sábado, 13 de junho de 2015

Ainda e sempre a educação


Este é um tema de reflexão que nunca me deixa, porque infelizmente estou sempre a notar escolhas educativas erradas. Todos os dias. E não quero dizer de modo algum que "nos meus tempos" se educava bem. Claro que não, que se cometiam diversos erros, mas os de antigamente têm sido corrigidos e agora encontramos frequentemente o seu oposto.
É do mais elementar bom-senso que uma criança para crescer em sociedade, precisa de conhecer as regras sociais em uso na sua terra (mesmo que depois  não as cumpra e até se lhes oponha) e tem de experimentar situações de algum risco, até para aprender a evitá-las.


Actualmente estes dois pontos estão muito diluídos nas relações adulto/criança, sem nenhum benefício. Obviamente sem benefício para a criança porque não aprende a ser autónoma, e também sem benefícios para os seus educadores porque não lhes diminui o trabalho, mesmo que o pareça quando se é muito permissivo...
Estava eu esta quinta-feira esperando por uma pessoa, sentada num banco de jardim, quando vejo um casal de meia idade com uma menina que aparentava uns 6 anos. Todos eles simpáticos, os avós (imaginei) carinhosos e a menina sorridente e bem disposta. 
O primeiro ponto que chamou a minha atenção foi um saco que o avô trazia de onde saía a cabeleira loira de uma boneca. Hmmm... - pensei eu - porque não é a menina que traz os seus brinquedos?... mas era um pormenor. Contudo um pormenor significativo, uma criança daquela idade deveria saber planear as suas brincadeiras e responsabilizar-se por isso, ou seja levar o que precisava, cuidar deles, e trazê-los de volta. Aprender a ser responsável, nas coisas à sua medida.
O segundo ponto, é que ela trazia um papel na mão, meio amarrotado. De onde eu estava não se percebia o que era, mas era um papel de um tamanho razoável. Deixou-o cair e preparou-se para o apanhar de novo, quando a avó interveio: Deixa! Não vais apanhá-lo do chão!!! como se fosse um erro, e claro que a menina o deixou ficar. Nem sempre vemos um cesto de lixo perto, mas ali até os havia, para além de haver uma zona de ecoponto, onde se podia deixar o lixo já separado! Aquela criança foi ensinada a não ter o trabalho de ir deixar o lixo onde ele deve ficar e a poluir o passeio...!
Uns minutos depois, os avós afastaram-se um do outro, ela ensaiou uma corridinha para apanhar o avô, e a avó a gritar-lhe : Não corras! Podes cair!!!

Isto é um relato fiel do que vi. Tivesse eu o descaramento de ter filmado a cena toda com o meu telemóvel e podia mostrar. Três erros educativos em cinco minutos.

Primeiro erro, ao sair de casa alguém que não a criança, preocupa-se com os brinquedos que ela vai usar e carrega com eles, ela vai imaginar que na sua vida não precisa de planear coisa nenhuma porque tudo lhe aparecerá por magia quando o desejar. Segundo erro, aprende que coisas que caiam ao chão na rua não se devem apanhar, talvez por ficarem sujas, portanto ficam ali e não se pensa mais no assunto. Terceiro erro, não deve correr porque-pode-cair. (!!) Ensina-se-lhe o medo. Mas porque é que há-de cair?! Uma menina saudável daquela idade pode e deve dar uma valente corrida de vez em quando. Se tiver o azar de cair, desinfecta-se a esfoladela do joelho, e aprende a defender-se melhor. Só isso.
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Foram 5 minutos completamente deseducativos.
Mas um modelo do que se vê constantemente. A criança da redoma e que não aprende a crescer. 




Cereja

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