terça-feira, 29 de setembro de 2015

Bola-de-neve

Comecei por pensar em 'circulo vicioso' mas a imagem da 'bola de neve' é mais correcta. Queria falar do modo como certas notícias aparecem e são vistas.
A maioria dos jornais, pelo menos aqueles que vejo on-line que é como vejo quase todos, têm uma janela onde realçam as notícias mais vistas. Chama-se mesmo, como é natural, «Notícias mais vistas». 
Ao princípio ficava irritada com a escolha dessas notícias. Havia dias onde só apareciam parvoíces, faits-divers que não interessavam nada, coisas que deviam aparecer em secções do tipo 'acredite-se-quiser', muitas vezes histórias pessoais de social-lights ou jogadores de futebol. Como é que o jornal pode pensar que isto é o mais interessante que publica?! pensava eu. 
Afinal, mea culpa, costumava ler a coisa em diagonal. Eles de facto referem as «notícias mais vistas», ou seja a culpa é do leitor que as escolhe. E pelo que percebi a coisa funciona assim: O jornal publica 100 notícias. O leitor A seja por que motivo for - até pode ir simplesmente atrás do título - abre umas 10. Portanto foram as mais vistas. O leitor B vê que as 10+mais+vistas foram aquelas e vai lê-as, reforçando que foram mesmo as mais vistas. E o leitor C também... Etc. 
Falando por mim, é muito frequente ir ver um disparate qualquer, por curiosidade. Hoje dizia que "Sérgio Ramos compra nova «bomba» de 190 mil euros", eu não fazia a mais ligeira ideia de quem fosse o Sérgio Ramos, mas 190 mil euros dava-me jeito e abri a notícia...
É por isso que lhe chamo «bola de neve», são os leitores que alimentam o monstro e é imparável. Aliás na net com o sistema de partilhas muitas vezes sem se verificar se a história é falsa - e muitas vezes é! - é ainda mais imparável.
Mas ao menos tenhamos consciência disso.



Cereja



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