domingo, 19 de junho de 2011

«Não tenho nada p'ra fazer!»

Hoje comecei o dia deixando este boneco no meu facebook, com o título «o que acontece a muita gente; um conselho, leiam mais».
Uns segundos depois vi que era um tanto antipática, e estupidamente paternalista, e lá expliquei em comentário, que era dedicado às pessoas que estando em férias se aborrecem por não ter que fazer se não têm amigos ao pé.
Agora senti necessidade de explicar melhor este desabafo.
Eu sinto que saber ler é um (será sexto? sétimo?) sentido a mais que nós temos. Ver e ouvir são mais importantes, mas dos outros 3, trocava um deles se fosse necessário, pela capacidade de ler.
Lembro-me como se fosse hoje do deslumbramento de ter começado a ler o meu primeiro livro sozinha. Senti-me como se tivesse entrado num mundo encantado, um mundo mágico. E até hoje esse sentimento nunca se desvaneceu completamente.
Quando era gaiata, adolescente, ia naturalmente de férias com os meus pais. Sozinhos, nós os três, que sou filha única. Fazia parte da minha bagagem, um monte de livros (os livros 'para férias') que empilhava junto da minha cama-de-férias e ia devorando ao longo dos dias. Sentia-me maravilhosamente.
Muito bem, reconheço que talvez eu fosse um pouco 'bicho-do-mato' e não me teria feito mal conviver com mais gente nesse período de férias. Contudo no resto do tempo até tinha grandes e bons amigos - pelo menos uma delas, muitas dezenas de anos depois, ainda é uma das minhas maiores amigas...
Não estou aqui a citar-me como modelo de coisa nenhuma, mas apenas para reflectir como é estranho falar com um jovem (ou dois, ou três, ou quatro!) e ouvir «que seca! agora nas férias nem tenho nada para fazer, os meus amigos vão todos para fóra e eu nem sei como ocupar o tempo»
Que estranho.
Sabem todos ler e escrever, vejo que passam parte do dia a mandarem mensagens no telemóvel ou agarrados ao "messenger" na net. Então porque raio não pegam num livro?! Aceito, de boamente, que não gostem de um tipo ou outro de literatura. Mas entre tantos e tantos tipos de leitura de algum deviam gostar, a não ser ( e a hipótese é muito plausível) que nunca tenham adquirido esse prazer da leitura de que comecei por falar.
Mas que pena.
Nem sabem o que perdem.
E ainda por cima um livro não precisa de se ligar à corrente, nem de carregar a bateria, só se gasta dinheiro no momento da compra, é leve, pode levar-se no bolso, não se parte, e faz tanta companhia!

Pé-de-Cereja

5 comentários:

Joaninha disse...

Este é um tema recorrente teu, digamos assim.
O que não quer dizer que não estejas cheia de razão.
É exactamente como dizes, hoje em dia desvaloriza-se os livros em função do convívio entre pares, o que é bom, mas não é boa ideia fixarmo-nos apenas nisso.
Há uma grande alteração dos costumes - o que não quer dizer que não haja ainda e sempre excelentes leitores!

cereja disse...

Tens toda a razão, Joaninha, isto é um tanto bater à mesma porta, mas não resisto.
É que me faz pena, e nos últimos tempos tenho encontrado cada vez mais este tipo de queixas. Os miúdos (e possivelmente os pais) não sabem "usar" um livro.

Zorro disse...

O post já não é de hoje, mas está fresco na mesma. :)
Só para aquecer aqui os comentários: ainda há minutos (até parece de propósito!) estava a espreitar uma coisa num outro blog, e sobre um livro qualquer encontrei este comentário «Olá adorei eu já li o livro é muito fixe especialmente a capa» (fiz copy paste para não perder nada do sabor!)
Ela (ou ele) adorou, especialmente a capa! Uau!!!

Joaninha disse...

A frase que o Zorro encontrou é formidável.
é isso mesmo. Muitas vezes vê-se a capa e ... prontus!!!
Eheheheh!!!!

cereja disse...

Cá está - adorou o livro, especialmente a capa. Excelente para o gráfico, não é?
:) :) :)