quarta-feira, 20 de julho de 2011

Trabalho - quantidade e qualidade

É uma daquelas mentiras que de tanto repetidas passam por verdades: em Portugal trabalha-se muito pouco porque há muitas férias e muitos feriados. Andamos fartos de ver esse argumento repetido a torto e a direito (aliás a sra Merkel deu uma ajudinha com a sua famosa frase) não só no estrangeiro mas, sobretudo pelos nossos compatriotas.
É baseado nisso, que se brama pelo escândalo das ‘pontes’ e até se fala em retirar feriados para aumentar a tal produtividade que faz falta. Porque produzimos pouco, esse facto é real, está comprovado por números, só que as causas não são por se trabalhar menos tempo mas por se trabalhar mal e desmotivados.
Um sério desmentido à tal «verdade» que só o é por ser muito repetida.
Contudo, também é certo que a produtividade é baixa. Porquê? Afinal, os trabalhadores portugueses quando imigram, e noutro regime de trabalho onde pelos vistos até estão menos horas a trabalhar, produzem bem mais.
Talvez o que anda a fazer falta seja estudar o que se usa nesses países de maior produtividade para obter esse resultado. Não é decerto o tempo que se gasta, é o modo como se trabalha.



Pé-de-Cereja




7 comentários:

Zorro disse...

Certo.
Muita gente sabe que é verdade, que é assim mesmo. Mas como chamas a atenção quando se repete uma coisa muitas vezes, acaba-se por dar como adquirido que é verdade!
Mas por outro lado numa terra que actualmente tem «gestores» para aí ao pontapé - os números que saem das faculdades dá para ver que é impossível haver tanta coisa para gerir! - como é que o trabalho é tão mal gerido.
Se a produtividade é má mas os trabalhadores trabalham muitas horas, é que ele deve estar muito mal organizado.

Mary disse...

Não se trabalha pouco. Isso é mesmo mentira. Basta ver que o trabalho feminino a tempo inteiro é dos maiores da Europa, mas trabalha-se muito mal!
Por mim creio que não se aprende a trabalhar. Aprende-se como se faz, mas isso não chega.

Zorro disse...

Voltando um tanto à vaca fria, uma possivel explicação por 'aceitarmos' tão serenamente a opinião dos outros povos de que trabalhamos pouco, para além desse facto evidente de que a produtividade não se avalia em horas mas pelos resultados, tem a ver com a fraca auto-estima da nossa gente. Além disso se cada um de nós conhece e valoriza aquilo que faz o que o nosso vizinho é desconhecido.
Quantas vezes queremos ser atendidos num local e se vemos dois empregados a falar sem nos atender, ficamos furiosos a considerar que estão «à conversa» em vez de vir trabalhar. Muitas vezes estão a tentar resolver uma questão laboral séria.

fj disse...

Mary tem razão. Zorro no fundo tambem, mas escusava de ser tão feminista:porqe sã dois epregadOs a conversar e não duas empregadAs trocando futilidades enquanto a gente espera. E, para os dois, a gente vai ouvindo e convencemo nos que é verdae. fj

cereja disse...

Boa,FJ! Bem vindo aqui à caixa (de comentários, claro, na outra Caixa não tenho nenhuma autoridade...)
E sem gralhas nem nada!!! uau!
.........
Zorro, meu amigo, também tenho reparado que o curso de gestão é muito frequentado e desejado. Conheço muitos miúdos que pensam ir para gestão como se fosse o el-dorado, e não vejo que haja escoamento para tanto. Aliás tem de haver qualquer coisa para gerir...
:)

cereja disse...

Vou transcrever um comentário lido no Público sobre esta notícia:
«Ser patrão não é igual a ser gestor.
E nem todos os gestores são bons.

Quando numa empresa há resistência à mudança, quando se ouve "sempre se fez assim e resultou", a produtividade e motivação dos funcionários não pode ser muita.

Muitos patrões herdam o cargo por questões familiares. Outros estabelecem um negocio.
Quantos tiveram formação?

Nas empresas, quantos cargos de chefia são ocupados por mérito e reconhecimento?
Em quantas há o cuidado de estabelecer claramente os objectivos a atingir?

Para muitos é mais importante ver os funcionários das 9-17, do que o resultado do trabalho produzido.
Horários flexíveis, tele-trabalho (poupando aluguer de escritórios ) e outras, são palavrões inaceitáveis para muitos em Portugal, mas amplamente aplicados lá fora.
E com resultados positivos para todos.

Falta formação em Portugal.
A maioria das chefias e quadros intermedios não faz a mínima ideia do que é realmente um cargo de chefia»

Anónimo disse...

...Pois.
Muita acertado, mas quanto a factos não há argumentos.
Cortam em muito, mas não nos salários dos gestores, administradores, etc
As suas mordomias são "intocáveis", por isso que mais dizer?
Só a lei da bomba...
Somos um povo muito refilão mas muito pacifico...
E lá vamos indo ao sabor da maré e do vento
Nina