Passear na net é um desporto que pratico irregularmente. De vez em quando dá-me um amok e passo umas horas saltando de link em link (como o tal elefante de nenúfer em nenúfar...) e descobrindo coisas novas. Sobretudo o twitter a que aderi há uns tempo e pratico quase que só como bisbilhoteira, sem participar lá muito, vai-me dando imensas sugestões.
Ontem encontrei num blog de um amigo virtual que conheço através de outro amigo virtual que conheço através de outro amigo virtual – e fico por aqui para resumir a história – uma rubrica muito interessante.
Chama-se Livros que Nunca Devia(m) ter Lido
Chama a atenção, não é?
Adivinhamos logo que não é o que parece. O verdadeiro livro que-não-se-devia-ter-lido simplesmente esquece-se, ou deixa-se a meio. Aquele que por qualquer forma nos incomoda, deve ser lido. Mesmo que seja para o contradizer.
Evidentemente que o que o autor quer dizer é que se trata de livros que não esquecemos, que nos marcaram de qualquer modo, que até influenciaram a nossa vida.
E é muito interessante a lista que por lá aparece, de Musil a Kafka, de Shakespeare a Virgílio Ferreira, livros que vão das Mil e uma Noites ao Principezinho. E, sobretudo o interessante é que se fala não apenas do romance em si mas da forma como o leitor «encontrou» o livro e o efeito que lhe causou.
Gostei muito da ideia.
E inevitavelmente que começo a pensar nos «meus livros». É interessante reparar como ao longo da vida tantos houve que foram muito importantes mas depois se desvaneceram... Sorrio ao pensar que talvez o mais importante ( e aquele que devia mesmo ter lido!!!) foi o primeiro de todos. O primeiro livro que li sozinha, chamava-se «A burrinha toleirona» da colecção Joaninha, uns livros pequeninos de uns 10 centímetros de altura. Na adolescência adorei um romance que as raparigas da minha época liam, «O Romance de Isabel». Ao entrar na faculdade Sartre e sobretudo Simone de Beauvoir e Os mandarins que (creio) decidiram a minha escolha profissional.
De facto os livros que não devia ter lido, que em grande parte alteraram a minha vida, são vários. E ainda os que gostei simplesmente porque gostei. Porque estão bem escritos. Porque o tema é importante. Porque as emoções que descrevem são as que também sinto. Porque são um desafio à imaginação. Porque os li no momento certo.
Porque... porque... porque...
Eu sei lá porque é que se gosta de um livro. Nem sei também porque os guardo religiosamente cobrindo as paredes até ao tecto e enchendo-se de pó. Mas é o meu passado, e quem deita fóra o passado?...
Cereja-com-pé