quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Desabafo rabugento

Já me explicaram.
Já me explicaram muito bem explicado e muitas vezes.
Eu quero aceitar as explicações. Palavra que quero, mas contudo alguma coisa me soa a falso.
Mas vou começar pelo princípio, o que é sempre bom para a gente se entender. Talvez por ser, por feitio, muito 'diurna' gosto muito de luz. Gosto das manhãs, até gosto de acordar cedo (imaginem!) e sempre preferi o dia à noite. Portanto, à noite desde sempre gostei de boa iluminação, é o meu conforto... Na casa dos meus pais e mais tarde na minha, sempre houve bastantes candeeiros e com boas lâmpadas. Lâmpada decente tinha de ter umas 100 velas.
Desde há uns anos deu-se uma revolução mansa. As antigas lâmpadas, as incandescentes, foram diabolizadas. São más para o ambiente e gastam muita electricidade. [só um aparte: tanta coisa que também faz mal, como os sprays por exemplo e não estão proibidos nem para lá se caminha e isso é coisa que tem fácil alternativa, mas o lobby é outro] Como disse, não discuto essa informação. Mas...
Mas a alternativa que nos impingem não me convence. As lâmpadas até podem gastar menos e durarem mais mas a verdade é que são caríssimas! E isso de durarem mais, cof... cof... é uma ideia que também é discutível. Elas também se gastam e se uma se parte, o que acontece é claro, lá vão 10 € ao ar!
Mas nem é isso que causa a minha rabujice. Queixo-me de que a luz que dão é péssima! Pé-ssi-ma! E precisa-se de saber bem se a luz é branca ou amarela, porque a branca é sinistra, e depois a potência é um mistério... Antigamente sabia bem o que eram 75 velas, 60 velas, 100 velas mas não consigo atinar com os w: o que são 11W? Ou 15w? Ou 23w? Corresponde a quê na iluminação antiga?  Sei que agora há fluorescentes compactas e de halogénio, julgo eu. Huuummm... Não gosto de nenhumas. Compro uma que me disseram ser boa, espero meia hora que aquilo 'aqueça' e depois... continuo a ver poucochinho. É que além do mais, iluminam mal. Isso é um facto, e não me provaram ainda o contrário.
Consomem pouco? Pois, mas também iluminam tão pouco... Se, antigamente, em vez de uma lâmpada de 100 velas usasse uma de 15 velas também devia gastar menos.
Está bem, acredito que se "lhe der tempo" a luz fica mais forte. E quando vou à casa de banho  por cinco minutos? Se calhar vale mais nem abrir a luz, assim nem gasto o interruptor.
Mas o complicado é que o lobby é tão forte que não temos escolha. Ou temos destas, ou nenhumas. 
Como e calo.


Pé-de-Cereja 
 

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Birras

Gosto de crianças e dou-me bem com elas. Não será um dom nato, mas a verdade é que falo 'criancês' com facilidade e, como não me esqueço da minha própria infância, coloco-me bem no lugar delas e isso ajuda.
O que não quer dizer que não ache que há erros de educação actuais que poderiam bem ser evitados. A relativa severidade da educação nos anos 40 ou 50, onde as regras de convívio numa família faziam com que a escala hierárquica nunca fosse esquecida mesmo quando as crianças recebiam imensa ternura, desapareceu em muitos casos da actualidade, e vejo com surpresa que frequentemente a hierarquia está invertida e o poder de decisão passou para as mãos dos filhos. Até em casos importantes vejo com pasmo alguns pais ficarem paralisados, quase com medo da reacção que os filhos possam ter às suas ordens.
..............
Hoje, estava numa loja quando entrou um pai jovem com o filho pela mão, meio arrastado. O miúdo protestava em altos gritos "Larga-me!!! Larga-me!!!" mas desta vez o pai, de cara fechada e segurando-lhe a mão com força, respondia secamente "Não. Não sais daqui!" pelo que se percebia que a criança deveria ter fugido e assustado o pai. A verdade é que dali em diante quase não consegui entender o que me perguntava a menina da caixa porque os urros do rapaz nos tornavam surdas...
Nem de propósito quando reabri agora a net e comecei a 'arrumar' pastas velhas encontrei uma com imagens de publicidade e este velho vídeo. OK, politicamente incorrecto pelo seu surpreendente final, mas..
.... temos de sorrir, não é? 






Pé-de-Cereja

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Zeca

O seu dia. 
Não apenas não é esquecido como está mais presente de que nunca. 
Esta canção tem para mim uma força e alegria que a torna única! 



Pé-de-Cereja

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

O sabão azul-e-branco


Digo aqui frequentemente que não sou saudosista.
E não sou. Gosto imenso do progresso a quem devemos imensas coisas fabulosas que nos permitem viver bem melhor do que os nossos pais e avós. Viva o progresso!
Mas é claro que também há umas esquisitices daquilo que se pode chamar 'super-progresso' que nos enviam logo para as garras do consumismo. E isso é muito evidente no caso de produtos de limpeza e higiene. Entrar-se num super (ou mesmo mini) mercado e olhar para a secção de produtos de limpeza é de deixar qualquer um cheio de dúvidas tal a variedade de marcas e especialidades para tudo o que se pode pensar e imaginar...
Bem, se voltar anos atrás, recordo que para as limpezas se usava um pano de pó, uma vassoura e um pano de limpar o chão no dia a dia, e uma escova dura para lavar o chão de madeira que era raspado e encerado de vez em quando. Os vidros lavavam-se com água e sabão e limpavam-se com um paninho limpo, aos móveis limpava-se o pó e de vez em quando enceravam-se, os sofás escovavam-se com uma escova, e os tapetes batiam-se. Quanto à roupa fazia-se uma barrela, uma grande panela que se punha ao lume com água e sabão e quando estava bem quente deitava-se no tanque por cima da roupa. Ah, também se usava lixívia, é verdade.
Ou seja, para limpar usava-se a nossa força, água, sabão, panos e escovas. Claro que estamos muito melhor! O benefício do aspirador é indiscutível. E muitos produtos de limpeza são de facto eficientes, cheiram bem, não estragam as mãos. BOA! Hoje a nossa máquina de lavar roupa tem cinquenta mil programas e existem detergentes especiais para tudo, roupa assim, assado, cozido e frito. 
Mas eu andava aborrecida porque ou a minha máquina estava velha e cansada, ou os detergentes faziam birra, mas punha a roupa a lavar e ficava com nódoas na mesma. Experimentei diversas marcas, produtos para nódoas famosos, variei os programas da máquina, e a coisa continuava mal.
Em conversa com uma amiga, ela aconselhou-me: "Não mudes de detergente, faz assim: antes de pores a roupa a lavar esfrega cada nódoa com sabão azul e branco" Olhei-a de lado. Estaria a gozar comigo?...
Experimentei. E não é que resultou?! O velhinho sabão azul-e-branco ganhou aos produtos xptl, caríssimos, sofisticados, com lindas embalagens.
E é barato.
Fácil e não custa nada. :D

Pé-de-cereja 

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Rendas ou redes (de pesca?)


Esta questão das rendas de casa é das situações mais desgraçadas onde parece que ninguém tem culpa e todos são prejudicados.

Não sei exactamente porquê, aí há uns 60 anos institui-se um sistema de ‘rendas limitadas’. Imagino que trouxesse alguns benefícios fiscais para os senhorios, e em contrapartida os inquilinos habitavam casas cuja renda era económica e fixa. E fixa ficava para sempre… Claro que se era agradável para o inquilino, que sabia com que despesa contava quer naquele ano quer nos seguintes, era mau para os senhorios porque não acompanhava a inflação e dentro de anos o que recebia nem chegava para as despesas de conservação. Mas era a lei. Evidentemente que quando a casa ficava desabitada, a nova renda era muito exagerada para prevenir essa situação e daí o surto de novas construções e o costume de se comprar a casa em vez de a alugar – em vez de uma renda muito alta, pagava-se uma prestação ao banco e a casa seria nossa.

Os anos foram passando e ninguém mexia nesta questão das casas alugadas. Finalmente aparece uma nova lei que cai que nem uma bomba! Os senhorios podem actualizar as rendas justificando com o valor da casa, e pedem quantias quase correspondentes às de casas novas. Passa uma onda de terror pelos inquilinos.

Num ano onde já não existem furos no cinto que se possam apertar, numa das piores situações económicas já vividas, é pedido uma fatia brutal do orçamento familiar a pessoas que vivem há dezenas de anos em locais onde até afectivamente será uma dor ter de sair. Eu deixei lá no facebook um desabafo, mas repito-o aqui: estou em pânico!

Já calculava e aceitava ter a renda aumentada. Era justo. Mas numa altura em que avalio cada cêntimo que gasto, onde reduzi as minhas despesas ao absolutamente essencial,  em que andava com o credo na boca desejando que a birra da máquina de lavar fosse apenas uma birra porque era uma catástrofe a compra de uma nova, sou avisada de que daqui para a frente todos os meses vou ter de "comprar uma máquina de lavar nova a pronto".

Todos os meses.

 Não é uma despesa, difícil mas episódica, é sempre.

................

Já tinha escrito isto quando vi que a grande manchete do Correio da Manhã era sobre este tema. Estou muito acompanhada neste caso, mas... a lei existe. Que tem de haver justiça para os senhorios, não se discute, mas cortar-se de repente sem ser de um modo gradual, os já pequenos rendimentos de uma família é de ficar em pânico.
S.O.S. 
E não se pode pedir 'chamem a polícia'...

Pé-de-cereja
 

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Luxos asiáticos!

Por vezes imagino que não ando a ouvir ou a ver bem.
Sabe-se que há gente descontente, de estranhar seria que isso não acontecesse. Muita gente, mesmo. A maioria, acredito. E que cada um tem os seus padrões - de consumos, ordenados, necessidades, gastos, e quem os ultrapassa é "diferente".  Isso é normal.
Mas faz-me muita impressão o azedume que sinto de quem ataca sistemática e desvairamente tudo o que não é da mais absoluta e franciscana frugalidade. Aparecem-me frequentemente fws por email, ou opiniões no facebook, criticando reformas que dizem de luxo (com exemplos duvidosos de países que as não têm) mas que correspondem ao que há pouco ainda era o normal numa classe média, censurando quem tem um melhor subsistema de saúde, acusando algumas profissões de terem 'regalias' que foram negociadas no contrato de trabalho muitas vezes em troca de menos salário.
Os "outros" são uns lords, uns aproveitadores, uns preguiçosos, e são os seus luxos sumptuosos que levam à miséria estes críticos.
Desta vez, saltitando de comentário em comentário e de blog em blog, encontrei num este post:

Há crise???
Local: Pingo Doce
Hora: 10:00
Todas as mesas do bar ocupadas; toda a gente a tomar o piqueno almoço.
Olhei em volta: a crise não tava a passar por ali...

Li bem afinal, porque isto foi copy-past.
Note-se que eu faço parte daqueles que sempre toma o pequeno-almoço em casa. Gosto mais. Estou mais sossegada, é mais rápido e é mais barato. Muitas vantagens. E há anos que brinco com isso, por não entender o gosto de o tomar na rua. Mas considerar-se que afinal não há crise económica por ainda haver gente que ocupe meia dúzia de mesas no... Pingo Doce?! Nesse lugar sofisticado, elegante e caríssimo que é o balcão do Pingo Doce? Ena, ena... onde é que isto vai parar, qualquer dia querem manteiga na torrada e galão com café de máquina talvez.
A mesquinhice desta crítica deixa-me de boca aberta.
Não há crise porque às 10 da manhã as mesas do bar do Pingo Doce estão ocupadas por pessoas presumivelmente a comer o que pode ser um pequeno almoço?!!!
 E mais nada!



Cereja-com-pé  




terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Manteiga 'magra'?...nã, nã!



Era eu pequenina, no post-guerra, e tudo se aproveitava. Não se ouvia tanto a palavra poupar mas sim aproveitar, não desperdiçar nadinha, que ‘desperdiçar’ era então o maior dos pecados e nada se deitava fóra. Tudo se aproveitava, dos papeis velhos para  dar brilho aos vidros ou acender a braseira, às guitas dos embrulhos com que se faziam pegas para a cozinha em crochet, das cascas da fruta fazia-se geleia, e a louça rachada levava uns ‘gatos’ para ainda servir na cozinha… Hoje chamam-lhe reciclagem.
E recordo a minha avó mostrar-me como se fazia manteiga. Tinha numa tigela as natas que tinha guardado das que tinham ficado no passador do leite e começou a batê-las com energia. À mão é claro, que não havia nada eléctrico na cozinha para além da lâmpada da luz! Ao fim de um bom bocado mostrou-me um líquido aguado – era o soro – e umas bolinhas amarelas, a manteiga! Juntou as bolinhas todas, deitou-lhe uma pedrinha de sal, e barrou uma fatia de pão para o meu lanche. Fiquei maravilhada, e é uma imagem que ainda recordo. A manteiga fazia-se assim!
……………..

Desde há uns tempos que se costuma ver nos balcões dos supermercados, para além de manteiga com sal, sem sal ou de meio-sal, uma manteiga light ou ‘magra’.  Aceito a existência de produtos leves, com menos gordura do que o habitual. Parece que andamos a comer gordura, sal e açúcar a mais e uns anjos da guarda desde que paguemos fornecem-nos a solução - esses tais produtos sem açúcar, sem gordura, etc. Mas estranhei que um produto que é há milhares de anos conhecido e utilizado por ser uma gordura agora o não fosse. Então o que é aquilo, para que serve? Andava intrigada, mas obedientemente comprava dessa manteiga que devia ser melhor.
Ora acontece que entretanto reparei, entre diversa informação, nesta nota: "Aviso: este produto não é indicado para fritar". Fiquei perplexa, então agora não se pode fritar um alimento numa gordura? Que estranho... Mas, como faço muito poucos fritos e nunca em manteiga que é coisa cara, não pensei mais nisso. Até que este fim de semana apeteceram-me uns ovos mexidos, e deitei uma colher de manteiga na frigideira. Surpresa! 'Aquilo' não derreteu como eu esperava, ficou lá um creme amarelo com uma consistência esquisita e os ovos não ficaram com o sabor que esperava. Ooooh! Fui então ler as letras pequeninas. Há lá imensas coisas, até aromas e corantes (?). E a gordura parece ser apenas 39%, quando na verdadeira manteiga  é suposto serem uns 80%. Dúvida: então, o que são os outros  41%  que estão a encher aquela embalagem?? 
Que raio andamos nós a comer?!


Pé-de-Cereja

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

O tempo e as modas



Li ontem uma notícia engraçada:
As mulheres residentes em Paris já podem usar calças mesmo sem ser para andar de bicicleta ou a cavalo esclarece o ministério dos Direitos da Mulher francês, afirmando que uma lei do século XIX que o proibia já não tem valor jurídico” porque até agora “qualquer mulher que queira vestir-se como um homem deve apresentar-se perante uma unidade policial para obter uma autorização."
 
Pois claro!!! Há quem esteja esquecido que até há pouco ainda vigorava em França o Código Napoleónico que olhava para as mulheres como animais domésticos, mais ou menos…

E esta coisa das calças caiu mesmo em cima de uma reflexão que estava na altura a fazer. É que, de vez em quando, dá-me para olhar para trás, para o tempo em que…
Eu gostava, e ainda hoje acho alguma graça, à chamada science fiction e imaginar como será o mundo, como será a sociedade, como serão os costumes, daqui a uns tempos. Um exercício de fantasia e imaginação. E um dos aspectos mais pacíficos, é imaginar o vestuário. Como serão os fatos que se vão usar daqui daqui a X anos? E é um jogo interessante, porque a roupa que se veste hoje era inconcebível na minha adolescência. Comprar-se uma peça já com aspecto de velha?! Umas calças desbotadas ou manchadas? Ou até… rotas?! De pro-pó-si-to? Vestir algo de manga curta por cima de manga comprida? Cores que não condigam? Dois padrões diferentes na mesma toilette? Enfim, os erros de vestuário no que seria a visão da minha avó e deviam deixá-la horrorizada.
Mas a grande revolução são as calças!  As calças, senhores, as calças!
Os homens usam calças, as mulheres usam saias. Ponto final. Havia casos, a Marlene Dietrich. Ok, está bem. E as estrangeiras podiam usar calças, já se sabe, mas eram estrangeiras gente um tanto amalucada. Bem, eu que quando era nova era também um tanto amalucada, até me atrevi a andar de calças em Lisboa, apesar de jamais poder entrar na faculdade nesse atavio, que seria uma grande falta de respeito! Mas arrisquei-me a passar pelo Saldanha e ouvi várias gracinhas... em francês porque lá achariam que portuguesa é que eu não era. Muito me ri!
Ora no dia em que reparei nesta notícia, por coincidência tinha-me lembrado desses tempos e tinha-me dado para me pôr a contar (podia ter-me dado para pior!) as mulheres que encontrei na rua a usarem saias. Imaginei os olhos arregalados da minha avó, porque imagine-se que senhoras de idade, nem uma eu vi! As mulheres que encontrei - desde velhinhas bem velhinhas usando calças discretas, a jovens com calças coladas às pernas tipo Leggings, além da uma esmagadora percentagem de jean’s (que não existiam na minha adolescência) - 99% das mulheres com quem me cruzei vestiam calças.  A saia é agora 'especial': vi uma jovem de super-mini saia, 50 pares de calças depois reparei noutra de maxi a arrastar e, eventualmente, apareceu uma senhora aperaltada num saia-e-casaco para uma ocasião especial…
É certo.
A saia passou à história que a roupa agora é unisexo.
E isso era inimaginável nos anos 50, olaré!






Pé-de-Cereja