domingo, 20 de setembro de 2015

Comer saudável é para quem pode


A alimentação é um tema que aparece com imensa frequência no Cerejas, primeiro que tudo porque me preocupa, é claro, mas também porque "está na moda", como disse aqui, ou aquiimpressiona-me como toda a gente parece saber tudo e dar imensos conselhos mas penso de imediato: se as pessoas sabem porque não fazem?
Li agora um artigo/reportagem onde, talvez pela primeira vez, encontrei em letra de imprensa quase tudo o que vou pensando sobre esta matéria. A conclusão era afinal de que só quem tem dinheiro pode apertar o cinto ! Não, não é brincadeira embora haja um jogo de palavras, porque neste caso usa-se a expressão apertar o cinto literalmente. 
Há cem anos o modelo de elegância levava a dizer «gordura é formosura» mas era uma época onde realmente quem era pobre era magro. Magro porque comia pouco, e o que comia eram os produtos mais baratos, produtos esses que não incluíam nem açúcar nem gorduras, coisas caras na época. O que comiam era o que a terra dava, batatas, couves, comiam bastante sopa com uma pinguinha de azeite, ou arroz com alguma coisa para dar gosto, enquanto os ricos podiam engordar à vontade com carnes e peixes e manteiga, e doces com muitos ovos e muito açúcar, como hoje vemos nos livros de receitas de então.
O mundo girou muito. Hoje é barato produtos que eram de luxo nessa época como o frango, e o leite e manteiga também não são caros, mas os tais legumes frescos já não são para pobres... Não são mesmo, a não ser para quem tenha uma horta no quintal! E como a intensidade da vida do dia a dia deixa quem trabalha sem tempo para grandes cozinhados, quem tem pouco dinheiro e pouco tempo escolhe os alimentos onde paga menos e são mais rápidos de fazer - o doce e gorduroso fast-food. 
[Um reparo: como é que a Itália conquistou o 'mundo alimentar' de um modo tão completo?! Já notaram que em todo o mundo se sabe o que são pizzas, pastas e lasanhas?...]
No artigo que cito as pessoas entrevistadas dizem coisas com que concordo muito como por exemplo «o peixe continua a ser um alimento caro» e enumera as excepções. Perfeitamente verdade. Nos dias de hoje, a carne se for de aves, ou picada que rende mais, é bem mais barata do que o peixe, porque se temos uma bela orla marítima temos também as terríveis quotas de Bruxelas. Até o 'fiel amigo' está caríssimo...
E diz esse artigo algo de que eu também estava convencida: «nunca se gastou tão pouco com a alimentação»! Em 95 gastava-se 21,5% do orçamento familiar em comida e em 2011, 13,3%. E os produtos não estão mais baratos, a 'ginástica' é que é bem maior.
Era muito bom que os conselheiros-bem-intencionados (?) que enchem colunas de jornais a falar de cor sobre os erros alimentares que de facto se cometem, lessem com atenção e respeito este artigo (ou reportagem?) E meditassem.




Cereja

1 comentário:

cereja disse...

Eu própria achei estranho e um amigo chamou.me a atenção para os valores da proporção do que se gasta em alimentação... Por isso deixo aqui o link para o Inquérito do INE

file:///C:/Users/joao/Dropbox/Downloads/IDEF_2010_2011_b.pdf