quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Memória

«Inesquecível» é o título de uma nova série de tv.
E a ideia base de mais esta série de polícias e ladrões é interessante: uma mulher tem uma memória com ‘uma avaria’ oposta à amnésia, uma hipermnésia que faz com que não esqueça coisa nenhuma.
Não sei se existe algo como ali é descrito. Sei que a hipermnésia pode existir mas tal como a própria amnésia é localizado – o doente lembra-se com pormenores fotográficos mas só de certas situações que têm uma relação especial consigo. Como é citado no genérico dessa série ali trata-se de uma pessoa que não se esquece de nada nunca. Lá perguntam se é uma bênção ou uma maldição e a mim parece-me que a existir seria definitivamente uma maldição! Nem consigo imaginar o que seria lembrar-me de toda a minha vida ao pormenor!
Anda contudo um pouco ‘esquecido’ o facto de que a memória pode treinar-se também. O ensino de hoje insiste muito pouco nesse treino  e duvido que isso seja uma melhoria; os chineses por exemplo têm uma memória fabulosa mas desde muito pequeninos que a treinam intensamente.
Porém toda a memória é selectiva e limitada. Isso felizmente. Por outro lado infelizmente, ela gasta-se. É esse o grande drama e o que nos custa a aceitar, como é possível que em certo momento ela falhe e deixe de funcionar…? E não se pode fazer como quando um recipiente está cheio e se quer meter lá mais coisas – selecciona-se o menos importante e deita-se fora. Para a memória não dá. Só ela decide o que é importante. Lembramo-nos palavra por palavra de um texto do livro da 1ª classe mas esquecemos se já pagámos uma conta importante…
Como em tudo nem o 8 nem o 80. O excesso de memória deve ser terrível porque não há nenhuma vida que seja feliz de uma ponta à outra e existem mesmo coisas que «são para esquecer»!
Mas a perda de memória quando se acentua com a idade, é um enorme pesadelo, que só se avalia bem quando nós ou os nossos amigos apanhamos com as suas consequências.

Aproveite bem, quem a ainda a tem como deve ser!



Pé-de-Cereja

7 comentários:

Joaninha disse...

*suspiro*
Tens tanta razão...

sem-nick disse...

Este teu post dá muito que pensar, Cereja.
Memória a mais, ou memória a menos?... Como é que avalia isso? Há tanta coisa que queríamos esquecer, mas o raio da memória não deixa, e por outro lado passo o tempo a entrar numa sala e a pensar «Mas que raio vim eu aqui fazer?!»

if disse...

Cerejinha, ele há memória e memórias. Há quem tenha memória de passarinho, há quem se lembre de Judas ter sarampo.
Há a igreja da Memória, a Rua da Memória, a Travessa da Memória. Os 'post its' do passado :)
... agora essa memória (eu desconhecia) que não se apaga nunca, parece aquela luz acesa a impedir o sono. Céus, que castigo!

cereja disse...

Joaninha, hoje estavas lacónica. :)
Mas u7m suspiro diz muito, o laconismo não é necessariamente mau como se vê :)

cereja disse...

Isso mesmo, amiga IF - memórias é bem diferente de memória...
Aliás há um movimento cívico chamado Não apaguem a Memória que diz tudo no título.
Eu nunca tive uma memória famosa mas soube defender-me dessa falha e curiosamente hoje até a tenho talvez melhor do que algumas pessoas da minha idade. Mas tive (e tenho) uma amiga que se lembra de tudo de um modo impressionante. Não como a protagonista da tal série mas... quase! aquilo até me mete nervos.
Mas hoje apeteceu-me também escrever isto porque tenho um grande amigo da minha idade que tem uma sombra de Alzheimer e isso está a deixar-me destroçada.

Pedro Tarquínio disse...

Ia escrever algo, mas esqueci-me :)

cereja disse...

Oláááá´Pedro Tarquínio! Ao tempo que não te encontrava...
:)
Pois é.
Tiveste muita graça, mas olha que acontece tanto «o que é que eu ia dizer...?» quem é que não o diz de vez em quando?!
São os esquecimentos levezinhos.
Diz quem sabe dessas coisas das psis que acontece sobretudo quando se está preocupado com outras coisas mesmo que não tenhamos consciência de que é assim.
Mas também penso que algumas pessoas devem ter o espírito tão pequenino que o que é importante é a cor do verniz das unhas e portanto nem se recordam do que para muita gente é importante...
Um abraço, Pedro.