terça-feira, 28 de junho de 2011

"Nós somos todos judeus alemães"

........disse Cohn-Bendit. Juntamente com «soyez realistes demandez l'impossible» é uma frase que marcou a minha geração.
Mas talvez apenas a minha geração.
............
Ontem, no facebook, uma amiga (a sério, não amiga faceboqueana) lembrou-se de lançar uma espécie de desafio. Com base no que estamos enjoados de ouvir, ou seja uma desmarcação cerrada da Grécia, afirmado em todos os tons, que não temos nada a ver com ela para escaparmos ao ataque das agências de rating, criou-se uma página a que ela deu o Título «Somos todos gregos». E, à minha conta, reenviei o contacto para quase todos os «amigos facebook», além de imaginar que à sua conta ela também o tivesse feito e por efeito de cadeia, em breve haveria muitas pessoas a partilhar a ideia.
Desapontamento!
A minha primeira surpresa foi tanta gente não entender o título. Recebi algum feed-back nessse sentido, a frase evocava alguma coisa que não se sabia bem o que era. Coisa estranha para mim.
A segunda surpresa, foi que neste momento – fui lá espreitar – e há apenas 15 pessoas que «gostam». Quinze. Quando, a gracinha mais insignificante fácilmente atinge umas dezenas de «likes» no facebook.
Falta alguma coisa. Não devemos dominar ainda a técnica do fb, ou sou muito ambiciosa e desejava uma resposta mais rápida mas isto é normal, ou realmente as pessoas estão de acordo que amigos amigos gregos à parte.
Mas o ser a Grécia não é o que está em causa. Como disse lá essa minha amiga na frase que iniciou esta experiência, e eu transcrevo tal como ela escreveu:
«Quanto mais os "nossos" dirigentes tentam mostrar aos outros que Portugal é diferente da Grécia (admito que seja) mais eu me sinto grega. Não me importaria de encetar um movimento de solidariedade do género 'neste momento somos todos gregos'. ou todos do Sul, ou todos pobres, ou todos indignados, ou todos mal governados, ou todos bem lixados
Pois é.


Pé-de-Cereja

6 comentários:

Maria da Paz Campos Lima disse...

Somos todos gregos! Concordo! E penso que só a ignorância profunda aliada a um mecanismo de defesa primário e xenófobo justificam as atitudes de hostilização da Grécia. Só espero que não descubram tarde de mais que somos todos gregos...a bem da civilização que os gregos iniciaram.

cereja disse...

Olá!!!!
Que alegria ter um comentário teu, de tão longe e tão concordante (como se não tivesse a certeza de que nisto, como em muitas coisas estamos tão de acordo!)
Um grande abraço!

Anónimo disse...

Tive a mesma reacção. Achei que imensa gente se sentiria identificada (já nem digo solidarizada o que, se calhar é a mesma coisa) mas não foi assim. Apetece pensar porquê. Síndroma de Oslo ou Estocolmo, um termo que aparaceu há pouco tempo para designar a identifiicacao ao agressor?
Ge

cereja disse...

Será?
Mas são as mesmas pessoas que se fartam de refilar com coisinhas do dia a dia que são muito obviamente consequências da política geral. Claro que aquilo era uma graça mas também um desabafo. E também pensei que muita gente dos que conheço mais ou menos viesse dizer, «também sou grego, também sou grego»

fj disse...

A ideia foi muito gira, o problema é o fosso geracional, já poucos se lembram da frase que, mesmo na altura não me pareceu suficientemente divulgada.Não te arrependas ! fj

cereja disse...

Obrigada fj. também é a minha ideia, que há muitas diferenças de geração.
(fui lá agora e «já» tem 17 "likes")
Mas, curiosamente, até há por lá mais comentários embora fóra do sítio, Alguém brinca «diz o roto ao nu» mas a minha dúvida é se ainda teremos algum farrapo, e sobretudo sobre quem é que nos esfarrapou...