domingo, 18 de fevereiro de 2018

Figuras públicas

Creio que sempre assim foi. Alguém, que por qualquer aspecto se distingue, passa a ter os olhares anónimos fixos em si e qualquer gesto que faça é visto com uma lente e ampliado. Seriam os Reis e o  Clero na Idade Média, e hoje em dia os very important person e a lente de ampliar é a Comunicação Social. Os mais espiolhados são os políticos, como é fácil de imaginar. Portanto, imagino que seja um trabalho difícil estar permanentemente alerta para não fazer nada que possa ser mal entendido.
Este fim-de-semana foi está a decorrer o Congresso do PSD. Um dos dois maiores Partidos portugueses. Com imensos telhados de vidro, e de quem se diz que é um saco de lacraus... Disseram-se lá coisas espantosas por aquilo que li por aí, tal como:


O Congresso foi para consagrar a eleição de Rio Rio. Não conheço o senhor. Talvez "conheça" melhor o adversário Santana Lopes, afinal sempre foi 1º ministro... Mas, com esta posição de destaque, aparecem alguns traços da sua personalidade, e algumas atitudes chocantes. Se calhar na altura não pensava que as coisas ficassem gravadas para sempre. 
Por exemplo esta história:
Há imagens que não se esquecem e que definem as pessoas. Uma delas é a de Rui Rio num barco, no Rio Douro, a abrir uma garrafa de champanhe com os seus convivas enquanto assiste à demolição de uma das torres do Bairro do Aleixo. No bairro – sei-o porque estava lá – o clima era de desespero, com um enorme aparato policial montado, mulheres que gritavam de raiva ao ver a sua casa ser implodida, homens a chorar junto ao gradeado enquanto o pó dos destroços se espalhava, crianças atónitas junto ao lugar onde até há poucos dias brincavam e que parecia, agora, um cenário de guerra. Se acaso a demolição daquelas torres tivesse sido negociada com a população, talvez um Presidente da Câmara estivesse junto aos moradores naquele momento, de consciência tranquila por ter cumprido o seu dever e garantido uma alternativa para a vida daquela gente. Se não fosse esse o caso, uma pessoa normal que tivesse tomado convictamente aquela decisão teria ao menos o pudor de se remeter ao silêncio perante o sofrimento dos outros. Rui Rio não fez uma coisa nem outra. Foi para a frente do bairro, no aconchego de um barco no meio do rio, juntou os amigos e celebrou, frente aos cidadãos desesperados da sua cidade, o momento em que as suas casas a vinham a baixo. Perante o sofrimento dos outros, Rui Rio sorriu e brindou.
Pronto.
Na altura ele era Presidente da Câmara. E a atitude foi esta. Se alguma vez for 1º ministro decerto dirá a quem se queixa que não seja «piegas», e responderá como o Ulrich «ai aguentam, aguentam...» se lhe disserem que as pessoas não aguentam mais austeridade.

Ficamos com medo.

Cereja

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