quarta-feira, 23 de abril de 2014

Contas

 Já aqui tenho dito várias vezes que os números muito altos me dão vertigens. Não é apenas uma questão de dominar ou não a matemática, é mesmo verdade que a minha imaginação, que é bastante saudável em várias áreas, perante quantidades muuuito grande, bloqueia. E pronto. Muitos milhares é-me difícil de imaginar e então milhões... pfff... 

Ora li, creio que ontem, que  «Numa semana o Estado despendeu quatro milhões (só) em assessorias» Quatro milhões de euros?! Numa semana? Quando se anda a propor que se baixem reformas e salários de 500 €? Comecei a pensar quantas reformas mensais se podiam pagar com o gasto das assessorias de uma semana e já me perdi. Pois é, deve ser defeito meu, tudo isto é falta de perspectiva. Estas assessorias - externas decerto, porque saem fóra dos gastos normais - são bem mais importantes para todos nós do que um pai de família ganhar mais 50 € que lhe permita pagar a electricidade...
Mas logo se seguida (também ontem) dei com um título que me explicou que a GNR precisa de um milhão para alimentar os animais  e sem ironia fácil concluo que não se refere aos próprios guardas e sim aos cavalos e talvez cães. Um milhão de euros? E em 2014 têm uma força a cavalo porquê? É certo que é uma polícia rural mas para caminhos piores há as motos, não é? O cavalo é muito bonito, mas quando se corta tudo, é de estranhar que seja necessários um milhão de euros para esse fim...
E, passando para outra área mas mantendo o foco nos números que me espantam, também li que uma só juíza deixou atrasar 8 mil processos o que também é interessante: se deixou «atrasar» podemos pensar que deu andamento a alguns, ora se tratou aí de metade, uns 4 mil, pode-se calcular que a senhora tinha a seu cargo 12 mil processos!!! Isto faz sentido??? Alguém tenha 12 mil casos atribuídos? Podem ser coisas fáceis, leves, etc, mas decidir sobre algo que teve suficiente importância para ir a tribunal, não pode fazer-se em 10 minutos. E que fosse em 10 minutos, daria 6 numa hora, quantas horas para decidir por 10 mil processos?! E nesse tempo obviamente que iam entrando mais, outros novos, não é?
São estas coisas que me deixam confusa.
Realmente conforme a famosa frase do Jô Soares, o «meu negócio não são números».
Vou ouvir umas músicas, ler uns poemas, ver uns quadros.
Nesse campo já me entendo.


Cereja

5 comentários:

snowgaze disse...

Essa história da juíza também me ficou entalada. Como é possível, 8000 processos darão para ocupar uma pessoa durante quantos anos? Ora, mesmo que trabalhasse uns 250 dias por ano, imaginando processos fáceis que talvez se pudessem despachar em meio dia - tenho as minhas dúvidas - dá um máximo de 500 processos por ano, e isto então daria um mínimo de 16 anos de trabalho. Dificilmente isto é um simples atraso, parece-me que devia haver mais juízes para despachar processos, não?
(estas contas são, obviamente, muito por alto, nem o ano de trabalho tem tantos dias, nem com certeza a grande maioria dos processos poderá ser despachada em meio dia.)

cereja disse...

Não é, Snowgase?
Eu, há anos, tive alguns cargos de responsabilidade e tinha a meu cargo vários casos. Claro que noutra área, mas...Quando sentia que não estava a dar vazão mesmo trabalhando o mais que podia, começava logo a reclamar com o argumento de que assim o trabalho passaria a ser mal feito!
Neste caso parece óbvio que ninguém ia conseguir despachar aquela quantidade de processos (mesmo admitindo que não iam continuar a chegar mais!!!)
Alguma coisa não está certa....

Joaninha disse...

????
Fico também de boca aberta. Porque raio não vendem os cavalos?! Acho os cavalos uns animais muito lindos e simpáticos mas só lhes vejo utilidade para transporte e como disseste uma boa moto faz o mesmo. Se os vendessem até tinham lucro! E era menos uma despesa.
È que é muito dinheiro, bolas!!! Como disseste, se a medida for uma reforma das baixas, dá para muita gente deixar de passar fome.

Joaninha disse...

A história da juíza é tão estranha que deve estar mal contada!
Possivelmente ela esteve muito tempo de baixa e os processos foram-se acumulando, ou qualquer coisa desse tipo!

cereja disse...

Tens razão, Joaninha, há qualquer coisa de estranho naquela coisa dos atrasos da juíza. Choca tanto que alguma coisa não deve estar bem...
Quanto aos cavalinhos que comem um milhão de euros de palha, tem de ser negócio para a empresa da palha, não é? Eu até gosto muito de cavalos, mas quando se corta em tudo aquilo parece uma despesa evitável.