sábado, 16 de janeiro de 2016

O fumo sem fogo (bombas?)


Hoje em dia «não podemos viver» sem internet. 
Claro, não é isto que quero dizer, mas creio que me perceberam bem. O leque que vai de um extremo ao outro é grande, enorme, e aparentemente do camponês meio analfabeto que nem um jornal lê e o net-dependente sempre agarrado ao telemóvel ou tablette parece haver um mundo de diferença. E há. Mas a verdade é que mesmo o tal infoexcluído depende da net para pagar os impostos, por exemplo (mesmo que tenha de pedir a alguém para o fazer) ou quando vai ao médico, e é influenciado por ela ao ver um telejornal, por exemplo. Mesmo que julgue que não...


E o complicado são as ratoeiras desta informação. Porque por um lado pela net pode pôr-se a correr um boato ao gosto de cada um, que não pode ser completamente desmentido pela mesma forma, e por outro as técnicas actuais podem manipular habilidosamente a informação. 
Veja-se aqui apenas um exemplo de manipulação da informação mas que não vai ser apagada, porque quem viu a imagem não a esquece nem quer saber em que país isto se passou, leu que foi na Grécia e é isso que fica na sua memória. Aliás conhecemos mesmo histórias que são «fakes», neologismo para classificar uma notícia completamente inventada, mas apoiada em imagens e com referências plausíveis. Todos nós já caímos nessa...


E esses boatos maliciosos atingem uma faceta verdadeiramente maléfica quando são usados na política - muitas vezes abrem feridas que nunca cicatrizam, porque o desmentido é sempre olhado com suspeição. Veja-se o famigerado «caso Casa Pia» por exemplo, onde a lama atirada ainda hoje perdura. Porque o povo vai pensando «se há fumo é porque havia fogo...» e nada é mais engraçado do que ver atingido um adversário (inimigo?).
Nesta campanha que está a decorrer, li uma vez um 'comentário' dos que enxameiam os artigos de opinião dos jornais, que me fez sorrir. O comentador punha em causa a formação académica de Sampaio da Nóvoa, por ter lido que ele tinha começado por frequentar um curso de teatro, e acusava-o de palhaço ou qualquer palavra do género. Eu, parva, sorri e pensei «coitadito, nunca frequentou uma universidade e não sabe exactamente o que é um reitor» considerando o comentário um boomerang que apenas demosntrava a falta de cultura de quem o tinha escrito. Eis senão quando, percebo que afinal aquilo era o anúncio do que vinha a seguir! O Blogue «O Insurgente», apesar de tudo com muitos leitores, escreve um post onde faz eco das dúvidas do candidato Cândido Ferreira exactamente sobre o mesmo ponto, qual a formação académica do ex-reitor! E foi o que bastou para o rastilho se propagar, por aí.
E de uma forma grosseira e violenta. Com comparações com Miguel Relvas, com piadas perguntado se íamos passar a ler «vai estudar ó Nóvoa». Ficamos de boca aberta. O homem referido nesta entrevista, a pessoa que tem este curriculum, vai ter de se defender de ter poucos estudos???
Não sei. Claro que para um grupo social mais culto tudo isto não tem pés nem cabeça, mas uma mancha de óleo malévola como esta pode realmente alastrar.
A verdade é que pode haver bombas de fumo, sem nenhum fogo. A questão é saber atirá-las.



Cereja