terça-feira, 12 de julho de 2016

Gostava de ter escrito isto...

A minha amiga Isabel, é a pessoa que eu conheço que melhor escreve no estilo coloquial. Sempre admirei a sua escrita. Fomos 'colegas de blog' há muitos anos, muitos. Depois eu continuei a gostar de blogs, mas ela é mais facebook. E eu percebo, porque encaixa muito bem no modo como escreve. Hoje li dela um texto magnífico
Não resisti e venho transcrevê-lo aqui (que estas coisas dos links nem sempre funcionam)
«No outro dia quando deixei aqui o relato da minha viagem de taxi entre a porta de casa e o metro, não contava voltar a ele...a não ser que o meu amigo do FB, taxista que queria ter sido astrónomo, aparecesse e dissesse...olá, sou eu, então tinha ou não tinha razão!!?? Ou, olá, sou eu, desculpe não ter tido razão... 

Mas nada. 
Silêncio total. Mas volto, apesar do silêncio, para dizer duas ou três coisas. 
 Primeiro que você tinha razão. É possivel, sim!  
Depois, que não costumo vibrar com futebol, como você também disse. Não para me armar em gaja que só se preocupa com coisas sérias, revoluções ou assim, ou que se quer armar em diferente, não alienada, e afins. Apenas, que não vibro. Não é virtude nem pecado...é assim. 
Claro que encontro nesta "não vibração" razões que se prendem com a pornografia dos dinheiros e interesses envolvidos, e mais uns quinhentos, mas sei e aceito e conheço tanta gente, tão ou mais interessada em revoluções que eu, que vibra...tão ou mais consciente do que eu dos dinheiros e interesses envolvidos, que salta... 
 Por isso... 
 ...hoje, e depois de ver um video com um menino que consola um adepto francês, menino que nada deve saber ainda de dinheiros e de interesses, mas, apenas, de afectos e de humanidade, depois de ver e rever o golo de um jogador que eu conheci ontem e que nos deu a vitória, por quem nada davam, percebi agora, mas que nos deu a vitória, depois de ver o Ronaldo, afastado do jogo, mas tão dentro da equipa como se lá estivesse, numa entrega e numa partilha empolgantes, depois de ouvir o treinador a acabar a sua entrevista e falar em grego, para a sua antiga seleção e para o mundo, depois de, antes, ter visto Ronaldo falhar um penaliti e levantar-se de cabeça erguida, de ter visto a Comunicação Social da Europa dos ricos, que são ricos no futebol e no resto, gozar-nos, achincalhar-nos, discriminar-nos, como faz quando se discutem sanções... 
 ...só me apraz dizer que no dia em que o povo português for, na sua vida colectiva, o que a equipa mostrou em campo nestes dias, o menino que foi dar força ao adepto francês que chorava a derrota, terá um País para viver. Por isso que vivam eles e que aprendamos com eles...a resistir, a acreditar, a sonhar, sobretudo, a lutar. Cá fora. No dia a dia. 
O menino do video merece que continuemos a ser Povo, amanhã quando o campeonato for história...e o futuro obrigação. 
Um futuro onde o seu filho, meu caro amigo taxista que não sei o nome, possa ser astrónomo se quiser ser astrónomo. Ou o meu, para continuar a ser astrónomo, possivelmente um destes dias, não tenha que pegar na trouxa e zarpar.




Isabel Faria»
 ... e eu, que gostaria de ter escrito isto, :)) :  Cereja

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