domingo, 16 de setembro de 2012

Dia seguinte




Ontem passei por aqui trazendo a expectativa da manifestação. 
A expectativa era alta e com motivos para isso pela minha "sondagem" pessoal: vizinhos, filas de supermercado, passageiros dos transportes públicos, pedaços de conversas ouvidas ao acaso.
E correspondeu inteiramente ao que eu esperava. Um mar de gente, gente de uma forma geral inexperiente nestas andanças mas muito ordeira. Poucas palavras de ordem, muitos cartazes artesanais, barulho de apitos e (ui, ui, que horror) vuvuzelas, gente de todas, mas mesmo todas, as idades. Quanto a cartazes, alguns criativos, outros ingénuos e uma senhora levava um contra a corrente "Não quero outro governo, quero outras medidas". (???)  Devia ser a única apoiante do governo naquele rio humano. De resto passavam famílias inteiras, pais, avós, netos e talvez bisnetos. A paciência tinha acabado!
Ao passar em frente do FMI houve reacções exageradas. Eu só vi imagens. Os insultos e tomates (espero que já podres,  não se pode estragar nada...) parecem-me certos, mas garrafas ou pedras é um descontrolo que pode provocar uma contra-reacção evitável. Assim como a ida a S.Bento, que não estava planeada, podia ter resultado mal. Quando se desencadeia uma reacção temos depois saber o que fazer com ela...
Mas esta convulsão dá que pensar. Que quem trabalha (ou quer trabalhar e não pode) sente que já deu tudo, tudo, tudo  o que pode sem sentir nenhuma contrapartida é uma evidência. E que as forças e instituições que apoiam o mundo do trabalho façam as críticas que têm feito a esta política, é de esperar. Contudo, nos últimos dias vemos que representantes do patronato, ou até os próprios patrões, e figuras como Bagão Felix, Manuela Ferreira Leite, para além do Adriano Moreira, Freitas do Amaral, etc, também criticam as medidas do governo e isso é estranhíssimo. Porque é evidente que eles não mudaram de posição e defendem os valores que sempre defenderam. O que só quer dizer que o caminho que o ministro Gaspar pretende seguir é tão suicidário que já as forças da direita o rejeitam. Tal como escrevi aqui há dias o cavalo do inglês está moribundo e o dono do cavalo começa a estar preocupado, só pode ser!
Como eu defendo o cavalo e não o dono, ainda espero pelos coices e que ele derrube a cerca e fique livre.



Pé-de-cereja

4 comentários:

Joaninha disse...

É impressionante como estou tantas vezes de acordo contigo!!!!
Ouvi agora o Jardim da Madeira dizer que só não tinha ido à manif por respeito institucional (só visto, vindo dali). Estava a pensar o que dizes ali acima, se esta criatura, a Ferreira Leite, a CAP ou CIP ou lá o que foi, o Bagão, O Belmiro, fazem críticas .......?! olá, alguma coisa soa mal. Como as medidas são obviamente contra o Trabalho, quer dizer que são mal equacionadas.

fj disse...

Apoiado! fj

cereja disse...

Só hoje ao passar por cá vi que a foto com que terminava este post tinha fugido. Pelo sim, pelo não voltei a colocá-la cá em cima para não fugir de novo. A imagem vai correr mundo com certeza mas descobri-a ontem :))))

cereja disse...

Olá Joaninha e FJ!
É verdade Joaninha, somos tão parecidas que faz impressão :D