sábado, 24 de agosto de 2013

Bom humor

 

Podia ser uma parábola mas não, a história passou-se tal e qual como vou contar.
Ontem fui passar a tarde com uma das minhas melhores amigas.
É uma mulher fabulosa, com imensas qualidade, e um dom maravilhoso que é o de saber "descomplicar" as coisas. Sabe-me muito bem estar com ela, acabo sempre com um sorriso a reconhecer que grande parte das questões que me preocupavam são falsas questões.
E faz vir ao de cima a minha faceta optimista  - também a tenho, afinal!
Ora acontece que saímos para dar um passeio, e estava uma ventania medonha. Como nenhuma de nós é pesada, foi uma grande risota porque quase íamos ao ar com o vento. E na brincadeira, comentei "Olha que sorte! Assim com o vento por detrás, nem fazemos esforço nenhum! Se tivéssemos saias rodadas íamos de barco-à-vela, sem mexer os pés!!! Este vento facilita mesmo o caminho!"
Lá demos o nosso passeio, fomos ver o mar, muita conversa, e voltamos para casa.
O vento continuava muito forte. E dou por mim a comentar "Olha que bom! O vento forte pela frente não nos despenteia nada. O cabelo voa todo para traz!" 
Mas senti um clic quando disse isto, porque pensei "mas o vento não mudou de direcção.... como é que foi quando saímos?...." Descobri como é que o copo pode estar sempre meio cheio. À ida não me tinha ralado com o cabelo, e à volta não me ralava com a resistência ao andar.
Optimismo palerma? Acho que não. Boa disposição é o que é!


quinta-feira, 8 de agosto de 2013

O conforto e os hábitos




É verdade, há coisas que andamos fartinhos de saber, e até nos referimos a elas como sendo uma evidência, mas quando nos caem em cima reagimos sempre mal!
Há confortos que a civilização nos deu e que aceitamos como naturais. Na Europa, neste século, é natural termos saneamento básico, electricidade, água canalizada. Normal. É verdade que há o campismo sem nada disso mas nesse caso é uma escolha, uma diversão afinal.

E, a pouco e pouco, os benefícios “normais” da civilização vão-se alargando. Se para mim água, luz, gás, são tão normais como tecto,  paredes e soalho porque toda a vida vivi assim, o telefone já não.  Lembro-me ainda da chegada desse aparelho à minha casa e e emoção que foi. Tinha só 5 algarismos, e creio que para fora de Lisboa tinha de se pedir a uma operadora para fazer a ligação. Mas depois ficou também um hábito, algo de normal.

Tenho andado um bocado amuada porque a casa onde estou a passar férias, acordou uma destas manhãs, sem ligações exteriores, nem telefone, nem internet. Depois de uma queixa à pt (via telemóvel, é claro) uma voz informou-me de que havia de facto uma avaria exterior e iam proceder ao arranjo, mas podia levar algum tempo. E levou! Dias!!!

Entretanto comecei a pensar como é curioso a importância que vão adquirindo os pequenos confortos.

Primeiro, simplesmente não havia internet. Não se sentia falta de uma coisa desconhecida. Depois habituei-me a usá-la no local de trabalho e, um pouco mais tarde,  em casa. Giro. Habituei-me. Mas em férias não precisava de tal coisa. Ao princípio… ! Mas depois comecei a querer ver emails, sites, blogs, e a achar que afinal dava jeito, mesmo em férias! Lá descobri um cibercafé numa terra próxima e passava por lá uma vez por dia. Mas aquilo acabava por ser caro! E tinha de sair de casa. E esperar que o cliente anterior acabasse. E... e…  E pronto, lá arranjei uma ligação que agora me parece tão importante, mas afinal ainda há 2 anos vivia bem sem ela!

E o próprio telefone, tem uma história parecida. Quando alugámos esta casa há muitos anos os anteriores inquilinos tinham telefone. Mas, por opção, mandámos tirar a ligação. Não foi uma questão económica, era para ter sossego! A “central de comunicações” da aldeia era a mercearia da D. Emília, uma velhinha muito simpática e sociável, que tinha telefone. Estava informada de tudo e conhecia toda a gente. E a loja estava aberta todos os dias do ano! Telefonávamos de lá em caso de necessidade, e dávamos aquele número aos amigos. Quando recebia uma chamada para nós, mandava um rapazinho cá a casa chamar-nos… Simpático!

Isso acabou. E, por motivos vários, lá mandámos ligar o telefone. É claro que depois disso generalizou-se o telemóvel, que é o que agora nos vale, mas como acontece sempre nestes casos, a zona tem uma rede péssima e muitas chamadas não se conseguem ouvir. O telefone tradicional faz mesmo falta…

E muita! Como raio é que não fazia falta há 20 anos?!




Cereja

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Pró quê?

Há certas polémicas onde não costumo entrar. Não porque não tenha opinião sobre os casos em discussão mas porque de uma forma geral os argumentos usados me irritam. Entra nesta categoria a polémica apaixonada sobre as touradas.
Dizem que é um espectáculo bonito e eu concordo com metade. É muito colorido, é movimentado, tem música, animação. Fui uma vez ver uma, até para que não se diga que falo sem saber. Era à portuguesa com cavalos e tudo. E tinha sido bonito se não fosse o touro. É essa a metade com que não concordo.
Não pertenço a nenhuma liga de protecção de animais, mas gosto deles. Não só os domésticos ou domesticados, gosto de animais, é por eles que o planeta Terra é o que é. E que nós cá podemos viver, isto de um ponto de vista mais egoísta. 
Não os protejo totalmente, à budista. Alguns deles como-os, (ai, ai, ai...) e mato alguns insectos, mas de um modo muito geral respeito a vida. E quando digo respeito, entendo por isso não apenas não tirar a vida inutilmente, sobretudo por diversão, mas nem sequer usar a vida seja do que for para diversão ou chacota. Hoje não aceitamos a pesca da baleia ou a caça à raposa, diversões muito apreciadas há uns séculos... por um lado porque as espécies estão a desaparecer (azar deles) mas porque estamos mais civilizados (sorte nossa)
Por isso essa coisa da tourada me faz confusão. Anda agora nas manchetes dos jornais a história de uma provocação  muito curiosa. A desculpa de que há terras onde isso é "tradição" e a tradição é sempre de manter, é um tanto coxa. Mas, neste caso, nem há tradição nenhuma, pelo que entendo o local onde a querem fazer até combate essa prática! O que torna tudo isto afinal uma grande provocação...
Mas o interessante, e que me chamou a atenção, é que o movimento que as quer promover chama-se... pró-toiro. Pró toiro???! São a-favor-do-toiro? Ah é?
Parece um jogo de disparates. O que é que querem dizer com o pró?
Não devo estar a ver bem a coisa.



Cereja