quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O óbvio

Sondagens.
Como todos estamos fartinhos de saber, as sondagens servem para muito pouco, para além de dar trabalho a muita gente. Ou dizem uma coisa ao contrário do que nós pensamos (e acha-se logo que foram mal feitas) ou dizem aquilo que também pensamos, e encolhemos os ombros pensando «pois claro!»
Li há momentos mais uma que nos diz uma 'grande novidade': os portugueses mudam os seus hábitos de vida.
Era preciso uma sondagem?
Como é que não se há-de mudar os hábitos de vida? O que me admira nesta sondagem e lança alguma dúvida sobre a quem é que foi aplicada (classe média/alta?) foram as respostas sobre o que é que vamos cortar: os cinco pontos que são focados são coisas que foram cortadas há bastante tempo. Isto, falando por mim, que há uns tempos estaria na classe 'média/média' :) e já reduzi drasticamente, há bastante algum tempo, todos os itens que ali focam - refeições fóra, divertimentos, vestuário e carro.
Porque aquilo é o óbvio, o que entra pelos olhos dentro. Até me atrevia a dizer que aquilo é em certa medida o supérfluo. É desagradável prescindir, tira-nos qualidade de vida, mas consegue-se viver sem isso - sobretudo se soubéssemos que este furo mais apertado no cinto era para toda a gente, que é o que não sucede e daí a indignação...
Não são esses cortes que me preocupam.
Preocupa-me sim, adiar a visita semestral ao dentista e decidir que só lá vou quando me doer um dente.
Preocupa-me perante uma receita de medicamentos, pensar que alguns «podem esperar» e pedir para aviarem só os indispensáveis.
Preocupa-me ter de reduzir (por enquanto é reduzir) as horas da mulher-a-dias, sabendo bem a falta que lhe vai fazer o dinheiro que lhe pagava.
Preocupa-me ter um electrodoméstico avariado e pensar «deixa lá, não faz assim muita falta» em vez de o mandar arranjar, pelo sentimento de degradação que perante isso eu sinto.
Preocupa-me sobretudo, muito, muitíssimo, o pensar no meu filho e seus amigos sem trabalho, sem estabilidade, sem futuro.
Nesta sondagem mais de metade dos inquiridos falam em imigrar. Muito bem. E... para onde? África??? Brasil???
Parece-me que essa é a questão.




Pé-de-Cereja

12 comentários:

Anónimo disse...

Vamos ver se o comentário entra, que esta manhã escrevi imenso e depois esta coisa sabotou-me!

Anónimo disse...

Beeem... Parece que está normalizado. :D
o que tinha dito quando passei aqui a 1ª vez para além de concordar com o essencial, é que as tais sondagens me deixam quase sempre desconfiado. li ontem que em Portugal se gasta mais dinheiro com o Natal do que em muitos outros países nomeadamente na Holanda - diziam que aqui se gasta 500€ e lá menos de 200€. Achei muito esquisito.
Na minha casa há já muito que não gastamos nada que se compare com 500€ no Natal! O jantar é melhorado, mas caramba se o vinho é de uma marca boa, o bacalhau é bacalhau, não é caviar! E há doces mas um arroz doce ou umas rabanadas não quer dizer que custem os 150 e que nessa sondagem diziam. E quanto a prendas há anos que se travou o consumismo dos anos 80, vão para a família mais chegada, e são coisas sensatas.
Mas a sondagem falava realmente em QUINHENTOS EUROS (!) - deviam estar doidos!

cereja disse...

Olha King, aconteceu-me o mesmo agora. Respondi-te e quando cliquei para entrar esta coisa desapareceu!

cereja disse...

Vamos ver se reconstituo:
Também li a mesma notícia de que falas. E tal como tu não entendi!
Uma ceia de 150 € como eles referem, tem de ser para umas 10 pessoas o que quer dizer que essas não gastam nada nas suas casas portanto a média não é essa!
Quanto às prendas é verdade que há uns tempo se perdia a cabeça e toda a gente andava com o complexo de Pai Natal me se se desse 30, 40, 50 prendas talvez se chegasse a nº altos de despesa, mas por aquilo que vejo entre os meus amigos isso já acabou e não é só este ano!

if disse...

Revejo-me em cada uma destas preocupações.
Como cidadã deste país que já foi G de Grande, inquieta-me a ligeireza com que nos mandam emigrar, 'vão pregar a outra freguesia' como quem diz.
Será que contam viver à sombra da remessa dos emigrantes como nos tempos salazarentos?!
Podem tirar o cavalinho da chuva! os novos emigrantes não escolhem partir, antes são expulsos. O regresso fica fora dos seus planos caso encontrem outro país onde não se sintam a mais.

fj disse...

Pois obviamente estamos na mesma. Mas emigrar já não nos dá!
fj

Joaninha disse...

Realmente esta caixa de comentários anda com manias... Ainda ontem passei por aqui escrevi um grande relambório e nada! tal e qual como o King! Andam a sabotar esta coisa... GRRRRRRRRRR!
:(

Portantus, retomando o que disse ontem, não é esta sondagem que terá importância mas ela reflecte o diz-se-que-diz-se que ouvimos por todos os lados. Muita gente ouve as parvoíces que os excelentíssimos senhores que palram na tv vão afirmando e engolem tudo, pensando que o recado é para os outros.... São sempre os outros os gastadores, os que não pagam, os que têm créditos mal parados, etc e tal. Claro que há ou houve uma altura onde o consumismo era uma doença contagiosa. Muitos de nós fomos apanhados por ela e o Natal era das alturas piores (incentivado pela publicidade, não esquecer)
Mas agora? AGORA???? Poupar em jantaradas, roupas de marca, ou idas a concertos??? Estão a entrevistar quem?! Não foram à minha família nem a nenhum dos meus amigos.

cereja disse...

Esse «conselho» de imigrar foi um dos vários tiros no pé que o actual governo tem dado! Assim como o Primeiro Ministro nos 'animar' avisando que era preciso empobrecer, outro que tal!
Mas a minha dúvida é mesmo para onde se pode imigrar???... Não para a Europa, decerto. E faz alguma espécie termos de pedir ajuda ao 3º mundo.

cereja disse...

king e Joaninha, vocês têm razão, até eu afinal dona da casa, também de vez em quando nã tenho acesso aos comentários. Que raio de coisa!

sem-nick disse...

Fazer comentários não é fácil, porque está quase tudo dito.
É curioso uma das questões desse inquérito ser sobre a hipótese de imigrar, porque é no que mais se pensa, sobretudo se se é jovem com boa formação mas não se vê saída!

cereja disse...

ainda passo por aqui e respondo ao sem-nick e também à IF que gosto muito de ver por aqui :D
Muitas vezes penso naquela gente toda que votou no PSD porque queria votar CONTRA O SÓCRATES, não porque sinceramente soubesse o que fazia, e que deve andar hoje de cara à banda. A imagem que recordo muitas vezes é uma mulher que foi entrevistada na noite das eleições. Via-se que era uma pessoa pouco instruída, o que se diz «uma-mulher-do-povo», e estava aos gritos de alegria. O jornalista foi entrevistá-la e ela disse-lhe brilhando de felicidade
- Oh, estou tão contente! agora o meu filho já não precisa de imigrar!!!
..............
Foi exactamente assim, essa cassete ainda deve existir se as TVs guardam essas entrevistas. na altura fixei logo a frase porque me pareceu um estranho desabafo. Hoje parece qualquer coisa premonitória, na base do humor negro. Seria o oposto a uma bruxa...?

Anónimo disse...

ahahahah
essa só para rir...de trsteza...
gente mentecapa...
silvya