sábado, 10 de novembro de 2018

Calor humano


A minha amiga Isabel, que de vez em quando cito aqui, é minha amiga há mais de 10 anos, e conhecemo-nos por causa de um blog. Nessa altura não havia facebook, e usávamos o blog como hoje se usa o fb, para comunicar tudo o que nos interessava a nós e acreditávamos que também interessava os outros, aqueles  nos liam e comentavam. Depois de finado o blog e ter surgido o fb ela aderiu quase logo e eu, uns tempos depois, fui atrás dela. E, pronto, hoje frequento as redes sociais, sem obsessão mas passo por lá todos os dias e continuo a gostar de a ler, porque ela escreve extremamente bem num estilo coloquial e íntimo. Há um ou dois dias deixou lá uma história pequenina, escrita como ela sabe.
Eu identifiquei-me logo, talvez porque também tenho «a mania» de conversar com quem me atende nas lojas, e o mais frequente são caixeiras de supermercado. Não custa mesmo nada, e um sorriso pode fazer diferença.
A propósito da menina que começou mal encarada, a responder friamente, mas 'aqueceu' com as respostas da Isabel, aconteceu-me ontem uma cena também interessante: Num parque de estacionamento de uma grande superfície, eu regressava ao carro empurrando um carrinho de compras. De repente levanta-se uma ventania fortíssima, que me leva os papeis de uns propectos em que estava interessada e levava para ler em casa. Largo o carrinho para correr atrás dos papeis, mas para que não comece a andar sozinho, encosto-o com cuidado ao carro que estava mais perto, vendo que não tocava na pintura, e sim na borracha do pneu. Consigo apanhar os papeis e segundos depois quando volto ao carrinho, o dono do carro diz-me extremamente agressivo «Deixa o carro para correr atrás de uns papeis ??!!!» Ainda respondi «Mas sem tocar no seu carro, com viu» e ele «Pois não, mas por causa de uns papeis!?!?» Bom, respirei fundo, fui deixar as compras no meu carro e ao voltar para arrumar o carrinho no sítio, este é-me arrancado bruscamente da mão com uma pancada fortíssima por um carro que tinha entrado no parque muito acelerado. Fiquei assustada, claro, mas ainda nem tinha olhado para o automóvel causador do «acidente» já tinha ao pé de mim o condutor aflitíssimo a perguntar se estava bem. Tranquilizei-o, tinha sido só um susto, mas ele parecia até mais assustado do que eu, e insistia se eu queria alguma coisa e se estava bem. Pronto, o caso ficou arrumado e o carrinho das compras também. Mas, a caminho de casa, estava muito mais afectada pela cena do primeiro condutor do que com a do segundo. O primeiro é que me afectou!
Ou seja, embora no segundo caso houvesse uma falta ela foi esquecida pela cuidadosa atenção que logo me foi prestada. É como uma parábola, ou uma fábula, ou qualquer história com uma moral: o segredo para uma boa convivência está afinal na boa educação. O primeiro homem até poderia ter alguma razão, mas o modo agressivo como falou estragou tudo. O segundo, fez esquecer a sua culpa com a gentileza que mostrou.

Pois é. Não custa nada...😊

Cereja

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