quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Ena tantas...

Reconheço que não fixei o nome da vila(?) cidade(?) região(?) onde se passa este fenómeno. Mas para o caso acho isso secundário desde que o facto seja verdadeiro.
Imaginem que estava ontem a discutir questões de género e às tantas ouvi um jovem que eu conhecia mal mas era professor universitário pelo que merece certo crédito, contar uma história espantosa que ele garantia ser verdade.
Há pouco tempo tinha assistido a uma mesa redonda, creio eu, onde uma das oradoras era uma senhora brasileira. Também se debatia algo ligado ao género, e a senhora deu a sua opinião com toda a calma e segurança. Depois de todos terem falado, ao chegar ao ponto das perguntas da assistência, alguém perguntou a essa senhora se ela não era natural de ******* ? ( e aqui entra a minha falta de atenção, porque não fixei o nome da terra)
Com toda a naturalidade ela confirmou.
A pessoa que tinha feito a pergunta informou então o resto da assistência que essa terra era conhecida por ter um ratio de 15 mulheres para 1 homem.

Como......?

A oradora não o negou. Parece que a imigração masculina é enorme. Mas... mas... Quinze mulheres por cada homem? O que é que elas lhes fazem para eles fugirem?
Pensando bem deve ser péssimo ser homem nesse lugar, mas que solidão!






Pé de Cereja

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Mas o que se passa com "os meus" teclados?

Bolas! 
Todos nós escrevemos (ou teclamos como agora se diz) muitas vezes por dia. Todos os meus amigos têm um pc. Tornou-se tão comum como o telemóvel, talvez.  Eu, como sou rica, tenho dois. Um de secretária, e um portátil.
A coisa começou com o de secretária. Enquanto a torre do dito dura anos, o monitor idem, os meus teclados ao fim de cerca de um ano de uso, começam a desmaiar, a não se ver as letras, muito apagadinhas, sobretudo as que mais se usam, e às tantas enervo-me e compro um teclado novo! Se calhar o erro é não comprar um mais caro, mas quando sai da caixa parece óptimo. Até… de novo as letras começarem a desfalecer, a apagarem-se e lá tenho eu que adivinhar se é um O ou C, um R ou um P, se é um M ou um N. E os meus amigos riem-se, dizendo que sou uma palerma, que devo bater aqui à bruta porque nunca tal lhes acontece.
Sniff… Mas nos portáteis a coisa resiste muito mais, nunca me tinha acontecido as letras desmaiarem. E eu pensava que era porque o modo de gravar as letras nas teclas era de melhor qualidade.
Oh, desilusão!! Bem sei que este em que escrevo agora já não está na flor da idade, mas começa a apanhar o mesmo vírus: o O já parece um C, o pobre do A só mostra o ângulo de cima, o R está igual ao P, e o M e o N estão iguais, vê-se o cantinho de cima e mais nada.
Pronto, o defeito é meu, só pode ser. Vou treinar a escrever como as boas dactilógrafas, que nem olham o teclado. E assim até pode estar tudo em branco que não me rala!



Assim, já me valia a pena...



Pé de Cereja

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

...verdade? ou imagem?


«Uma imagem vale mais do que mil palavras» diz a tal sabedoria chinesa.
Muitos de nós acreditamos nisso, uma vez que se pode mentir com a maior facilidade (quem nunca o faz?) e quando se vê uma imagem tal transporta uma grande força de veracidade. «Vi, com os meus próprios olhos!» é um argumento que costuma ‘arrumar’ com algumas discussões.
Por outro lado, mentir é facílimo. Mentir «bem», de modo a não ser apanhado, é que nem sempre é fácil.  Lembro-me de um jogo-cantilena, de quando era criança, que não me lembro como começava mas a cantilena era «mentes tu! porquê, onde estavas tu? estava em casa de X. Mentes tu! (dizia o X) porquê, onde estavas tu? estava em casa do R. mentes tu, dizia o R... » etc e hoje quando oiço certos debates entre políticos de cores semelhantes parece mesmo que estou a ouvir «mentes tu!»
Mas o certo é que é das noções que mais me faz pensar e ter dívidas, essa tal da ‘verdade’. O que é "isso"? Lembro-me muitas vezes das conversas que tinha com o meu filho quando era mais novo e muito fundamentalista nessa coisa das verdades e mentiras.« –Oh mãe, o sr. que diz o tempo é mentiroso; disse que ia fazer sol e está a chover!» «Não, não é mentiroso, enganou-se. Uma pessoa pode enganar-se….»
E daqui partem muitos conceitos que são difíceis para as crianças e até para certos adultos. A mentira é uma falta consciente à verdade. Tendo conhecimento de um facto, afirma-se outra coisa sabendo que isso é falso.
E depois existem as variadíssimas qualidades de não-verdades! Omitir uma coisa, por exemplo. A mentira-social: Negar ou afirmar algo, para não magoar alguém, é mentira?
Mas comecei a falar nas imagens que, coitadinhas, não têm muita culpa, porque afinal são mesmo o que mais se pode manipular.
Os intervalos em tv, são como sabemos enooormes, e recheados de anúncios. Alguns muito bem feitos, outros nem por isso, mas há algum que não seja mentiroso? Basta o modo como aquilo que se quer vender é fotografado, por outro lado a facilidade de aplicação do material, o aspecto felicíssimo de quem os utiliza, etc.
Já viram os lindíssimos carros que deslizam em estradas onde não se vê mais nenhum?! Claro que são bonitos, que andam bem, que são cómodos, mas gostaria de ver uma filmagem dessas belezas na IC19 pelas 18, 19 horas. Isso sim.
Mentiras? Huuummm...
Mas lá que não acredito nas imagens, isso é certo.
São umas grandes mentirosas!!!
Pé de Cereja

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Falta de respeito (pelos utentes)?


Costumo ouvir rádio enquanto almoço. Ontem fiquei a ouvir distraidamente as conversas que se seguem à notícias. O tema, discutido tipo mesa redonda, interessou-me porque focava o alvo de muitas queixas minhas – o exagero de avarias nas escadas rolantes e elevadores do Metro de Lisboa. Quem costuma utilizar esse transporte já sabe que é muito bom e prático a parte dos comboios, propriamente ditos, mas mesmo as estações mais modernas sofrem de avarias constantes nos «mecanismos de apoio» a quem tenha falta de mobilidade.
Que as coisas avariem, é normal. Faz parte da sua condição. Mas custa-me entender que avariem tanto e sobretudo que levem dias, semanas, meses, a serem consertadas!
Não fixei, porque como disse estava a almoçar e não tinha ali papel e lápis, mas fiquei com a ideia de que neste momento, entre elevadores parados, escadas bloqueadas e passadeiras que se tornaram simples corredores, o «nosso» metro tinha cento e quarenta e tal casos.
Quantas estações existem? Assim por alto creio que umas 50, o que significa que ou todas têm avarias ou algumas delas têm  quase todos os equipamentos estragados.
E o impressionante, como disse, nem  é a questão da avaria em si, é o tempo que leva a consertar!!! Recordo um elevador da estação da Alameda, que seria muito útil por vai até ao cais, mas que por cada mês de funcionamento temos de suportar uns 3 ou 4 meses de paragem. Nem vale a pena contar com ele.
Mas essa interessante mesa redonda deu-nos também a versão do Metro. Afinal tudo se resume a que eles quiseram fazer as coisas bem feitinhas, e portanto abriram um concurso internacional. Ora todos sabemos que um concurso internacional leva muuuuito tempo, não é?
A culpa portanto não é da administração do metro, é da demora dos concursos. A tal burocracia.
E devem achar que os utentes são uma cambada de palermas.
Porque quando os arquitectos ou fosse lá quem fosse, fizeram o desenho das estações via-se claramente que iam usar escadas rolantes e elevadores. E também era evidente que essas coisas necessitam de manutenção. Não era normal que abrissem esses famosos concursos internacionais nessa altura? De modo a poderem dar resposta correcta e em tempo útil assim que aparecesse a primeira avaria?
Não. 
Estão agora (?!) à espera do resultado do concurso, e os elevadores a enferrujarem.
Inteligente, não é?

Pé-de-Cereja


segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Uma grande onda


Muitos de nós temos presente uma frase, (não exactamente um slogan...) que os franceses usavam quando queriam referir a monotonia da vida dos subúrbios. Era uma seca isso do «métro, boulot, dodô». Foi uma frase que ficou como símbolo de uma vida cinzentona, triste, feita só de trabalho e sem nada de interessante. Mesmo aqui, a malta em Portugal um pouco mais culta, usava a expressão quando se queixava de um emprego desinteressante e que ocupava muito tempo.
Entretanto veio «A CRISE».
Com uma força brutal, apanhando nas suas malhas até mesmo quem pensava que não viveria muito bem mas tinha a reforma garantida... Nós, na nossa terra, até temos medo de abrir o rádio, de manhã, ou ler o jornal quando saímos de casa, com o terror de pensar «o-que-será-a-novidade-de-hoje»? Porque boa, sabemos que não é.
E também temos a noção que isto não se passa apenas em Portugal. Antes fosse, porque a solução seria imigrar-se em bloco, fugir daqui. Não. Esta assustadora onda espalha-se por todo o lado.
De tal modo que a famosa expressão francesa já não é «métro, boulot, dodô» e sim...."métro, boulot, caveau"!
Rima na mesma, mas é bem mais deprimente, porque ao mexer-se na idade da reforma está a diminuir-se os anos de relativa paz, ou seja a fazer-se uma directa do ‘boulot’ para a sepultura.
Com outra vertente «interessante», é que se os empregos ficam ocupados até mais tarde pelos trabalhadores, os jovens que acabam a sua formação continuam desempregados mais uns tantos anos. À espera que o avô finalmente se retire...

Pelo menos a França agita-se
Alguma coisa se passa. Parece uma vaga de fundo
E nós?



Pé-de-cereja

domingo, 17 de outubro de 2010

Pombos

Se baptizei este blog de «cerejas» como perceberem logo, foi pensando que uma ideia-puxa-outra e, não apenas os comentadores do blog poderiam ir pensando coisas por associação com o que eu escrevia, como eu própria também me lembrava de assuntos por sugestão de algo que tinha dito aqui.

Ora cá vem. Os pombos.

Quando contei a história verdadeira da gatinha que veio fornecer a dispensa da minha amiga, disse que ela apanhara um pombo mas não sei se foi exactamente isso. A verdade é que numas dezenas de anos a imagem de ‘pombo’ deu uma reviravolta de 180º. Quando eu era criança falava-se nos ‘pombinhos’ de uma forma ternurenta, as crianças eram muitas vezes fotografadas numa praça rodeadas de pombos, e a imagem de pombo era inocente, pacífica, bela.

Hoje, nas cidades, dizemos de dentes cerrados «malditos pombos» quando temos de abrir caminhos no meio de grandes bandos que nem se dão ao trabalho de levantar voo, porque eles multiplicaram-se de um modo espantoso. São milhares e milhares. Perderam a graça e a inocência.

Ora há uns anos eu tinha uma casa numa aldeia. Casa essa que ficava paredes-meias com uma grande mansão que nas férias era habitada por uma dama que na terra tratavam respeitosamente por senhora viscondessa. A ‘viscondessa’, altiva e idosa, fazia-se acompanhar por um séquito de criadagem, o chauffeur, não sei se mordomo, e várias criadas que andavam fardadas, de bata e avental e touca na cabeça. Uma espécie de libré. Para muita gente começando por mim, completamente ridículo e desadequado.

Acontece que nessa época eu tinha um gato. Encontrado na rua, esfomeado, e quando o recolhemos cabia-nos na palma da mão. Cresceu, é claro, e viveu connosco uns 16 anos sempre com vitalidade e energia. O veterinário concordava que o facto de aos fins de semana andar em liberdade na aldeia só lhe fazia bem. Claro que domingo à noite recolhia ao cesto e voltava para Lisboa.

Parece que a viscondessa tinha um pombal com pombos. Nunca tinha prestado atenção a isso até que certo dia, me bate à porta uma jovem fardada de criada, que com uma voz muito sumida e atrapalhada, disse que trazia um recado da viscondessa, o meu gato tinha caçado um dos seus pombos e ela exigia que eu mantivesse o gato preso em casa! Assim mesmo. Olhei serenamente para a mensageira que não tinha culpa nenhuma da má educação do recado, e respondi-lhe, que me propunha pagar o pombo caçado, quanto ao resto, uma vez que ela tinha o pombal e eu tinha o gato dividíamos as horas do dia. Metade do dia eu fechava o meu gato e os pombos dela voavam por onde queriam; na outra metade ela fechava os pombos e o meu gato circulava como lhe apetecesse…

(E a ironia disto é que tudo se passava numa aldeia onde existiam dezenas de gatos à solta, para além do meu!)

O certo é que a senhora não mandou nenhuma resposta, e o bom do meu gato continuou a correr pelos quintais em liberdade.



Pé-de-cereja

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Ar livre



Há muita gente com ‘fobias’, ou pelo menos chamam-lhe assim. Uma fobia-a-sério, é coisa grave, que impede uma vida normal, mas habituámo-nos em conversa leve a dizer «ah, ele tem a fobia de...», ou «oh menina isso já é uma fobia!» o que não faz nenhum mal, é apenas um modo de falar.

Entre as fobias «a sério» existem umas muito conhecidas : agarofobia, claustrofobia, hidrofobia, - para não falarmos das xenofobia ou homofobia socialmente reprováveis - mas a lista é enorme ( isto é um link, atenção) existindo até a afobia : medo-da-falta-de-fobias

Eu, reconheço que tenho uns traços de claustrofobia. Só uns traços. Não receio entrar num elevador, ando de metro e, se for preciso, trabalho numa sala sem janelas, mas... não gosto muito. Não me venham falar da beleza das grutas, por exemplo. OK, OK, podem ser lindas, mas em fotografia!

E assim fiquei com uma admiração sem limites pelos mineiros que resistiram debaixo de terra durante dois meses inteiros!!! Digamos que a história acabou bem, todos se salvaram. Também tenho de reconhecer que decerto nenhum daqueles homens era claustrofóbico ou não teriam nunca ido para aquele emprego. Mas....

Quando me imagino naquela situação tenho quase a certeza de que não aguentava. Claro que se provou que o ar que tinham para respirar era suficiente, mas o sentimento de estarem ali, forçosamente fechados... Ná.

Vou já pensar noutra coisa e em espaços muito, muito abertos!!!




Pé de Cereja

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Uma fábula moderna


Esta história espantosa passou-se há cerca de um mês.
Uma amiga minha vive num prédio que tem um enorme terraço. Ela tem vários projectos para o arranjar, mas há sempre urgências «mais urgentes» e portanto aquilo está mais ou menos vazio. Desde há uns tempos que tem aparecido por ali uma gata, que pertence a um vizinho mas deve achar que ali tem mais espaço para correr e se espojar. E a minha amiga sempre lhe vai dando qualquer coisita que sobrou do seu jantar e nem sei bem se já se deu ao trabalho de ter uma lata com comida de gato para Sua Excelência.
Acontece que certa tarde, ela lá apareceu, com miados e ronrons, mas não havia nada de comida. A minha amiga explicou –Hoje não há! A gata, nada. Insistia. E recebia a mesma resposta, «não há! Não tenho nada!», até que já um tanto farta vai até à cozinha, com a gata, atrás abre o frigorífico e explica: «Vês? Não há! Hoje não tenho nada
A gata meteu o rabo entre as pernas e foi-se embora.
Meia hora depois enquanto a minha amiga se ocupava com outras tarefas sentiu algo roçar-lhe as pernas: Era a gata que lhe vinha pôr aos pés um pombo que tinha ido caçar.
Era a sua contribuição para a miséria daquele frigorífico!!!

Pé-de-cereja

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Olá!

Blogs há tantos, tantos, tantos que exactamente é isso que nos dá coragem de iniciar um. Afinal quem é que dá pela existência de mais um grão de areia na praia, ou uma estrelita no céu?...
E este é apenas «mais um».
Simplesmente.
Reconheço que não sou completamente inexperiente nestas coisas da blogosfera mas estive uns meses de pousio e soube-me bem. O meu velho blog estava a tornar-se pesado e desejo agora uma coisa mais leve, onde escreva quando, e só quando, me apetecer, sobre seja o que for, e sem me ralar nada com os temas importantes, porque para isso há muita gente sábia que os aborda bem melhor do que eu.
Esta é apenas uma janela, para escrever o que na altura me apetece, e - claro- esperar que alguém passe por aqui e me deixe a sua opinião. Por isso se chama 'cerejas', porque evidentemente sem a menor originalidade «as conversas são como as cerejas» e o que tem interesse é mesmo conversar.


Pé-de-cereja