terça-feira, 1 de novembro de 2011

Poupar?.....


Dia da Poupança.
Diz o dicionário que poupar é «Gastar com moderação» ou «Não desperdiçar» mas é evidente que qualquer dos conceitos parte da base de que se possui aquilo que não se vai desperdiçar.
"Se não têm pão, que comam brioches" respondeu Marie Antoinette, numa frase célebre. Hoje, em Portugal, ouvindo alguns conselhos de uns senhores importantes, parece-me ouvir uma adaptação como se respondessem  «não comam brioches, comam pão» a quem se queixa de que já tem pouco pão, ou mesmo nenhum. Uma estranha surdez. Aconselham a não se gastar aquilo que já não se pode gastar porque não se tem!
Vi ontem num jornal na net, uma reportagem que me chamou muito a atenção.
Como podem reparar à pergunta «onde é que poupa?» os inquiridos, um tanto atrapalhados, vão enunciando diversos modos de gastar menos: comprar produtos brancos, não procurar divertimentos, não usar o automóvel, etc.
Não estava à espera de encontrar muitas sugestões que me servissem para as minhas poupanças (possíveis...) mas apesar de tudo, pensei que poderia encontrar ali uma ou duas ideias.
Sniff...
As tais poupanças que os inquiridos referem é aquilo que eu venho fazendo há muitos meses, ou até há anos!
Andar de transporte público, é o que faço. Uso o carro (bem velho coitadito) quando não há outra hipótese, em casos onde quem o não tem até chama um táxi.
Comprar preferencialmente produtos brancos, também. Aliás até já sei que mesmo assim devo ver bem os preços porque por vezes há promoções mais baratas do que os produtos brancos. Também já há muito tempo que costumo passar por diversas lojas comprando aquilo que é mais barato em cada uma.
Refeições em restaurante, há muito tempo também que cá por casa não se faz.
Divertimentos culturais, teatro, cinema, concertos, livros novos, reduziu-se drasticamente. Vou relendo os livros que tenho ou os que me emprestam, vejo tv, uso a net. Já não compro jornais, não tomo café na rua a não ser numa excepção ou acompanhada.
.......................
Os meus amigos riam-se dizendo que eu era muuuuito poupadinha. Agora confirmo que sim, mas...
Não chega.
A ganhar menos, a pagar mais impostos, a qualidade de vida tem caído na vertical.
Só tem subido a raiva que sinto ao ouvir os conselhos de quem fala de longe destas situações. Não querem mostrar na prática como se faz?....

Pé-de-Cereja

8 comentários:

Joaninha disse...

Ooooooh!
Esta a pensar que vinha encontrar qualquer post sobre a tua viagem. Depois do último post onde nem dizias onde é que ias, fiquei cheia de curiosidade!
:(
Quanto às poupanças, não sou tão boa como tu, e há algumas coisas que só nos últimos tempos comecei a fazer: andar sempre de transporte público, procurar o produto mais barato mesmo que tenha pior aspecto, tomar café em casa.....
Mas também fico furiosa ao ouvir os senhores «conselheiros do povo» todos bem vestidos e perfumados a aconselharem paternalmente o Zé Povinho a poupar... aquilo que já não temos! GRRRRR!

if disse...

Poucar em vez de poupar é o que tento. Então, tentei os produtos brancos, esquecer-me do carro ali parado, tudo tudinho!
... foi então que aumentou o gasto na farmácia. Não é em vão que se abdica de prazer antigo.

Anónimo disse...

Cara Emiele

Que post tão triste. E actual.
Revejo-me nestas poupanças, que me indignam por considerar um retrocesso não apenas de qualidade de vida, mas também civilazicional.

Desde há uns tempos que faço largas centenas de km por mês; Muitas vezes de noite, após uma semana de trabalho, e extremamente cansado. Já optei também por deixar de utilizar as autoestradas (devido às portagens, claro). Ora andar pelos IP's e IC's, pelo menos nos que passo, é deveras arriscado. São as ultrapassagens perigosíssimas, é o piso cheio de armadilhas e também a ausência de sinalização. Tenho apanhado grandes sustos.
E dou por mim a pensar: com uma autoestrada paralela ao meu percurso, valerá a pena poupar uns míseros euros e arriscar tanto?

Que raio de situação é esta que nem as infraestruturas que o país temdo me deixa utilizar e me obriga a arriscar literalmente a vida?
Bem sei que o chavão de resposta é o utilizador-pagador. É termos boas estradas, construidas com o dinheiro de todos, para poucos, e más para os restantes.

Pedro Tarquínio

cereja disse...

Não entendo isto. Deixei umas duas respostas aqui, esta manhã, e não entraram. Havia um erro qualquer, nem tive tempo de entender o que era!!!
Vou tentar repetir o que disse...

cereja disse...

Ora bem, no tal comentário que não entrou agradecia as visitas - a constante Joaninha, a querida Inês amiga 'virtual' a quem devo o 1º Pópulo, e Pedro Tarquínio que também me tem acompanhado durante anos de um modo que me enternece. Obrigada a todos!
Respondia à Inês que o trocadilho fica a matar POUCAR é o que se está a fazer. Desde criança que aprendi a fechar bem torneiras, apagar a luz quando saio de um quarto, ir a pé quando a distância é curta. Normal. Assim como é normal aproveitar o resto da comida para fazer um outro prato, ou adaptar roupa que está velha ou não serve. Hoje chama-se 'reciclar' mas o conceito é o mesmo.
Mas é certo que a própria conta da farmácia é um disparate, e aí não dá para tomar meio comprimido, ou menos vezes por semana...

cereja disse...

Pedro, obrigada pela presença e pelo testemunho.
Quanto ás viagens é mesmo assim. Tive uma experiência em ponto pequeno da tentativa de poupar nos transportes (em Lisboa ando com o passe é claro)com mau resultado. Tive de me deslocar a uma terra na linha de Cascais onde costumo ir de carro, mas decidi ir com o meu filho de comboio. Para além do cansaço porque a casa ainda ficava longe da estação, os bilhetes de ida e volta dos dois foi muito mais do que o preço da gasolina (!!!!) que está bem cara! Talvez para quem tenha passe valha a pena, mas para uma ou duas viagens não se vai comprar um passe...
As estradas que não são vias rápidas são uma miséria, isso é um facto. A opção é pagar a portagem, ou pagar a conta da oficina com aquilo que o carro sofreu.

Mary disse...

Eu sou um tanto rabujenta e há coisas a que chamo desperdício que me irritam - agora ou dantes, é igual. Aquilo que referes, fechar luzes que não são precisas, poupar água, etc, é básico. Ou espremer até ao fim o tubo da bisnaga, acabar um pacote antes de abrir outro, engraxar os sapatos para os proteger, acabar o que se tem no prato (a não ser por excepção) etc...
Houve uma altura onde não se fazia isso, nem se ensinava as crianças a fazer.
.......
O extremo actual diz para cortar em coisas importantíssimas e ameaça com bens ainda mais essenciais como a saúde, por exemplo. O corte nos transportes, por exemplo, que anda a pairar é outro aspecto grave. Hoje tudo fica longe e não se pode andar a pé entre a casa e o trabalho como no início do século passado

fj disse...

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