quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

O factor S

Num filme italiano já com alguns anos de que gostei muito, chamado A Melhor Juventude, um dos irmãos protagonistas, estudava medicina, queria ser médico. Ele era excelente mas havia no seu curso colegas ainda melhores. Na disputa de uma bolsa creio eu, ele venceu com alguma surpresa de quem se achava melhor aluno. O professor explicou-lhe que, não sendo o melhor, tinha ganho pelo factor S. Factor S??? Simpatia, explicou o professor. Ele tinha o dom de se aproximar dos doentes, de considerar a perspectiva deles, e isso era uma mais valia na sua profissão.
Faz sentido. Há profissões onde é indiferente a relação com o cliente, e outras onde é logo meio caminho andado. Mas há também muita gente que é fria, distante, longe daquilo que não lhes diz directamente respeito.
A ausência completa de empatia, já é raro, e pode ser um transtorno de personalidade. O termo psicopata é muito forte, mas será isso em limite: uma ausência de culpa, remorso, vergonha.
De uma forma geral, quem tem esse transtorno não o reconhece, como é natural. Nem precisa de nenhuma ajuda para o disfarçar, claro. Mas vamos imaginar, por absurdo, que uma criatura dessas atingia um cargo de enorme responsabilidade, seria responsável por milhões de seres humanos. Assustador, claro. E seria chocante que o mundo percebesse isso, portanto teria de se disfarçar. Talvez um «lembretezinho»....

A cábula de Trump

Ora bem, pelos vistos o Presidente do país mais importante do Mundo, tem de se recordar quando está a falar em público, ou a responder a perguntas, de que deve sentir simpatia, que os outros gostam de ser ouvidos, que têm os seus interesses próprios, que ele até pode fazer qualquer coisa para os ajudar, enfim que existem independentemente do senhor presidente...
Julguei que era uma montagem, e disseram-me que não.
Mas mesmo que o seja, o pior é que isto é verdade!
Aquela criatura com um poder desmesurado porque faz o que quer mesmo para além do que lhe aconselham (quem ele convidou para o aconselhar...) e se não gosta do que o aconselham simplesmente põe-nos na rua, é incapaz de sentir simpatia, o factor S, tão importante, é inexistente..
Quem nos acode!

Cereja

1 comentário:

FJ disse...

Se existisse :) ele teria o factor "desésse".
Talvez ainda se venha a criar, com a insistência indomável dele...