quinta-feira, 31 de julho de 2014

Sensação curiosa

É sabido que «ir» para férias é bom e «vir» de férias nem por isso.
Como no velho diálogo:
- Onde vais?
- Vou para a festa!!!
- Donde vens?
- Venho da festa...
que deve ser dito com voz animada na primeira resposta, e voz triste na segunda. Todos conhecemos, não é?
Este ano tive umas semanas exaustivas antes das férias, mas para compensar tive 3 partidas para férias! Uau!
Comecei com uns dias fisicamente cansativos mas que me divertiram bastante. Estive de olho numas micro-obras, e a brincar ao "querido-mudei-a-casa". Segundo a velha definição descansar é mudar de actividade portanto comecei logo aí a descansar. Divertido, e pude confirmar a minha teoria de que o truque para a magia da equipe do «Querido...» conseguir em dois dias alterar radicalmente o visual de uma casa é semelhante ao que observei em Macau quando vi construir-se um prédio de vários andares em poucos meses: utilizar 10 vezes mais trabalhadores! Mas adiante.
No final dessas primeiras férias, comecei outras.
Vim para uma aldeia, instalei-me, saboreei o tempo lento e calmo... Senti-me a recomeçar as férias.
Uma semana depois voltei a passar 2 dois dias em Lisboa. Um evento, para mim invulgarmente importante, o lançamento de um livro de um amigo muito querido fez-me voltar a Lisboa e encontrar amigos que não via há dezenas de anos. Um momento magnífico!
E de novo «faço as malas» mais a sério, abasteço-me dos produtos necessários para o mês, e vou para férias... de novo!
Já viram que sorte?!
Fui 3 vezes «para a festa» e nunca vim «da festa» - sabia que ia continuar...
......

Cereja

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Cada vez mais novos!


O que nós temos rejuvenescido no último meio século!

É tema de conversa habitual, entre gente da minha geração, a diferença entre a energia interior que sentimos e a resposta mais fraca que o nosso organismo nos dá. Ficamos preocupados porque nos «cansamos» e procuramos resposta nos cardiologistas como se estivéssemos no auge da nossa vida. Mas não estamos. Contudo estamos a envelhecer muito bem, é indiscutível. Rimo-nos no outro dia, eu e uma amiga, quando ela começou por se queixar de ficar ofegante quando corria para apanhar um autocarro, mas logo de seguida recordarmos que em crianças ajudávamos as avós-da-nossa-idade a atravessar a rua. Eheheheh!!!

Mas, no outro extremo da escala, nota-se o mesmo. A «infância» prolonga-se imenso, assim como a juventude. Uma diferença impressionante entre um século e outro. Li há pouco um fait-divers sem a menor importância, que nem entendo porque chegou a ser notícia: dois frequentadores de uma discoteca, talvez já com uns copos a mais, para fugir a pagar a conta atiraram-se ao rio. E a história é contada dizendo que dois jovens, com idades entre 25 e 30 anos  etc, etc. Um 'jovem' com 30 anos ainda não é visto como adulto?

Claro que o termo balzaquiana, é hoje praticamente desconhecido e nunca usado. Há uns tempos eu achava que a «femme de trente ans»  da actualidade teria uns 40 mas, para ser sincera, já acho que a balzaquiana de hoje se aproxima já mais dos 50!!! Uma mulher (ou homem, porque não?) maduros, está mais perto dos 50 dos que dos 40, e nunca, mas nunca dos 30.

Afinal classificam os 30 anos como «jovem»...



Cereja

sábado, 26 de julho de 2014

Também é dele?????




Óvalhamedeus!

Eu sabia, sem nunca lhe ter prestado muita atenção, que a aldeia onde costumo passar férias tinha uma espécie de sub-título… Como o seu nome não é daqueles muito originais, apesar dos estudos indicarem que ela é antiquíssima – parece que século XIII, falam até na Rainha Santa Isabel, etc… - a verdade é que há várias terras com o mesmo nome, uma até no concelho mais próximo o que provoca alguma confusão.
Portanto, quando já há muitos anos reparei que na placa indicativa com o seu nome estava adicionado «Aldeia do Espírito Santo» não liguei grande importância, considerei que era uma forma de a distinguir, uma vez que as festas locais, muito afamadas, são as festas-do-espírito-santo.
Mas....
Aqui já há uns anos, houve um cavalheiro-de-indústria, de seu nome Vale de Azevedo, que investiu numa bela quinta aqui à entrada. Coisa fina. Muito grande, criavam lá cavalos e tudo! Quando as coisas lhe deram para o torto a quinta passou para um consórcio ou coisa assim. Acontece que essa quinta tem um muro muito grande que dá para a estrada e ameaça ruir, e desde que isso se verificou as autoridades fecharam a estrada à cautela. Portanto há meses e meses e meses, que a saída para uma estrada de dimensões razoáveis está fechada, porque o proprietário do famigerado muro não faz as obras necessárias! Dificuldades económicas, tadinho, sniff...

Agora dei-me conta que a Aldeia é do Espírito Santo.

Fiquei sem pinga de sangue.

Será que ela vai também ser penhorada, ou congelada, ou lá o que é que fazem aos bens do homem...?

Ai, ai, ai, a minha vida!


Cereja






sábado, 19 de julho de 2014

A liberdade

Sabemos que é um valor imenso. 
O Primeiro Artigo das Declaração dos Direitos Humanos diz que «Todos os seres humanos nascem livres» ou seja, privar alguém de liberdade é já um fortíssimo castigo. Quando aplicado por um tribunal, imagina-se que seja castigo merecido, terá sido a alguém que não foi capaz de aceitar as regras sociais, mas é o maior castigo possível, uma vez que hoje não se admite a selvajaria dos castigos corporais, assim como em ( a maior parte?) muitos países não se aceita a pena de morte. 
Como eu tenho uma pontinha (talvez até mais do que uma pontinha....) de claustrofobia sempre me apavorou a ideia de prisão. Quero dizer 'prisão-fechada-numa-sala'. Sinto isso como bem pior do que a pena de trabalhos forçados se eles forem ao ar livre, mesmo se estes forem pesados. Claro que isto sou eu a dizer que nunca experimentei nenhuma das coisas, mas consigo imaginar. Mesmo só imaginando sinto que morria presa entre 4 paredes, mesmo que tivesse companheiros de cela.
Ora li hoje um estudo onde diz que estar preso em isolamento deve ser considerado uma tortura!

Como eu entendo.
Entre as diversas formas de tortura que a PIDE utilizava e não deixavam marcas visíveis exteriormente, como a "estátua", ou a tortura do sono, é referido mas não valorizado tanto "o isolamento". Semanas, meses e meses, podia chegar-se ao ano, na mesma cela sem ver ninguém. De endoidecer. Era para torcionários que sabiam ter todo o tempo que queriam, a Gestapo queria resultados depressa, mas a PIDE  sabia que tinha o tempo que quisesse  e podia dar-se a esse luxo.

Uma tortura, sim.

Só de me imaginar nesse estado já me custa respirar. 




Cereja

terça-feira, 15 de julho de 2014

As energias limpas

Aliás a primeira referência que apanhei foi no facebook, através de um comentário brincalhão «Os portugueses não têm sol. E por isso votam na malta da energia nuclear e dos fósseis. Tudo limpinho e barato, claro.» Valha-nos o humor, que aí devemos ser melhores do que os alemães que têm fama de ter pouco...
Esta história das "energias limpas", ou naturais, e a dificuldade da sua implementação não é fácil de entender, para mim que sou obtusa em certas coisas. Claro que percebo que há interesses muito fortes e importantes por detrás das outras energias, mas é só isso que bloqueia a justa expansão da energia que vem do vento, do sol e do mar?! Para além do facto de não se esgotarem porque são elementos que enquanto existir Terra têm de existir, é tão bonito! Sempre que me ponho a pensar nisto parece que caio dentro de um livro de poemas e a ciência se transforma em poesia: vento, água, sol....
Ora os diligentes alemães, têm trabalhado como deve ser e atingiram este patamar sensacional. E isto quanto ao sol, que por lá é uma amostra do que quase todos os países de 3º mundo, ou em vias de desenvolvimento, têm! E adivinha-se que devam criar fábricas para construir os painéis solares e o que mais se deve precisar, que até podem exportar e aumentar os seus negócios, e por aí fóra. Palmas. Assim é que é.
E nós?
Tanto quanto sei a energia eólica tem sido implementada por cá, sim senhor. Vou seguindo as notícias e essa energia está bem e recomenda-se. Felicitações.
Contudo, a solar pode ser aproveitada de um modo diferente. Não dá muito jeito ter um cata-vento no jardim, porque esse vento é sempre poucochinho para o que se precisa (e é preciso ter jardim :D ). Mas...a tal notícia informa-nos que
"a Alemanha tem [...] incentivado os cidadãos a instalar painéis nos seus telhados [...] Na verdade, 90 por cento dos painéis solares da Alemanha estão em telhados de casas de habitação" e isso já é outra coisa que telhados todos temos. Se a energia de que necessitamos no dia-a-dia fosse a recebida pelo sol, imagine-se o que melhoraria no nosso estilo de vida! Claro que havia o preço do investimento e da manutenção, mas com certeza que a médio prazo valeria muito a pena por uma energia que não acaba...
Está-se à espera de quê?



Cereja




domingo, 13 de julho de 2014

Abrir portas abertas

( Ressalvo, antes de começar a escrever, que o artigo? reportagem? que motiva o que vou dizer a seguir é pouco claro e pode estar a referir uma realidade de última hora que eu desconheça )
Eu trabalhei durante anos, muitos, como técnica na função pública. O que quer dizer que fui tendo também muitos, creio que dezenas, de variados chefes. Havia os chefes que iam fazendo a sua carreira connosco, conhecendo bem o que-a-casa-gastava e os chefes que nos caiam de para-quedas sempre que o governo mudava. Porque quando muda um governo, para além do topo da pirâmide - ministros, secretários de Estado, etc - também se altera o meio da pirâmide por causa da «confiança política», e chegam-nos, destacados dos lugares que ocupavam, uns senhores que vêm sempre cheios de energia e de grandes ideias. E, invariavelmente, eram ideias que já eram conhecidas por nós, eles é que não sabiam isso.
Li ontem uma notícia curiosa, subdividida em duas: lugares em creches e amas que me interessou por ter trabalhado nessa área. A primeira parte, a que se refere ao aumento de lugares em creches, deixa-me satisfeita, é sempre bom haver mais lugares, mas gostava de saber como é a proposta. Dizer que «a alteração legislativa permitiu a maximização de resposta» pode fazer-nos pensar que duplicam as crianças por sala com a mesma educadora... mas isto é um pensamento malévolo, não acredito que o façam.
Adiante.
Sobre as amas, eu conheço muito bem o que se fazia há uns 10 / 15 anos. Era uma resposta de qualidade e uma profissão respeitável. Existiam amas sob supervisão da Segurança Social ou de algumas Misericórdias ou IPSS, e amas 'privadas' com licença para exercerem a actividade. Tinham um sindicato muito activo. [claro que se sabia da existência de 'amas selvagens', clandestinas, que fugiam ao controlo, mas isso existe em todas as profissões desde que haja clientes] O ministro diz ali que «terão de ter formação específica e só poderão receber até quatro crianças em condições de segurança e qualidade adequadas» o que me deixa de boca aberta porque era assim dantes e se agora a profissão «vai existindo sem enquadramento e num vazio legal» é porque se andou muito para trás!!! Como é que se criou esse vazio?
Ora oiçam: 'no meu tempo' as amas que conhecia (da Segurança Social) candidatavam-se e eram entrevistadas por uma assistente social e uma psicóloga. Visitava-se a casa para se conhecer o ambiente e a sua família. Escolhiam-se as crianças, 4 no máximo, tentando escalar as idades para se assemelhar mais a uma família, e levando em conta as personalidades das amas e das mães. Tinham uma acção de formação inicial, e outra a meio do ano. Cada grupo de amas tinha uma reunião em conjunto com os técnicos que as apoiavam uma vez por mês. Eram visitadas de um modo aleatório para se ter uma noção real dos problemas possíveis. Recebiam por recibo verde através da segurança social que por sua vez recebia das famílias conforme o seu rendimento.
Mas as que não se enquadravam na Segurança Social (essas do vazio legal, parece) também tinham a actividade regulada, sem estes apoios dos técnicos é certo, mas cumpriam normas para poderem receber as crianças. Perdeu-se isso? Ou estamos agora a abrir uma porta que há anos está aberta?!




Cereja

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Aos anti-futebol por boas razões

 Esta é para os meus amigos bem intencionados, muito longe do futebol e do que ele pode significar.
Eu compreendo bem quem se aborreça com o futebol e considere (bem) que é altamente alienante. É.
Quando consciencializei que este Verão ia ter futebol todos os dias ia-me dando uma coisinha má... Como o meu filho e o seu pai adoram este jogo, eu tive de alinhar um pouco se me queria sentir incluída em emoções tão fortes. OK. Também era só um mês... O facto de os jogos serem no Brasil, interpretei logo como sendo uma publicidade ao país, o ser chamado para a ribalta, ser mais conhecido, atrair turismo, enfim compreendi.
Como também compreendi que houvesse brasileiros que discordassem, que achassem que as vantagens eram poucas para os gastos que iam fazer, que era um desperdício de dinheiro quando havia tanto tão urgente para solucionar. Havia quem tivesse outras preocupações urgentes e vitais nalguns casos e estes esforços eram mal orientados numa terra tão carente.
Mas tive algumas discussões com amigas com opiniões completamente fundamentalistas, que levadas pelos disparates dos media e irritadas (com toda a razão) por isso, queria banir por completo o espectáculo em si mostrando um ódio exagerado. «Só ficava contente é que perdessem!» foi uma frase que ouvi várias vezes.
O meu filho, que não viu o jogo Brasil-Alemanha porque estava numa actividade inadiável, ouviu na véspera, os colegas desejarem  uma derrota ao Brasil, e no próprio dia noutro grupo também "anti-futebol" mostrar-se grande satisfação quando alguém informou sobre o resultado... Ele estava parvo! Eu, mais rodada, interpretei como solidariedade com o povo brasileiro que não precisava de futebol e sim de hospitais, escolas, transportes. Creio que a intenção era essa, era boa.
Não é essa de forma nenhuma a minha leitura.
«Nem só de pão vive o homem» segundo o velho pensamento, e para um povo que vê o futebol como uma religião, esse orgulho de serem bons nesse campo ajudava muito a levantar o moral. O que aconteceu, pelo contrário, seria de molde a provocar depressões - que felizmente não está no adn daquele povo.
No meio de tanta coisa difícil, de tanta tristeza, ao menos ali teriam uma alegria.
Esta tocante entrevista pode fazer pensar esses meus amigos que festejaram a derrota brasileira. Ele, guarda-redes, diz ali a chorar :
«Quanto era importante o Brasil ser feliz, ao menos por causa do futebol...»
Ao menos!!!!

 

Cereja

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Comentários

É uma triste amostra.
Na sua esmagadora maioria, os comentários que aparecem de um modo 'virtual', por exemplo nas caixas de comentários das notícias dos jornais, são de arrepiar. Não sei se por serem praticamente incógnitos - o nick com que quase todos assinam não é nada - mas o estar à frente de um teclado com a liberdade de poder dizer o que muito bem passa pela cabeça parece fazer vir ao de cima o que de pior o ser humano tem. Não dou importância aos inacreditáveis erros de ortografia e sintaxe que por sistema se lêem ou à escrita fonética que é moda, mas alguém dar-se ao trabalho de ligar o computador para alarvidades como comentar uma notícia de um atropelamento dizendo «bem feita, não se metesse à frente do carro», ou sobre as vítimas de um tufão «ahaha, foi um ar que lhes deu», e sobretudo a conversa entre vários comentadores sempre com um chorrilho de insultos e palavrões de parte a parte do mais violento e grosseiro que imaginem, é incrível.
Nos blogs isso já não acontece tanto porque o blogger tem na sua mão o poder de apagar um comentário desse tipo. E o mesmo se passa no facebook, podem aparecer (e aparecem!)  textos idiotas, mas quem comenta o que outra pessoa escreve sabe que se for muito inconveniente pode ser apagado... E até riscado da categoria de 'amigo'.
Mas no outro dia encontrei no fb um comentário que até voltei a ler porque nem queria acreditar que alguém fosse capaz de dizer aquilo... A notícia «partilhada» com foto ou vídeo já nem sei, era sobre o caso do jovem adolescente morto em Gazza como represália pela morte de uns israelitas, e na história falava-se de crianças desaparecidas que nem se sabia se estariam também mortas.
Era chocante. Ora entre os vários comentários de repúdio por essas mortes, alguém tinha escrito algo como «vocês sabem lá o que é que os pais dessas crianças teriam feito...»  Quando o Esopo contou a fábula do lobo e do cordeiro não ia tão longe!
Porque a pessoa que escreveu aquilo não dizia que era mentira o que seria mais natural. Ainda recordo depois da guerra ouvir uma minha tia-avó garantir que
Auschwitz era filmado em Hollywood pelos americanos e era tudo cinema...Portanto pode negar-se uma notícia daquelas com facilidade. Agora justificá-la, com o argumento de arrepiar que era bem feito, porque os pais das crianças eram maus, isso ultrapassa tudo! 
Mas é verdade. Li-o eu!

 Cereja

terça-feira, 8 de julho de 2014

Adicionar, não substituir





Encontrei estas fotos aí na net.
OK, se as encontrei na net e assim mesmo emparelhadas, passando uma mensagem óbvia é também uma prova de que a net é uma coisa boa. Quer dizer...
Quero dizer o óbvio, que a net é apenas um instrumento, afinal.
Não me parece que deva ser adorada nem diabolizada, tudo vai depender do uso que se faz como qualquer outro instrumento inventado e usado pelo homem.
Mas quando disse que a mensagem era óbvia, é porque os diversos comentários que acompanhavam as imagens era todas no mesmo sentido - de censura para o menino ocidental que trocava a vida da natureza pela vida artificial. Isso é bem sublinhado por os gestos serem iguaizinhos, iguais a sua  leveza,  iguais a sua atenção.  Aliás recordei de imediato que ainda há poucos dias, já nem sei a que propósito, perguntei ao meu filho «já alguma vez tiveste na mão um pintainho?» e confirmei que não. Nunca tinha segurado num pássaro, mesmo num pintainho...
Ora as críticas que apareceram quando se via este contraste, fulminavam sem apelo a criança (ou quem educava a criança) que segurava no aparelho. Que vergonha, temos de voltar à pureza da natureza... 
Não é essa a minha opinião (juro que não acordei hoje do contra!)
O que é lamentável, para mim, é que as máquinas substituam os outros interesses. Farto-me de bramar contra a educação feita só pela tv e internet, e com os jovens que comunicam mais por sms do que directamente, olhos nos olhos. Muito errado.
Mas se os saberes se somarem parece-me excelente. Se a criança da esquerda também souber acariciar um passarinho, e o menino de açafrão souber usara net, os dois saem melhorados. O saber uma coisa não deve limitar o restante conhecimento, deve ser adicionado. E assim tudo melhora que o mundo não é a preto e branco.
Claro que o patamar seguinte tem a ver com valores. E isso é a fundamental pedra de toque, o respeito pela vida, a compreensão da natureza, a aceitação dos outros.
Mas esse já é outro assunto.

Cereja

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Em louvor da tecnologia

Volta não volta deixo por aqui umas piadinhas sobre o excesso de técnica na nossa vida actual. A sensação de que estamos muito dependentes física e até afectivamente de «coisas» que muitas vezes são quase gadjets, até podem tornar o dia a dia mais fácil mas não são tão essenciais assim.
O que não quer dizer que não dêem jeito...! Não me sinto nada fundamentalista nesta área :)
Aliás há descobertas maravilhosas. Li no outro dia que a PSP distribuiu pulseiras para ajudar a localizar crianças perdidas durante o Verão. Podem ser usadas por pais ou educadores. É única e só pode ser lida pela PSP na sua base de dados.
Esta sim, é uma ideia muito inspirada. Só quem já perdeu uma criança durante algum tempo pode avaliar bem a importância que isto pode ter.
Há mais de 30 anos vivi a tarde mais horrorosa da minha vida.
O meu rebentinho tinha cerca de 3 anos e íamos sair os dois. Ele era ainda muito bebé e sobretudo estava muito atrasado a falar, não se explicando nada bem. Era um dia de muito calor e eu decidi tomar um duche, enquanto uma amiga minha que estava lá estava ocupada com qualquer coisa na cozinha. Saio da casa de banho meio a pingar e enrolada na toalha e chamo por ele, mas não responde. Não está em parte nenhuma! Diz-me a minha amiga já assustada «eu ouvi um barulho... ele terá aberto a porta?» Corro para a escada, descalça e de toalha, desço a correr os 3 andares do meu prédio sem o ver. Subo de novo a correr, enfio umas calças e uma teeshirt, enquanto a minha amiga volta a ver se ele não se teria escondido num sítio esquisito, e corro pelas ruas do meu bairro perguntando a toda a gente que encontro se o teriam visto. Nada!
Telefono ao pai (operação difícil porque não havia telemóveis e foi difícil localizá-lo) que deixa o que estava a fazer a meio e volta para casa. Voltamos a bater o nosso bairro de ponta a ponta sem sinais de um pirralho pequenino de 3 anos. E o tempo a passar... Vamos à esquadra da polícia, onde estão ocupados com outras coisas e displicentemente nos aconselham  calma, não tinham tido notícia de nenhuma ocorrência, e era muito cedo para iniciarem já uma busca. Muito cedo??! Tinha desaparecido quase há duas horas!!! Eu sentia-me a morrer.
Telefonamos a alguns amigos para nos ajudarem.
E o tempo a passar... Perto de nós estavam a lançar os alicerces de um novo bairro e havia caterpillers e valas imensas por todo o lado. Andei a ver cada um desses buracos, aterrorizada que tivesse caído para ali e não o vissem. E o tempo a passar... Ali perto havia um bairro de ciganos e fui lá com uma foto, pedir ajuda. «Ai que lindo menino!!! Ah vizinha, a essa hora onde é que ele já vai! Com uma carinha dessas, já o levaram!» opinião que nada me ajudou, como se imagina.
Tentou-se a televisão, que mostrassem a foto (creio que ainda só havia 2 canais) mas só no dia seguinte. Uma amiga jornalista, conseguiu que uma estação de rádio passasse o alerta do desaparecimento com uma descrição, do aspecto. E entretanto o pai fazia as buscas pelo seu lado, enquanto a minha amiga ficava em casa, junto do telefone para me avisar de qualquer coisa.
Era já escuro, quase 8 da noite, quando ela chega a correr: «Apareceu!!!!»
O pai tinha ido ao Governo Civil e de lá fizerem uma ronda pelas esquadras, descobrindo que numa delas, estava um menino que correspondia ao desaparecido. Tinha sido encontrado numa estação de metro, mas bem longe da nossa casa, creio que tinha decidido ir dar o tal passeio sozinho (?!!!) Um bom samaritano, deu-lhe a mão e levou-o à esquadra mais perto...
Bem, no dia seguinte comprei-lhe uma pulseirinha de prata com o nome e telefone gravados! Ora uma pulseira como esta actual, isso teria sido um sonho, uma magia...
Que afinal já existe. Abençoada tecnologia!



Cereja


Ausência




Ena!!!!!
Entro aqui no blog e fico de boca aberta, como foi possível tê-lo deixado ao abandono durante tanto tempo! Parece-me quase um recorde. Mesmo em férias creio que nunca estive quase um mês sem escrever aqui nada!
É certo que tenho para ali vários posts em "rascunho" mas desgraçadamente, deixei-os tempo demais e eram assuntos do momento que perderam a oportunidade.
Bem, meus amigos, desculpas sinceras e a promessa que agora vou recomeçar como deve ser. Retomar o ritmo.
Até já!

Cereja