quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Presunção de inocência (ou inocência presumida?!)




O excelentíssimo senhor *****, figura brilhante do jet-set nacional e internacional, tinha um minúsculo vício: era cleptómano. Não resistia. Brilhava um anel, cintilava um relógio, e tlim, papo! Os seus amigos conheciam-lhe o vício mas, tolerantes, passavam palavra e escondiam os objectos de valor durante as suas visitas, ou fechavam os olhos encolhendo os ombros. Enfim...
Certa vez, a coisa deu para o torto. Estava longe da sua área de conforto, tinha ido a um país estrangeiro, mas foi mais forte do que ele. Uma bolsa entreaberta, uma coisa a brilhar lá dentro, e zás! a mão que se insinua na abertura para rapinar o que lá estava guardado.
Azar. A dona da bolsa nota o roubo, desata aos gritos e ele é apanhado com a boca na botija a mão lá dentro, sem apelo nem agravo.
Como se disse, o senhor ***** é pessoa importante. A coisa tem repercussão. Procura uma justificação: tinha sido a dona da bolsa que lhe pedira para tirar um lencinho lá de dentro porque ela tinha as mãos sujas. Só tinha querido ser prestável. Tinha sido um grande mal-entendido! «Que mentiroso!» afirma a roubada. «Eu ia lá pedir uma coisa dessas!... É um ladrão»
Na esquadra, a roubada apresenta queixa. A máquina da justiça começa a rodar.
Mas...
O advogado de defesa demonstra que a queixosa tem várias multas por mau estacionamento. Que o que brilhava na carteira era um pechisbeque sem valor nenhum. Que ela era má comás cobras, já aos 10 anos tinha dado um estalo à prima. Que a meio do mês já usava a conta-ordenado. Ou seja, era uma pessoa sem crédito. Quem era ela para acusar o senhor *****, mesmo que ele tivesse sido apanhado com a mão na sua bolsa?!
Aaaaaaah... pensaram os polícias. Lá isso é verdade. A vítima queixosa é uma pessoa com tantos defeitos, que não se pode vir queixar de uma coisa que, cof... cof... vai atingir um senhor tão importante!?

A moral da história.. é que não tem moral nenhuma, é claro.

Pé-de-Cereja

6 comentários:

Zorro disse...

Bravô!!!!
Excelente post, muito bem escrito e engraçado.
Até estranhava que não dissesses nada sobre este caso inacreditável!

Zorro disse...

Ainda cá volto porque li há momentos uma coisa engraçada sobre isto:

O sismo que hoje abalou os EUA, interrompeu uma conferência de imprensa em que o procurador de Nova Iorque explicava o que o levou a pedir o anulamento das acusações que recaíam sobre Strauss-Kahn.


Formidável, não é? parece uma metáfora!

Joaninha disse...

Costumo passar por aqui de manhãzinha, enquanto dou uma vista de olhos pelos jornais (na net, é claro...) e muitas vezes não tenho tempo para ficar a comentar.
Mas hoje tinha de ser!
Tiveste muita graça!!!
Também fiquei parva, quando li a notícia ontem. A mulher pode ser mentirosa em tudo e mais alguma coisa, mas provou-se que tinha sido sexo não consentido, e pronto! Foi crime. Isto é só porque o gajo tem advogados XPTL. Se fosse um marginal qualquer não saía da cadeia, era o que era!

sem-nick disse...

Definitivamente «Inocência presumida»!

cereja disse...

Olá a todos!
Zorro, como quase sempre és mesmo uma mais valia aqui para o Cerejas. Os links que vais deixando ajudam muito! Esta notícia é engraçadíssima, parece de encomenda!
Pois, Joaninha. É mesmo isso. Se não fossem as pessoas que são, a conclusão era outra. Revoltante.
Sem nick - muito presumida, não é? :)

Evanir disse...

Chorar é como lavar a alma, pode ocorrer por vários motivos,
quando se é do coração é pura e verdadeira.
É bom quando algo ou alguém nos prende a atenção por segundos como a lua,
é um ser que encanta.
Gostei, o amor é: "Amor é carinho, é ternura, é ação...
É sentimento que vira canção."
Deus é a mais pura essência do amor,
cabe a nós aprender com Ele a amar de verdade.
Bjs, abençoado dia,,muita paz na sua vida.
A mensagem de hoje é de um amigo que deixou no meu blog.
Por ser linda e verdadeira
sem poder digitar por muito tempo.
Razão da minha cola só não sei é viver sem você.
Com carinho,Evanir.
te sego com carinho.