domingo, 5 de junho de 2016

Sobre os meninos «queixinhas» e outras reflexões

Tem causado algum reboliço nas redes sociais uma história de facto estranha ou impressionante, como se preferir. Na América (where else?) um menino de 5 anos fez queixa do pai à polícia por ter passado um sinal de trânsito
Oooooh!
Para alguém que esteja agora a ler e milagrosamente não tenha visto ou lido a história, resume-se em poucas palavras. O 911, número de emergências, recebeu uma chamada onde uma voz de criança dizia «O pai passou um sinal vermelho. É uma carrinha preta. É um carro novo, é da minha mãe». Parece que o operador sensatamente pediu para falar com o pai que se riu e pediu desculpa. Poderia ficar por ali, mas a Polícia achando graça contou numa rede social, e uma estação de tv decidiu entrevistar o menino de 5 anos. Na 'entrevista' ele declara que «queria que o pai fosse multado porque os condutores têm de abrandar no sinal amarelo e parar no vermelho»

A história é esta. Provava-se que aos 5 anos a criança conhecia algumas regras importantes do trânsito (embora não todas, parece que naquele exacto caso não havia nenhuma infracção, era das poucas situações onde se podia passar com vermelho...) e não se ralou em denunciar uma pessoa que lhe devia ser querida. E nas nossas redes sociais apareceu um coro escandalizado comparando o Robbie aos jovens nazis que denunciaram a família.

Para mim é um enorme exagero. E, porque vejo muita coisa sob o foco educativo, acho que o erro dos pais não foi terem virado à direita num sinal vermelho e sim permitirem a chamada do seu rebento.
A famosa permissibilidade da educação actual. Concordo, e acho que é muito correcto que uma criança bem pequena saiba utilizar um número de emergência. Mas... Mas deve também saber que aquilo é um número de emergência, para usar numa grande aflição, obviamente não com um adulto responsável ao lado. Seria 'normal' que os pais ao verem a criança apoderar-se do telemóvel perguntassem «o que vais fazer? larga isso» e insistissem em perceber o que levava a tal acto. E, sabendo, naturalmente o impedissem. A liberdade de uma criança não é igual à de um adulto, há regras que deve cumprir. Houve ali uma falha grande dos valores familiares.
Por outro lado vem a tal delação que tanto incendiou as nossas redes sociais. É feio. Fazer queixinha, acusar alguém a um superior é antipático, e se os pais ou professores aceitam sem questionar nada podem estar a reforçar um comportamento errado. (mas por outro lado é importante analisar o que se passa de facto de modo a evitar situações de bulling um flagelo actual) 

Ou seja, bom senso. A César o que é de César. Primeiro, um menino de 5 anos deve sentir que «quem manda» são os pais. Segundo, uma criança deve avaliar quando se justifica uma queixa ou quando não passa de uma queixinha, sob o risco de passar a ser odiado pelos colegas. Nenhum pai gostaria disso.



Cereja



4 comentários:

méri disse...

Claro, as criancinhas... Tudo o que é demais é erro, sempre ouvi dizer e, de certeza tu também. Qualquer dia vão ser os exageros com os animais, mas espero sempre que haja bom senso

cereja disse...

Oh Méri que bom apareceres aqui!!!
Fico tão contente de ver que ainda não desististe de passar por aqui que me deu ânimo novo para voltar a escrever. A sério que vou recomeçar - tenho várias coisas em rascunho mas nem voltava aqui....
...................
Quanto à educação que não consigo 'passar ao lado', digo muitas vezes e sei que pensas o mesmo, que muita coisa se resolve ou resolvia com bom senso.

Hipatia disse...

Mas a moralidade naquele País anda um bocado torta ;)

Por cá - e como sempre - é bom falar dos outros para não ter que olhar para dentro de casa. Não admira que tenhas lido tanto comentário :) Até nós acabamos a comentar o assunto :D

cereja disse...

Ups! E não é que me passou o teu comentário Hipatia...? :(
Minha amiga, a moralidade naquele país é de facto surpreendente. Que se considere a hipótese de um Trump vir a ser Presidente num país com uma constituição presidencialista é de arrepiar.
....
Nas questões de educação claro que a base do que digo é o que vejo por cá. E vejo muito!!!