terça-feira, 5 de julho de 2016

O elogio do papel

Não venho mais uma vez comparar os prós e os contras na guerra do virtual contra o papel. Já se disse tudo quase tudo. 

Circulou por aí um vídeo muito engraçado, mostrando um casal onde o marido passava o tempo criticando a mulher por não usar as 'novas tecnologias': ela escrevia uma lista de compras e ele dizia «Emmaaaaa!» mostrando a lista num tablette; ela deixava-lhe um post-it no frigorífico, e ele «Emmaaa!» e provava a vantagem do sms. Não recordo tudo mas a história acabava com ele sentado na sanita a chamá-la por ter acabado o papel higiénico e ela a enviar-lhe a foto do rolo pelo telemóvel...
Mas descobri há dias uma maravilhosa vantagem da palavra escrita em papel. É que ela resiste ao tempo afinal mais do que outras formas de registo!! (parentesis: claro que o material papel é frágil, estraga-se se não houver cuidado, óbvio)
A prova dos noves:
Há muitos, muitos anos, tive de me separar dos meus pais para vir para a Universidade. Viviam longe e o contacto só era por carta, telefonemas eram luxo - fazia-se um no Natal, com hora marcada... Mas escreviamos, por avião, pelo menos 2 cartas por semana. Contudo, como éramos muito modernos :))) e já na altura apreciávamos tecnologias, compramos eu e eles gravadores de fita e enviávamos fitas gravadas em vez de cartas normais. A sério! Quer eu quer os meus pais gostávamos imenso porque aquilo dava para uma hora de conversa e ouvia-se a voz para matar saudades. E assim fizemos durante anos.
Contudo a máquina de vez em quando avariava e, quando isso acontecia, lá voltávamos a escrever. Em «papel de carta de avião» muito fininho, e para render mais escrevíamos à máquina. Sempre longas cartas.
Agora um zapping para o Presente:
Há bastante tempo que não remexia nos meus «baús» e embora soubesse o que havia lá estava um pouco esquecida. E encontrei agora um grosso pacote, com as cartas que escrevi e a minha mãe guardou (sniff, eu não fiz o mesmo às deles) Está lá uma completa reportagem da nossa vida, quase daria um romance de época! E as fitas gravadas?? Pois é. Foram-se... A verdade é que hoje em dia não há esses gravadores-de-fita, mesmo que por milagre as pobres não estivessem completamente estragadas. A tecnologia evolui com uma rapidez estonteante, vieram as cassetes, os cds, eu sei lá o quê, tornando obsoleta a moda de ontem.
Mas o meu amigo papel cá está, a resistir a tudo.
VIVA O PAPEL!!!





hmmmmm....



Valente papel!!!

Cereja

2 comentários:

Johnny disse...

Ainda mais recentementehá quase trinta anos estávamos em Macau e falávamos com a minha avó e uma amiga nossa através de cassete. Hoje já não se podia ouvir. O papel ainda resiste! :)

cereja disse...

Lembras bem, João. Achei muito boa ideia, na altura na linha das 'fitas' antigas, a actualização e passei às cassetes com gravador de cassetes, bem mais maneirinho do que o enorme gravador antigo. Mas agora já quase se não encontram esses leitores de cassetes, e se tivessemos escrito cartas à antiga, hoje tinhamos uma espécie de Diário...