domingo, 20 de novembro de 2011

Salvem-me das tecnologias!!!

Uma história:
Eu tinha um relógio eléctrico na mesinha de cabeceira.
Já tinha uns anitos. Bom, quero dizer, já tinha mui-tos anos. Muitos, muitos. Um dinossauro dos relógios. Mas funcionava bem e dava-me segurança - durante a noite ao virar-me na cama, mesmo abrindo só um olho, via logo as horas e, tranquilamente, sabendo que ainda faltava bastante para ser manhã, continuava a dormir.
Bom. Tadinho, a semana passada deu-lhe o tranglomango e exalou o seu último suspiro. De velhice, creio eu. Nem pensei que valesse a pena arranjá-lo, se é que aquilo tem tinha arranjo...
Pronto. Tinha a ideia que era um electrodoméstico (?) barato e pus-me em campo para comprar outro. Primeira surpresa, afinal já não é tão barato como aquilo que eu recordava. Houve «a» crise, a subida do iva, e mais isto e mais aquilo e, resumindo, custam mais três vezes do que imaginava. Mas, adiante. Lá fui comprar um, bem bonito, que me seduziu também porque quando o vi na prateleira da loja reparei que a hora se via também projectada no tecto. Prático. Nem precisava de me virar na cama para saber as horas, só abrir meio olho e olhar para cima...
Chego casa, coloco-o na mesa de cabeceira, ligo à corrente e, animada, preparo-me para acertar as horas. Ná! Isso era dantes, agora é tudo automático, há um um sensor (não sei se é assim que se chama) e temos de esperar que esse sensor encontre 'um sinal' dizem que de Grennwich  e depois desata sozinho a procurar a hora certa. Parece que tem vida própria. Ui, que susto. Até me afasto um pouco para o deixar à vontade! Mas não lhe devo ter explicado bem que estava em Portugal e a hora que ele escolheu não era exactamente a hora de Lisboa. Não servia. Só que sua excelência o não-me-toques não aceitava ser accionado à mão. Foi uma luta terrível e acabou por ficar um tanto às 3 pancadas. E ainda por cima, a tal projecção no tecto só consegui que aparecesse se lhe desse uma palmadinha no cucuruto e, claro, para isso tinha de estar acordada. Uma frustração.
No dia seguinte voltei ao lugar da compra. Contei as minhas dificuldades a um vendedor que atenciosamente me explicou os passos necessários (e complicados, continuo a achar) ao bom funcionamento, mas acrescentou que eu tinha um mês para o devolver se o não quisesse. Oooooh! Tinha-me esquecido dessa hipótese.
É que foi logo! De imediato. Saí de lá com o modelo mais simples que encontrei. E, aqui para nós, ainda é demasiado sofisticado, tem várias funcionalidades que não me servem para nada.
Ando cheia de saudades do tal dinossauro que simplesmente marcava as horas e despertava quando eu mandava. Sniff...




O futuro?... Ai, ai, ai!

Pé-de-Cereja

8 comentários:

Joaninha disse...

Ahahahahah!!!
Está o máximo, cerejinha!

Anónimo disse...

E tem controlo de voz? Dizes ao deitar «acorda-me ás 7 e meia!» e pronto, ás 7 e meia ele começa a apitar... :)
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Tá claro que quanto mais sofisticado menos a gente se entende!

cereja disse...

Olá, olá!
Este é o tal post levezinho para um domingo, que gosto de deixar aqui de vez em quando :D

cereja disse...

(mas, atenção! não inventei nadinha; foi exactamente o que aqui contei)

if disse...

O casamento perfeito entre o texto e o vídeo!
É tão bonito o futuro, tão bonito o manganão... mas saltar pra dentro dele dá um grande trabalhão
uff
:)

Anónimo disse...

Bem...
Que dizer? Hpje em dia, os ditoa despertadores não assim tão necessários. Afinal toda a gente tem telemóvel, por vezes até mais do que um, que fazem tudo, inclusivé despertar-nos há hora certa.
Tanta porcaria a voltra de um despaertador para quê?
Silvya

cereja disse...

Bem Silvya, admiro-me um pouco que venha cá ler a porcaria, mas claro que não escolho as suas leituras e o blog está aberto a comentários. Felizmente que outros leitores gostaram do texto, porque evidentemente não estava a falar de um relógio de cabeceira, pretendia ir bem mais longe.
............
Quanto ao seu conselho sobre o telemóvel, muito obrigada mas não serve (eu só tenho um, com muitos anos)O post falava de relógio, não de despertador. Toda a porcaria com que gastei o seu tempo era exactamente a contar que gosto de ao acordar a meio da noite saber que horas são sem abrir a luz nem acordar completamente. Despertador não preciso, tenho um sentido que me faz acordar à hora certa - toda a vida assim fui.

Zorro disse...

Com muita graça, como sempre! Uma descrição giríssima das maravilhas-da-tecnologia... Pois é! A perfeição muitas vezes é demais. Nós usamos um muito simples também, que está ligado a um rádio e dá notícias mas acho que é fácil de acertar.
O vídeo é impressionante!
( também não entendi lá muito bem o comentário precedente, nem para que é que a Sílvia se deu ao trabalho de o escrever sobretudo no tom desagradável em que o fez; realmente explicas muito bem que o que querias era ver as horas no escuro e sem te mexeres muito esse truque do tlm não dá)