sábado, 19 de julho de 2014

A liberdade

Sabemos que é um valor imenso. 
O Primeiro Artigo das Declaração dos Direitos Humanos diz que «Todos os seres humanos nascem livres» ou seja, privar alguém de liberdade é já um fortíssimo castigo. Quando aplicado por um tribunal, imagina-se que seja castigo merecido, terá sido a alguém que não foi capaz de aceitar as regras sociais, mas é o maior castigo possível, uma vez que hoje não se admite a selvajaria dos castigos corporais, assim como em ( a maior parte?) muitos países não se aceita a pena de morte. 
Como eu tenho uma pontinha (talvez até mais do que uma pontinha....) de claustrofobia sempre me apavorou a ideia de prisão. Quero dizer 'prisão-fechada-numa-sala'. Sinto isso como bem pior do que a pena de trabalhos forçados se eles forem ao ar livre, mesmo se estes forem pesados. Claro que isto sou eu a dizer que nunca experimentei nenhuma das coisas, mas consigo imaginar. Mesmo só imaginando sinto que morria presa entre 4 paredes, mesmo que tivesse companheiros de cela.
Ora li hoje um estudo onde diz que estar preso em isolamento deve ser considerado uma tortura!

Como eu entendo.
Entre as diversas formas de tortura que a PIDE utilizava e não deixavam marcas visíveis exteriormente, como a "estátua", ou a tortura do sono, é referido mas não valorizado tanto "o isolamento". Semanas, meses e meses, podia chegar-se ao ano, na mesma cela sem ver ninguém. De endoidecer. Era para torcionários que sabiam ter todo o tempo que queriam, a Gestapo queria resultados depressa, mas a PIDE  sabia que tinha o tempo que quisesse  e podia dar-se a esse luxo.

Uma tortura, sim.

Só de me imaginar nesse estado já me custa respirar. 




Cereja

4 comentários:

sem-nick disse...

Não tinha pensado como para quem é claustrofóbico o isolamento deve ser um dupla tortura...
O link para a entrevista da Irene Pimentel foi boa ideia.

Johnny disse...

Nasci depois do 25 de Abril. Muita coisa que aprendi do tempo da ditadura foi de ouvir falar. Achei muito interessante quer o post quer o artigo da Irene Pimentel.

cereja disse...

Olá «sem-nick» e Johnny :)
Sem-nick, tens cumprido a promessa de passar mais por aqui - pelo menos passar e deixar rasto, acredito que haja mais quem cá venha porque o contador de visitas regista-as, mas não sei quem são...
Falei na claustrofobia porque reconheço que a tenho e quanto mais velha mais isso se acentua. É chato.
Johnny, ainda bem que te interessou. Há muita gente que já ouviu falar, mas... não ligou nada! Felizmente que há gente da tua idade e interessada ou a História morria. Também achei a entrevista da Irene Pimentel muito esclarecedora. Ela é uma excelente investigadora.

saltapocinhas disse...

também nunca fui presa (:)) mas já estive numa prisão: visitei o forte de Peniche, que foi uma prisão de presos políticos, entre os quais Álvaro Cunhal.
Apesar de gostar da visita, senti-me muito mal lá dentro, com um aperto na garganta que me dificultava a respiração.
Deve ser horrível, mesmo!