segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Comer é bom

Ando há que tempo para dizer de minha justiça sobre uma coisa que me faz pensar: as oscilações tremendas entre os conceitos de 'gordura' e 'magreza'. É que o que é demais é demais, e os exageros não fazem bem à saúde ( nem a nada).
Sabemos que os gostos evoluem através dos tempos. E ainda bem! Que enjoo se os padrões de beleza fossem iguais para toda a eternidade… E por vezes oscila-se quase de um extremo ao outro, como o que acontece em relação à… massa corporal. Há alguns séculos atrás a alimentação era muito à base de legumes e cereais, alguma gordura natural, alguns ovos e carne e peixe com moderação. Doces havia poucos com certeza porque o adoçante era o mel. Portanto as causas da obesidade como doença não existiam e o ser-se gordo era sinal de saúde e de uma vida sem grandes trabalhos, ou seja algo de desejável. Há uns cem anos, engordar era bom. «O que não mata engorda» por exemplo, era uma frase que não podia ter sido inventada hoje! [ hoje devia ser ‘o que não mata emagrece’ ] Além da frase, ultrajante na visão moderna, «Gordura é formosura» quando o belo era ser-se gorduchinho.
Claro que as rodas do tempo têm girado depressa. Nos países do 1º mundo fazem-se ‘campeonatos’ brincando com quem é capaz de comer mais. Coisa um tanto nojenta mas sintomática da sociedade da abundância. Por outro lado surgiu uma doença (e grave!) chamada anorexia, impossível de imaginar nos tempos em que o padrão de elegância era o oposto.
Mas o que me faz impressão é sobretudo uma questão de vocabulário. Utilizar-se ‘emagrecer’ como sinónimo de ‘comer bem’! Notem o título de uma notícia recente: Comer devagar emagrece (?!) Se virmos o corpo da notícia, o que lá diz é que se comermos devagar «as hormonas que regulam a fome e a saciedade – totalmente alteradas pelos maus hábitos alimentares – ficaram novamente reguladas, regularizando também a comunicação entre o sistema digestivo e o cérebro». OK, entendido, os glutões ficam com excesso de peso porque comem vorazmente. Muito e depressa. E a alteração desse hábito regula de novo o normal apetite. Não me parece que isso «faça emagrecer», ou então, alguém que sempre tivesse comido devagar morria porque ia emagrecendo sem parar, coisinha má!
E essa ideia de que comer bem = emagrecer não me agrada porque não está certa. O que interessa é comer BEM, comer alimentos de que precisamos, beber líquidos saudáveis, comer em quantidades equilibradas, comer e beber com a frequência correcta, nem demais nem de menos.
Não me parece difícil passar a mensagem.
E se colocarmos o acento tónico no aspecto «alimentos que dão saúde» e não «alimentos para emagrecer», talvez se combata ainda no ovo a possivel anorexia de meninas contaminadas pela imagem de que o belo é o extremamente magro (e já agora com seios grandes, que a moda também vai nesse sentido para o enriquecimento da cirurgia estética menos honesta)
Chega de emagrecer!
Vamos é começar por não engordar demais.
É que comer é muito bom!



Pé-de-Cereja

3 comentários:

Mary disse...

APOIADO!!!!
(e mais nada; está dito o principal)

sem-nick disse...

Tenho reparado nisso: o acento tónico é posto em que alimentos fazem engordar...
Mas que raio.
O importante é se alimentam, não é?

cereja disse...

Bom dia, visitantes de ontem Mary e Sem-nick.
Sou uma ingrata que eu mesma nem volto aqui a agradecer a visita. Mereço ter menos comentários, como está a acontecer. Até os eternos visitantes, me estão a abandonar.... sniff...
............
Portanto mais justo é agradecer o comentário da Mary com o seu apoio essim como o do sem-nick.