segunda-feira, 22 de agosto de 2016

O ridículo de algum do politicamente correcto. Detesto fundamentalismos!

Na essência está certo. O politicamente correcto ajuda a perspectivar atitudes ou discursos que estarão certos ou errados segundo valores importantes. Isto, em princípio. Mas neste momento quando se ouve a expressão ficamos logo desconfiados, e com razão.Os fundamentalistas dessa correcção (?!) tomaram o freio nos dentes e sai parvoíce, dando má fama ao conceito.
Veja-se isto
Sorriram, não sorriram?
Um meu amigo de facebook, que tem sempre, mas sempre, uns posts engraçadíssimos onde joga com trocadilhos de palavras, muito inspirado, deixou este boneco. Eu sorri, e ia deixar-lhe um 'like' com uma palavra de apreço, quando vejo este comentário «Partilhei este meme num grupo de designers, sem me aperceber da infeliz mensagem racista que (também) contem. Apaguei o post quando um colega me alertou para o facto de em português o «bold» se dizer negrito»
Ooooooh!

Poramordedeus!!!
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Ná! O ridículo não mata, está provado.
Mas o exagero do politicamente correcto faz perder a paciência.


Cereja

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

O mundo tem mudado para melhor



Fez ontem 80 anos que assassinaram Federico Garcia Lorca.
Uma perda irreparável para a cultura, uma perda enorme para Espanha, uma figura riquíssima, poeta, dramaturgo, escritor, pintor, compositor, pianista... Mataram-no quando tinha 38 anos, no auge da vida.
Foi logo no início da guerra civil, e a acusação seria por ser 'rojo' um perigoso esquerdista. Mas todos os relatos sublinham que foi uma vítima do que hoje se chamaria «crime de ódio» crime motivado por preconceito, uma das demonstrações disso foi os seus assassinos se gabarem de não o terem fuzilado de frente como era a regra, mas viraram-no de costas para o pelotão, numa alusão à sua homossexualidade. Arrepia? Pois, eles acharam graça.
Sabemos que este preconceito têm raízes muito espalhadas. O facto de se ser gay é aceite (é?) quase que apenas só nos países do 1º mundo. Numa grande parte do mundo é ainda castigada essa orientação sexual, e muitas vezes mesmo que a lei não permita a homofobia declarada e portanto legalmente se possa castigar quem a pratique, socialmente há práticas de bulling que de um modo ou outro ostracizam quem se enquadre nessa situação.
Mas....
Mas o mundo tem mudado! Até o facto de existir uma palavra para esse conceito, a homofobia, já é algo de notável. E a palavra nasceu em 1971, só há quarenta e tal anos apenas, 'inventada' por um psicólogo judeu/americano. Até então era 'um crime' uma orientação sexual diferente da maioria, punido mesmo com prisão em muitos países.
Faz-nos reflectir no porquê...? Tirando a antiguidade quando na Grécia a homossexualidade era tão normal que ficou conhecido como «amor grego» o amor entre pessoas do mesmo sexo assim como Lesbos famosa ficou, vê-se ainda um horror enorme, creio que com origem religiosa mas vai mais além disso. Porquê? É certo que a raça, ou a religião também provocam reações fortes como se sabe mas a luta anti-gay parece completamente desproporcionada em relação às outras. Que ameaça podem sentir?
Felizmente os Lorcas ou Oscar Wildes, hoje viveriam bem nos seus países, faltando ainda imenso para o que seria justo o mundo está um pouco melhor. 

Um pouco.

Cereja

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Má educação

Quando eu era criança e interrompia quem estava a falar era repreendida com alguma severidade. Não se faz! diziam-me. Claro que as crianças que ainda não aprenderam as normas sociais o costumam fazer com frequência, e por isso mesmo são ensinadas. Mantendo ainda a recordação de infância, o que então se passava é que quando a conversa era entre nós, miúdos, se um interrompia o outro falava mais alto, e o primeiro falava ainda mais alto, até que se chegava a gritar uns com os outros. Então se estava algum adulto por perto vinha logo meter-nos na ordem ralhando.
Mas, na hierarquia familiar (coisa desaparecida hoje em dia, e mal segundo o meu ponto de vista) um pirralho não devia interromper quando um grande falava. Questão de educação.
Talvez por isso, por ter sido educada noutros tempos, me choca assistir muitas vezes na comunicação social não-escrita - na escrita creio ainda isso não ser possível - a debates ou até mesmo simples conversas onde cada um fala por cima do outro, aumentando o tom de voz, naquilo que no meu tempo seria uma grande falta de educação!!!
Mas há uma «moda» (??) em quem pratica jornalismo na actualidade que me irrita. Aliás são duas atitudes qual delas mais irritante: 
a) fazer uma pergunta (ou colocar uma questão como agora se tem de dizer...) com a resposta já implícita. Mas que raio....! Perguntarem «o que pensa de ****? Não é porque **** e mais*** levam a que ****?» faz com que o protagonismo recaia sobre quem faz a pergunta, que se calhar é o que querem... 
b) Interromper o que alguém diz desviando a conversa para fazer uma pergunta.
Ontem assisti a uma dessas cenas tristes na nossa tv. Estava uma pessoa a falar e ouve-se uma voz feminina a interromper para lhe perguntar uma coisa. Era feio, fosse quem fosse. Mas, ainda por cima, voltando à questão do respeito e hierarquia, quem estava a falar era o Primeiro Ministro...! E a badameca de uma jornalista senhora com um microfone sente-se autorizada a interromper para lhe perguntar qualquer coisa. Que, aliás se não tivesse sido malcriada ele iria referir já adiante.
É por estas e por outras que cada vez vejo menos tv. Prefiro ler notícias, por enquanto estas cenas são impossíveis na palavra escrita.




Cereja

sábado, 13 de agosto de 2016

Os livros de auto-ajuda (?!)

Quando era criança estava na moda (?) um livro com um título que eu achava engraçado, chamava-se «Como fazer amigos e influenciar pessoas» escrito nos finais dos anos 30. Eu era muito criança mas achava curioso que se confessasse à cabeça que se desejava 'influenciar pessoas' coisa que a ética daqueles tempos não aprovava. Foi o primeiro livro tipo auto-ajuda de que ouvi falar e dado o sucesso que teve decerto auto-ajudou o Dale Carnegie a ficar rico...
Essa galinha dos ovos de oiro nunca mais deixou de pôr ovos. Sabemos que os escaparates das livrarias estão cheios de livros com bons conselhos. Escritos por uns senhores, peritos em embrulhar o óbvio de um modo atraente, mas que decerto vendem muito ou não os escreviam.
Li agora uma referência a um escrito por uma senhora que é psicóloga, psicoterapeuta e assistente social! Ena! E ensina-nos quais são as  treze coisas que as pessoas com força mental não fazem. Ela, obviamente, tem força mental e não as faz.
Ora são uns bons conselhos, que faziam imensa falta, nunca, jamais, por nós próprios nos teria ocorrido tais surpreendentes coisas: 1- Não perdem tempo a sentir pena de si próprios 2 - Não abdicam do seu poder 3 - Não fogem da mudança 4 - Não focam a atenção no que não podem controlar 5 - Não se preocupam em agradar a todos 6 - Não têm medo de assumir riscos calculados 7 - Não se perdem no passado 8 - Não repetem os mesmos erros 9 - Não ficam ressentidos com o sucesso dos outros 10 - Não desistem após o primeiro fracasso 11 - Não têm medo de estar sozinhos 12 - Não sentem que o mundo lhes deve alguma coisa 13 - Não esperam resultados imediatos.

Estão a perceber? Fácil, fácil... Não se deve perder tempo a sentir pena de si próprio (coisa que se faz voluntariamente, claro) e sim «ver o bom que há no mundo e apreciar aquilo que tem».  E não abdicar do poder - qual poder? E não repetir os mesmos erros, oh não me tinha lembrado disso! Etc.
Mas esta senhora que certamente tem uma «força mental» excelente, escreveu isto tudo, está traduzido em várias línguas, o que a deve auto-ajudar bastante. Mas que bom!




Cerejas


sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Atitudes

Já aqui tenho dito que por feitio e por educação, sou poupada e não gosto de deitar fóra o que ainda tenha préstimo. OK, não sou exactamente uma acumuladora compulsiva, longe disso, de vez em quando faço umas belas arrumações e a casa fica cheia de espaço!!! Mas deitar para o lixo um objecto em bom estado faz-me impressão.
Isso sempre se passou com roupas. Quando era criança 'herdava' vestidos de filhas de amigos dos meus pais que 'passavam a outros' os que deixavam de me servir. Era natural. Com uma «sociedade de (falsa) abundância» isso passou à história, e raramente há uns anos se trocavam roupas. Actualmente, com a brutalidade da situação económica, surgem que nem cogumelos uns recipientes para receber roupa usada que será reencaminhada para quem necessite.
Ora é necessário ter uma certa educação para entender o uso disto. Pelos vistos, nem é só cá que há quem use aquilo como uma espécie de caixote do lixo da sua roupa. Ofensivo e estúpido.

Esta história chegou aos jornais 
Ora neste caso como tem um vídeo engraçado talvez tenha alguma repercussão, mas não acredito muito. Pode 'abanar' quem já sentisse um pouco desconfortável mas não atinge quem deveria atingir, imagino eu. O desfile até tem graça, e eles riem-se. Mas enviar para campos de refugiados a precisar de roupa confortável, vestidos de toillete com lantejoulas, folhos, em organdi ou cetim é de doidos. Ou sapatos de salto alto, muito chics. Ou tops sofisticados. Ou, no caso oposto, roupas velhíssimas, rotas, a cair aos bocados... Este é um caso onde como lá dizem se deve «doar as roupas a pensa na necessidade do receptor» mas imagino que para muita gente nem se imagine bem o que sejam as necessidades de quem está naquela situação.
No caso das doações aqui em Portugal tenho ouvido que algumas coisas (desadequadas) podem ser vendidas em lojas de segunda mão e nesse caso o dinheiro poderá ajudar quem precisa. Será verdade?




 Cereja


quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Fogo e destruição

Deixei ontem de manhã aqui um post com considerações sobre os fogos que grassavam por este país. Escrevi-o num tom calmo e, olhando hoje para ele, um tanto frio e distante. Dei a minha opinião como se falasse de algo que não me dizia respeito.
Não o vou apagar. Escrevi-o, está escrito.
Mas a emoção que sinto hoje é completamente diferente! É de horror, medo, solidariedade, ao ver como «Há quatro anos que Portugal não ardia assim» e sobretudo ao ver imagens da Madeira em chamas sinto o mesmo horror incrédulo de que me recordo quando há quase 30 anos vi arder o Chiado.
Não-é-possível, pensamos. Mas é. Foi possível. Mil desalojados, mortos, desaparecidos, e um centro histórico atingido brutalmente. Uma terra que vive, e com toda a razão, sobretudo do turismos e das suas belezas naturais este é um golpe brutal. 


E terá de se estudar com toda a honestidade como é que foi possível para que nunca, nunca, nunca mais se voltem a ver aquelas imagens.
A culpa não é da natureza.

 Cereja

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Fogos

Incêndios.
Todos os anos por esta altura o cenários se repete.
Todos os anos.
Quando se começa a pensar «este ano a coisa está melhor» recomeça a mesma cena, as mesmas imagens de terror. Fogos extensos, gente desesperada, bombeiros que se multiplicam mas já não conseguem fazer mais nada, perdas imensas e não só materiais porque há coisas que nenhum seguro pode pagar, recordações de vidas inteiras...
Mas que raio de fatalidade é esta? É "o destino"? O fado? Não se pode prevenir este horror?
Tenho uma amiga que nasceu numa aldeia, filha de aldeões. Tem uma opinião firme sobre isto. Diz-me ela que quando era criança, todo o mato seco se aproveitava. Era com esse restolho que se aqueciam as casas no inverno, se cozinhava, se faziam as camas dos animais, e alguma dessa palha até servia para alimentar esses animais. O restolho era um bem. Até se vendia!

Com o progresso isso a pouco e pouco desapareceu. O restolho é um empecilho que não serve para nada e ninguém o quer, portanto limpar os terrenos passou a ser uma coisa que só dá trabalho sem nenhuma vantagem. Além de que com a desertificação do interior vêem-se muitas terras abandonadas. Ora não se pode «voltar atrás» nem isso seria bom, mas se calhar se os milhões que se gastam agora a combater incêndios tivessem sido gastos a limpar terrenos, tínhamos lucrado imenso!
E há ainda outra «prevenção»: mão pesadíssima para os abutres que lucram com estas situações, construtores em certas áreas, e madeireiros noutras. Investigações muito a sério para os fogos postos, crime sem perdão. Ah, e já agora talvez aconselhar as tvs a não trabalharem para o deleite dos incendiários está bem? 

Porque é normal que com um Verão muito quente existam incêndios espontâneos, isso será difícil de evitar por completo, mas não é normal este inferno na terra a que assistimos nestes últimos dias!



Cereja

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Culinária moderna e chic

Li ontem um texto fabuloso de Rui Vieira Nery. 
Como o link é do facebook não sei como resulta aqui, e o texto é grande demais para o copiar aqui na íntegra, vão só uns extractos. É uma pena se não se ler todos porque o quadro da cozinha à antiga da D. Adozinda  é magnífico, e a descrição dos cozinheiros actuais, perdão, dos chefs, ainda é melhor!  Os nomes próprios seguem um abcedário previsivel – Afonso, Bernardo, Caetano, Diogo, Estêvao, Frederico, Gonçalo, … – e os apelidos parecem um anuário do Conselho de Nobreza, com uma profusão ostensiva de arcaismos ortográficos que funcionam como outros tantos marcadores de distinção – Vasconcellos, Athaydes, Souzas, Telles, Athouguias, Sylvas…

As críticas que faz à «nouvelle cuisine» são engraçadíssimas de tão verdadeiras. Realmente encontramos pratos que se podem chamar  "profiterolle de anchova em cama de gomos de tangerina caramelizados, com espuma de champagne”, o “ceviche de vieira com molho quente de chocolate branco e raspa de trufa”, a “ratatouille de pepino e framboesa polvilhada com canela e manjericão”
Já me aconteceu provar uma coisa dessas. Poucas vezes. Pouquíssimas vezes. E oscilei sempre entre a vontade de rir, e o irritante resultado que consiste em pagar uma brutalidade por uma barrigada de fome!
Porque além dos nomes poéticos e da inquestionável beleza da «apresentação» do prato, a merecer uma bela foto e ser colocada na parede, comia-se em dois minutos e ficava-se a morrer de fome.
......
Além da sensação desagradável de que se estava a fazer pouco do cliente. Hmmmm....






Cereja

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Os genéricos e a desconfiança do preço mais baixo

Ao abrir o DN vê-se que o tema de hoje são os genéricos. Com base numa reportagem que avaliou até que ponto a venda de medicamentos genéricos "pegou" para quem precise de remédios-de-farmácia, tiram-se algumas conclusões interessantes que coincidem bastante com aquilo a que assisto com frequência.
Afinal a base da desconfiança é natural. Vulgarmente faz (ou fazia) sentido que entre dois produtos semelhantes o que seja de melhor qualidade custe mais dinheiro porque o material é melhor e a confecção mais cuidada. Era assim no passado. Recordo o meu pai dizer que não era rico para comprar sapatos baratos, quando comprava uns novos tinham de durar! E actualmente conhecemos o caso das 'contrafacções' que são imitações, muitas vezes parecem impecáveis, podem confundir-se com a peça original, e... são bem mais baratas porque não pagam os mesmos direitos nem impostos. E não terão tanta qualidade.
Mas também é verdade que na nossa sociedade de consumo as coisas já não são como dantes. Muitos produtos são igualmente bons, pagamos mais é pela embalagem! A chamada «apresentação» é um valor que se paga à parte, e muitas vezes bem caro. Um exemplo claro são os tais «produtos marca branca» - o que quer dizer «sem marca» - e que são tão bons ou tão maus como os que têm uma linda embalagem. Pagamos a mais a embalagem.
No caso dos medicamentos a «marca branca» chama-se «genérico». A composição é aquela que os médicos desejam que se tome, mas o nome é outro e é mais barato. «O preço é mais baixo porque expirou o prazo de exclusividade da patente», só isso. Contudo há gente desconfiada, se-tem-outro-nome-não-deve-prestar pensam. É uma mentalidade que é difícil de combater.
A mim, que prefiro comprar produtos de marca branca ou até 'a peso' quando se pode, e ainda antes da chegada do genérico já comprava o medicamento que fosse mais barato se tivesse a mesma composição, isto faz muito sentido e considero que as farmacêuticas já são bem ricas sem a minha ajuda.
Por isso me faz confusão haver vários genéricos e com vários preços...?! Cada farmacêutica tem os seus genéricos (!!) e uns podem ser mais caros do que outros. 
O que quer dizer que ficam sempre a ganhar as espertalhonas.



Cerejas