segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Horas (ou metáforas)

Desde que me lembro que uso relógio. Nunca me habituei a ir ver as horas ao telemóvel, parece-me muito mais prático rodar o braço e dar uma olhadela ao instrumento que uso no pulso. Para além de que gosto mesmo de relógios, tenho um em cada divisão da casa, incluindo cozinha e casa-de-banho.
Mas, escuso de dizer que são relógios de pilhas. Todos. Mesmo o da sala que é uma boa imitação de um relógio antigo… trabalha a pilhas! E o meu de pulso, também.
Ora há pouco tempo dei conta de que a pilha do meu habitual, de pulso, tinha acabado e, porque não tinha tempo para ir tratar da substituição, fui buscar outro, velhinho mas excelente (marca Tissot!) que ainda era de corda. Pronto. Assunto resolvido, dei corda ao relógio e ele cá anda a funcionar muito bem.
Como se lembram de certeza, no penúltimo fim-de-semana, «mudou a hora» Numa casa com tantos relógios como é a minha aquilo dá sempre algum trabalho, função do meu filho, que a assumiu há anos. E ele nunca falha, creio até que tem um gosto especial nessa tarefa da 'volta-dos-relógios', acho que até tem pena que o do computador mude sozinho… portanto passei a semana toda seguindo-me pela a hora certa sem pensar mais no assunto.
Mas, há um relógio onde «o-meu-acertador-da-hora» não costuma mexer: o do meu carro. Isso já é função minha, e reconheço que me desleixo um tanto com isso. Olho para o mostrador, sei que tenho de lhe tirar  mentalmente uma hora e aquilo vai servindo assim.
Na última sexta-feira, tive de dar uma volta pela hora do almoço, e quando estacionei a carro achei boa ideia acertar finalmente o mostrador do relógio. Olhei para o meu pulso, vi a posição dos ponteiros e acertei o mostrador que ainda dava a hora antiga. A operação leva um certo tempo porque se faz com uns parafusinhos e tem de se dar a volta toda ao mostrador. Mas, OK. Obra acabada.
Continuei nos meus afazeres e a sentir que o tempo me estava a render muito. Tinha feito várias coisas e ainda era tão cedo…! De vez em quando passava por um dos relógios de rua e pensava «nunca estão certos, estes!». Porque o do carro prosseguia a sua caminhada sempre a andar e parecendo que muito bem.
Até que, já nem sei porquê, dei uma olhadela ao pulso e tive um baque - «o quêêê???» aquela hora era impossível. Pois era. Eu tinha-me esquecido de dar corda de manhã, e ele às tantas tinha naturalmente parado. E eu estive diligentemente a acertar o relógio do carro, por um que estava já no momento, parado!
Podia ser uma metáfora, não podia?

rodinhas mentirosas

Pé de Cereja

9 comentários:

sem-nick disse...

Mas é MESMO uma metáfora!!
Isso de acertar um relógio +por outro que está parado é o que se passa no nosso país!

E a história é bem gira!

Mary disse...

Uma história sensacional, e acredito que inteiramente verdadeira!

cereja disse...

É verdadeira, sim senhor!!
Só eu!
(tenho de comprar a pilha, que distraída como sou acabo por me perder na confusão do 'dar corda'...

Joaninha disse...

Não dá muito jeito passar por aqui a esta hora, estava habituada a outro horário...
A tua história tem piada porque soa mesmo a verdadeira! Acontece-me imenso não acertar todos os relógios, e depois fazer figura de parva: «olha, já são...???»
.............................
Quanto a metáforas nem digo nada!

Joaninha disse...

Já muita gente embirrou e eu sou uma delas, com o surrealismo das horas que aparecem aqui no blog.
Pelo meu relógio (a pilhas!) são 19 e 45, mas no meu comentário lê-se 11 e 44?!?! Onde? No Panamá?

Anónimo disse...

Faz um pouco impressão vir deixar um comentário no dia seguinte.... mas a verdade é que de manhã é quando tenho mais tempo, e ontem a esta hora ainda este cá não estava.
Ora bem!
Para quem se dedique a sociologia e coisas afins (não é o meu caso) tem muito interesse ver a evolução dos objectos ao longo dos tempos, o que era luxo numa época ser banal noutra e até vice-versa - o que era banal, tornar-se luxo!
O relógio era um luxo quando eu era pequeno. Por vezes 'herdávamos' uns mais velhos dos nossos pais ou irmãos e quando tínhamos um bom, a sério, era quase uma cerimónia! Sei que o que o meu avô materno deu ao meu pai como prenda de casamento foi um relógio de marca! (não estou a falar de nenhum rolex!)
Hoje muita gente nem usa relógio porque como lembraste vê as horas no telemóvel, esse sim, indispensável!
Teve muita graça essa coisa do automatismo de «dar a corda» que se perde completamente com o aparecimento dos de pilha... E a tua história diz tudo isso!

Zorro disse...

Para bater mais um pouco no ceguinho, e visto que o post se chama «horas» quando é que este blog passa a dar as horas como deve ser? Nem as horas a que entram os teus posts batem certo, nem as dos nossos comentários! A Joaninha já se queixou e eu também. Será coisa que não sabes arranjar? Se calhar não...
Olha minha amiga, este é mesmo um post-metáfora! Enquanto a malta se quiser «acertar» através de um relógio parado, o atraso será sempre inevitável...
Mas como história verdadeira tem muita graça!
(emprestas-me o teu puto para acertar os nossos? É sempre uma tarefa que se empurra de uns para os outros...)

Anónimo disse...

As rodinhas não são 'mentirosas' a nossa leitura é que pode ser falsa.

cereja disse...

Olá, olá!!!
Pois é, também me lamento com esse desacerto das horas que aparecem por aqui no Cerejas, mas... não sei como se acerta este relógio. Está acima dos meus saberes...
De resto este era um post «levezinho» baseado num história verdadeira.
Amanhã deixo cá um outro cedinho como vocês gostam :)