segunda-feira, 7 de julho de 2014

Em louvor da tecnologia

Volta não volta deixo por aqui umas piadinhas sobre o excesso de técnica na nossa vida actual. A sensação de que estamos muito dependentes física e até afectivamente de «coisas» que muitas vezes são quase gadjets, até podem tornar o dia a dia mais fácil mas não são tão essenciais assim.
O que não quer dizer que não dêem jeito...! Não me sinto nada fundamentalista nesta área :)
Aliás há descobertas maravilhosas. Li no outro dia que a PSP distribuiu pulseiras para ajudar a localizar crianças perdidas durante o Verão. Podem ser usadas por pais ou educadores. É única e só pode ser lida pela PSP na sua base de dados.
Esta sim, é uma ideia muito inspirada. Só quem já perdeu uma criança durante algum tempo pode avaliar bem a importância que isto pode ter.
Há mais de 30 anos vivi a tarde mais horrorosa da minha vida.
O meu rebentinho tinha cerca de 3 anos e íamos sair os dois. Ele era ainda muito bebé e sobretudo estava muito atrasado a falar, não se explicando nada bem. Era um dia de muito calor e eu decidi tomar um duche, enquanto uma amiga minha que estava lá estava ocupada com qualquer coisa na cozinha. Saio da casa de banho meio a pingar e enrolada na toalha e chamo por ele, mas não responde. Não está em parte nenhuma! Diz-me a minha amiga já assustada «eu ouvi um barulho... ele terá aberto a porta?» Corro para a escada, descalça e de toalha, desço a correr os 3 andares do meu prédio sem o ver. Subo de novo a correr, enfio umas calças e uma teeshirt, enquanto a minha amiga volta a ver se ele não se teria escondido num sítio esquisito, e corro pelas ruas do meu bairro perguntando a toda a gente que encontro se o teriam visto. Nada!
Telefono ao pai (operação difícil porque não havia telemóveis e foi difícil localizá-lo) que deixa o que estava a fazer a meio e volta para casa. Voltamos a bater o nosso bairro de ponta a ponta sem sinais de um pirralho pequenino de 3 anos. E o tempo a passar... Vamos à esquadra da polícia, onde estão ocupados com outras coisas e displicentemente nos aconselham  calma, não tinham tido notícia de nenhuma ocorrência, e era muito cedo para iniciarem já uma busca. Muito cedo??! Tinha desaparecido quase há duas horas!!! Eu sentia-me a morrer.
Telefonamos a alguns amigos para nos ajudarem.
E o tempo a passar... Perto de nós estavam a lançar os alicerces de um novo bairro e havia caterpillers e valas imensas por todo o lado. Andei a ver cada um desses buracos, aterrorizada que tivesse caído para ali e não o vissem. E o tempo a passar... Ali perto havia um bairro de ciganos e fui lá com uma foto, pedir ajuda. «Ai que lindo menino!!! Ah vizinha, a essa hora onde é que ele já vai! Com uma carinha dessas, já o levaram!» opinião que nada me ajudou, como se imagina.
Tentou-se a televisão, que mostrassem a foto (creio que ainda só havia 2 canais) mas só no dia seguinte. Uma amiga jornalista, conseguiu que uma estação de rádio passasse o alerta do desaparecimento com uma descrição, do aspecto. E entretanto o pai fazia as buscas pelo seu lado, enquanto a minha amiga ficava em casa, junto do telefone para me avisar de qualquer coisa.
Era já escuro, quase 8 da noite, quando ela chega a correr: «Apareceu!!!!»
O pai tinha ido ao Governo Civil e de lá fizerem uma ronda pelas esquadras, descobrindo que numa delas, estava um menino que correspondia ao desaparecido. Tinha sido encontrado numa estação de metro, mas bem longe da nossa casa, creio que tinha decidido ir dar o tal passeio sozinho (?!!!) Um bom samaritano, deu-lhe a mão e levou-o à esquadra mais perto...
Bem, no dia seguinte comprei-lhe uma pulseirinha de prata com o nome e telefone gravados! Ora uma pulseira como esta actual, isso teria sido um sonho, uma magia...
Que afinal já existe. Abençoada tecnologia!



Cereja


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