terça-feira, 26 de julho de 2011

Quanto mais armas melhor



Todos temos direito à nossa opinião.
É um direito fundamental, assim como pode-la exprimir.
Mas é certo que quando essa opinião me aparece como o rigoroso oposto daquilo que eu penso e sinto, deixa-me um certo mau estar.
Creio que desde sempre, pelo menos desde que penso nestes assuntos, que considero um perigo grave o direito de um cidadão comum poder ter uma arma de fogo. Como disse já não sei onde, quem quiser matar, tem muitas hipóteses de o fazer, com uma faca de cozinha, com um pau, com uma corda, até com as suas mãos nuas. Nunca se pode evitar esses casos. Contudo um assassino desses só pode matar uma pessoa de cada vez, e tem de estar perto dela. Não sei como dizer isto, mas parece-me mais 'leal' (?), a vítima estando perto poderá eventualmente ter hipóteses de se defender.
No assassinato a tiro é mais calculado e frio. E – como se vê – muito mais mortífero porque uma só pessoa pode matar quase 100. Daí o ter pensado que este cenário da Noruega reforçaria a minha convicção de que armas apenas nas mãos das forças de segurança (e até aí com grande cautela!)
Pois não senhor. Leio, boquiaberta, que afinal o mal era que os noruegueses andam com poucas armas!!! :
A solução portanto é esta, todos aos tiros e... ganhe o que tiver mais pontaria.
Fico arrepiada, sim.
Ele terá direito a pensar assim, e eu tenho direito a ficar chocada.

Pé-de-Cereja

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Horror

Não pretendia falar aqui na história que nos tem impressionado nestes últimos dias e não o vou fazer. Os factos podemos lê-los e ouvi-los por todo o lado. Mas tenho pensamentos associados e esses apetece-me partilha-los:
Quem pratica este tipo de crimes deixa-me, para além de profundamente horrorizada, confusa.
Não pretendo dizer que entendo um assassino. Não sou uma ‘profiler’, as «mentes criminosas» da série da tv parecem pertencer a uma raça estranhíssima. E esta criatura poderia encaixar num dos episódios de essa série!
Desde há anos que vamos assistindo a cenas horríveis de pessoas que entram em locais públicos (muitas vezes escolas) e disparam sistematicamente até no final se suicidarem. Columbine serviu de triste exemplo dessa situação, que se tem repetido por todo o lado. Tem-se procurado explicações focando a mente perturbada desses assassinos, a facilidade de acesso a armas de fogo. Horrível, sempre.
E temos também os terroristas, gente que tem um ideal qualquer e, monstruosamente, considera que pelo facto de matar pessoas completamente inocentes isso pode intimidar e assustar os seus inimigos, pode ganhar vantagens na guerra que trava.
Este monstro de Oslo parece pertencer a esta segunda categoria mas com especificidades. No seu manifesto e comunicações, que circulam em vídeo mas prefiro não deixar aqui, ele ataca o multi-culturalismo e os muçulmanos que considera estarem a invadir a Europa. Muito daquilo, se trocarmos muçulmanos por judeus, já os nazis andavam para aí a dizer há oitenta anos. Até parece que fazemos uma pavorosa viagem no tempo. E o que a comunicação social diz, - atenção!  citando palavras dele próprio - até o facto de ele se definir como cristão, facto que levou muitos cristãos a indignarem-se. Eu entendo. Mas talvez ao ler "fundamentalista cristão" e sentir revolta possa fazer alguns entenderem como se sentirá um muçulmano sincero ao ouvir chamar "fundamentalista muçulmano" a um terrorista árabe. A religião sincera é uma coisa, as guerras ‘santas’ outra.


Pé-de-Cereja

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Trabalho - quantidade e qualidade

É uma daquelas mentiras que de tanto repetidas passam por verdades: em Portugal trabalha-se muito pouco porque há muitas férias e muitos feriados. Andamos fartos de ver esse argumento repetido a torto e a direito (aliás a sra Merkel deu uma ajudinha com a sua famosa frase) não só no estrangeiro mas, sobretudo pelos nossos compatriotas.
É baseado nisso, que se brama pelo escândalo das ‘pontes’ e até se fala em retirar feriados para aumentar a tal produtividade que faz falta. Porque produzimos pouco, esse facto é real, está comprovado por números, só que as causas não são por se trabalhar menos tempo mas por se trabalhar mal e desmotivados.
Um sério desmentido à tal «verdade» que só o é por ser muito repetida.
Contudo, também é certo que a produtividade é baixa. Porquê? Afinal, os trabalhadores portugueses quando imigram, e noutro regime de trabalho onde pelos vistos até estão menos horas a trabalhar, produzem bem mais.
Talvez o que anda a fazer falta seja estudar o que se usa nesses países de maior produtividade para obter esse resultado. Não é decerto o tempo que se gasta, é o modo como se trabalha.



Pé-de-Cereja




domingo, 17 de julho de 2011

... do elogio dos telemóveis

É verdade.
Hoje deu-me para isto. Até ao momento sempre que toco no assunto, aqui no blog (e sem ser no blog!) tem sido para censurar o exagero no uso do telelé, e a quase dependência em que muita gente está em relação ao dito. E penso que tenho razão. Há grandes exageros, digo e repito.
Mas...
Também é certo que é uma grande vantagem. Recordo, há muitos anos, onde perante um atraso completamente imprevisível que nos ia fazer chegar em falta a uma reunião importante, uma amiga suspirar, depois de se ter conseguido apanhar um táxi: «o que era bom era que existisse um telefone portátil e os pudéssemos prevenir mesmo daqui do táxi!» E rimos as duas perante esse desejo absurdo.
E outra vez onde tinha ido esperar um familiar ao aeroporto, e depois do avião ter chegado esperei cerca de 2 horas, preocupadíssima com o que lhe teria acontecido, enquanto ele furioso chegava a casa sem encontrar ninguém que lhe abrisse a porta! Com um telemóvel teria sido bem simples.
Relembrei estes casos perante uma historieta passada ontem:
Eu moro num sítio que, sendo central, não aparece no GPS. Não interessa porquê, é assim. E quando mando levar coisas a casa, explico sempre que é entre a rua tal e tal para não haver confusões. Mas muitas vezes quem toma nota da encomenda, fiado no GPS, desdenha desse pormenor e não toma nota. Foi o que aconteceu ontem, quando me vieram entregar uma encomenda – depois de um grande atraso toca o telemóvel
«Oh minha senhora, andamos há meia hora à procura da morada e nada!»
«Mas onde é que estão?»
«Oh Zé, vai lá ver que rua é esta....ah, é****»
«Bem, estão a ver o mercado?»
«Sim, está aqui à esquerda»
«Siga em frente e vire na primeira à direita»
( eu, à janela, já via aparecer a camioneta)
«Estacione agora, é este prédio grande verde»
«Ah, já vejo a senhora à janela! É aí!!!» *risota*
E pronto.
Dez minutos depois a aventura tinha terminado.
Vivam os telemóveis!!!!



Pé-de-Cereja

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Pagar a crise

Vamos muitos de nós ouvir, decerto.
E vai haver perguntas.
Mesmo antes de o ouvir, há uma pergunta que todos quase todos fazemos:
Mais uma vez, (!!!!!!!!)  é um imposto que vai cair sobre o rendimento do trabalho e não sobre o capital. Quem vai pagar serão os trabalhadores e não as empresas.
Porquê?
Porquê?
Porquê?
Porquê?
Porquê?





Pé-de-Cereja

quarta-feira, 13 de julho de 2011

«O lapso» ou as novas faces da miséria

A história tem graça.
Acho porque também me ri com ela e percorreu a net em blogs ou redes sociais com sorrisos por todo o lado. Um homem distraído ou enervado, foi apanhado a conduzir sem carta por ter passado um sinal vermelho. Enervado, é o que é. Ele mesmo o diz: "Passei o vermelho porque os polícias me deixaram nervoso."
Depois, o resto da história é que é inacreditável. 
Ele fala bem: diz que tem uma 'psicopatia', e que o que se passou foi 'um lapso', sendo a explicação fantástica - O carro é da minha esposa, mas ela também não pode conduzir por ser alcoólica, mas está muito melhor. Agora já bebe 3 litros de cerveja por dia, um de manhã, um ao almoço e outro ao jantar!
Na continuação das confusas declarações em tribunal vem-se a saber que alugaram uma casa há 3 dias (?), almoçam na AMI e depois vão ao supermercado onde compram «duas pizzas por 1 euro e 99 cêntimos, uns pães, umas manteiguinhas, um litro de cerveja para ela e um Jói para mim.»
O absurdo é geral, e se refiro a história é para acentuar o pormenor da má gestão do pouco dinheiro e... o carro! Este casal, um homem de 45 anos e a sua companheira, almoçam numa instituição de caridade mas para um jantar fazem compras que somam mais de 5 € (o que chegaria para várias panelas de sopa) de fast-food e refrigerantes. Quanto ao carro, se andava, pelo menos tinha gasolina que está bem cara.
Impressionante a miséria. Material, é evidente, mas não só. Uma terrível desorganização.
Na minha infância a classe média não sonhava em ter um carro. Esse era um luxo extraordinário, e os pobres, que havia muitos também e passavam fome com certeza, quando comiam era a tal tigela de sopa ou pão com o conduto que arranjassem.
Penso muitas vezes que, para além do famoso RSI o importante era ensinar a quem o recebe a gerir esse dinheiro. Ou não conseguimos sair desta espiral de miséria que gera mais miséria.







Pé-de-Cereja

quinta-feira, 7 de julho de 2011

"A saúde não tem preço"?

Dizia-se. Era uma bela e importante frase «A saúde não tem preço».
Queríamos dizer com isso, que é um bem tão inestimável, que não pode ser avaliado com dinheiro, é mais do que isso ('isso' é o tal dinheiro)
Big mistake. Grande engano.
Sabemos perfeitamente qual o preço da nossa saúde. Quem decidiu fazer um seguro de saúde - segurar o tal bem que nem preço tem - sabe perfeitamente que, quanto mais velhos estamos mais pagamos e há já quem deixe de se tratar por tal ser incomportável. Mas há ainda coisas que desconhecemos.
Por exemplo, existe uma Lei (nº 3359 de 07/01/02 mais exactamente), sobre o Depósito de Valores nas Clínicas Privadas, que diz assim:
Art.1° - Fica proibida a exigência de depósito de qualquer natureza, para possibilitar internamento de doentes em situação de urgência e emergência, em hospitais da rede privada.
Art 2° - Comprovada a exigência do depósito, o hospital será obrigado a devolver em dobro o valor depositado, ao responsável pelo internamento.
Art 3° - Ficam os hospitais da rede privada obrigados a dar possibilidade de acesso aos utentes e a afixarem em local visível a presente lei.
Art 4° - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.(ou seja há quase 10 anos)
Bom, muito pouca gente conhece isto.
De tal modo que me informaram que o Hospital da Luz exigiu 2000€ a uma pessoa para ser internada de urgência!
Não sei em que condições a coisa se passou, mas se for tal como me foi relatado, seria interessante confirmar se esse doente recebeu depois o dobro a que tinha direito...
Se isto fosse divulgado possivelmente havia mais cuidado nas secretarias dos Hospitais Particulares, não é?

Pé-de-Cereja

segunda-feira, 4 de julho de 2011

"Jogo do passa-culpas"

Jogo do passa-culpas já nem como arma eleitoral é útil” é o título de um artigo de opinião de Teodora Cardoso.
Esta senhora é economista do Banco de Portugal. E, obviamente, tem a visão-de-economista-do-Banco-de-Portugal, a visão «macro» como se diz. O que pode permitir avaliar o futuro (será?) mas nem sempre olhar para o presente.
Mas o artigo é curioso, sobretudo porque refere, com bastantes citações, outro que ela escreveu há 10 anos (e 4 governos como ela lá lembra....).
Note-se este parágrafo:
Isto foi escrito em 2001, ou 2002.
Afinal são mesmo muito «lúgubres as perspectivas actuais»!
Onde estará a luz?...


Pé-de-Cereja

sábado, 2 de julho de 2011

Redes sociais

Eu sou uma pessoa curiosa.
Bem, se calhar é melhor dizer curiosa como toda a gente, o que significa que gosto de saber ou aprofundar o que sei sobre.... coisas que me interessam! A tal verdade que o Monsieur de la Palice poderia assinar. Claro que há assuntos que passo ao lado sem parar e sem me perturbar nada, e palavra de honra que não é por snobismo (cof... cof... é óbvio que se fosse snob não o confessava tão facilmente) mas por autêntico desinteresse.
Mas adiante.
Descobri a internet já tarde na minha vida. E com alguma desconfiança, reconheço. Sempre tinha escrito fazendo rascunhos em papel e depois ‘passando a limpo’ e adoro ler livros em papel. Para investigar ia dantes procurar dezenas de informações escritas, quando queria comunicar com alguém distante escrevia uma carta (o método tinha as suas vantagens: ainda guardo para aí umas cartas com muitas e muitas dezenas de anos e os mails que escrevo hoje duvido que possam ser lidos daqui a 50 anos...)
Mas é evidente que há vantagens enormes sobretudo quanto à rapidez. Hoje, em segundos temos acesso a investigações que nos levariam semanas a reunir.
Aderi rápida e alegremente ao correio electrónico. Que fácil!
Entrei já com menos afoiteza na blogosfera, mas também não foi difícil porque escrevi durante muitos anos um diário, e o modelo era parecido.
Cheguei com mais desconfiança ainda ao facebook. Huuummm... para que servia aquilo? Se quero falar com um amigo tenho tantas maneiras de o fazer... mas (exactamente como sou curiosa) fui experimentar. Um tanto relutante descubro que vou encontrando imensa gente com interesses e gostos semelhantes aos meus, e cá está – uma rede de «amigos». Contudo, ainda hoje tenho uma grande relutância em 'pedir-amizade' aquelas pessoas que têm 1.000, 2.000, 3.000 «amigos». Mesmo quando às vezes os conheço pessoalmente, aquilo intimida-me. São tão importantes, credo!

E a semana passada, fui experimentar o twitter. Mais um passo nesta fusão social/global. Muito confuso ao início - posso seguir, se me deixarem, gente muuuito importante. Ena pai! E, se seguir uma rádio ou jornal, posso saber as notícias no minuto.
Prático, hein?
O que virá a seguir?....
Já nada me espanta.


Pé-de-Cereja