terça-feira, 16 de maio de 2017

«Não me sinto um herói nacional, isso é para o Ronaldo»


Pronto! Se a nossa autoestima não está alta então nunca estará!
Apesar de detestar os estereótipos sobretudo quando classificam povos, aceito que «os portugueses» são excessivamente auto-críticos ☺ 
Aceita-se e até se aumenta as críticas que nos fazem. Irritante. E cansativo também porque até parece que em Portugal raramente se faz uma coisa que nos orgulhe. Ora bem, se no espaço de um ano termos ganho 2 troféus que indicam que nestas modalidades somos 'os melhores da Europa' - falo, é claro, no Campeonato de futebol e no Eurofestival - não ficamos com uma boa autoestima é porque nada a faz subir.
Houve quem resmungasse. Quem achasse que não tinha importância.Olhem, faço minhas as palavras da minha amiga Isabel. Mais nada.
Por mim gostei imenso do resultado do concurso da Eurovisão. Imenso. Gostei da canção, sobretudo da música embora a letra não envergonhe ninguém. Gostei da interpretação. Gostei da apresentação. E pasmei que aquilo que será visto como uma canção «não festivaleira» tivesse dado aquela reviravolta aos votos habituais. Porque foi mesmo uma dupla vitória, foi apreciada pelo juri oficial que nos deu o primeiro lugar e, o que mais pasma, pelo juri' popular, que votou por telefone e sem poder votar no seu próprio país. Uma unanimidade que só nos pode alegrar.
Eu, nada entendida em música, aprendi várias coisas da área. Não fazia a menor ideia o que era o «pop tradicional» ou «pop clássico», Quando ouvi essa referência em relação àquela música não percebi nada -  pop? pensei eu, mas que pop? . Senti sons de jazz, e lembrou-me as valsinhas brasileiras sim. Afinal fiquei com os meus conhecimentos aumentados ☺
E gostei também muito, pelo menos até agora, do comportamento do cantor e irmã autora. O Rui Tavares escreveu ontem no Público, que o gesto agarotado de Salvador de colocar o troféu na cabeça no final, tinha uma leitura simbólica «Como é que eu meto na cabeça que ganhei o prémio sem deixar que o prémio me suba à cabeça?» Ora até agora tem conseguido.


Mais um motivo para os parabéns!

Cereja

domingo, 7 de maio de 2017

Cuidados aos mais velhos


Há uma mania, pensando talvez numa simetria como se o início de uma vida fosse idêntico ao seu final mas exactamente ao contrário, que quem se ocupa de pessoas idosas tem frequentemente e que é tratar alguém com muitas e muitas dezenas de anos como se fosse uma criança. Com ternura, sem dúvida, exprimindo até carinho, mas olhando de cima para baixo, numa protecção ...ofensiva.
Direi até que se usa uma atitude que uma criança dos tempos de hoje (rebeldes e independentes como a maioria é) não ia aceitar.
Li recentemente num portal brasileiro chamado «Portal do envelhecimento» uma opinião que partilho em relação a isto : Falar com idosos como se fala com um bebé é desrespeitoso, não fofo!
Há vários filmes bastante engraçados onde se imagina um adulto voltar a ser criança ou uma criança passar a ser adulto. Ainda me lembro de um, chamado De repente 30 anos!, Engraçado. Uma adolescentezinha que ao fazer 13 anos, descontente com a sua vida, deseja ter 30. Por magia isso acontece, e é uma enorme decepção, claro. Se isso acontecesse aos assistentes sociais, enfermeiros, os vários cuidadores de pessoas idosas e uma manhã acordassem com 80 anos e ouvissem que falavam com eles em «Elderspeak»?! * (existe mesmo, está catalogado!)  Ai, ai, ai.... Que susto e surpresa desagradável.
O modo de comunicar está baseado em sentimentos, como se sabe. Não o que se diz, mas o «como» se diz. Evidentemente que se a pessoa a quem se fala está a ouvir mal, temos de falar alto. Isso em qualquer idade, não é? Se nos cruzamos com um nosso vizinho de prédio e notarmos que está a ouvir mal levantamos o tom de voz, mas não dizemos «Booom Diiia... Como está meu amiguinho? Se calhar não fez um bom ó-ó , aqueles maus do 3º esquerdo fizeram taaanto barulho!» Mas afinal é o que muitas vezes se usa para com uma pessoa mais velha.
A intenção é boa. Acredito que seja por bem, por isso imaginei como seria se uma manhã estas pessoas bem intencionadas acordassem «De repente, já com 80!» como no filme. É verdade que há ternura mas falta a componente do respeito. E quando há fragilidade associada à idade avançada, o respeito é apreciado, não tenham dúvidas.




* Elderspeak, é caracterizada por uma fala lenta, entonação exagerada, volume elevado, com uso intencional de vocabulário simples e reduzida complexidade gramatical, mudanças no afeto, substituições de pronomes (“como estamos hoje?” Em vez de “como está D. Alice? por exemplo), diminutivos e repetição

Cereja

sábado, 6 de maio de 2017

«Não é justo!»

Encontrei há pouco tempo este vídeo.
(é engraçado porque o vídeo é falado em francês e tem as legendas em inglês, mas não sei a técnica de colocar novas legendas de modo que fica assim mesmo; creio que todos entendemos 😊)
Faz pensar. Um 'monopólio', famoso jogo capitalista, utilizado aqui para ensinar às crianças que as desigualdades sociais são uma profunda injustiça.




Assim vê-se bem que... não é justo
Como é??? Metade começa com 1500 euros e a outra metade com 750?! A menina branca recebe uma carta no jogo para não ir para a cadeia? Mas o menino negro começa o jogo já preso?!
Não pode ser! Não há direito!
Pois é.
A menina ganha menos 23% de ordenado do que os meninos, pelo mesmo trabalho, e os meninos negros não podem comprar os imóveis do jogo com a mesma facilidade dos outros. Além de que um menino com muletas não vai poder comprar as estações de comboio 😲 porque não tem acesso. (parece que em França 30% não tem acesso a pessoas com mobilidade reduzida, e cá?)
Achei muito interessante.
A brincar, a brincar, mas ensinam-se coisas.
Oh Dona Marine, é assim, não é?

Cereja