segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Limpeza, higiene, saúde....

Conversa de ontem com uma amiga: "- Continuas com tosse?", "- É verdade. Ando fartíssima, isto pegou e não consigo que passe", "- Eu escapei este ano, nem problemas intestinais, nem gripe, nem coisas de garganta...", "Sorte!!!", "-Não sei se é só sorte, desde há uns tempos que decidi lavar as mãos muito mais vezes e lavo-as sempre que venho para casa, e olha que tenho tido menos chatices..."

Quando eu era criança as pessoas que me educavam pareceriam hoje maníacas da limpeza. E, claro, se pudessem ver o mundo de hoje ficariam estarrecidas com «a porcaria» que viam... Como vivi nos dois mundos posso bem avaliar.
Há países onde se mantém o hábito de tirar os sapatos à porta de casa. Dentro de casa ou se anda descalço ou com sapatilhas que só se usam no interior. Sabemos que isso se faz no Japão, nos países nórdicos, e parece que também em muitas casas da Alemanha, Canadá, China, etc. Um costume que é tradição e faz sentido, mas que nunca se praticou cá.
Voltando aos anos 40, nunca, mas mesmo nunca se provava do prato de outra pessoa ou se bebia um golo da bebida de outrem. Uma coisa que ficava eventualmente no chão ia para lavar. Na minha casa a loiça lavada era no fim escaldada com água a ferver. Lavávamos imenso as mãos. Ora bem, vamos recordar que os antibióticos estavam ainda em estudo, ou seja os contágios eram sérios e podiam até ser fatais. Morria-se muito de tuberculose, havia casos em todas as famílias, e havia a noção que o que estava sujo não era só o que se via, também muito do-que-não-se-via.
Hoje, com sinceridade, creio que os antibióticos nos fizeram abandalhar... É como se o facto de haver cura para as infecções fizesse desprezar completamente o seu risco. Quando ele ainda existe e muito!
A minha amiga diz que agora é um hábito, Entra em casa, despe o casaco, poisa a carteira, e passa pela casa de banho onde lava bem as mãos e as unhas com a escovinha. E, coincidência ou não, desde que o faz tem tido menos doenças. Faz sentido. As nossas mãos na rua tocam em tudo! O corrimão do metro ou o apoio do autocarro, o carrinho do supermercado, o exterior das embalagens de produtos manuseados por imensa gente, o dinheiro que se entrega ou recebe, ou (ainda o dinheiro), as teclas do multibanco onde todos mexem, é evidente que as nossas mãos passam por todo o lado. E não é a porcaria visível que é preocupante porque aí todos nós estamos de acordo em lavar depressa as mãos quando vemos e sentimos que estão sujas, é a tal que não se vê!!!
Voltando agora aos sapatos, também concordo (embora o não faça) que eles deviam ficar à entrada da porta. Claro que se pisarmos uma porcaria na rua, tal como lavamos as mãos se estão visivelmente sujas, também queremos raspar a tal porcaria. Nem me refiro só ao famoso cocó de cão, que faz com que as ruas por vezes nos obriguem a gincanas-a-pé, é também frequente pisar-se coisas na rua que... não gostamos de levar para casa. Mas quando os sapatos parecem ter as solas limpas, todos pensamos que limparmos no tapete da entrada é suficiente. Não chega com certeza.
Pronto, creio que seria uma revolução demasiada para os nossos hábitos essa coisa de tirar os sapatos à entrada, mas isso de começar a lavar mais e melhor as mãos...? 😄
O conselho da minha amiga fez-me pensar.
Porque não?


Cereja

1 comentário:

FJ disse...

Não há nada como ter amigas limpinhas para nos dar boas ideias