair e preparou-se para o apanhar de novo, quando a avó interveio: Deixa! Não vais apanhá-lo do chão!!! como se fosse um erro, e claro que a menina o deixou ficar. Nem sempre vemos um cesto de lixo perto, mas ali até os havia, para além de haver uma zona de ecoponto, onde se podia deixar o lixo já separado! Aquela criança foi ensinada a não ter o trabalho de ir deixar o lixo onde ele deve ficar e a poluir o passeio...!
Uns minutos depois, os avós afastaram-se um do outro, ela ensaiou uma corridinha para apanhar o avô, e a avó a gritar-lhe : Não corras! Podes cair!!!

Isto é um relato fiel do que vi. Tivesse eu o descaramento de ter filmado a cena toda com o meu telemóvel e podia mostrar. Três erros educativos em cinco minutos.

Primeiro erro, ao sair de casa alguém que não a criança, preocupa-se com os brinquedos que ela vai usar e carrega com eles, ela vai imaginar que na sua vida não precisa de planear coisa nenhuma porque tudo lhe aparecerá por magia quando o desejar. Segundo erro, aprende que coisas que caiam ao chão na rua não se devem apanhar, talvez por ficarem sujas, portanto ficam ali e não se pensa mais no assunto. Terceiro erro, não deve correr porque-pode-cair. (!!) Ensina-se-lhe o medo. Mas porque é que há-de cair?! Uma menina saudável daquela idade pode e deve dar uma valente corrida de vez em quando. Se tiver o azar de cair, desinfecta-se a esfoladela do joelho, e aprende a defender-se melhor. Só isso.
............
Foram 5 minutos completamente deseducativos.
Mas um modelo do que se vê constantemente. A criança da redoma e que não aprende a crescer. 




Cereja

quarta-feira, 10 de junho de 2015

De volta

Envergonhada...


 Reparei agora que abandonei o blog, tadinho, quase um mês!!!
Vinha toda lançada escrever aqui uma coisa quando caí em mim e dei conta desta longa ausência.
E, como acontece na vida real, quando se vê um amigo todos os dias qualquer insignificância é tema de conversa, mas se estamos uns tempos sem nos ver sentimos que não vale a pena «falar nisso», se são pormenores da vida quotidiana.
Aqui também. Tenho de quebrar este ciclo parvo. E vai já a seguir!!!

Cereja