quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Vestuário e Bom Senso

Não gosto de fardas.
Não aprecio, simplesmente. Não sou fundamentalista como algumas pessoas que quase ficam com pele de galinha ao ver uma farda mas, mesmo em miúda, não era das que ficavam encantadas ao ver um marinheiro ou aviador só por estarem fardados. :D Por outro lado reconheço que nalguns casos têm a sua razão de ser. Um toureiro de jeans e t-shirt não era a mesma coisa, um médico ou enfermeiro numa sala de operações têm de ter batas. O resto são hábitos culturais. No meu tempo os alunos usavam batas a tapar a sua roupa (bata que aliás podiam vestir à entrada da escola e despir à saída...) coisa que hoje repudiam com energia, mas por outro lado agora adoram fardar-se de capa e batina mesmo com um calor de derreter!...
Bem, mas adiante.
Se a obrigatoriedade de um fato especial para uma profissão é discutível, imagina-se que exista bom senso em relação ao que se veste de acordo com o local onde se trabalha.
Na passada semana passei um dia inteiro no corredor de um tribunal. É ambiente que conheço muito mal. Tinha sido chamada como técnica sobre um caso que estava a ser julgado e, se estava calma sobre o que ia dizer, o local deixava-me nervosa. Para além das pessoas que esperavam para entrar nas diversas salas de julgamento, em pé ou sentados em cadeiras desconfortáveis, circulavam os-donos-da-casa [não sei o nome, oficiais de diligência (?), escrivães (?) enfim digamos os técnicos que dão apoio ao julgamento, os administrativos que fazem a chamada de testemunhas e orientam as pessoas]
Ora uma dessas pessoas que cirandavam por ali era uma senhora, já não nova - entre os 40 e os 50 anos - que vestia um top bem decotado de uma cor que fazia doer os olhos e uma saia que parecia um tutu. Um espanto de saia, mal lhe tapava as coxas e tinha tanta roda que ficava no ar. Completava a toilette uma espécie de fita-bandolette com uma grande  enorme flor de pano do tom da saia.
Assim, quando a vislumbrei a primeira vez, além de ficar de olhos arregalados, ainda me passou a ideia de que seria uma pessoa cheia de humor que queria 'alegrar' o ambiente, uma espécie de palhaça. Só que a esse vestuário inacreditável, não correspondia a uma cara bem disposta muito pelo contrário. Tinha um aspecto muito carrancudo, e falava com as pessoas ao repelão e num tom agreste e autoritário.
I-na-cre-di-tá-vel!
Era um caso, dado o seu ar mal disposto, onde até se poderia imaginar que ela tinha sido obrigada a apresentar-se naquele preparo. Assim, a modos, que uma praxe do tribunal...
Ná!
Impossível.
Mas era decerto uma pessoa desequilibrada. Que cada um tenha o direito a usar o que quer, até está bem, mas dentro de alguns limites. Aquela figura, naquele local, parecia estar a fazer pouco de quem ali estava tão preocupado. Uma completa ausência de bom-senso!



Pé-de-Cereja

6 comentários:

Mary disse...

Eheheh! Gostava de ter visto!
Podias ter tirado uma foto. Até de telemóvel....

cereja disse...

:)
Mary, era provocatório...

Joaninha disse...

Olha que concordo com a Mary! Afinal não se estava a invadir a privacidade, ela estava num espaço bem público!!! E quem se veste assim só pode ser para chamar a atenção!

fj disse...

Chamam-se funcionários judiciais.

Ela vestindo-se assim tornava-se automaticamente 'pública'

saltapocinhas disse...

ahahahah!
estou para aqui a tentar imaginar a "senhora".
embirro com as pessoas que não se sabem vestir de acordo com a idade e com as circunstâncias: tens razão, só podem ser desiquilibradas!

eu também detestava fardas e batas, mas há uns anos aderi mesmo às batas e agora, se não a usar no trabalho, sinto-me quase despida! uma dependencia total.

cereja disse...

Obrigada pelo esclarecimento, realmente faz sentido chamarem-se funcionários... judiciais, está mesmo a dizer!
Joaninha, o local era de facto público e imagina-se que aquela estapafúrdia toilette era para se ver, mas ... :)