segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Historieta

Dizem as notícias que o consumo privado bate nível histórico. Nenhuma surpresa. Para se consumir tem de haver alguma 'coisa' para pagar o que se consome e já se aprendemos, de um modo bem duro, que o crédito é um monstro, sedutor sim à primeira vista, mas uma espécie de serial killer que arrasta os desprevenidos para uma trituradora. (Esta é uma imagem que deve vir directamente da série «mentes criminosas»...) É ver as pessoas que estão a ter de entregar as suas casas ou carros que adquiriram pela facilidade do crédito.
Mas, para além do desemprego, dos salários congelados, de ausência de perspectivas para os jovens, de aumentos enormes em bens necessários, é interessante confirmar o facto de que apesar de os salários serem mais baixos, o custo dos produtos que temos de comprar é, em Portugal, igual ou até superior a outros países da União Europeia. Quando se vai ao estrangeiro nota-se isso e mesmo cá acontece, ao olhar a etiqueta do preço numa loja tipo Zara,  por exemplo, verificar-se que comparado com outros países não é nada mais barato, muitas vezes é até mais caro.
E um pequeno fait-divers a que assisti ontem veio reforçar muito a minha certeza:
Estava à procura de um produto numa «loja-de-chinês», as descendentes directas das antigas «lojas-dos-trezentos». Têm proliferado, como é natural, porque é ainda onde se encontram coisas mais acessíveis como todos sabemos.
Também lá estava uma família - pai, mãe, e dois filhos pequenos - que falavam francês. Um francês muito fluente e correcto, mas pelo seu aspecto decidi que eram imigrantes nossos. Um dos gaiatos trazia na mão um brinquedo e insistia com os pais para que lho comprassem. A resposta foi rápida e firme: «Non, non, non! C'est beaucoup plus cher qu'en France!» disse o pai. A mãe, mais coração mole, foi ver o preço mas concordou logo prometendo que no regresso lhe comprariam um.
Ora isto passou-se numa loja onde as coisas são mais baratas!
.................
Mas não há que duvidar: por cá, barato, barato, só os nossos ordenados!


Pé-de-Cereja

7 comentários:

Joaninha disse...

Poizé!
São estas «coisinhas» que muita gente não leva em linha de conta. Cá a malta tem uma capacidade de aceitação e resignação como nunca se vê! Está na linha do post que escreveste mais para trás, chamando a atenção para a baixa produtividade em Portugal, mas se os mesmo trabalhadores portugueses produzem bem lá fóra, não é que sejamos preguiçosos como se quer fazer acreditar, mas que temos péssimos empresários!
Aqui é parecido. Se temos de ganhar cada vez menos e pagar cada vez mais impostos, claro que não consumimos e as vendas baixam! As lojas fecham, os vendedores ficam desempregados, e a bola de neve é cada vez maior.

Joaninha disse...

.... isto penso eu que não sei nada dessas coisas de mercados e coisas dessas. Só conheço o mercado do meu bairro para comprar a hortaliça e as batatas.

Anónimo disse...

A economia, a "crise", a falta de bom-senso, o "papão" do cartão de crédito, que até pode ser um pouco útil se o seu utilizador o souber utilizar...e principalmente estes politicos e seus seguidores, que prometem, prometem e prometem e ...são só palavras. Palavras ocas repletas de mentiras e falsidades.(nojo)
MAs quem nos tempos de hoje acredita em politicos e seus "sicários"? Creio muito sinceramente que neste momento muito poucos. A classe politica está desacreditada assim como os falsos "heróis":sim aqueles que apregoam uma coisa e fazem outra completamente diferente, pois no fundo o que lhes importa mesmo é o seu próprio umbigo e a sua satisfação pessoal.
Loja do chinês? Bah!
Cada qual salva-se como pode não é?
Sabemos bem que é assim, tanto na vida pública como na privada. Não esqueçam já agora mais uma dívida que aqui o povinho vai pagar: o buraco do palhaço da Madeira.Mas enquanto houver gente e gentinha, que prejudica os outros em prol de si proprio alvorando o ar de mártir e salvador,dando conselhos a uns em detrimento da felicidade alheia ...como levar a sério o que escrevem, o que dizem ou o que pensam?
É caso para pensar, não é?
A propósito...sente-se enfim feliz?
Silvya

cereja disse...

Olá Joaninha.
(como vês sempre voltei; vamos ver se consigo manter a 'produção' mais em dia) :D
Também estou como tu, a palavra Mercado só me evoca bancadas de peixe, legumes, fruta... E, como sabes, o que aqui escrevo em um desabafo de quem vai vivendo o seu dia a dia bem difícil e complicado, observando o que se passa em redor.

cereja disse...

Bom dia, Silvya. Está muito desacreditada a classe política, sem dúvida. Não é de hoje mas cada vez está pior. Um amigo também blogger respondeu-me há pouco, em relação à Madeira «é com povo assim que as ditaduras, ou melhor as "não democracias",funcionam!!!» Pedi-lhe se podia passar a usar a expressão 'não-democracia'. Porque a verdadeira democracia não é isto.
.............
Não entendo a sua última frase, que vem em desacordo com o resto. Ninguém se pode sentir feliz, como é evidente.

sem-nick disse...

Confirmo que é exactamente assim! Há muitíssima coisa que custa o mesmo que em Portugal (esse exemplo que deste da Zara ou qualquer loja do tipo onde facilmente se vê o preço global) e outras coisas que ATÉ SÃO MAIS BARATAS!!! E desta vez não estou a pensar na gasolina espanhola.
Aliás a Espanha é um bom exemplo. Por algum motivo quem vive ali na raia se vai abastecer de tudo do outro lado da fronteira!Acredito que tenhas ouvido isso a essa família francesa. Quando fui a França já há uns tempos percebi que se os hotéis ou restaurantes eram caros, ir ao supermercado não saia mais caro do que cá!!!

Anónimo disse...

Lamento profundamente que a sua perspicacia não alcance o teor das minhas palavras...sinceramente pensei que entendesse. Afinal...é fácil de entender...tal como dizem os Gigfts na canção "falar de cor".
Juroi que não falo de cor. Aliás falo e sei muito bem daquilo que falo, daí perguntar-lhe se agora , enfim, depois do que lhe queira chamar após os "tsunamis" da vida alheia se enfim se sente agora minimamente feliz...
Pode ouvir, escutar a canção no youtube. Aliás, ccomo diz o poeta: não se ama alguém que não escuta a mesma canção.
silvya.
ps.posso explicar melhor. afinal é tão giro brincar a "caridadezinha",não é?
Boa noite.