sábado, 31 de maio de 2014

Ódios Embirrações de estimação

 Se se pode pensar que o amor e ódio são duas faces (opostas?) do mesmo tipo de sentimento, se calhar, em versão soft, o gosto e a embirração também... Talvez sejam as coisas que podíamos apreciar [se...] as que mais nos incomodam quando as temos de criticar. Eu, volta não volta, venho aqui espingardar contra os transportes públicos que, por necessidade e gosto, mais utilizo.
Ando muito de metro.
O metro tem vantagens que conseguem superar o toquezinho de claustrofobia de que padeço e à partida me podia fazer fugir da ideia de me enfiar debaixo do chão: a) é rápido porque não está sujeito às regras dos outros transportes, não há semáforos, acidentes de terceiros, engarrafamentos b) o local de espera é protegido, não se apanha chuva, vento, sol  c) tem tempos de espera curtos.
Ainda "sou do tempo" em que não tínhamos metro em Lisboa. OK, andava de autocarro e eléctrico e muito a pé! E recordo uma ida a  Paris e achar que aquilo era muito prático, pensar 'que bom seria termos o mesmo em Lisboa'. Passaram muitos anos, já viajei por muitos incluindo S. Petersburgo ou Hong Kong e gosto do pequenino metro da minha cidade - as estações são bonitas, é limpo de um modo geral, está bem sinalizado, os transbordos são fáceis. Isto tudo do lado dos prós.
E os contras?
Podem caber numa só chaveta - falta de respeito pelos utentes.
Creio que foi ainda ontem que encontrei 3 artigos relacionados onde se refere que no nosso metro não há segurança  (consideram que mesmo nas suas instalações a responsabilidade é da PSP e mais nada) as locomotivas não têm bons travões só conseguem travar já dentro das estações, e os maquinistas não são sujeitos a avaliação psicológica como o são noutros locais idênticos. E isto com um preço de bilhete elevadíssimo para quem compra um bilhete avulso!
O transporte dá prejuízo? Parece que sim. Então qual é a diferença dos outros metros do resto do mundo? Os passageiros que pagam o bilhete, entram e saem, são iguais aos dos outros metros, o preço também, o que é diferente? Ah, os gestores!!! Aí há diferença...
Muito gostava eu de condenar os senhores que decidem estas coisas a um ano de trabalhos forçados de obrigatoriedade de viajar só de metro. Iam experimentar como é precisar de uma informação mas não haver nenhum funcionário na estação, querer comprar um bilhete e só uma máquina estar a funcionar com uma fila de 20 pessoas à espera, descer ao cais esperar um quarto de hora e quando o comboio chega ir estacionar na outra extremidade obrigando a uma corrida enérgica e por vezes sem conseguir chegar à porta da carruagem, esperar 20 minutos num cais a transbordar de gente e quando o comboio chega nem conseguir entrar tão apinhado vem! E que cautela se pode ter com os carteirista quando se viaja espremido entre 50 pessoas mal podendo respirar?
E os atrasos constantes - há linhas onde todos os dias, mas mesmo todos, há paragens e avarias! - sem uma explicação? E porque é que ao fim de semana diminuem as carruagens na linha que dá acesso às carreiras de camionetes e ao aeroporto? E, sendo praticamente o único transporte público da capital à noite, porque são os horários tão espaçados?
Como comecei por dizer, é talvez por apreciar este tipo de transporte que tudo isto me irrita. E sobretudo por considerar que este desdém com que os utentes são tratados é uma falta de respeito que não se devia permitir.


Cereja

2 comentários:

Anónimo disse...

Apoiado!
Repare-se nesta resposta dada ao jornal sobre o facto de não haver apoio psicológico: «(....) se tem vindo a demonstrar adequada, como o demonstra o facto de não se terem verificado quaisquer ocorrências».
Estes idiotas, parece esperarem por haver uma ocorrência para tomarem medidas???!!!

cereja disse...

Bem visto, comentador anónimo. Realmente parece que o "não haver ocorrências" justifica o desleixo. E Bruxelas, tão ralada com as colheres de pau, os perfumes e os galheteiros, nestas coisas deixam passar....