segunda-feira, 20 de junho de 2011

Dificuldades previstas

Estou a tentar não desatar a criticar os senhores do governo ainda eles não tomaram posse. Um dos bonecos do Bartoon no Público aconselha «Não devemos começar já a criticar o governo» e o outro pergunta «Já? 10 segundos chega?» (mais ou menos isto)
Contudo, o passado das pessoas e as ideias que até hoje defenderam permitem alguns receios.
Ainda por cima há 2 ministérios terríveis, muito pesados e quase ingovernáveis: Saúde e Educação.
Quanto à Saúde há motivos para preocupação, sem dúvida.
E na Educação dá para prever que as coisas não se apresentem melhores.
O Ministro Nuno Crato é conhecido por posições 'conservadoras'. É um opositor ao eduquês. Há muita gente que também o é, e por bons motivos. Mas se há exageros grandes quanto a algumas posições pedagógicas um tanto laxistas, seria um erro bem grave esquecer o que de muito sério se tem construído no campo do ensino desde há dezenas de anos. E, por aquilo que tenho lido, é essa a posição do ministro nomeado.
Exageros. No que diz respeito à intervenção dos pais nas escolas, há coisas estranhíssimas. A ser verdade o título (e texto) deste artigo, tem de se pôr limites a certas coisas. «Pais têm de autorizar chumbo dos filhos»?! Qualquer coisa soa mal, não é?
O aluno tem ou não condições para mudar de ano, e isso é uma competência da escola, só pode ser. Agora que se anda a valorizar tanto o ensino privado, gostaria de ver essas escolas que batem no topo dos rankings perguntando aos pais dos maus alunos se os podem reprovar ou não...
Depois, ainda antes de ter iniciado funções, ele já vai enfrentar a questão das avaliações. Complicado, porque o seu partido na ânsia de combater Sócrates apoiou a contestação dos professores, mas agora vai apanhar essa batata quente ter de resolver a questão.
Em relação ao trabalho dos professores, eu conheço alguns e de variados graus de ensino. Posso dizer que praticamente todos se queixam sobretudo de uma coisa: excesso de burocracia. Oiço uma queixa de todos os quadrantes de ensino, mais de metade do seu tempo de trabalho não é a dar ou preparar aulas mas às voltas com papeis, muitas e muitas vezes repetidos ou com reuniões que não adiantam nada.
Será que o senhor ministro vai levar isso em conta? Agilizar essa burocracia?
Não me parece que seja sensível a isso.
Mas o panorama vai ser complicado uma vez que, devido à crise há cada vez mais alunos de colégios privados a pedir transferência para o público. De acentuar «devido à crise», porque isso diz-nos que não é por opção positiva, por considerarem que esse ensino seja melhor, o que é logo uma posição negativa à partida.
OK, vamos ver.
Os elefantes brancos nem nos jardins zoológicos. Dão trabalho demais!



Pé-de-Cereja

4 comentários:

Zorro disse...

Estou parvo por um post como este ainda não ter um só comentário mais de um dia depois... Oh amiga tens de fazer publicidade! (mas é melhor estar calado porque afinal eu próprio só passei hoje por aqui!)
.............
É mesmo verdade, há para aí Ministérios que são elefantes, ou mastodontes, não sei bem. Na minha opinião (mas não fundamentada) isto só pode mudar com uma inteligente descentralização.
Cada região deveria ter mais autonomia, mais poderes e, evidentemente, as respectivas responsabilidades.
O senhor ministro divide muito as opiniões - ainda.
A ver vamos.

Zorro disse...

Só queria acrescentar que tal como tu, tenho as mais fortes dúvidas que o desprezo que ele mostra pela Escola Moderna venha a ter boas consequências. Não pode ter sol na eira e água no nabal, esse ensino de excelência (já ouvi dizer que é para excelências...) e a mão mais firme vai encontrar muitos anti-corpos entre os pais.
Mas, realmente não pode agradar a gregos e troianos.

Joaninha disse...

:(
É verdade Zorro, perdi um pouco a mania de passar por cá todos os dias, e 2ª é dia chato, de modo que me esqueci...
Mas entro agora aqui, e para além daquela paisagem maravilhosa ali de cima, encontro este post mais «para pensar».
Olhem, eu também gostaria de dar o tal tempo de "estado de graça" ao pobre do Pedrinho que até tem uma cara simpática, mas... a graça que já suspeitava que não ia achar, não consigo encontrá-la.
Como já se sabia vamos levar mais do mesmo.
O Sócrates abriu o caminho e limpou o terreno, agora estes é só seguirem em frente.
É fartar vilanagem.

cereja disse...

Quem está mais informado sobre a moderna pedagogia pode ficar perplexo quando ouve algumas afirmações do senhor ministro. Por mim, tenho a ideia de que houve alguns exageros no excesso de 'liberdade' e no respeito pelos direitos dos alunos (coisa correcta) esquecendo a face correspondente aos deveres dos ditos. Só assim se explica os excessos que quase todos os professores contam, de indisciplina assumida como uma bandeira.
Mas, exactamente a boa pedagogia diz o oposto; será responsabilizando os jovens que eles aceitam as regras. Não é simplesmente o autoritarismo.
Vamos ver, que ainda é cedo para avançar com avaliações seja do que for.
(excepto as dos professores, mas essas vão ser o tal osso que o ministro irá roer)