Na sequência de uma uma notícia triste e outra divertida, uma triste sobre solidão, por todo o mundo mas sobretudo em Portugal e outra que nos faz rir, sobre as conversas dos portugueses com Deus, uma amiga minha escreveu no facebook «com a quantidade de idosos isolados ainda bem que falam com Deus, senão quem o faria...?» recordei uma situação que acompanho de perto e encaixa nesta questão tão séria e grave.
Numa aldeia onde costumo passar grandes períodos de tempo, vivia um casal já idoso com quem mantinha-mos uma excelente relação. Com a família reduzida, tinham casado bastante tarde e não tinham filhos, e ainda havia irmãos mas de quem estavam muito afastados, ou por viverem bastante longe ou por questões de partilhas com o conseguente corte de ralações. Por serem muito afáveis, sobretudo ele que era muito bondoso e prestável, viviam bem com a vizinhança. Mas a idade, fazia-se sentir, e já tinham ultrapassado os 90 anos com diversos problemas de saúde próprios não só dos muitos anos como de uma vida dura de trabalho. Contudo amparavam-se um ao outro, já vendo e ouvindo muito mal, e com dificuldade de mobilidade, mas podia-se dizer que vivia um para o outro, e eu reconheço que os via sempre como casal, separados era quase como uma separação de siameses...
Contudo, aconteceu o que se temia e o marido que se queixava menos foi o que foi primeiro.
Nem é necessário descrever o estado em que ficou a viúva! Perdeu mais de metade de si mesma. O desgosto, a revolta, o medo, a depressão, eram permanentes. Uma sobrinha que vivia muito distante tentou sugerir-lhe um lar, o que foi naturalmente recusado. Toda a sua vida e recordações estava entre aquelas paredes. Mas continuava a chorar e a queixar-se um ano e meio depois.
Uma sua vizinha de conversa comigo, já impaciente, dizia-me "Ela deve perceber que não é só ela! Fala como se fosse a única pessoa que perdeu o marido, e tantos de nós passámos já por isso!» E citou-me outra pessoa que tinha perdido o marido e ficado com 2 filhos, adultos agora e também com filhos. Ora dessa comparação faltava o âmago da questão que era, para mim, a solidão!
O que estava subjacente na queixa da velhinha de 90 e tal anos, era o sentir-se tão sozinha!. O caso da outra vizinha, além de na altura ter 2 filhos que a preocupavam decerto mas eram uma enorme companhia, tinha 2 irmãos carinhosos que viviam perto, tinha pai e mãe, para além de imensos primos, afilhados etc. Exactamente o oposto.
E esta é mesmo uma «doença social» da actualidade. Que tem de ter cura!!! Tem de ter!
Cereja
Numa aldeia onde costumo passar grandes períodos de tempo, vivia um casal já idoso com quem mantinha-mos uma excelente relação. Com a família reduzida, tinham casado bastante tarde e não tinham filhos, e ainda havia irmãos mas de quem estavam muito afastados, ou por viverem bastante longe ou por questões de partilhas com o conseguente corte de ralações. Por serem muito afáveis, sobretudo ele que era muito bondoso e prestável, viviam bem com a vizinhança. Mas a idade, fazia-se sentir, e já tinham ultrapassado os 90 anos com diversos problemas de saúde próprios não só dos muitos anos como de uma vida dura de trabalho. Contudo amparavam-se um ao outro, já vendo e ouvindo muito mal, e com dificuldade de mobilidade, mas podia-se dizer que vivia um para o outro, e eu reconheço que os via sempre como casal, separados era quase como uma separação de siameses...
Contudo, aconteceu o que se temia e o marido que se queixava menos foi o que foi primeiro.
Nem é necessário descrever o estado em que ficou a viúva! Perdeu mais de metade de si mesma. O desgosto, a revolta, o medo, a depressão, eram permanentes. Uma sobrinha que vivia muito distante tentou sugerir-lhe um lar, o que foi naturalmente recusado. Toda a sua vida e recordações estava entre aquelas paredes. Mas continuava a chorar e a queixar-se um ano e meio depois.
Uma sua vizinha de conversa comigo, já impaciente, dizia-me "Ela deve perceber que não é só ela! Fala como se fosse a única pessoa que perdeu o marido, e tantos de nós passámos já por isso!» E citou-me outra pessoa que tinha perdido o marido e ficado com 2 filhos, adultos agora e também com filhos. Ora dessa comparação faltava o âmago da questão que era, para mim, a solidão!
O que estava subjacente na queixa da velhinha de 90 e tal anos, era o sentir-se tão sozinha!. O caso da outra vizinha, além de na altura ter 2 filhos que a preocupavam decerto mas eram uma enorme companhia, tinha 2 irmãos carinhosos que viviam perto, tinha pai e mãe, para além de imensos primos, afilhados etc. Exactamente o oposto.
E esta é mesmo uma «doença social» da actualidade. Que tem de ter cura!!! Tem de ter!
Cereja
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