terça-feira, 29 de dezembro de 2015

O que é demais...

É irresistível para quem tem a minha idade a comparação dos seus tempos de meninice ou adolescência com a actualidade. Até porque, sejamos francos, a vida na actualidade é bem melhor e mais fácil do que era então. Comunicamos com toda a gente (quase...) a qualquer momento, deslocamo-nos com enorme velocidade em comparação com o que era há meio século, e temos aparelhos que nos facilitam a vida de um modo extraordinário, e na área do trabalho doméstico já nem sabemos viver sem eles!
Quanto à educação também as diferenças são impressionantes. Não falo apenas nos currículos académicos completamente diferentes, os estudos 'clássicos' desapareceram quase e a vertente científica tem muito mais peso, mas toda a atitude pedagógica é outra, tal como na família a postura que pais e filhos utilizam no respeito pela hierarquia (?!) familiar. Mas, embora muito interessante, não são estas diferenças que hoje me levam escrever e sim a diferença enorme em relação ao desporto.
Todos nos recordamos decisão de Afonso da Maia, quanto à educação do neto Carlos - à inglesa, ele devia para além dos estudos académicos fazer ginástica, actividade física... Revolucionário, hein?!  E bastante mais tarde, no tempo dos meus pais, a prática da actividade física não fazia parte do curriculo escolar. Eu já a tinha, mas sem nota, não se dava grande importância. 
Actualmente é bem mais importante, e muitos pais para além do que os filhos fazem na escola arranjam-lhes diversas práticas desportivas. É correcto. 
Mas já tinha reparado, em séries americanas sobretudo, que esse estímulo pela actividade física está a tornar-se uma mania. Cá para mim, o que é demais, é demais... Veja-se esta verdadeira obsessão pelos desportos !
Calma! Com 9 anos jogarem okey até às 10 da noite?! Com 13 anos praticar todas as noites e aos fins de semana?! Não se pratica desporto por ser divertido, ou fazer bem, tem de se ser muito bom, ser o melhor, ser uma estrela... Só os atletas são bem sucedidos, a competição é enorme, a família usa todos os tempos livres para ir ver os filhos a competir. Falhar um jogo é um desgosto profundo, uma catástrofe.
Mas afinal isto passa-se na América, onde o bom ensino é privado, e as famílias começam a juntar dinheiro para os estudos dos filhos ainda eles são bebés. Ser bom atleta é conquistar uma bolsa e garantir os estudos. 
Poizé, afinal melhor ou pior é uma questão de dinheiro.


Cereja

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

A espiral sinistra irá abrandar...?

Na nossa terra ultimamente a vida de-quem-não-é-rico tem sido um pesadelo.
Sei que há quem o queira disfarçar, daí o eu ter optado desde há uns tempos por não ler, nem ouvir na tv, a «opinião» de uns senhores 'economistas' que vivem num universo paralelo e negam a evidência. O que dizem enerva-me tanto que optei por os ignorar!!!
Durante muito tempo, quando eu era criança, os ordenados eram uma miséria mas os preços eram controlados. Vivia-se muito mal, os salários se comparados com 'lá fóra' eram muito baixos, e os preços também. Um país onde tudo era pequenino, pobrezinho...
Veio depois um tempo onde os salários foram melhorados, e nós respirámos. Um período de grande esperança mas muito curto porque rapidamente os preços foram ajustados...
Ou seja de viver mal por os salários serem baixos, passámos a viver mal por os preços serem altos. O tempo em que se respirou foi curto.
Mas nos últimos tempos, com as medidas de austeridade para o nosso país, a tarracha apertou a um limite inacreditável, viu-se os preços a subir e os salários a baixar ! Ou seja os pobres passaram a miseráveis e a classe média a pobre, como diz na reportagem «os aumentos significativos registados nos preços de bens e serviços básicos ou obrigatórios vieram numa fase em que também o emprego, os salários e os apoios sociais foram penalizados» Na conhecida história do 'leito de Procusto' cortava-se ou os pés ou a cabeça da vítima para a ajustar à cama, mas no 'leito da austeridade' em Portugal cortava-se os pés e a cabeça! Sem salvação!
Mas de vez em quando contam-nos coisas tão inacreditáveis que têm de ser interpretadas para se aceitarem. Vi na véspera do Natal uma reportagem que dizia que os portugueses tinham gasto este ano, em média, 300 € em prendas de Natal. Mas quais portugueses? Ou é um milagre que rivaliza com o da multiplicação dos peixes, ou algo de estranho se passa para que num país onde  a média dos salários é de 550 € segundo a Deco, o que me parece realista, ou de pouco mais de 900 em estudos mais optimistas, como é que a média das compras foi de 300 €?! A minha interpretação é que se esperou pelo Natal para comprar coisas necessárias: um casaco de abafar melhor, um bom par de sapatos, ou trocar aquele electrodoméstico que estava em fim de vida... Só pode. 
E com o Novo Ano e Novo Governo, o que eu espero nesta altura é já que não me cortem mais no salário ou reforma! E que apareçam saídas profissionais para os nossos filhos. Não se pode pedir menos, creio eu...
Que se consiga abrandar a voragem desta espiral tenebrosa. Uma luzinha ao fim do túnel.








quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Mais uma vez a comida

Tinha prometido a mim mesma não voltar a falar de novo nas questões da alimentação (já me enjoa...) mas torna-se difícil, não sou eu que vou atrás do tema é ele que me persegue... Da comunicação social nas suas diversas formas, às redes sociais, somos constantemente metralhados com o raio do tema. Mal comparado, a ânsia de conversão de alguns fundamentalistas alimentares só me lembra a pegajosice  das 'testemunhas de jeová' que nos batem à porta ou nos abordam nas esquinas insistindo na bondade da sua mensagem. 
Desta vez é aquela coisa, a tal lenda urbana dos malefícios do leite. No facebook gozava-se com um cartaz onde se falava em 'soy milk' perguntando, com graça, se seria o leite espanhol a apresentar-se. Nos comentários lá apareceram os inimigos-do-leite, com o conhecido argumento cheque-mate: só o homem bebe leite em adulto, mais nenhum mamífero o faz, QED ... faz mal!
Óvalhamedeus!
Essa prova (?!) tão repetida deixa-me sempre atónita, até por vir muitas vezes de vozes cultas. O homem da actualidade, é diferente de todos os outros animais. A verdade é que, se quando desceu das árvores e começou a andar na vertical apoiado nas patas traseiras ainda seria herbívoro, desde há milénios que se tornou um omnívoro aliás acompanhado de muitos outros animais!

E, mais ainda, para além dessa esquisitice de ser o único que bebe leite em crescido, também é o único que cozinha os seus alimentos!!! E bebe líquidos fermentados. E... e... e...
Pois é, o ser humano é único. Felizmente.
Come de tudo, sim senhor. Bebe leite se quiser. Aliás também nenhum mamífero adulto come iogurte ou queijo porque não o sabe fazer. E já agora também nenhum mamífero adulto bebe leite de soja ou come tofu...
Vi ontem um episódio antigo de uma série de tv. Às tantas um pai a querer ser simpático com uma filha jovem adulta e o seu namorado convida-os a ir comer um «pato à Pekin». O olhar com que foi recebido o convite, de espanto e desdém, era fabuloso e acompanhado da resposta «Pai!!! Nós somos vegan!!!» num tom superior. No desenrolar do episódio o namorado, que era um dealer, acabava morto num tiroteio com um bando rival, e a rapariga também matava alguém, em defesa é certo mas por causa do negócio de droga...Achei graça. Princípios elevados na alimentação, não comiam carne, nem peixe, nem ovos, nem leite, nem mel, nem... mas consumiam e vendiam droga, e até não se faziam esquisitos para matar pessoas!


Claro que não tiro nenhuma conclusão parva, uma coisa não tem a ver com outra. Mas, achei graça, pronto!


O leite-creme leva leite...
Mas é tão bom, não é? 

Cereja

 

domingo, 22 de novembro de 2015

Outras guerras


Para além das grandes guerras que ocupam as nossas preocupações e os títulos dos jornais, há outras guerras mais mansas a que já nos habituámos e não matam mas moem. Ou até matam, visto por outro ângulo... Penso no consumo. Já reflectiram porque é que se fala de «defesa do consumidor», aliás até existe uma «lei de defesa do consumidor». Quando se usa o termo defesa é porque se pressupõe um ataque, não é?

O famoso 'consumismo' é uma doença relativamente actual. Imagino facilmente que ao longo dos séculos passados tenham sempre existido algumas pessoas que davam mais importância a ter coisas do que as outras pessoas. Mas como o comércio era uma actividade muito mais restrita do que agora, e muito do que se usava era 'feito' em casa ou na família, não se pode ver isso como consumismo. Ainda quando eu era criança, talvez efeitos do pós-guerra, a grande batalha era contra o desperdício - evitava-se desperdiçar, e o conceito não é exactamente igual a quando hoje se diz «poupe muito, compre 10 ao preço de 5», porque muitas vezes estamos a comprar o que não precisamos, ou seja vai-se desperdiçar no final...

E a minha convicção é de que o consumidor, ou seja 'todos nós', precisa muito de ser defendido. Porque o ataque é global, constante, e por formas cada vez mais habilidosas e sofisticadas. Não podemos esquecer que as empresas de publicidade têm nos seus quadros especialistas de psicologia.
Fala-se muito nas 'dívidas das famílias', os famosos créditos-mal-parados, e ouvimos constantemente em coscuvilhice de vizinhos censuras a pessoas de classe média-baixa por estarem muito endividados por fazerem demasiadas compras. Muitas vezes são censuras que até fazem sorrir, porque os gastos dos particulares para além da habitação, ou vá lá, um carro mais caro, são gotas de água ao pé da dívida de uma empresa mesmo pequena.

Mas quem empurra o consumidor para o gasto sabe bem o que faz e como o faz. 

Como possivelmente quase toda a gente da minha situação económica eu tenho, para além do 'cartão de crédito' a que a minha pequena conta bancária dá direito, uns dois ou três outros cartõe(zinhos) de crédito. Estão associados a empresas onde costumo fazer compras com regularidade e que mos 'ofereceram' explicando sempre que não tinha nenhum custo, que em muitos casos faziam prestações sem nenhum juro, que era só uma segurança para o caso em que... Pronto, aceitei! Portanto tenho, como disse, uns cartões que estão quase sempre inactivos porque tenho imenso cuidado nas compras que faço.
E o que motivou tudo isto que acabo de escrever é o bombardeamento que recebo constantemente quer por sms, quer por email, lembrando «olhe que tem x disponível para usar no cartão tal»...! Agora, talvez com a aproximação do Natal, tem sido constantemente, há manhãs onde chego receber 2 mensagens de cada um deles, ainda assim a primeira me tivesse passado desapercebida.
Ora, graças à minha fada madrinha que me deitou uns pós de perlimpimpim quando estava no berço, acontece que não sou nada consumista. Resisto bastante bem. Mas imagino o efeito que estas ofertas envenenadas terão para muitas pessoas. A prenda é oferecida envolta num papel tão bonito... custa a resistir. 
E a ratoeira fecha-se.
E quem lucra....?!



Cereja

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

As teorias da conspiração


Usamos a expressão «teoria da conspiração» para ironizar sobre teorias muito rebuscadas e um tanto paranóicas sobre a realidade. Mas, o certo é que na história original do filme que tornou a expressão comum, o certo é que afinal se descobre que o 'louco' tinha razão e existia uma conspiração em que ninguém acreditava.
Penso nisto a propósito dos atentados de Paris.
De qualquer das vezes, quem em Janeiro quer agora, o planeamento parece ter sido cuidado ao milímetro com muito pouco deixado ao acaso. Ora uma das coisas que deixa qualquer um de boca aberta é a história de ter sido encontrado junto de um dos cadáveres um passaporte sírio. A ligação que foi feita de imediato, e aliás confirmada pelos vistos, é de que aquele terrorista-suicida se tinha infiltrado através dos refugiados que têm chegado.
Digo que nos deixa de boca aberta porque alguém que entra numa conspiração desta envergadura e mete no bolso a sua identificação verdadeira é extraordinário! Qualquer série policial de meia tigela refere que o primeiro cuidado de um criminoso é usar uma identidade falsa, quanto mais numa acção destas...

Mas este pormenor teve de imediato repercussões, ou seja incendiou quem já estava de pé atrás com a chegada à Europa de tanta gente em fuga, e temia a desestabilização que tal vinha trazer. Portanto pensaram de imediato «olha, olha, cá está um!» mesmo que fosse natural existir 1 nos 135.000 ou seja 1 para 134.009. Seria natural mas segundo as últimas notícias, nem é bem isso, porque parece que afinal o famoso passaporte era de um soldado sírio já morto há meses

E cá voltamos à tal «teoria da conspiração» que não é tão tonta como isso. Imagine-se que o dito passaporte foi levado de propósito. Imagine-se que se pretendia de facto associar os refugiados aos terroristas. Imagine-se que se desejava a reacção que acabou por acontecer.
Vantagens para o ISIS: a) Baralha as pistas. Começa-se a pensar que o mal vem de fóra, quando as sementes estão bem plantadas no interiror. b) Faz 'perder tempo' aos investigadores. c) Bloqueia a fuga de refugiados que não lhes pode agradar, afinal estão a sair da sua esfera de influência.



.................
É certo que tudo isto são conjecturas.
Nada diz e seria realmente impossível improvável que os fundamentalistas do ISIS quisessem agradar à Marine Le Pen, ou aos que querem radicalizar as suas posições, mas se nas histórias policiais se costuma perguntar quem beneficia com o crime, parece que não há dúvidas que não foram as posições de esquerda que beneficiaram, muito pelo contrário.
Pode ser que os vendedores de armas reforcem agora as suas vendas à França e aos países que partirem em cruzada. O povo anónimo, os civis de parte a parte é que não beneficiaram nada, com certeza.



Cereja

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Os do «contra»tudo, sempre, sempre, sempre!


Uma antiga poesia que aprendi em criança, história imaginada por La Fontaine mas adaptada a português, lembro-me de que começava «O mundo ralha de tudo / tenha ou não tenha razão / vou contar-vos uma história / em prova desta asserção» (a memória de criança é óptima...) e depois contava de como um avô, o neto e um burro, foram sempre criticados fosse como fosse o modo como usavam ou não o burro...
Continua actualíssima!
Encontrei por acaso o boneco, que recorda que cento e muitos anos depois, monte-se o burro, vá-se a pé, ou leve-se ao colo, há sempre alguém para considerar que é um erro.
É cansativo.
É irritante.
E numa era onde muita gente participa em redes sociais, mesmo quando não se está muito dependente delas, essa crítica constante e permanente, ainda é pior. Se o grupo que nos lê é grande (felizmente não é o meu caso, que sou muito prudente e um tanto selectiva a quem abro a porta) é vulgar «desamigarem-se» pessoas por choque frontal de opiniões. Mas se faz todo o sentido receber críticas de gente religiosa se se é ateu, ou de activistas de direita se nos mostramos de esquerda, já é inesperado algumas críticas violentas muitas vezes, de quem em teoria está perto das nossas ideias.

Falo das redes sociais porque é um símbolo que todos conhecemos, mas claro que isso se vê por todo o lado, quando há um agrupamento de pessoas a conversar e se deu um acontecimento recente com algum impacto. Uns criticam por uma coisa, outros por outra, outros por outra. No campo da política isso então é um fogo de artifício...! O facto de pela primeira vez a Esquerda em Portugal ter conseguido unir-se em pontos básicos, se foi criticado pela Direita ela estava no seu papel, mas tanta crítica vinda da própria esquerda é cansativo. Claro que se queria mais. É poucochinho? Pois é. Mas não se diz que um grande caminho começa por um pequeno passo?! Eu posso desejar viajar num super-rápido TGV mas não vou ficar à espera que se construa a linha, vou mas é a pé por agora.

Cereja

sábado, 14 de novembro de 2015

«Porta aberta»? Claro que sim, mas...

Ainda não se fez o balanço do horror da noite de ontem em Paris. Aliás não se pode ter a certeza de que acabou (por agora) embora seja plausível, porque se foi cronometrado para que todos os atentados fossem à mesma hora era esse o efeito pretendido, e que foi conseguido. Hoje é dia de rescaldo, a sexta-feira 13, foi ontem.
Como é natural, nesta Era do virtual e da net, o efeito nas redes sociais foi enorme. Falando por mim, tinha um olho na tv - de preferência canais franceses, de que infelizmente o meu pacote cabo é muito sovina - e o outro no monitor do portátil que trazia muita informação mais actualizada.
E uma coisa bela, até comovente, foi a criação imediata, fulminante, da 'operação porta aberta'. Numa altura onde as ruas estavam fechadas, onde se pretendia socorrer as vítimas e apanhar os carrascos, a gente anónima que queria fugir não tinha para onde! Portanto milhares de parisienses da zona atingida abriram realmente a porta das suas casas a quem fugia e deixaram na net sob a hastag  #‎PorteOuverte‬  as indicações necessárias, morada, contacto telefónico, para os fugitivos saberem que ali tinham refúgio.
Foi bonito, foi generoso, foi comovente. Eu até tinha a imagem antiga, e não sei se actualmente ainda assim é, que os franceses não recebem com facilidade ninguém em casa, não é exactamente a hospitalidade portuguesa, portanto o gesto ainda é mais impressionante. Pelo que soube no twitter, cerca da meia-noite, já havia 200.000 ligações! Estavam de facto unidos como a outra hastag dizia  #‎NousSommesTousUnis‬. Faz-nos acreditar na humanidade.
O outro lado da medalha, era o que fui lendo também na rede portuguesa, onde a par do choque e da indignação partilhado por todos, vinha também muitas vezes o veneno do aviso sobre o perigo que a chegada dos milhares de refugiados implicava, porque afinal eles também eram árabes ou seja terroristas. E já está lançada a acha para a fogueira.
A Porta Aberta é para «os nossos». Para os outros fecha-se a porta na cara, e o melhor seria até entregá-los aos seus perseguidores. Apetecia-me abaná-las com força, estas almas idiotas. Claro que penso nos que estão de boa-fé e são apenas pouco espertos, não os 'pensadores' à Le Pen que devem esfregar as mãos com esta prenda que lhes saiu na rifa. 
Afinal a vítima é a mesma, o inimigo o mesmo. Quem foge são famílias inteiras sem condições de sobrevivência ou pessoas que estavam na rua naquele bairro, naquela sexta-feira, são tanto vítimas inocentes os passageiros do avião russo abatido, como os pais e filhos que fogem das bombas na síria, como os clientes do Bataclan ou espectadores do estádio, é igual, como igual é o inimigo o Daesh  que já afirmou que este ataque era para vingar a Síria, se alguém tivesse dúvidas. E, já agora, os inimigos são também quem fornece as armas a esta gente, quem lucra economicamente com estas mortes.
Parece simples, não parece?
A Porta deve ficar Aberta, sim, e tal como os 'refugiados' que ontem se abrigaram nas casas perto dos locais atingidos mas hoje devem voltar para as suas casas, também os 'refugiados' sírios e não só, devem poder voltar as suas casas, à sua terra, à sua vida. Igual.

«Os homens nascem livres e iguais»

E a Paz não tem preferidos.



Cereja


quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Quarto Poder ou Super Poder ?!


Há qualquer coisa de errado na actual comunicação social.
Certo, eu sei que ela é o tal Quarto Poder, mas não é mais do que os outros 3, caramba...! Contudo, sua atitude e a sua arrogância faz-me crer que ela assim se considera: mais importante e forte do que o Legislativo, Executivo e Judicial todos juntos.
Não posso comparar bem com o que se passa 'lá fóra' embora creia que por todo o lado se caminha para esse domínio, e a força de certa imprensa, a que se chamava tablóide de um modo depreciativo, extravasa e atinge a comunicação que se considerava mais séria mas que actualmente recorre já a todos os meios para passar as mensagens que quer.
A técnica que utilizam os jornalistas mais importantes de falarem eles em vez de perguntar, vem de longe. Recordo que há já uns 20 anos uma amiga minha, convidada de um programa de tv, ouviu a pergunta «Considera que tal-e-tal-e-tal-e-tal?», o truque da pergunta com resposta lá dentro. Respirou fundo e respondeu sorrindo «Concordo com a sua opinião e devo acrescentar que etc-etc-etc»
Mas na comunicação social portuguesa actual, isto está a atingir umas proporções revoltantes! Certas entrevistas (?) a figuras públicas non-gratas para eles, assemelham-se a interrogatórios de réus em tribunal, pela agressividade com que as perguntas são feitas, pelas armadilhas montadas para os fazer cair em contradição, pelo tom usado nessas questões, pelas mentiras usadas como argumentos para os irritar e fazer perder a compostura. Com a agravante de que se no tribunal há um advogado de defesa para chamar a atenção, nessas 'entrevistas' armadilhadas a vítima está sozinha...
Outro espectáculo que me choca, e isso não é só em Portugal, claro, mas aqui parece pior, é a matilha que corre e envolve a figura política que se considera poder dizer algo que possa ser usado. Ou a pessoa em causa já muito batida não tem medo de parecer antipática e repete sem parar: não tenho nada a dizer, não tenho nada a dizer, não tenho nada a dizer, não tenho nada a dizer... e mesmo assim vai ouvir mais tarde «fulano teve medo de responder», ou se tenta responder é a imagem da raposa rodeada de cães.
Mas quando penso que eles se acham o super-poder é quando citam um artigo de jornal que lhes agrada como sendo um facto. Ouvi ontem perguntarem num corredor a Mário Centeno qualquer coisa como «como reage ao facto de a Europa [ou o Mundo] estar contra o seu governo?» e de seguida explicou que citava um jornal qualquer. Não, não eram os governos de Inglaterra, França, Alemanha, não era Bruxelas, não era nenhuma força política conhecida que era citada, era um jornal!
Aliás quando uma determinada orientação política perde ou ganha é óbvio que os seus parceiros internacionais, a sua 'família política', se vai manifestar. De estranhar era que o não fizesse...
Ora a nossa comunicação social, que se tolerou que fosse completamente dominada por uma única força e usa e abusa do poder que tem, que ao organizar mesas redondas convida 3 elementos da mesma ala e um só da outra, que admite que um entrevistador manifeste durante a entrevista a sua opinião pessoal como se a entrevista fosse um debate, que filtra as entrevistas que faz na rua de modo a só mostrar as que lhe convêm (convêm a quem?) tem de ser chamada à razão.


A questão que me aflige é: chamada à razão POR QUEM?




Cereja

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Mentira, ou... não-é-bem-verdade

Há uma página do facebook chamada Os truques da Imprensa Portuguesa 

Tem graça e é pena que não não seja mais divulgada. É certo que aparecem lá, maioritariamente, graças e montagens com piada, mas sem perigo porque são obviamente montagens, não enganam ninguém. Mas actualmente o desplante e a impunidade (?) com que se manipula a informação que não convém, é chocante. Eu compreendo, mesmo que não goste, que a imprensa mais sensacionalista utilize técnicas menos éticas para chamar a atenção dos leitores sobre determinadas notícias, ou dê títulos a reportagens que adulteram o que depois ali se vai ver... Paciência, é chato mas já estamos prevenidos. Contudo, que a 'outra comunicação' que imaginamos mais séria, vá atrás dessas técnicas mesquinhas e desinformativas, dá-me volta ao estômago.

Porque a verdade é que a água mole em pedra dura... ou seja ouve-se uma vez, ouve-se duas, ouve-se três, e ainda por cima em diversos suportes - tv, jornais, rádio -  é normal acreditar-se, não podem estar todos enganados.... Aliás porque muitas vezes não é (às vezes até é!) uma perfeita e descarada mentira, é apenas uma forma de contar uma verdade. Se fossem a tribunal podiam sempre defender-se afirmando que não tinha sido exactamente uma falsidade. Reparem por exemplo nestas «informações» sobre os refugiados e o modo como as histórias são apresentadas. Sobre uma 'verdade' constrói-se toda uma interpretação mentirosa.
Exemplos de manipulação:



E já nem se fala, dos entrevistadores na tv (esse processo não resiste a uma entrevista para um jornal) que usam durante a entrevista (?) uma técnica de perguntar que mais parece um advogado de acusação a inquirir um réu em tribunal. Até ficam todos regalados quando uma armadilha resulta e apanhem a vítima numa contradição. Mas que bom, pensam eles, já te apanhei!
Não sei como fazer para contrariar esta tendência, o código deontológico não chega pelos vistos. Mas ao menos eu desabafo aqui...

Cereja

sábado, 7 de novembro de 2015

Acordaram finalmente!


É uma emoção!
Até agora parecia que a Direita tinha o exclusivo de se saber unir quando queria uma coisa. E faziam-no muito bem! Temos assistido às mais variadas Alianças ("Democráticas" e não só...) ao longo destes 40 anos pós fascismo. E a verdade verdadinha, não era nenhuma lenda, era um facto, é que a nossa Esquerda era perita em divisões! Já não digo apenas que não se unia, que não fazia pontes, pelo contrário tinha uma grande apetência para se dividir cada vez mais. Parecia uma fatalidade.


Estes dias, depois do balde de água fria do resultado eleitoral, quando se começou por imaginar que tudo estava perdido, que a Direita Unida mais uma vez ia governar, deu-se o «milagre da unidade»!!! Pela primeira vez desde de Abril, os partidos da Esquerda e a actual Direcção do PS, encontraram a ponte entre si para fazer-a-passagem-para-a-outra-margem.
Desta vez conseguiram pôr o interesse imediato e urgente dos portugueses mais desfavorecidos à frente de princípios muito importantes e sérios, de que certamente não abdicarão, mas podem ficar temporariamente em reserva para dar lugar ao que é bem urgente - travar esta queda constante na nossa qualidade de vida.
Se calhar, não se vai ver muito bem logo os ganhos. Consigo imaginar que, como não se trata de uma revolução, os benefícios deste acordo não são muito vistosos. Mas acredito que com a união destas vontades a queda pelo plano inclinado que parecia imparável, pode ser travada.
Já é bom!
Começarmos a não cair mais. Depois disso, sim, começar-se então a subir. 


É isso que eu espero.
Acordar! Palavra importante, quer no sentido de fazer um acordo, quer no sentido de despertar.
Parece que finalmente se acordou!!!



Cereja

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Parábolas (?)


Oscilo muito entre escrever aqui no blog ou no facebook. Claro que o face é mais espontâneo, mais rápido, é lido de imediato por várias pessoas. Como os meus blogs vêm do tempo-em-que-não-havia-face neste momento a sua utilidade foi alterada, já não deixo aqui o comentário da notícia do momento, isso passou para o face!
Mas por vezes o texto para lá fica demasiado grande.
É o caso deste! Uma amiga-de-facebook a propósito de uma notícia sobre a futura «Feira Popular» onde relembrei as Feiras de antanho com algum saudosismo, referiu os restaurantes de lá. A verdade é que eram quase obrigatório os grelhados, ou frango assado, ou sardinha também assada, porque esses odores eram demasiado fortes para a pobre concorrência de outros acepipes. E deixou uma frase muito curiosa: «Em Entrecampos, quando era estudante comia lá pão com o cheiro da sardinha. Mais tarde voltei para comer sardinhas assadas»
Esta frase remeteu-me de imediato para um romance que eu tinha adorado na minha adolescência. Chamava-se Nasseredine, o Vagabundo. Era uma biografia imaginada, creio eu, de um contestatário habitante de uma Arábia medieval, que se divertia a pôr em causa as leis do emir da época - ditador é claro. Espalhava a rebeldia de um modo muito divertido e punha em cheque a polícia que nunca o conseguia apanhar. Era 'vagabundo' porque estava sempre em movimento, nunca parava nem tinha residência fixa.
Ora certa vez ele chegou a uma estalagem, e deparou com uma grande briga. O estalajadeiro agredia um pobre diabo e gritava com ele. Nasseredine que se metia em tudo, foi logo saber de que se tratava e o estalajadeiro explicou-lhe o homem que se tinha refugiado no calor da estalagem, tinha tirado um bocado de pão duro do saco e aproximou-o do vapor do tacho que estava ao lume e assim o pão ficava mais saboroso, portanto tinha de pagar por isso. O homem só tinha 3 ou 4 moedas que o outro queria anexar, e o Nasseredine, muito sério disse que era justo, estendeu a mão e recebeu as 4 moedas do desgraçado. E quando o estalajadeiro se preparava para as receber, ele chocalhou-as ao ouvido do outro e devolveu-as ao pobre. Ficaram todos espantadíssimos, mas ele explicou:
«Foi a mesma medida. Ele usou o cheiro da tua comida e tu ouviste o som do seu dinheiro. Foi justo e estão quites. »
Muitas vezes, perante certos serviços que recebemos, ou por vezes nem recebemos mas temos de pagar, apetece imenso fazê-los ouvir o som do nosso dinheiro... Era da maior justiça!




Cereja

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

História esquisita ou... mal contada


Não interessa para o caso que clube de futebol está na berlinda, cá para mim poderia ser qualquer, porque os adeptos e as claques de todo o mundo são conhecidos por serem descontrolados. Imagino facilmente, que o entusiasmo e mais uns copos, tenham anulado o botão do auto-controlo destes rapazes. OK. Ora o que a notícia refere é que «houve um problema entra os referidos adeptos e uma hospedeira que levou à reacção de um passageiro turco. A confusão instalou-se, havendo lugar a troca de insultos»


Isso é mau, é desagradável, sem a menor dúvida.
Imagino que o banzé fosse grande e incómodo. Mas por aquilo que se lê, não houve pancadaria nem ameaças físicas, ninguém estava em perigo. Não havia armas (o que aliás seria de estranhar dado o rigor com que os passageiros são inspeccionados antes de entrar) nada parecia por em risco aquele voo. 
Mas o comandante decidiu «desviar o voo para Roma, por não estarem garantidas condições de segurança».
Ora, por um lado, sabemos que uma aterragem de um avião num aeroporto é caríssima - para além de haver um brutal gasto de gasolina, tem de se pagar o «estacionamento» que me disseram ser também um valor astronómico. Por outro lado, também se atrasou a chegada ao aeroporto turco, e isso também de certeza que saiu caro, a alteração da hora de aterragem, para além dos prejuízos que esse atraso provocou aos passageiros.
É evidente que se estivesse de facto em risco a segurança do voo, era mesquinho estar a referir aqui se a decisão do comandante tinha sido 'cara', mas pelo relato (e por isso ressalto a ideia de que tudo isto está mal contado) não se vê que uma discussão entre passageiros fosse o bastante para criar um risco à segurança do avião...
Bem. Não sei se há seguros para estas situações, mas se não estavam cobertos por uma apólice qualquer, estes adeptos vão ficar a pagar esta discussão até ao fim das suas vidas. Creio que até terão de reencarnar para saldar esta dívida gigantesca.
Sugestão: para além do exame à bagagem que excluiu desde o corta-unhas ao sabonete líquido, os passageiros deveriam também ser obrigados a soprar no balão, e não poderem entrar para além de certo grau de alcoolismo. Era mais fácil e barato.



Cereja



sábado, 31 de outubro de 2015

Arte e provocação artística

A história é engraçada. Uma empregada de limpeza de um museu «limpou» uma obra que estava em exposição. Começamos por estranhar mas, sinceramente, talvez nós fizéssemos o mesmo. Por aquilo que se lê a obra artística que se chamava «Onde vamos dançar esta noite?» - os criadores não lhe chamavam escultura nem pintura chamavam-lhe 'instalação artística' - e consistia em garrafas vazias espalhadas no chão, rodeadas por beatas e serpentinas e confetis. Hmmmm... Qualquer boa mulher-a-dias limpa essa porcaria.

Cá por mim, se isso não tinha nenhum destaque especial, não posso censurar a empregada. Como ia adivinhar? Entra numa sala naquele estado e, logicamente, limpou tudo. Normal, não? Mas agora, possivelmente, vai ter receio de despejar os caixotes do lixo ou limpar o pó, sabe-se lá se não é outra instalação.
Se desta vez entendo muito bem a confusão da empregada, isto fez-me recordar uma história de que fui «vítima» já há um bom par de anos:
O gabinete onde eu trabalhava era limpo diariamente por uma empregada que eu até conhecia mais ou menos bem por ela já lá trabalhar há uns anos. A certa altura, por uma qualquer remodelação, aquele andar passou à responsabilidade de outra empregada, muito activa e desembaraçada. Começou por passar a arrumar-me sistematicamente a secretária, ou seja empilhando dossiers que estavam separados por uma determinada ordem. Depois de alguns conflitos, passei a ter um pano do pó guardado e limpava eu o pó às minhas coisas.
As coisas estavam nesse pé, a Dona ***** despejava o cesto de papeis, aspirava o chão, limpava os vidros da janela, e pronto. 
Até que certo dia ao entrar o gabinete pareceu-me estranho, desconfortavelmente vazio... Eu tinha numa das paredes um poster, grande, lindíssimo e de grande valor estimativo. O fundo era uma reprodução de um quadro, enquadrando o programa de um seminário onde eu tinha participado há uns anos, seminário que tinha sido muito importante para mim sob vários pontos de vista. Tinha conseguido aquele poster com alguma dificuldade, quase nem queria acreditar na sorte que tinha tido por o ter conseguido na altura.
Olhei para o chão, a ver se se tinha descolado (o que seria estranho...) mas não. O resto da sala estava arrumada. Lá fui procurar a Dona *****, para entender o que se tinha passado. Ia morrendo, quando ela muito segura de si e até condescendente me informa: «Oh doutora, não viu que aquilo estava velho?! A data já passou há muito tempo. Eu deitei para o lixo, já estava ultrapassado!!» Devo ter passado por várias cores, porque ela mostrou-se menos segura, e depois de ter explicado que já tinham recolhido o lixo, ofereceu-se para me arranjar um outro qualquer, havia uns calendários muito bonitos...
Com esta recordação, compreendo melhor a senhora das limpezas italiana, a que «limpou a instalação» das garrafas vazias e beatas no chão.




Cereja




quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Ando farta!


Ando farta, farta, farta que mandem em mim!
As crianças «do meu tempo» eram mais obedientes. Quero eu dizer, havia de tudo é claro, meninos mais ou menos desobedientes, mas quem mandava eram os adultos - pais, professores, as tais figuras de autoridade - e nós sabíamos isso. Quando se crescia ainda se tinha de obedecer às normas sociais e às leis mas na vida privada fazia-se como se queria.
Actualmente as crianças, de uma forma geral, já questionam (e muito!) as ordens que recebem. A maioria delas é negociada e raramente se ouve a frase vulgar na nossa infância «é assim porque eu mando!». Nas famílias até parece que todos os filhos de qualquer idade vivem como os adolescentes do meu tempo, em contestação permanente.
Mas, por outro lado, a sociedade de hoje controla muito, mas muito mais, as nossas decisões quanto à forma como vivemos, nós adultos.
Ele é a publicidade constante e invasora, ele são 'estudos' científicos com que nos bombardeiam, ele são os conselhos médicos em cada consulta e nem sempre coincidentes entre as diversas especialidades, ele são as milhentas revistas de especialidade(s) que compramos... Todos, e a maior parte das vezes de um modo contraditório entre si, nos mandam:


Dorme mais!
Não comas isto!
Não durmas tanto!
Tens de comer aquilo!
Faz ginástica!
Toma banho assim!
Bebe água!
Faz a sesta!
Anda a pé!
..................................


Pronto, CHEGA!
Na parte alimentar isso então atinge quase o delírio. Não sei se por interesses económicos não há mês, ou se calhar nem há semana, onde não descubram que determinado alimento faz muito bem ou faz muito mal! E lá se soltam os cães à caça desse maléfico alimento que será banido da nossa dieta alimentar.
OK.
Se fosse obediente hoje seria assim o meu almoço:



Cereja

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Os cafés


Inesperadamente encontrei no youtube uma canção.

Não conhecia a canção apesar de conhecer a cantora... desde «os tempos do Monte Carlo»!






Fiquei afogada em saudades. O café Monte Carlo foi uma referência para a minha geração, o ponto de encontro para a malta universitária, sobretudo a mais virada à literatura e às artes. E ainda por cima para mim era quase inevitável por ser pertíssimo da minha casa.
Nesses anos, os cafés eram a nossa segunda casa.
Conheci uma pessoa, já de outra geração, que me contou ter uma vez mandado fazer cartões de visita, com os dizeres «Fulano de tal, Café Chiado». Era a sua morada! Porque estávamos no café horas e horas. Eu própria, certa vez, sentada ao fundo da Brasileira com uma chávena de café, passei pela vergonha de ouvir dizer educadamente «Não deseja mais nada?» e vim à tona olhando o livro, caderno e lápis e enchiam o tampo pequeno da mesa, sem perceber a pergunta do empregado. Ele olhou para o relógio da parede e vi que estava há duas horas e meia sentada em frente de uma bica... Ups!
Os cafés mais frequentados, na minha geração, já não eram os da Baixa mas os que eram perto dos locais onde se estudava. O Tatu, o Nova Iorque, o Vavá, na zona da Cidade Universitária. O Cister para a malta de Ciências. Ou os perto-de-casa como o Imperial ('Confeitaria' ?!...) e também o Café do Cinema Império, por exemplo. A relação dos clientes com o Café e do Café com os clientes era muitas vezes próxima e pessoal. Em frente do Monte Carlo havia um outro café muito mais antigo, o Café Paulistana que o meu avô frequentava. Como era um republicano conhecido, consideravam que a sua presença dava prestígio à casa e o primeiro café era sempre oferecido!
Eu tinha a sorte do «dois-em-um» no caso do Monte Carlo: era o mais perto da minha casa e onde a malta amiga e com mais afinidades se juntava. Foram tarde e noites inesquecíveis as que lá vivi.

As saudades que esta canção veio levantar...


Cereja

sábado, 10 de outubro de 2015

'Máquinas' ou 'sessões de esclarecimento'


Estamos no rescaldo de umas eleições legislativas muito importantes. São sempre muito importantes este tipo de eleições, mas, se possível, estas foram ainda mais do que as outras. Estamos a viver uma crise económica (e não só) com reflexos em diversos valores com um custo brutal nas nossas vidas.
O resultado apurado nas urnas foi surpreendente. 

A opinião pública tinha sido inundada por demasiada «informação» (?) que por ser demasiada e muito suspeita, era de imediato desacreditada. A ideia das sondagens diárias massacrou as pessoas e lançou grandes dúvidas sobre o rigor das mesmas. Hmmmm...?! não-pode-ser-verdade! era o que mais se ouvia. O maior palpite era que iria aumentar muito a abstenção, contudo durante o dia até parecia que ela teria diminuído. Contudo na própria noite eleitoral sentiu-se um terramoto - as sondagens diziam verdade!!! As primeiras notícias, as 'projecções', estarreceram os eleitores de esquerda! Sugeriu-se que os partidos do governo, os dois juntos é certo, estavam prestes a atingir a famosa maioria absoluta. Como era possível?!
Mais do que nunca olhando para o mapa de Portugal se via uma linha dividindo-o ao meio: o norte laranja, o sul vermelho. E a mancha vermelha do sul podia explicar como tanta gente que por aqui vivia nem conseguia admitir o resultado das urnas porque o que viam à sua volta dizia-lhes o contrário. E o que se via na tv é que os lideres do PAF  quando apareciam em público tinham de ser protegidos da agressividade popular, e os outros pelo contrário eram vitoriados ou vistos com simpatia. Muito bem, a verdade é que na hora do voto a coisa foi bem diferente.
Em conversas que fui tendo com amigos, uma coisa foi muito sublinhada: a opinião pública é manipulável de um modo impressionante! No caso dos grandes partidos quem ganhou ou perdeu foi quem fez um melhor marketing. E o PS aí falhou completamente, tendo inclusivamente mudado de director de marketing depois do «caso dos cartazes» onde se esqueceram de explicar aos figurantes que o eram... E outros diversos 'tiros-no-pé' que naturalmente eram muito sublinhados pelos adversários. Pelo contrário a PAF teve um marketing muito bem feito, e viu-se pelo resultado.
Ora nas diversas conversas com os meus amigos uma coisa era frequentemente sublinhada, as propostas ou não-propostas de programa feitos pelos diversos partidos, o ter chegado a público ou não aquilo que os economistas dos partidos propunham. E eu ia pensando para mim "vocês podem ter razão, mas quem é que lê os programas e as propostas, e os entende?». Há uma classe de pessoas politicamente informadas e que têm esse cuidado, mas a esmagadora maioria dos eleitores não os lê nem os compreende. Simples. Ou seja, dá para entrar em força as máquinas partidárias com fortes jactos de contra-informação, e quem domina os meios de comunicação nem precisa de se esforçar muito. A receita é fácil e simples: repetir até à exaustão e bem embrulhada a ideia que se quer passar, seja ou não uma rematada mentira. Analisar e discutir seriamente as propostas não é preciso nem convém.
Há 40 anos, nos primeiros passinhos da democracia, usou-se um modelo, a «sessão de esclarecimento». Foi muito troçada, porque havia quem considerasse que o MFA ou as forças que organizavam essas sessões tinham uma visão demasiado de esquerda. Mas o modelo era correcto: levar aos clubes de bairro, às organizações locais, às aldeias, às freguesias, o debate em pequeno grupo. Muitas das pessoas que ouvem as 'análises' (?!) dos comentadores da tv, num tom paternalista e superior, teriam vantagens em ouvir outras opiniões e mostrar as suas dúvidas. Ora isso só em pequeno grupo.
Mas o tempo é das 'máquinas', partidárias ou não a máquina é distante e não-humana. 
Não a podemos vencer?



Cereja

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Bola-de-neve

Comecei por pensar em 'circulo vicioso' mas a imagem da 'bola de neve' é mais correcta. Queria falar do modo como certas notícias aparecem e são vistas.
A maioria dos jornais, pelo menos aqueles que vejo on-line que é como vejo quase todos, têm uma janela onde realçam as notícias mais vistas. Chama-se mesmo, como é natural, «Notícias mais vistas». 
Ao princípio ficava irritada com a escolha dessas notícias. Havia dias onde só apareciam parvoíces, faits-divers que não interessavam nada, coisas que deviam aparecer em secções do tipo 'acredite-se-quiser', muitas vezes histórias pessoais de social-lights ou jogadores de futebol. Como é que o jornal pode pensar que isto é o mais interessante que publica?! pensava eu. 
Afinal, mea culpa, costumava ler a coisa em diagonal. Eles de facto referem as «notícias mais vistas», ou seja a culpa é do leitor que as escolhe. E pelo que percebi a coisa funciona assim: O jornal publica 100 notícias. O leitor A seja por que motivo for - até pode ir simplesmente atrás do título - abre umas 10. Portanto foram as mais vistas. O leitor B vê que as 10+mais+vistas foram aquelas e vai lê-as, reforçando que foram mesmo as mais vistas. E o leitor C também... Etc. 
Falando por mim, é muito frequente ir ver um disparate qualquer, por curiosidade. Hoje dizia que "Sérgio Ramos compra nova «bomba» de 190 mil euros", eu não fazia a mais ligeira ideia de quem fosse o Sérgio Ramos, mas 190 mil euros dava-me jeito e abri a notícia...
É por isso que lhe chamo «bola de neve», são os leitores que alimentam o monstro e é imparável. Aliás na net com o sistema de partilhas muitas vezes sem se verificar se a história é falsa - e muitas vezes é! - é ainda mais imparável.
Mas ao menos tenhamos consciência disso.



Cereja



sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Praxes

Apesar de ter no Cerejas um sítio onde guardo os posts mais 'virados para o passado' a que chamei "ontem e hoje" eu não sou o que se chama uma saudosista. Algumas coisas fazem-me saudades e tenho tendência a vê-las com uma luz doirada, mas até considero que hoje se vive de um modo menos preconceituoso e com muito mais comodidade. Não voltava para o passado mesmo que pudesse.
Contudo, de vez em quando passam-se coisas que «no meu tempo» eram diferentes para melhor, e me é difícil entender porque foi que pioraram.
Temos o caso das praxes. Começando por uma ponta, a farda
Quando entrei na Faculdade os estudantes da primária e mesmo do liceu, usavam uma bata. Era obrigatório, pelo menos nos liceus femininos. Não se refilava assim muito, porque pensávamos que sempre-assim-tinha-sido e os nossos pais não apoiariam a rebelião, mas ao sair a porta do liceu despia-se rapidamente aquele sinal discriminatório, na rua andávamos como toda a gente. Ao entrar na Faculdade uma das satisfações era não haver roupa especial. Lá para Coimbra havia quem se fardasse como os padres mas eram lá coisas deles, sorríamos nós, condescendentes...

Com surpresa desde há anos que vejo que os jovens estudantes universitários do país todo deram uma reviravolta de 180º e adoram a farda! Mesmo no Verão, podem pingar suor mas vestem todos contentes um fato completo, camisa e gravata, e ainda uma capa para ficaram impecáveis. Verdadeiro amor à farda, o que vai ao arrepio da embirração que tínhamos dantes.
Mas o chocante para mim é a questão das praxes. Quando eu entrei para a Faculdade não havia nenhum ritual. A Associação de Estudantes promovia uma «Semana de Recepção ao Caloiro» que servia para mostrar a casa a quem entrava, onde eram os diversos serviços, a quem é que se deviam dirigir, e os costumes. Havia actividades culturais, e terminava com um baile. Coisa simpática, simples, leve. E sem a menor obrigação, quem queria aproveitar ia, quem tinha mais que fazer passava ao lado.
Actualmente, em Lisboa, nesta altura do ano estamos constantemente a passar por grupos muito grandes de rapazes e raparigas com gritos que se ouvem ao longe, vestidos de preto, nuns rituais estranhíssimos. Não fazem mal nenhum, parece, só chamam a atenção e ficam todos contentes com isso. OK. O pior é quando essas macacadas acabam em violência o que parece acontecer cada vez mais. Mas porquê?! O que motiva esses jovens a praticar e a submeter-se a situações de humilhação ou sofrimento físico? E como sabemos essas parvoíces podem descontrolar-se como aconteceu na Caparica há menos de 2 anos. E como quase acontecia agora, no Algarve, com  uma estupidez que poderia ser fatal
Eu sei que este fenómeno anda a ser estudado, mas preocupa-me. Acredito que o modelo é que tem de ser mudado depressa. Porque não era só «no meu tempo» ainda hoje há quem saiba que afinal há alternativa. Há outras maneiras do ensino superior integrar quem chega ou despedir-se de quem sai.
Assim é que não.




Cereja

domingo, 20 de setembro de 2015

Comer saudável é para quem pode


A alimentação é um tema que aparece com imensa frequência no Cerejas, primeiro que tudo porque me preocupa, é claro, mas também porque "está na moda", como disse aqui, ou aquiimpressiona-me como toda a gente parece saber tudo e dar imensos conselhos mas penso de imediato: se as pessoas sabem porque não fazem?
Li agora um artigo/reportagem onde, talvez pela primeira vez, encontrei em letra de imprensa quase tudo o que vou pensando sobre esta matéria. A conclusão era afinal de que só quem tem dinheiro pode apertar o cinto ! Não, não é brincadeira embora haja um jogo de palavras, porque neste caso usa-se a expressão apertar o cinto literalmente. 
Há cem anos o modelo de elegância levava a dizer «gordura é formosura» mas era uma época onde realmente quem era pobre era magro. Magro porque comia pouco, e o que comia eram os produtos mais baratos, produtos esses que não incluíam nem açúcar nem gorduras, coisas caras na época. O que comiam era o que a terra dava, batatas, couves, comiam bastante sopa com uma pinguinha de azeite, ou arroz com alguma coisa para dar gosto, enquanto os ricos podiam engordar à vontade com carnes e peixes e manteiga, e doces com muitos ovos e muito açúcar, como hoje vemos nos livros de receitas de então.
O mundo girou muito. Hoje é barato produtos que eram de luxo nessa época como o frango, e o leite e manteiga também não são caros, mas os tais legumes frescos já não são para pobres... Não são mesmo, a não ser para quem tenha uma horta no quintal! E como a intensidade da vida do dia a dia deixa quem trabalha sem tempo para grandes cozinhados, quem tem pouco dinheiro e pouco tempo escolhe os alimentos onde paga menos e são mais rápidos de fazer - o doce e gorduroso fast-food. 
[Um reparo: como é que a Itália conquistou o 'mundo alimentar' de um modo tão completo?! Já notaram que em todo o mundo se sabe o que são pizzas, pastas e lasanhas?...]
No artigo que cito as pessoas entrevistadas dizem coisas com que concordo muito como por exemplo «o peixe continua a ser um alimento caro» e enumera as excepções. Perfeitamente verdade. Nos dias de hoje, a carne se for de aves, ou picada que rende mais, é bem mais barata do que o peixe, porque se temos uma bela orla marítima temos também as terríveis quotas de Bruxelas. Até o 'fiel amigo' está caríssimo...
E diz esse artigo algo de que eu também estava convencida: «nunca se gastou tão pouco com a alimentação»! Em 95 gastava-se 21,5% do orçamento familiar em comida e em 2011, 13,3%. E os produtos não estão mais baratos, a 'ginástica' é que é bem maior.
Era muito bom que os conselheiros-bem-intencionados (?) que enchem colunas de jornais a falar de cor sobre os erros alimentares que de facto se cometem, lessem com atenção e respeito este artigo (ou reportagem?) E meditassem.




Cereja

domingo, 13 de setembro de 2015

« Este pais não é para velhos»

Digamos que no caso de Portugal o país ainda é menos para velhos, porque para novos também não é. Mas se os novos ainda fogem, o que pode fazer quem chega à velhice nesta nossa terra?
Disseram os jornais que Portugal é o terceiro pior país da Europa Ocidental a assegurar o bem-estar social e económico das pessoas com 60 ou mais anos de idade Alguém ficou muito admirado? Parece que temos ainda Malta e Grécia atrás (interessante confirmar que foram os países mais fustigados pela troika), mas como caiu 3 lugares desde 2013 pode imaginar-se que com mais dois aninhos ainda chegamos ao primeiro lugar a contar do fim!
Neste relatório, que acredito seja isento, diz-se que «cerca de 20 mil idosos vivem em 3.000 lares ilegais e [...] 39 mil vivem sozinhos ou isolados». Não refere aqui que o valor que se paga num 'lar' é completamente exorbitante para o rendimento de alguém que não seja rico, o que explica que muitas famílias estejam a retirar os idosos, não por serem lá maltratados (espero que não sejam) mas por não poderem pagar a mensalidade. Ultrapassa em muito uma reforma razoável...
Mas para os que vivem sozinhos, e ali fala-se em isolados, a vida é um pesadelo. 
Nestes últimos dias tenho contactado com um casal que vive na aldeia onde passo férias. Casal sem filhos, mas que vive no coração do povoado, rodeado de vizinhos por todos os lados. Têm 89 e 90 anos. A casa é deles mas precisam de pagar a electricidade, água, gás, telefone, televisão, e a reforma é de 400 €. Pelo que percebi devem ter ainda algumas poupanças que vão gastando agora para as contas da farmácia e serviços de saúde de que se queixam amargamente (não há transportes e para os bombeiros, de que são sócios, os levarem a uma consulta pagam 40 €) e quando falo com eles sinto-os desesperados. Com cataratas os dois e ele além disso com glaucoma; ela só ouve, um pouco, de um ouvido e ele também não ouve lá muito bem; ele quase não consegue usar as mãos, muito deformadas; têm os dois pacemaker, e ele um tumor cerebral não maligno. Eram pessoas muito independentes, e estão agora sujeitas à boa vontade dos vizinhos que muitas vezes mostram grande impaciência... porque têm também uma vida difícil.
Este casal não tem filhos, têm uns sobrinhos que não os vêm há anos e anos. A solidão que sentem é impressionante. De início considerei que a senhora estava com uma grande depressão pelo desinteresse que mostrava por tudo, mas após uns dias já tinha dúvidas do apressado diagnóstico - com grandes cataratas e meio surda nem a tv a interessava, o que é natural, e visitas não tem nenhumas.
Um caso 'modelo' do que não devia existir num país de 1º mundo que tivesse uma rede de apoio social.
Esse país, definitivamente, não é Portugal.


 Cereja





quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Birras infantis

Este é um problema importante na educação infantil, lidar com a birra ou, falando de um modo mais técnico, «como ensinar uma criança a aprender a lidar com a frustração» o que vai dar ao mesmo.
Volta não volta toco aqui neste assunto que causa muitas arrelias aos pais e educadores e não é de fácil resolução. Afinal dar conselhos é a parte mais fácil disto tudo... Mas, muito recentemente assisti numa loja a uma cena dessas e logo de seguida li um texto que falava de como resolver uma bela birra.
A cena a que assisti ao vivo e a cores, passava-se numa loja de produtos de decoração num centro comercial. Uma senhora jovem, estava acompanhada por um rapazinho dos seus 7/8 anos e uma menina de cerca de 4 sentada na sua cadeirinha. Quando entrei a menina berrava a plenos pulmões, e tínha-os em belo estado e, pelo aspecto desesperado e constrangido de quem lá estava, a cena já estava a decorrer havia algum tempo. O que causava alguma surpresa é que a mãe continuava a conversa com a vendedora como se fosse absolutamente surda àquele som que nos furava os tímpanos. Decerto que tinha sido aconselhada (e bem) a não ligar à birra, mas sinceramente não estava a resultar porque a criança gritava cada vez mais e conseguia chamar a atenção por completo, não apenas da mãe e irmão mas de toda a gente da loja e corredor... Um espectáculo completo. Ali impunha-se não ceder, naturalmente, mas também afastar a criança do centro das atenções.
O texto que citei, louvando a mãe que dominou a outra birra, parece 'inventado' para ensinar como-se-deve-fazer, porque não é normal um menino de 4 anos ter os conhecimentos que se lhe exigiam. Quanto à menina, esteve decerto a gritar mais tempo, porque me parece que a opção de a pôr na cadeirinha foi para a tentar controlar. E parece-me bem que o menino da livraria entenda que aquele dinheiro não chega para o que quer e aceite o limite que a mãe lhe deu. Mas querer que ele entenda o valor relativo dos preços? Sozinho? Aos 4 anos? Hmmm...
Claro que são frustrações. Desejar uma coisa que não podemos ter é bem triste e em qualquer idade. Mas se isso não se treina em criança, irá ser um adulto insuportável e infeliz.
Ou também se lhe pode mostrar a figura que faz :) 

Esta cena aqui em baixo já a conheço há muitos anos mas continua muito engraçada.





Cereja

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Ir apanhar um «uber»


Ando muito pouco de táxi. Muitíssimo pouco. Passam-se meses e meses em que não os utilizo, creio mesmo que já por vezes passei mais de um ano sem chamar nenhum. E, só agora percebi o que é essa coisa da Uber, imaginem. Saloia que sou! Claro que para usar essa aplicação criada para Android e iPhone eu teria de ter um bichinho desses, e o meu telemóvel era de 'carregar pela boca' como se costuma dizer, não dá para essas modernices...
Mas não posso continuar a ignorar a  guerra entre taxis e uber, afinal vivo neste mundo. Ainda não sei é o suficiente para tomar uma posição. Mas por aquilo que vou lendo, para já parece-me que os táxis em vez quererem esmagar a concorrência talvez pudessem começar a melhorar os seus serviços. Numa reportagem que li chamada apanhar um uber às escondidas dos taxistas diz: 
«A viagem de uber feita pelo PÚBLICO foi de 12,49 quilómetros, durou 12 minutos e 33 segundos e custou 11,88 euros. Os recibos que o serviço envia por email incluem todos os detalhes da viagem, incluindo um mapa com o trajecto. A aplicação dá previamente uma estimativa do custo e permite ao cliente acompanhar no telemóvel o percurso do carro e perceber se este segue a rota do GPS – um factor que será valorizado por turistas receosos que aterram e não conhecem as ruas de Lisboa. O pagamento é feito através da aplicação, com recurso ao cartão de crédito introduzido na altura do registo. Não há necessidade de entregar dinheiro, nem preocupações com trocos ou eventuais gorjetas» Ora não é só para turistas que é bom, para qualquer pessoa é bom!
Não é que tenha nada contra os táxis. Eles devem dar lucro para a empresa ser viável, embora tenha lido por aí que há uns 'tubarões' com centenas de táxis na praça a explorar incrivelmente quem trabalha para eles... mas se vivemos numa sociedade de concorrência, talvez esses taxistas explorados possam por o seu carro particular ao serviço da Uber. :)
Parece que o serviço da Uber não está regulamentado em Portugal. OK, então regulamentem-no. Pelo que vou lendo parece que há duas respostas da Uber, uma de luxo, com carros topo de gama com tarifa base de 2 €, 30 cêntimos por minuto e 1,10 € por km, e uma outra para gente mais modesta, com tarifa base de 1 € mais 10 cêntimos por minuto e 65 cêntimos por km. Muito mais barato do que um vulgar taxi! E quer-me parecer que desde que se não vá nem venha do aeroporto, a galinha dos ovos d'oiro dos taxistas, não haverá grande conflito.


Mas cá por mim, continuo a considerar que devíamos era querer  transportes públicos «decentes» e não estes que temos que pioram de dia para dia, até serem privatizados e piorarem à vontade!




Cereja